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ETNIA SENA ou CHISENA - Armando Domingos e Ela Ozobra 2020,

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1 
 
. 
 
ETNIA SENA/ CHISENA 
Armando Domingos1 
Elsa Maria Frederico Livo Ozobra2 
 
1. INTRODUÇÃO 
O presente artigo aborda sobre Etnia Sena ou Chisena, pretende compreender a Etnia Sena ou 
Chisena, sendo assim, para alcance do objectivo acima definido, recorreu-se a metodologia de 
pesquisa bibliográfica que ajudou-nos na pesquisa de livros e artigos científicos renomados a 
Etnia Sena. 
É importante salientar que, o estudo da etnia Chisena sub ponto de vista histórico, é de maior 
interesse. Pois, foi com esta língua que os primeiros Portugueses que subiram pelo rio Zambeze 
se familiarizaram para introduzirem dentro da corte de Mwenemtapa. 
De uma maneira geral não são bons agricultores, mais são bons na pesca e na caça o que fazem 
com prazer e entusiamos, também nos artífices, com verdadeiro talento madeira-torneiros e os 
metais preciosos-ouriveis. 
O presente artigo obedece a seguinte estruturação com vista a facilitar a compreensão: primeiro 
capítulo é da introdução, segundo é da Revisão da Literatura e o terceiro capítulo é de conclusão 
e por fim temos as referências bibliográficas. 
__________________________________________ 
1Armando Domingos, Licenciado em Ensino Básico com Habilitação em Administração e Gestão da Educação, 
UP-Beira, Docente da Universidade Licungo, Extensão da Beira. 
2Elsa Maria Frederico Livo Ozobra, Mestrada em Psicologia Educacional pela UP-Beira doutoranda em Psicologia 
de Educação em Brasil. 
 
Publicado, Marco de 2020, Beira. 
 
2 
 
. 
 
2. REVISÃO DA LITERATURA 
Esta secção, trata de abordagens do tema buscando subsídios inerentes aos conceitos e reflexões 
do ponto de vista de diferentes fontes a que foram consultadas. No entanto baseia-se nos pontos-
chave que conduzem a compreensão e a importância do tema. 
2.1. História do Povo Sena 
Segundo (MEQUES 1999:13): 
Os senas ocupam toda área compreendida pelas terras marginais do rio Zambeze, desde 
Tambara (Manica), circunscrição de Chemba (Sofala), ate ao delta do grande rio, 
concelho do Chinde (Tete e Zambézia), com excepção de uma pequena faixa 
correspondente a área do Posto Administrativo de Ancuaze, que é habitada por 
indígenas que se dizem pertencer ao grupo dos Maganjas e que tem características 
muito distintas na indone e nos hábitos. 
Os senas descendem de um grupo de indinas conhecidos por ba-sengas oriundo dos mucaranjas, que 
desceram do norte para o vale do Zambeze, onde se fixaram. (MARQUES apud MALUA, 2014) 
De uma maneira geral não são bons agricultores, mais são bons na pesca e na caça o que fazem com 
prazer e entusiamos, também nos artífices, com verdadeiro talento madeira-torneiros e os metais 
preciosos-ouriveis. E pacifico sendo pouco dando a crime de morte violenta. Intuição do comercio pelo 
desloca através do canais interior dos rios (idem) 
2.2. Língua XiSena 
MEQUE (1999:2), diz que dois terço da população da companhia de Moçambique adoptou o chisena.. 
A palavra `Sena parece ser uma corrupção das palavras «Siona» ou «Chona». 
O chisena é uma língua banta, falada nas margens do Zambeze, desde o Chinde ate Tambara. O número 
total dos falantes é relativamente elevado, cerca de 30.000…. O futuro do chiSena esta em ser a língua 
franca do rio Zambeze. (Idem) 
3 
 
. 
 
De um ponto de vista histórico o estudo da língua Chissena é de maior interesse. Foi com esta língua 
que os primeiros portugueses que subiram pelo rio Zambeze se familiarizavam para se introduzirem 
depois na própria corte é Monomotapa. Uma pequena gramática da língua chisessena, do século XVII, 
foi encontrada nas bibliotecas da Lisboa, e foram publicadas em 1920. (Idem) 
O povo assena é um povo agrícola. Pela sua miscigenação com os portugueses originou-se uma raça 
mista entre eles. (ibidem) 
Segundo MALUA (2014:1): 
 “Línguas bantus mais falada em Moçambique (antiga colonia portuguesa em Africa, 
pais localizado na parte Austral de Africa e faz fronteira com o Africa do Sul, 
Zimbabwe, Malawi, Tanzânia e Zâmbia). Das 11 províncias moçambicanas o XiSena 
é falado em 4 províncias nomeadamente Sofala, Zambeze, Manica e Tete. A língua 
sena é falada no Centro do país contemplando cerca de milhões de pessoas”. 
Grupos e subgrupos linguísticos 
Segundo PEREIRA apud AMADEU (2016), (1924:2), o Chisena é uma língua banto falada em ambas as 
margens do rio Zambeze, desde o Chinde até Tambara. Os dialectos de Chiphodzo nas florestas de 
Chupanga e Chigombe na margem do norte do rio zambeze é que representa uma mais antiga forma 
desta lingua. 
Segundo Simbe (2004), o Chisena apresenta as seguintes variantes: 
Sena Gombe (Chigombe), falado nos distritos de Caia, Mutarara, Chemba, parte do distrito de Tambara 
e parte do distrito de Morrumbala (vale do rio Chire). 
Sena Phodzo (Chiphodzo), falado nos distritos de Marromeu, Mopeia e parte do distrito de Chinde. 
Sena Rambara (Chirambara), falado em toda zona alta do distrito de Morrumbala, sem se confundir 
com Chilolo, uma língua ainda não escrita mas falada estritamente à volta da sede do distrito. 
4 
 
. 
Sena Bángwe (Chibángwe), falado nos distritos de Cheringoma, Muanza, Dondo, Nhamatanda e parte 
da Beira. 
Sena Tonga (Chitonga), falado nos distritos de Maríngwe, parte do Guro, Tambara e Gorongosa. 
2.3. Tradição do Povo Sena no Nascimento: Mabzuade 
 Segundo MEQUE (1999,p,22) : 
“disse que tradicionalmente, quando uma criança nasce a mulher (akhapita madzuade). 
Antes de fazer esta cerimónia, ela era considerada mukho (tabu). A cerimónia consistia 
na lavagem de corpo dela num recipiente de barro. Depois de lavar-se, a pote com água 
suja era deitada num lugar especificado tornando-se mukho também”. 
 Segundo MARQUES (1960,p,15), “a água suja é metida numa panela que assegura enterram 
perto duma árvore a qual ficava denominada madzuade”. 
 Para MALUA (2014:1), diz que, podemos considerar que existe uma divergência na denominação do 
local em que se enterra a sujidade proveniente da mulher. 
Nesta cerimónia a mulher não podia receber outras visitas que não sejam as da mulher que já tenha 
concebido, o mesmo sucedendo o pai da criança. As mulheres senas para facilitar crescimento do pénis 
das crianças costumam fazer lhes massagens apos banho com um suco leitoso duma planta a quem dão 
nome de “delela” (MERQUES, Apud MALUA, 2014:1). 
Se esta cerimónia não era praticada, a criança podia ter anemia, ou, ate podia estar enxada. O marido 
também era obrigado de cumprir certas regras cuidadosamente. Durante este tempo depois do 
cumprimento da cerimónia, o povo acredita que a mulher já está limpa. MEQUE (1999:23). 
2.3.1. Thati: 40 dias Depois de Nascimento 
 Esta cerimónia se faz quando um bebé é tirado de casa pela primeira vez mais ou menos depois de 
nascimento, chamado thati. Suas mulheres dançam para ensinar anova Mãe para ensinar como cuidar 
do bebé. 
https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=5980573819091844000
https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=5980573819091844000
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. 
2.4. Ritos de Iniciação de Raparigas e Rapazes 
Segundo (MEQUES 1999:23): 
Quando uma menina atingir 14 anos, as jovens da mesma idade (já iniciada) dançam 
(maseseto) para ensinar a nova mulher. Os homens não estão admitidos para assistir a 
esta dança é para apenas mulher que tiram roupa para dança-la. Durante a tal dança 
batem palmas e usam os “makhacha”. A festa pode acabar uma semana ou mais dias, 
dependendo das condicoes económicas, ou comida disponível. Estas danças sevem de 
aulas iniciação e formação duma pessoa ou mulher bem-educada. 
 As mulheres senas quando chegam à puberdade tatuam a parte superior das costas e baixo-ventre, parte 
superior do tronco, membros superiores e face, com o simples adornos, com cascas de manga, untura de 
cerva ou plantas queimadas. Usam ainda cintos de missangas com varias cores e enfeites com fins de 
estímulos eróticos os quais cai sobre baixo-ventre. (MARQUES apud MERQUES, Apud MALUA, 
2014:1). 
 Àsraparigas é reconhecida a sua capacidade procriadora no início das primeiras menstruações. 
 A iniciação dos meninos faz-se numa maneira diferente de região para região, mas em Zambézia leva 
2 ou 3 meses. Durante este tempo os meninos ficam no mato, ficam circuncidados, e aprendem como 
preparar um corpo morto, e tomar contas. Durante este período, não podem ficar em casa, mas “roubam’’ 
comida da casa a noite, esta cerimónia já não é muito praticada. (MEQUES, 1999:23). 
Na perspectiva de AMADEU (2016), quando se chega a puberdade, os rapazes assim como as 
raparigas senas escolhem um nome que mais lhe agradam, que duma maneira geral, é aquele 
que era conhecido seu avô paterno (para os rapazes) ou sua avó paterna (nas raparigas). 
O rapaz atinge a sua maior idade e capacidade para procriar, depois de um exame previamente 
feito pelo tio, mais velho, do tronco paterno, ao produto das suas seminações, necessárias a 
maturação para dar vida e gerar novos seres, reconhecendo este, pela cor que apresenta e pela 
consistência que oferecem. Este aconselha, então o sobrinho a procurar a mulher que mais lhe 
convenha e agrade para se unir pelo casamento.(idem) 
Os rapazes são insentivados neste período a procurarem “vhunguti”, um fruto da 
planta Nvunguti. Corta-se em pedaço este fruto, ainda fixo na árvore, ficando uma parte a 
https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=5980573819091844000
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. 
crescer na árvore enquanto que o outro pedaço é cortado e introduzido na garrafa com água e 
vai se tomando enquanto se controla o crescimento do outro pedaço que ficou na planta até ao 
tamanho que o rapaz deseje que o seu pénis tome. Daí corta-se este último pedaço para marcar 
paragem ao crescimento do pénis para não exagerar.(idem) 
Segundo AMADEU (2016), além desta árvore usam raizes de alguns arbustros de nome 
“Nhandhima” as quais mandam secar depois de trituradas e as outras são cortadas em pedaços 
e postas nas garrafas juntando com água para se tomar, este facto tem o nome de mizinha que é 
usado para dar potência sexual. 
Os senas geralmente não se tatuam, não são sujeitos a iniciação sexual nem a circuncisão, o que 
não quer dizer que não a façam, por vezes.(idem) 
As raparigas são reconhecidas as suas capacidades procriadoras no inicio das primeiras 
menstruações.(idem) 
Neste período o “phungo”, um grupo de parentes casados e que ja tenham concebido, é que lhes 
ensina os segredos da vida sexual, modo de se encontrarem com os futuros maridos, instruindo-
as também sobre actos de purificação e higiene a manter na vida de mulheres casadas e futuras 
mães.(idem) 
As mulheres senas, quando chegam à puberdade tatuam a parte superior das coxas e baixo-
ventre, parte superior do tronco, membros superiores e face, como simples adorno. Nao 
exageram as tatuagens, que são feitas por pequenas incisões que podem ser coloridas pelo uso 
da casca da manga, colhida em verde, ou preta, proviniente de uma untura de carvao ou plantas 
queimadas.(idem) 
As meninas são ensinadas pelas madrinhas contratadas pelos seus pais, a 
usarem “Mpfuta”sementes de nfuta (rícino) para puxar os lábios da vagina.(idem) 
Na perspectiva de AMADEU (2016), as tatuagens da parte superior do tronco só algumas vezes tem 
relevo. No entanto, o mesmo nao sucede com as da parte inferior do abdomen que representa 
relevo, consideravel. Usam ainda cintos de missanga com várias cores e enfeites, com fins de 
estimulação erótica, o qual cai sobre o baixo-ventre. 
 
 
7 
 
. 
2.5. Processos de Casamentos/Matrimónios: Macungudzo~ 
2.5.1. Lobolo 
Segundo MARQUES, Apud MALUA (2014:2), o casamento tradicional do povo sena realiza-se da 
seguinte maneira: 
 Chegado o tempo de escolher mulher para casar, o “ sena”, dirige-se a um amigo, o vulgo 
“Nhacuvunzira[3]” e encarrega-o de procurar a rapariga escolhida e de a informar sobre as suas 
pretensões. A escolha recai numa rapariga que seja da sua raça mas de família diferente-Mututo. Estes 
factos são ainda reminiscências do totemismo e a escolha endoganismo. 
Iniciando os primeiros passos, o noivo trata de arranjar o “m¢pepe ”- dinheiro para entregar os pais da 
noiva como prova dos seus intentos. Os pais da noiva fazem o mesmo, os de noivo. 
Feito isso, o noivo arranja uma galinha que mata e vai entregar a mulher que escolheu para madrinha,- 
para que dela faça presente aos futuros sogros e que significa pedir serviço -mulenga Tana” que consiste 
o noivo antes de casar, servir os sogros por alguns anos. Em continuação das negociações arranja-se 
“saguate”- dativa mais substancial e valiosa o dinheiro ou gado com significado de pedir a noiva em 
casamento. 
 No sul do vale de Zambeze predomina o”levatia” - o noivo constrói a sua própria palhota com ajuda 
dos parentes, situado deste modo próximo da casa dos futuros sogros. 
 Algum tempo depois findo acto sexual o marido sai da palhota, a tia e outra mulheres vão verifica se 
consumou o acto e a noiva estava ou não virgem. Apoderam-se do despojo e saem da palhota em 
algazarra, mostrando o pano que ela era pura. 
 No dia seguinte, os noivos vão banhar-se devendo a madrinha dar banho o noivo e padrinho à noiva ou 
vice- versa. Esta cerimónia chama-se kussambiça. Do momento que engravidarem não deixa a mulher 
de manter relações sexuais que só já em estado avançado da gravidez o deixa de fazer. (MARQUES, 
Apud MALUA, 2014:2). 
8 
 
. 
Em relação ao casamento, os senas são virilocais. Além disso, os sena gozam de endogamismo, a regra 
de casamento que obriga o indivíduo a escolher seu cônjuge dentro do mesmo grupo (local de parentes, 
de status, etnia etc.) ou outro grupo a que pertença. 
Segundo Osório apud AMADEU (2016), nos senas “phodzo” distingue-se as seguintes fases de 
casamentos: 
 Luphato – declaração; 
 Mphete – confirmação do ajuste e entrega de importância acordada; 
 Malimbico – transição do namoro para o noivado oficial; 
 Maxungudzo – pedido formal apresenado pelos pais do noivo, com oferendas de dinheiro, 
bebidas, panos, etc.; 
 Gogodo – lamento ritualizado da mãe da noiva, feito perante o noivo, com o fim de lhe solicitar 
presentes; 
 Sembwene – pagamento honorários devido às anciãs que ministram a noiva os ensinamentos 
tradicionais. 
Na perspectiva de AMADEU (2016): 
Quando se chega o tempo de escolher mulher para casar, o jovem dirige-se a um amigo, 
o Nhacubuzira e encarrega-o de procurar a rapariga escolhida e de a informar sobre as 
suas pretenções. A escolha recai numa rapariga que seja da sua raça, mas da familia 
diferente. Estes factos são ainda reminiscências do totenismo e a escolha 
“endogamismo”. 
No caso de ser correspondido dirige-se então a uma mulher que possa ser sua madrinha ou encarregada 
das “demarches” junto dos pais da futura noiva. Uma vez aceite o genro, é submetido a uma cerimónia 
de “pedir serviço”, que é uma tradição que consiste em o noivo, servir os sogros por alguns anos. Hoje, 
a exigência dos pais da noiva compreende, duma maneira geral, a construção duma palhota, ou abertura 
de uma machamba.(idem) 
9 
 
. 
Para os sena, no dia de casamento, dia em que a noiva vai deixar a casa paterna, as amigas e parentes 
vem despedir-se, trazendo-lhe presentes, que são os mais variados e conforme as posses de cada um 
oferecendo a mão , por sua vez, alguns cestos de cereais. Organiza-se, o cortejo que conduz a futura 
esposa à casa do marido. Quando chegam despedem-se desejando-lhe muitas felicidades.(idem) 
Para AMADEU (2016): 
lá, a tia do noivo é que conduz a rapariga à sua palhota e, ali, despe-a e deita-a numa 
esteira sobre um lençol ou pano branco, onde fica à espera do marido que permanece 
numa palhota próxima. Depois o noivo vai na palhota onde se encontra a noiva para 
realizar o primeiro acto sexual. Findo o acto sexual, o noivo sai da palhota e junta-se 
ao grupo que festeja as suas bodas. Entretanto, a tia e outras mulheres vão verificar se 
consumou o acto e a noivaestava ou não virgem. Apoderam-se do despejo e saem da 
palhota em grande algazarra, mostrando o pano , como a forma de comunicar a todos 
que ela era pura. 
Ficando a viver juntos, o marido que tratar a sua esposa com especial carinho podia ser obsequiado pelos 
sogros com oferta de uma segunda mulher geralmente irmã ou próxima parente da primeira. Este tipo 
de matrimónio, é designado por ximbire e é isento demphete. (idem) 
 
 2.5.2. Lei do Auto Conjugal: Mwambo Wa Kupitiswa 
 MARQUES, Apud MALUA (2014:2), diz geralmente na família sena, a sogra é quem dá as ordens às 
noras naquela casa. Quando uma nora chega a casa ela pode cozinhar, mas não dividir a comida. As 
mulheres é que escolhem as partes melhores duma galinha para servir aos homens: a perna, as moelas, 
o pescoço, o peito, o rabo, o fígado. Ficam para mulheres somente as costelas, pés, asas e cabeça. 
Para servir nsomba (um peixe preto com barbas), ele divide-se em 4 partes: a cabeça vai na mesa dos 
homens, a barriga às mulheres, a primeira parte atrás da barriga aos homens, e a segunda às mulheres. 
Depois de jantar, os membros da família falam sobres os acontecimentos do dia, trocam anedotas, e 
contam estórias que ensinam as crianças. Estes contos chamam-se Pithakhano. (idem:2) 
https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=5980573819091844000
10 
 
. 
2.5.3. Cerimónia de Ensinar Novo Casal (Manyalala) 
Para MARQUES, Apud MALUA ( 2014:2), salienta que, dentre as cerimónias de ensinar o novo casal 
destacam-se: 
 Nyongolo e Maviniro a Nkwangwa: uma dança em que a noiva é ensinada para animara o marido, 
isto é agradecer ao marido pelas ofertas de roupas que vai comprar para ela durante a vida caseira. 
 Kuphata Nfuta: acção de ungir com óleo, a mulher senta-se na cadeira especial denominada 
“m¢phando” em que esfrega no corpo em quanto o marido observa. É um tipo de teatro para animar 
o marido; 
 Kupaswa Mafuwa: fazem esta cerimónia para dar instrução à noiva sobre a cozinha. É cerimónia 
de entregar à noiva as pedra para cozinhar (Kupaswa mafuwa). 
 2.5.4. A Gravidez: Makhurudzu 
De acordo com MARQUES, Apud MALUA (2014:3) explica que, quando uma mulher casada fica 
gravida três meses, ela faz uma dança para mostrar que ela chegou no outro nível da vida. A partir daí 
ela pode tirar o seio fora do vestidol (que é proibida até aquela altura). Na dança só participam as 
mulheres idosas e a principal jovem. Um partir desta dança é a verificação na parte da sogra que a nora 
é realmente gravida. Se a nora mentiu ela está sujeita a morte. 
 
 2.6. Cultura material 
 2.6.1. Roupa tradicional 
 
Segundo MEQUES (1999:40), a roupa tradicional do povo Sena foi muito influenciada pelos árabes que 
fizeram o primeiro negócio no rio Zambeze. Os utilizavam kaphndu, um lençol que passava entre os 
pernas e foi amarado, junto com uma camisa comprida. As mulheres ricas utilizam roupa comprida com 
mangas compridas. 
https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=5980573819091844000
https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=5980573819091844000
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. 
Quando uma mulher veste-se desta maneira ninguém critica. É bem vestida. As meninas são obrigadas 
de manter os seios cobertos. Depois das cerimónias de gravidez (makhurudzu) a senhora já não tem esta 
obrigação. (idem) 
2.6.2. A beleza da mulher: tatuagem 
Para MEQUES (1999:41), refere que, depois das cerimónias de iniciação das meninas havia tatuagem 
de vários tipos: necente, nas pernas, cikudzire, na coluna, n`sago, no braço; n`kwenyabwerera, nos 
ombros; pithatha, na barriga; e maborosa, nas costelas. Havia tatuagem na cara para identificar o povo 
sena, mas pequenas tatuagens, não muitas como faz o povo makonde. 
2.7. Práticas agrícolas 
Segundo AMADEU (2016), as praticas agricolas para os senas tem haver com a localização deste grupo 
linguístico, onde os que se encontram mais proximo do rio Zambeze dedicam as culturas como arroz, 
milho, batata-doce e pequena hortaliça. 
Os que se localizam distante deste rio dedicam as culturas como mexoeira, murumbi, mapira (gonkho), 
e praticam agricultura de rendimento de algodão e um pouco de gergelim. (idem) 
Para Rita Ferreira na sua obra “Povos de Moçambique, Histórias e Culturas”, defende que o trabalho 
agrícola para os senas é da responsabilidade da mulher, cabendo aos homens apenas a derruba e a 
construção de defesas contra animais. Cultiva-se milho, mapira, mexoeira, batata-doce e diversos tipos 
de arroz e feijão.(idem) 
Nas regiões mais altas e de solos mais leve surge o amendoim e a mandioca. Entre as árvores frutiferas 
destaca-se a mangueira e sobretudo a bananeira. Juntamente com os antecedentes, as palmeiras e alguns 
citrinos, concedem direitos de propriedade sobre a terra ocupada.(idem) 
2.7.1. Tipos de comida/alimentação 
Para MEQUES (1999:41), nome os tipos de comida seguinte: 
 Bambaya – Batata-doce; Mbawala - Gazelamais alta 
 Cimbamba - feijão 
12 
 
. 
 Macuwere - milho pequeno 
 Mafuta – óleo 
 Mpunga - arroz 
 Murumbi - milho muito pequeno 
 Nkati - pão 
 Nsima - farinha cozinhada 
 Nsomba - carne ou peixe. 
 
Na perspectiva de AMADEU (2016), o tipo de alimentação tipica para os senas é a farina demexoeira, 
seguindo de gonko “mapira”, milho, e tuberculos como batata-doce, rizoma “mpama”. 
Em termo de frutos silvestres que os sena mais gostam são matondo, ndalala, nhongolo ndheme e 
massanica, malambe, mpfula, para além de outros. 
2.8. A construção de casa 
Para MEQUES (1999:42), O povo sena tem dois tipos de casas tradicionais: nyumba ya ndzulu (tipo 
primeiro andar) e nyumba ya pantsi (construída no chão). 
O primeiro tipo constrói-se da seguinte maneira: 
 Mante-se mphanda na terra. São as colunas que levantam a casa para cima. Depois metem-se 
vigas transversais chamadas miamba. As tábuas do chão chamam-se waliso ou waliro. Deixam-
se as tábuas estender-se para fazer um tipo de varada mbidza.(idem) 
 Depois de erguer - se outra coluna, chamadas manjingo. A coluna principal no meio do chão 
que vai para o tecto chama-se mitanda a machiru, que significa “ onde ocorre o rato” 
Para fazer o tecto, estendem-se estacas principais chaadas miyendo e outras estacas chamada 
m`palopalo,. Se todas estacas vão para o centro (o tecto é quadrado). Se o tecto é rectângulo, a viga 
principal em cima do tecto chama-se khasa. O tecto faz de capim amarrado em molho, chamado phembo. 
13 
 
. 
Cobre-se a casa com o capim chamado nsanzi. As vezes fazem uma porta feita de caniço (mitete) 
chamada liseko.(idem:43) 
No segundo tipo de casa, nyumba ya pantsi, utilizam colunas macikua. As paredes são feitas de capim, 
chamado nfufu . As vezes fazem pequenos buracos (janelas) para espreitar fora chamado mampego. 
(idem) 
São sempre os homens que fazem a construção, mas as mulheres podem limpar o sítio antes de construir. 
E na construção de outras casas, os vizinhos ajudam a família construir, e a família prepara comida para 
o evento. 
2.9. Danças culturas 
Para MEQUES (1999:43), As danças tradicionais que não tem nada a ver com os demónios, mas 
simplesmente fazem parte do património cultural do povo Sena. As danças do povo Sena distintivas e 
facilmente reconhecidas. Todos sabem que aquele estilo é Sena. 
Também comemora-se nos eventos e datas na história. Fazem lembrar o que passou. 
 Sedo: uma dança que usa 9 batuques de várias alturas, dançando quando alguém morrer., depôs 
do enterro. Os participantes põe mascaras, como fosse carnaval e para animar e aliviaras 
pessoas. 
 Use: uma dança de tristeza, com um só batuque. Dança-se durante funerais, antes do enterro. 
 Djagadja: dança-se com máscaras (mas não com tantas máscaras) para alegrar pessoa depois 
de morrer. Usam três (3) batuques, e todos os homens e mulheres que sabem dançar podem 
participar. 
 Manyalala: uma dança das mulheres dançada quando uma noiva casa-se. É educativo; as 
mulheres cantam para ensinar o casal que tem que ter respeito. Ngundula: uma Dança para todos, com três (3) batuque, para jovens em festas quaisquer. 
14 
 
. 
As danças podem ser substituída nas igrejas com coros ou conjuntos de musicais para jovens. Os jovens 
não praticam estas danças, mas podem utilizar os instrumentos musicais (como o mbango para cantar o 
senhor). (idem: 45) 
Na perspectiva de AMADEU (2016), para alem das dancas acima citadas, os senas tambem são notáveis 
os seguintes tipos de danças: 
 
 Masesseto: quando uma menina atinge 14 anos, as jovens da mesma idade (já iniciadas) 
dançam para ensinar a nova companheira. Os homens não são admitidos para assistir a 
este tipo de dança. É simplesmente para as mulheres e todas tiram roupa no processo de 
dança. A festa desta natureza muita das vezes leva uma semana a se realizar; 
 Makhurundzo: quando uma mulher casa e fica grávida de três meses, ela é submetida 
a este tipo de dança, para mostrar que verdadeiramente está naquele estado; 
 Thati: é uma das cerimónias que se realiza depois de se tirar dentro da casa um bebé 
récem-nascido. Realizam esta dança para ensinar a nova mãe como tomar conta do bebé; 
 Cikudzire: uma dança que se realiza em conjunto entre rapazes e raparigas. Usam três 
batuques e acompanham batendo palma, é para ocasiões especiais, só para alegria ou 
consolar um familiar depois dum falecimento; 
 Likhuba: uma dança de rapazes com meninas, usam três batuques, com o mesmo 
significado do cikudzire; 
 Valimba: uma dança com música de marimba, todos dançam em conjunto, por alegria 
para fazer festa a uma pessoa; 
 
Os senas praticam danças culturais que não têm nada a ver com os demónios, mas simplesmente 
fazem parte do património cultural. As danças são distintas e facilmente reconhecidas. Todos sabem 
que aquele estilo é sena. (Idem) 
2.9.1. Pithankano: contos educativos 
De acordo com MEQUES (1999:46), explica que, o objectivo do conto educativo foi ensinar valores 
importantes as crianças. Este tipo de conto tem uma sessão em que aquela pessoa que conta a história canta 
uma pequena canção, com respostas antatas pelos ouvintes. 
2.10. O Sistema jurídico Tradicional dos Senas 
Segundo AMADEU (2016): 
15 
 
. 
Os “senas” no seu governo tradicional há estados grandes onde reina um Nyakwawa 
(régulo), junto com um ajudante chamado Saphanda e uma assembleia de conselheiros 
Mathubo. Uma pequena povoação é governada por um pequeno chefe chamado Nfumu 
que é um termo usado para mostrar respeito para pessoa. 
Normalmente em casa do Nyakwawa e até mesmo Nfumu, tem tido um alpendre (Matchesa), onde se 
resolvem problemas da comunidade juntos com os seus Saphandas e Mathubo. (idem) 
O aviso da reunião tem sido por meio de toque de um batuque “nyanga”. Se o rei tiver uma maior porção 
de terra a governar, ele tem mandado os seus ajudantes para avisar todos os mafumos, onde cada um 
destes avisa o seu povo. No julgamento, as sanções são feitas por torturas às pessoas desprovidas de 
razão.(idem) 
Para MEQUES (1999:35), explicaque, no governo tradicional havia estádios grandes onde reinava o 
mambo (rei), juntos com ajudante dele (saphanda). Uma assembleia de conselheiros (mathubo) também 
servia o rei. O nhandal avisava o rei de acordo com o espirito territorial da região. Atras de cada Governo 
que controlava as decisões do rei. O chefe chama se mweni. (idem:35) 
Para MEQUES (1999:41), diz que, falando do sistema jurídico, refere-se a normas oficiais 
interdependentes que, portanto, reunidas segundo um princípio unificador e tem como finalidade de dar 
disciplina a convivência social e preceituar a conduta dos indivíduos. 
Sendo assim, falando e tocando a parte particular e peculiar da cultura ou do grupo etnolinguístico a/ou 
dos Senas, importa fazer uma menção de que a tal cultura, tem sua maneira de julgar, para manterem a 
sua convivência em ordem. (idem) 
Na cultura referida, há uma presença do Nhänkwawa (traduzindo: Regulo ou Líder), que portanto, tem 
o poder de julgar. 
2.10.1. Formas de poder, eleição, sucessão e herança 
Na perspectiva de AMADEU (2016), o governo tradicional dos senas, em todos reinados existe alguém 
que avisa o rei de acordo com a vontade do espírito territorial da região. Este é chamado“Nhandalo”. 
A terra é propriedade do régulo, cujo este, divide para diversos agregados familiares. (idem) 
16 
 
. 
Normalmente o rei ou régulo aponta um filho que lhe concede hábil para tomar a herança do pai. 
Geralmente tem sido o filho primogénio, mas no caso de morrer antes de apontar o filho, os saphandas 
e mathubo reunem-se para escolher o filho do rei capaz de lhe suceder. (idem) 
No dia de empossamento ocorrem cerimónias acompanhadas de muita festa, onde não falta bebidas 
como sura, cabanga e nipa.(idem) 
2.10.2. O tribunal de Mwavi 
Segundo MEQUES (1999:16), para o decorrer do julgamento, os Senas, tem sua casa que serve de 
julgamento, a chamada “Tribunal de Mwavi”, entretanto, é o Nkumbasa que faz o Tribunal de Mwavi. 
Também é chamado de Saphenda, porque ferve a palha numa caixinha chamada, portanto, phenda. 
Se por acaso numa área (a dos senas) entrar um leão, o mambo convoca a participação de todos para se 
reunir, este, porem, dizia: ` mulheres têm que fazer uma viagem chamada likwekwe. 
2.11. Organização Social e Politica 
2.11.1. Parentesco 
 Na perspectiva de AMADEU (2016), uma pessoa sena pode identificar a sua geneologia a três coisas: 
dzindza dele (sena), nthupo e o nkhondo. Dentro do ndzindza há vários mithupos. O nthupo e o nome 
do louvor do clã, e o nome do tabu associado com o clã. Pode identificar familiares distantes com a 
pergunta: nthupo anu ndimwe ani. Com a resposta, ndife nthambo. 
2.11.2. Religião tradicional: A vida depois da morte 
Para MEQUES (1999:4), refere que, quando alguém morrer, não é o fim da vida, o povo sena acredita 
na existência da Deus por natureza. Os antepassados são mediterrânios e os levam a Deus, quando eles 
rezão têm que por farinha no chão, para todos os escravos mortos, outra farinha para os dos senhores, 
importantes mortos, e depois outra farinha que represente Deus. 
Depois da morte a alma das pessoas boas estão com Deus, e também acreditam que ficam perto para 
serem contactadospelos vivos. (Idem: 4) 
17 
 
. 
2.11.3. Nomes de seres espirituais 
Para MEQUES (1999:41), os nomes de seres espirituais sao seguintes: 
 Deus verdadeiro: Mulengi é o criador de tudo. (Kulenga, significa criasr). Antigamente o povo 
sena não conhecia o deus verdadeiro, eles adoravam Mulungo que é muzimo (antepassado) de 
um grande homem. 
 Muya: o termo significa vento para os senas, e foi introduzido pelos missionários para referir 
ao espirito de Deus (muyawa mulungo, ou muyawamulegi) (Idem p.5) 
 Nzimo: são espirito dos antepassados mortos. São revinvenciados entre os poucos Sena e são 
considerados santos. Os muzimo protegem as pessoas vivas, e servem como medicamento entre 
elas. O povo sena não adora ídolos, apenas constroem casinhas para os muzimo, mas nunca 
fizeram ídolos (Idem) 
2.11.4. Nome de demónios 
 Madzoka: denomina a demónio ou +pessoa endemoniada, é o poder utilizado pelos curandeiros. 
 Cikwangwali: são demónios muito terríveis, cheios de maldade. O povo tem muito medo deles, 
eles possuem pessoas sem serem convidados e são muito poderosos.(idem) 
 NtumwiwaMulengi em sena Snifica foi enviado, e sérvio para os missionários para denominar 
anjos. (Idem p7) 
2.11.5. O Nyandalo: um profeta tradicional 
Para MEQUES (1999:7), entre o povo sena existe um homem chamado Nyandalo, este não bebe não 
fuma, não provoca a ninguém, não é curandeiro nem feiticeiro, ele tem a função de um profeta, onde 
avisa a população em caso de perigo, e da algumas soluções para os problema que se avizinham. 
2.12. Médicos tradicionais (Manganga) 
Segundo MEQUES (1999:41), entre os povos cena existem dois tipos de curandeiros: aquele que cura, 
somente com ervas e raízes naturais, ele só conhecemedicamentos. E aquele que fica endemoniado que 
sonha, fazadvinhas. 
18 
 
. 
2.13. A morte entre os povos sena 
Na perspectiva de MEQUES (1999:41), diz que esta etnia a morte é concebida como algo assaz mente 
temeraria, fautora de profundas dores e constelações no amago dos perdedores de um dos membros da 
família (a pessoa mais amada). 
Segundo o nosso entrevistado João Caetano líder do Bairro Consito distrito do dondo, ele concebe a 
morte como o desaparecimento físico de uma pessoa (atendendo e considerando que estamos na 
perspectiva antropológica).(idem) 
Mas, por mais que seja dorida como for esta morte, eles estão a qualquer momento consciencializado 
que pode aparecer a morte a qualquer altura para qualquer um, ficando por este motivo preparados para 
encara-la, por ser algo natural.(idem) 
2.13.1. Funeral 
Para MEQUES (1999:41), 
Obteve os seguintes resultados: quando alguém numa dada sociedade morre, 
consideram que a família do malogrado encarrou sofrimento, portanto, vão na casa 
desta família enlutada outros familiares, amigos, inclusive toda comunidade com 
intuito de comungar a mesma dor e dirimindo a assaz dor da família enlutada, tendo-se 
aglomerado todos na casa do falecido, a família juntamente com os outros de 
sentimentos profundos, procuram organizar materiais fúnebres como caixão pode ser 
tradicional, usam enxada, pá, picareta, catana, as vezes machado para abertura de uma 
tumba. Depois de preparação da tumba, levam o corpo para o caixão e de seguida 
procedem para o cemitério local onde será depositado o corpo do malogrado, 
acompanhando com cânticos fúnebres, podem ser também de carácter religiosos. 
No cemitério, eles cantam e fazem orações de despedida do malogrado, e vão assim sepultando o 
corpo.(idem) 
19 
 
. 
Depois do enterro, todos voltam para casa do falecido, para se despedirem com a família em profundas 
tristezas, sensibilizando-ma desejando a paz e a felicidade. Dai, vão só esperando a cerimónia do sétimo 
dia, que é a cerimónia de purificação.(idem) 
Na perspectiva de AMADEU (2016), se o defunto era um homem casado, a viúva é herdada pelo 
cunhado, que tem por obrigação olhar pela familia do defunto. Se a viúva, porém, passado alguns meses 
preferir casar com outro homem, nada a impede de a fazer, findo aquele tempo considerado tabu. Os 
filhos do morto são pertença do tio mais velho. 
2.13.2. Cerimónias de purificação 
Para MEQUES (1999:8), diz que, 
No tocante a cerimónias de purificação a sra. Ginoveva, uma outra entrevistada, 
residente do mesmo bairro, e mesmo distrito, sustenta que as cerimónias de purificação 
actos ou cerimónias praticadas para depurar maus espíritos que talvez provocaram ou 
terão ficado depois de algo sinistrorso (acidental) ter ocorrido numa casa. Eles 
consideram que cada fenómeno negativo, de (caracter acidental), tem sua cerimónia 
específica de purificação. Entretanto são tantas cerimónias, outras são: 
Segundo CABRAL apud AMADEU (2016), nos senas, quando há morte, tem que se praticar a cerimónia 
de pita kufa. Quando não se pratica, outras pessoas também podem adoecer e tossir sangue e até mesmo 
morrer. 
Para cumprir a cerimónia, matam uma galinha ou mais que representa a pessoa morta. Comem todos 
juntos. Assim comunicam comunhão, e ficam purificados. Guardam os ossos e quando outros vem de 
longe mais tarde, estes pegam os ossos, para mostrar comunhão com a familia. Se leva um ano ou muito 
tempo para chegar, a familia que vier de longe tem que tomar tabaco junto ou fumar do mesmo 
cigarro.(idem) 
Antes de se completar a cerimónia de pita kufa, ninguém da família pode ter qualquer acto sexual e toda 
aldeia mantém o mesmo cuidado, principalmente os que participaram directamente. Se alguém não 
20 
 
. 
cumprir esta regra , deve ir ao dono da cerimónia para confessar para não sofrer as consequências pelo 
incumprimento.(idem) 
Segundo MEQUES (1999:8), -Pita-kufa, Cerimónia de purificação feita através de relações sexuais 
sem proteção que envolve a viúva que recentemente perdeu seu marido e um homem purificador. Este 
purificador em normas deve ser irmão do falecido, só na falta do irmão, pode se recorrer a outro qualquer 
homem de fora habilitado pra tal. Pita-kufa, não pode ser realizado por impotente sexual, porque o não 
cumprimento de meta, provoca problemas para própria pessoa que arisca e inclusive a própria família 
enlutada., como doenças constantes, azares e outras mortes. Pita-kufa é realizada em três dias e no 
mínimo três vezes de actos sexuais por dia.(idem:8) 
Na perspectiva de AMADEU (2016), para além de pita kufa, os senas são submetidos a outros tipos de 
cerimonias, como: pita mazwade, pita mphepo, pita moto entre outras. 
A cerimónia de pita mazwadue, consiste nas cerimonias pós-parto, para retirar o bébé dentro da casa, 
onde os progenitores da ciança são submetidos a esta cerimónia. 
 
A cerimónia de pita mphepo, é feita quando há um aborto, ou quando a criança perde a vida em menos 
de uma semana, que para a sua purificação são obrigados por tradição os familiares em especial os de 
cumprir com o mandamento da tradição. 
A cerimónia de pita moto, é feita quando há um incêndio, que na explicação tradicional para o facto não 
venha a ocorrer de outras vezes, os proprietários da casa, em especial os pais são obrigados a ter relações 
sexuais como forma de purificar a casa. 
Para MEQUES (1999:41), Pita-moto são cerimónias realizadas também por actos sexuais quando 
houver incêndios em casa. Ela é realizada por um casal de casa a fim de esconjurar maus espirito que 
provocaram o sinistro. Também o não cumprimento do mesmo pode provocar azares e casos congéneres 
a estes. 
21 
 
. 
-Pita-panhumba, cerimonia realizada por família no caso de haver o desaparecimento físico do marido 
ou da mulher sendo chefe da família, esta cerimonia, é para purificar a casa e também para substituição 
do viúvo ou da viúva, para tomar o lugar do malogrado.(idem:8) 
Em geral, para os senas cada algo maligno ou bom que acontece por exemplo na compra de qualquer 
algo de valor, para garantir o bom funcionamento deste, tem que praticar uma cerimónia. (idem) 
 
2.13.3. Morte: Kufa 
 Segundo MEQUES (1999:4 ), diz que: 
Se alguém morrer, tem que se praticar a cerimónia de Kufa. Quando não se pratica, 
outras pessoas também podem morrer. Para cumprir a cerimónia, matam uma galinha 
(ou mais) que representa a pessoa morta. Todos comem juntos, guardam os ossos, e 
quando outros veem de longe mais tarde, estes pegam os ossos, parra mostrar comunhão 
com a família, e a que veem de longe tem que tomar tabaco juntos ou fumar do mesmo 
cigarro isto ocorre depois de muito tempo. 
Até esta completa a cerimónia da galinha, ninguém pode ter qualquer contacto sexual, e se alguém não 
cumprir esta regra tem que ir ao dono da Kufa[4], e confessar, “não consegui cumprir a vossa Kufa” se 
não, vai tossir sangue e morrer. Antes do enterro, uma dança de tristeza (chamada use) é dançada usando 
um só batuque (uma lata). Depois de enterro, dança-se cedo, usando 9 batuques de várias altura. (Idem:4) 
 
2.13.4. Nomes de Seres Espirituais 
De acordo com MEQUES (1999,pp, 4 à 7), menciona e explica os nomes de seres espirituais seguintes: 
 Nomes de Deuses: deus verdadeiro (mulungu) e o criador de tudo (kulenga). O povo sena adoram 
mulungu, que e o nzimu (antepassado) de um grande homem. Os primeiros missionários aceitaram 
mulungu parra o nome de deus. 
https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=5980573819091844000#_ftn4
https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=5980573819091844000
22 
 
. 
 Muya: o termo significa “vento” ou “ar” mas foi introduzido por mansionários para espirito de deus 
(muya wa mulungu ou muya wa mulungu). Assim acreditam que o ser humano tem três partes: 
corpo (manungo), alma (ntimaque significa “coração”) e o espirito (muya). 
 Minzimu: são os espíritos dos antepassados mortos e considerado porpovo sena como muito santos. 
As pessoas convidam os mizimus para viver com eles, dão lhes comida e comunicam com eles. Os 
mizimus protegem as pessoas vivas e servem como mediador entre deus criador. 
2.13.5. Nomes de Demónios 
Segundo MEQUES (1999,pp, 4 à 7), menciona e explica os nomes de Demónios seguintes: 
 Madzoka: demónios ou pessoas endemoninhadas. É o poder utilizada por curandeiros. Cristo 
expulsou Madzoka na bíblia são os demónios que veem a uma pessoa que dizem que são 
mizimus assim a pessoa torna-se curandeiro. 
 Cikwambo: Demónio forte, como Cikwangwali. 
 Cikwangwali: são demónios muito terríveis cheios de maldades. O povo tem muito medo deles 
que possuem pessoas sem serem convidados, e são muito poderosos. 
Ninguém convidada este espirito para viver com eles. Os anyansolos (profeta tradicional) têm 
dificuldades em expulsar estes demónios das pessoas. Uma maneira em meter a pessoas 
endemoninhada numa cabana e ascender a casinha com fogo. A pessoa é retirada no último 
momento da cabana a arder assim pode ficar de Cikwangwali. 
 Nzunzu: o Cikwangwali do rio ou mar, um tipo territorial que vive na água. 
2.14. Médicos Tradicionais (Maganga) do Povo Sena 
 Ng¢anga Wa Kunziwa Mitombwe: este é o primeiro, que cura somente com ervas e raízes 
naturais, “ curandeiro que só conhece medicamentos, e não tem nada ver com demónio, 
(MEQUES, 1999: 14) 
https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=5980573819091844000
23 
 
. 
 Nyansolo: o nome refere-se “ aquele que tem que sonhar”, para curar identificar a origem duma 
ou da morte de alguém usa o poder do diabo (os Madzoka), e tem que ficar possuído por um 
espirito para fazer o teu trabalho.( Idem:14) 
 Nyankhundo: especialista na descoberta de feiticeiros este é muito temido pelo mfiti 
“feiticeiro”, porque sempres consegue descobri-lo. Toca o batuque, depois sobe no telhado da 
casa já endemoninhado assim começa falar sozinho e persegue até apanhar. Bate o feiticeiro 
com a cauda dum animal o caso é levado ao régulo ou mambo para ser julgado. Muitas vezes o 
feiticeiro é morto. (Idem: 15) 
3. CONCLUSÃO 
Concluímos que, é preciso compreender a cada etnia antes de julgarmos, visto que, sociedades diferentes 
tem etnias diferenciadas numa determinada nação, o que se traduz na diferente concepção sobre a 
educação e todos prestígios da cultura. 
Importa referir que, as senas ocupam toda área compreendida pelas terras marginais do rio Zambeze, 
desde Tambara (Manica), circunscrição de Chemba (Sofala), ate ao delta do grande rio, concelho do 
Chinde (Tete e Zambézia), com excepção de uma pequena faixa correspondente a área do Posto 
Administrativo de Ancuaze, que é habitada por indígenas que se dizem pertencer ao grupo dos Maganjas 
e que tem características muito distintas na indone e nos hábitos. 
Com este estudo, possibilitou abrir o nosso horizonte no campo educacional, quando exatamente, 
referimos de conhecimento da realidade que é umas das etapas de planificação educacional, onde 
fazemos diagnostico e coleta de conhecimentos, experiências, culturas ou etnia dos estudantes para 
conduzirmos melhor o processo de ensino e aprendizagem no alcance dos objetivos almejados. 
 
 
 
24 
 
. 
Referências Bibliográficas 
AMADEU, Abel, Habitos e Cultura do Povo Sena, 2016. 
MALUA, Rajabo, Sena Manhungue e Chuabo, Beira, 2014. 
MEQUE, J. Domingos. Apontamentos da Cultura do Povo Sena, IDLC, Beira, 1999. 
SIMBE, Dionísio, Dicionário Chisena-Português, editora RM, Maputo, Moçambique 2004.

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