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– Yasmin Azevedo Neves – Introdução: O sistema esquelético é composto de ossos, cartilagens e articulações que formam a estrutura interna de suporte do corpo. Os ossos são os responsáveis por dar suporte e formato ao corpo, são pontos de fixação para os músculos e também funcionam como um depósito para armazenamento de minerais essenciais. A cartilagem, um componente de muitas articulações, ajuda no suporte e no movimento, à medida que funciona como um apoio para as extremidades ósseas. A cartilagem e o osso estão ligados ao longo de todo o seu desenvolvimento, e a maioria dos ossos tem origem em um tecido cartilagíneo que, posteriormente, é substituído por um tecido ósseo durante o crescimento pré-natal e ao longo da infância. O sistema esquelético também contém informações da nossa história pessoal. Os ossos dentro de nós não são como os ossos sem vida, ossos secos que examinamos em um laboratório; ao contrário, eles são órgãos vivos, dinâmicos, que refletem muitos aspectos da nossa vida. O esqueleto humano é dividido em duas regiões descritivas: 1- Axial 2- Apendicular 1- AXIAL: O esqueleto axial possui 80 ossos - Crânio e os ossos associados (ossículos da audição e o osso hioide) são responsáveis por 29 ossos. – Caixa torácica (esterno e costelas) é responsável por 25 ossos. – Coluna vertebral é responsável por 26 ossos. 2- APENDICULAR: O esqueleto apendicular possui 134 ossos - Cíngulo do membro superior (clavícula e espácula) é responsável por 4 ossos. – Membros superiores são responsáveis por 64 ossos. – Cíngulo do membro inferior (osso quadril) é responsável por 2 ossos. – Membros inferiores são responsáveis por 64 ossos. O esqueleto possui 214 ossos (incluindo os 8 ossos sesamoides das mãos e dos pés), contundo, na prática esse número pode variar de pessoa para pessoa. Os ossos e cartilagens do sistema esquelético humano são constituídos de um tecido conjuntivo vivo, dinâmico e rígido. A cartilagem está unida à alguns ossos, especialmente onde a flexibilidade é importante e recobre muitas faces articulares dos ossos. Aproximadamente 99% do cálcio do corpo estão armazenados nos ossos e muitos, possuem uma cavidade central que contém a medula óssea (conjunto de células hematopoiéticas que formam as células do sangue). A maioria dos ossos pode ser classificado em uma das cinco formas seguintes: 1- Plano - os ossos são finos, achatados e, normalmente, ligeiramente curvados. A maioria dos ossos do crânio é plana, assim como as costelas, o esterno (osso peitoral) e a escápula (omoplata). 2- Irregular - os ossos irregulares têm várias formas que não se enquadram nas categorias anteriores. Exemplos são as vértebras e os ossos do quadril. 3- Curto - os ossos curtos têm uma forma ligeiramente cúbica. Eles aparecem no carpo e no tarso. 4- Longo - como o próprio nome sugere, são ossos consideravelmente mais longos do que largos. Um osso longo tem uma barra com duas extremidades distintas. A maioria dos ossos dos membros são ossos longos e eles são nomeados por sua forma alongada e não pelo seu tamanho global: os ossos dos dedos das mãos e dos pés são ossos longos, embora sejam pequenos. 5- Sesamoide - os ossos sesamoides (“em formato de semente de gergelim”) são um tipo especial de osso curto que se forma dentro de um tendão. Um bom exemplo é a patela (ou rótula). Eles variam em tamanho e em número, dependendo do indivíduo. Alguns ossos sesamoides atuam para claramente alterar a direção da tração de um tendão. As funções do sistema esquelético e dos ossos são: * Sustentação * Proteção dos tecidos ou dos órgãos vitais * Proporcionar mecanismo de movimento * Armazenar cálcio * Fornecimento de células sanguíneas Cartilagem: A cartilagem é o tecido precursor fetal no desenvolvimento de muitos ossos; ela também dá suporte a estruturas não esqueléticas, como na orelha, laringe e árvore traqueobrônquica. A maioria das faces articulares dos ossos são revestidas de cartilagem hialina que é o tipo mais comum. O segundo tipo de cartilagem é a fibrocartilagem que é encontrada em locais que é necessária mais sustentação. O terceiro tipo de cartilagem é elástica que é encontrada em locais onde é necessária maior flexibilidade. Durante o começo da vida fetal, o esqueleto humano é predominantemente cartilaginoso, mas subsequentemente é em grande parte substituído por osso. Em adultos, a cartilagem persiste nas superfícies das articulações sinoviais, nas paredes da laringe e epiglote, traqueia, brônquios, nariz e orelhas externas. A substituição por osso durante o desenvolvimento é um processo complexo: as células nas placas de crescimento cartilaginosas — que estão situadas entre as epífises e as diáfises em ossificação dos ossos longos (e em outros locais) — continuam a proliferar, aumentando o comprimento dos ossos envolvidos até que eventualmente se ossificam, quando cessa o crescimento. As estruturas cartilagíneas são encontradas por todo o corpo humano. Essas cartilagens incluem: 1. Cartilagem na orelha externa. 2. Cartilagens no nariz. 3. Cartilagens articulares, que revestem as extremidades da maioria dos ossos nas articulações móveis. 4. Cartilagens costais, que conectam as costelas ao esterno (osso do peito). 5. Cartilagens da laringe (caixa de voz), incluindo a epiglote, uma aba que evita que o alimento entre na laringe e nos pulmões. 6. Cartilagens que mantêm abertos os tubos de ar do sistema respiratório. 7. Cartilagens dos discos entre as vértebras. 8. Cartilagem da sínfise púbica. 9. Cartilagens que formam discos articularesdentro de algumas articulações móveis — o menisco no joelho, por exemplo. Articulações: São junções entre os ossos, existe três tipos de articulações: 1- Fibrosas (sinartrose): Ossos unidos por tecido conjuntivo fibroso. Exemplo: suturas entre ossos do crânio. 2- Cartilagíneas (anfiartrose): Ossos unidos por cartilagem ou por cartilagem mais tecido fibroso. 3- Sinoviais (diartrose): Ossos interpostos por cavidade articular preenchida com líquido sinovial e revestida por uma cápsula. Exemplo: articulação do joelho. OBS: Quanto mais movimento ocorre em uma articulação, mais suscetível ela fica a lesões e luxações. Estrutura Óssea e Classificação: Os ossos do esqueleto são órgãos porque contêm diversos tecidos distintos. Embora o tecido ósseo predomine, os ossos também contêm tecido nervoso (em nervos), tecido sanguíneo (em vasos sanguíneos), cartilagem (em cartilagens articulares) e tecido epitelial revestindo os vasos sanguíneos. O osso é uma forma especializada de tecido conjuntivo constituído por células e pela matriz extracelular. A matriz é mineralizada com fosfato de cálcio o que lhe confere uma textura rígida, servindo como um significante reservatório de cálcio. Os ossos proporcionam um arcabouço rígido que protege e sustenta a maioria dos tecidos moles do corpo e atuam como um sistema de vigas e alavancas, as quais, através da ação dos músculos esqueléticos inseridos, permitem movimento do corpo. Os ossos do esqueleto são conectados uns aos outros através de articulações que, conforme sua estrutura, permitem variados graus de movimento. Os ossos são classificados em: COMPACTO: Tecido ósseo denso que forma a camada mais externa do osso. ESPONJOSO: Osso trabecular que contém uma rede de trabéculas finas; encontrado nas epífises e nas metáfises dos ossos longos. Um osso longo típico apresenta os seguintes elementos estruturais: - Diáfise: Corpo do osso. – Epífise: Duas extremidades expandidas do osso recobertas por cartilagem articular. – Metáfise: Localizada entre a diáfise e as epífises, consiste na região adjacente à área onde ocorrerá o crescimento ativo do osso. – Cavidade Medular: Porção central da diáfise de muitos ossos longos; que produzem células do sangue. A formação óssea ocorre em grande parte pela disposição de osteoide, calcificada posteriormente e por reabsorção óssea. Portanto, a formação óssea é um processo dinâmico. 3 tipos principais celulares principais participam deste processo: 1- Osteoblastos: Células que formam novos ossos pela deposição de osteoide. 2- Osteócitos: Células ósseas maduras (derivadas dos osteoblastos), envolvidas por matriz óssea calcificada. 3- Osteoclastos: Células grandes que realizam a degradação enzimática da matriz óssea, normalmente encontradas nas áreas de remodelamento ósseo ativo. Macroscopicamente, o osso vivo é branco. Sua textura é densa como marfim (osso compacto) ou semelhante a favo dotado de grandes cavidades (osso trabecular ou esponjoso), no qual o elemento ósseo é reduzido a uma trama de barras e placas. Osso compacto é usualmente limitado aos córtices dos ossos maduros (osso cortical) e é de grande importância em prover sua resistência. Sua espessura e arquitetura variam nos diferentes ossos, de acordo com sua forma global, posição e papéis funcionais. O córtex mais o canal medular oco dos ossos longos permitem a combinação de resistência com baixo peso. O osso esponjoso usualmente é interno, dando resistência adicional aos córtices e contendo a medula óssea. O osso forma um reservatório de cálcio (99% do cálcio corporal estão no esqueleto ósseo) e fosfato metabólicos que está sob controle hormonal e de citocinas. As proporções de osso compacto para esponjoso variam grandemente. Nos ossos longos, a diáfise consiste em um cilindro grosso de osso compacto com algumas trabéculas e espículas na sua superfície interna. Ele encerra um grande canal medular ou cavidade da medula que se comunica livremente com os espaços intratrabeculares das extremidades ósseas expandidas. Em outros ossos, especialmente ossos chatos como as costelas, o interior é uniformemente esponjoso, e osso compacto forma a superfície. As cavidades usualmente são cheias de medula, seja hematopoética vermelha, seja adiposa amarela, de acordo com a idade e o local. Entretanto, em alguns ossos do crânio, notadamente o processo mastoide do osso temporal e os seios paranasais da maxila, esfenoide e etmoide, muitas das cavidades internas são cheias de ar, isto é, são pneumáticas. Os ossos variam não apenas na sua forma principal, mas também em detalhes menores da superfície ou marcas secundárias, que aparecem principalmente na vida pós-natal. A maioria dos ossos apresenta características como elevações e depressões (fossas), áreas lisas e cristas rugosas. Numerosos nomes são usados para descrever essas características secundárias. Algumas superfícies articulares são chamadas de fossas (p. ex., a fossa glenoidal); depressões longas são sulcos (p. ex., o sulco bicipital do úmero); um entalhe é uma incisura; um espaço real é um hiato. Uma grande projeção é chamada de processo ou, se alongada e delgada ou pontuda, de espinha. Um processo recurvado é um hámulo ou corno (p. ex., os hâmulos pterigóideos do osso esfenoide e os cornos do hioide). Uma projeção arredondada é uma tuberosidade ou tubérculo, e ocasionalmente um trocanter. As extremidades proximais expandidas de muitos ossos são muitas vezes chamadas de “cabeça” (p. ex., úmero, fêmur, rádio). Um buraco no osso é um forame, e se torna um canal quando alongado. Buracos grandes podem ser chamados de aberturas ou, se cobertos em grande parte por tecido conjuntivo, fenestras. Fendas nos ossos ou entre eles são fissuras. Uma lâmina é uma placa fina; lâminas maiores podem ser chamadas de escamas (p. ex., a escama temporal). Classificação dos Ossos: Os ossos apresentam-se em muitos tamanhos e formas. Por exemplo, o minúsculo osso pisiforme do carpo (região do punho) tem a forma e tamanho de uma ervilha, enquanto o fêmur (osso da coxa) é grande e alongado. O formato de cada osso reflete a sua função e formação. O fêmur, por exemplo, deve suportar grande peso e pressão, e seu design cilíndrico e oco fornece o máximo de resistência com um mínimo de peso. Os ossos são classificados por sua forma como longos, curtos, planos e irregular. Músculo Esquelético: É possível classificar os músculos com base na sua forma geral e na orientação predominante das suas fibras em relação à direção de tração. Os músculos com fibras que são predominantemente paralelas à linha de tração variam em forma de chatos, curtos e quadriláteros (p. ex., tiroióideo) a longos e em fita (p. ex., esternoióideo, sartório). Nesses músculos, as fibras individuais podem percorrer o comprimento inteiro do músculo ou segmentos mais curtos, quando há interseções tendíneas transversais a intervalos(p. ex., reto do abdome). Em um músculo fusiforme, as fibras podem ser paralelas no “ventre”, mas convergir para um tendão em ambas as extremidades. Quando as fibras são oblíquas à linha de tração, os músculos podem ser triangulares (p. ex., temporal, adutor longo) ou peniformes (semelhantes a penas) em sua construção. Os últimos variam em complexidade de unipenados (p. ex., flexor longo do polegar) e bipenados (p. ex., reto femoral, interósseos dorsais) a multipenados (p. ex., deltoide). As fibras podem passar obliquamente entre aponeuroses profunda e superficial, em um tipo de forma “unipenada” (p. ex., sóleo) ou as fibras musculares podem começar das paredes de compartimentos osteofasciais e convergir obliquamente para um tendão central, de maneira circumpenada (p. ex., tibial anterior). Os músculos podem exibir um arranjo espiralado ou torcido (p. e x., fibras esternocostais do peitoral maior e latíssimo do dorso, que sofrem uma torção de 180° entre suas fixações medial e lateral) ou podem espiralar em torno de um osso (p. ex., supinador, que se enrola obliquamente em torno da diáfise radial proximal), ou podem conter dois ou mais planos de fibras dispostas em diferentes direções, um tipo de espiral às vezes denominado cruciforme (esternocleidomastóideo, masseter e adutor magno são todos parcialmente espirais e cruciformes). Muitos músculos exibem mais de um desses tipos principais de disposição e apresentam variações regionais que correspondem a ações contrastantes, em alguns casos independentes. - Microestrutura do músculo esquelético: As unidades celulares do músculo esquelético são enormes fibras musculares multinucleadas. As fibras musculares individuais são longas estruturas cilíndricas que tendem a ser constantes em tamanho dentro de um dado músculo, mas em diferentes músculos podem variar de 10-100 μm de diâmetro e de milímetros a muitos centímetros em comprimento. O citoplasma de cada fibra, o sarcoplasma, é rodeado por uma membrana plasmática muitas vezes chamada de sarcolema. A maquinaria contrátil é concentrada em miofibrilas, longas estruturas estreitas (1-2 μm de diâmetro) que se estendem pelo comprimento da fibra e formam a maior parte do sarcoplasma. Numerosos núcleos ovais moderadamente eucromáticos usualmente ocupam uma fina margem transparente do sarcoplasma entre as miofibrilas e o sarcolema, e são especialmente numerosos na região da junção neuromuscular. ANTEBRAÇO: Se estende do cotovelo até o punho, sendo constituído de dois ossos: - Rádio (lateralmente); menor. – Ulna (medialmente). A região anterior do cotovelo é conhecida como fossa cubital, um local comum para a venopunção (acesso a veia para coletar sangue). A membrana intraóssea do antebraço é um tipo de articulação fibrosa que conecta o rádio à ulna. Supinação: Palma da mão voltada para frente em posição anatômica. Pronação: Palma da mão voltada para trás. São movimentos únicos do punho e da mão, mas ocorrem exclusivamente no antebraço quando o rádio cruza sobre a ulna (pronação) ou durante movimento inverso (supinação). – O tecido ósseo é o componente principal do esqueleto, serve de suporte para os tecidos moles e protege órgãos vitais, como os contidos nas caixas craniana e torácica, bem como no canal raquidiano. Aloja e protege a medula óssea, formadora das células do sangue, proporciona apoio aos músculos esqueléticos, transformando suas contrações em movimentos úteis, e constitui um sistema de alavancas que amplia as forças geradas na contração muscular. Além dessas funções, os ossos funcionam como depósito de cálcio, fosfato e outros íons, armazenando-os ou liberando-os de maneira controlada, para manter constante a concentração desses importantes íons nos líquidos corporais. São capazes ainda de absorver toxinas e metais pesados, minimizando assim seus efeitos adversos em outros tecidos. O tecido ósseo é um tipo especializado de tecido conjuntivo formado por células e material extracelular calcificado, a matriz óssea. As células são: os osteócitos, que se situam em cavidades ou lacunas no interior da matriz. Os osteoblastos, que sintetizam a parte orgânica da matriz e localizam-se na sua periferia; e os osteoclastos, células gigantes, móveis e multinucleadas que reabsorvem o tecido ósseo, participando dos processos de remodelação dos ossos. Como não existe difusão de substâncias através da matriz calcificada do osso, a nutrição dos osteócitos depende de canalículos que existem na matriz. Esses canalículos possibilitam as trocas de moléculas e íons entre os capilares sanguíneos e os osteócitos. Todos os ossos são revestidos em suas superfícies externas e internas por membranas conjuntivas que contêm células osteogênicas, o periósteo e o endósteo, respectivamente. A matriz mineralizada torna o tecido ósseo difícil de ser cortado no micrótomo. Por isso, técnicas especiais são utilizadas para seu estudo. Umas das técnicas utilizadas, que não preserva as células, mas possibilita um estudo minucioso da matriz com suas lacunas e canalículos, consiste na obtenção de fatias finas de tecido ósseo, preparadas por desgaste. - Osteócitos: Os osteócitos são as células encontradas no interior da matriz óssea, ocupando as lacunas das quais partem canalículos. Cada lacuna contém apenas um osteócito. Dentro dos canalículos os prolongamentos dos osteócitos estabelecem contatos por meio de junções comunicantes, por onde podem passar pequenas moléculas e íons de um osteócito para o outro. Os osteócitos são células achatadas, que exibem pequena quantidade de retículo endoplasmático granuloso, complexo de Golgi pouco desenvolvido e núcleo com cromatina condensada. Embora essas características ultraestruturais indiquem pequena atividade sintética, os osteócitos são essenciais para a manutenção da matriz óssea. Sua morte é seguida por reabsorção da matriz. - Osteoblastos: Os osteoblastos são as células que sintetizam a parte orgânica (colágeno tipo I, proteoglicanos e glicoproteínas) da matriz óssea. Sintetizam também osteonectina e osteocalcina. Osteonectina facilita a deposição de cálcio e osteocalcina estimula a atividade dos osteoblastos. Como parte da osteocalcina produzida é transportada pelo sangue, atua tanto nos osteoblastos locais como nos localizados à distância. Os osteoblastos são capazes de concentrar fosfato de cálcio, participando da mineralização da matriz. Dispõem-se sempre nas superfícies ósseas, lado a lado, em um arranjo que lembra um epitélio simples. Quando em intensa atividade sintética, são cuboides, com citoplasma muito basófilo. Em contrapartida, em estado pouco ativo, tornam-se achatados e a basófila citoplasmática diminui. Uma vez aprisionado pela matriz recém-sintetizada, o osteoblasto passa a ser chamado de osteócito. A matriz se deposita ao redor do corpo da célula e de seus prolongamentos, formando assim as lacunas e os canalículos. Os osteoblastos em fase de síntese mostram as características ultraestruturais das células produtoras de proteínas. A matriz óssea recém-formada, adjacente aos osteoblastos ativos e que não está ainda calcificada, recebe o nome de osteoide. - Osteoclastos: Os osteoclastos são células móveis, gigantes,multinucleadas e extensamente ramificadas. As ramificações são muito irregulares, com forma e espessura variáveis. Frequentemente, nas áreas de reabsorção de tecido ósseo encontram-se porções dilatadas dos osteoclastos, colocadas em depressões da matriz escavadas pela atividade dos osteoclastos e conhecidas como lacunas de Howship. Os osteoclastos têm citoplasma granuloso, algumas vezes com vacúolos, fracamente basófilo nos osteoclastos jovens e acidófilo nos maduros. Essas células se originam de precursores mononucleados provenientes da medula óssea que, ao contato com o tecido ósseo, unem-se para formar os osteoclastos multinucleados. - Matriz Óssea: A parte inorgânica representa cerca de 50% do peso da matriz óssea. Os íons mais encontrados são o fosfato e o cálcio. Há também bicarbonato, magnésio, potássio, sódio e citrato em pequenas quantidades. Estudos de difração de raios X mostraram que os cristais que se formam pelo cálcio e o fósforo têm a estrutura da hidroxiapatita, com a seguinte composição: Ca10 (PO4 )6 (OH)2. Os íons da superfície do cristal de hidroxiapatita são hidratados, existindo, portanto, uma camada de água e íons em volta do cristal. Essa camada é denominada capa de hidratação, e facilita a troca de íons entre o cristal e o líquido intersticial. Os cristais de matriz óssea mostram imperfeições e não são exatamente iguais à hidroxiapatita que se encontra nos minerais das rochas. A parte orgânica da matriz é formada por fibras colágenas (95%) constituídas de colágeno do tipo I e por pequena quantidade de proteoglicanos e glicoproteínas. As glicoproteínas do osso podem ter alguma participação na mineralização da matriz. Outros tecidos ricos em colágeno tipo I, mas que não contêm essas glicoproteínas, normalmente não se calcificam. Em virtude de sua riqueza em fibras colágenas, a matriz óssea descalcificada cora-se pelos corantes seletivos do colágeno. A associação de hidroxiapatita a fibras colágenas é responsável pela rigidez e resistência do tecido ósseo. Após a remoção do cálcio, os ossos mantêm sua forma intacta, porém tornam-se tão flexíveis quanto os tendões. A destruição da parte orgânica, que é principalmente colágeno, pode ser realizada por incineração e também deixa o osso com sua forma intacta, porém tão quebradiço que dificilmente pode ser manipulado sem se partir. - Periósteo e Endósteo: As superfícies internas e externas dos ossos são recobertas por células osteogênicas e tecido conjuntivo, que constituem o endósteo e o periósteo, respectivamente. A camada mais superficial do periósteo contém principalmente fibras colágenas e fibroblastos. As fibras de Sharpey são feixes de fibras colágenas do periósteo que penetram o tecido ósseo e prendem firmemente o periósteo ao osso. - Tipos de Tecido Ósseo: Observando-se a olho nu a superfície de um osso serrado, verifica-se que ele é formado por partes sem cavidades visíveis, o osso compacto, e por partes com muitas cavidades intercomunicantes, o osso esponjoso. Essa classificação é macroscópica, e não histológica, pois o tecido compacto e os tabiques que separam as cavidades do esponjoso têm a mesma estrutura histológica básica. Nos ossos longos, as extremidades ou epífises são formadas por osso esponjoso com uma delgada camada superficial compacta. A diáfise (parte cilíndrica) é quase totalmente compacta, com pequena quantidade de osso esponjoso na sua parte profunda, delimitando o canal medular. Principalmente nos ossos longos, o osso compacto é chamado também de osso cortical. Os ossos curtos têm o centro esponjoso, sendo recobertos em toda a sua periferia por uma camada compacta. Nos ossos chatos, que constituem a abóbada craniana, existem duas camadas de osso compacto, as tábuas interna e externa, separadas por osso esponjoso que, nesta localização, recebe o nome de díploe. As cavidades do osso esponjoso e o canal medular da diáfise dos ossos longos são ocupados pela medula óssea. No recém-nascido, toda a medula óssea tem cor vermelha, devido ao alto teor de hemácias, e é ativa na produção de células do sangue (medula óssea hematógena). Pouco a pouco, com a idade, vai sendo infiltrada por tecido adiposo, com diminuição da atividade hematógena (medula óssea amarela). Histologicamente existem dois tipos de tecido ósseo: o imaturo ou primário; e o maduro, secundário ou lamelar. Os dois tipos contêm as mesmas células e os mesmos constituintes da matriz. O tecido primário é o que aparece primeiro, tanto no desenvolvimento embrionário como na reparação das fraturas, sendo temporário e substituído por tecido secundário. No tecido ósseo primário, as fibras colágenas se dispõem irregularmente, sem orientação definida, porém no tecido ósseo secundário ou lamelar essas fibras se organizam em lamelas, que adquirem uma disposição muito peculiar. Tecido ósseo primário ou imaturo: Em cada osso o primeiro tecido ósseo que aparece é do tipo primário (não lamelar), sendo substituído gradativamente por tecido ósseo lamelar ou secundário. No adulto é muito pouco frequente, persistindo apenas próximo às suturas dos ossos do crânio, nos alvéolos dentários e em alguns pontos de inserção de tendões. O tecido ósseo primário apresenta fibras colágenas dispostas em várias direções sem organização definida, tem menor quantidade de minerais (mais facilmente penetrado pelos raios X) e maior proporção de osteócitos do que o tecido ósseo secundário. Tecido ósseo secundário ou maduro: O tecido ósseo secundário (lamelar) é a variedade geralmente encontrada no adulto. Sua principal característica é conter fibras colágenas organizadas em lamelas de 3 a 7 μm de espessura, que ficam paralelas umas às outras ou se dispõem em camadas concêntricas em torno de canais com vasos, formando os sistemas de Havers ou ósteons. As lacunas que contêm osteócitos estão em geral situadas entre as lamelas ósseas, porém algumas vezes estão dentro delas. Em cada lamela, as fibras colágenas são paralelas umas às outras. Separando grupos de lamelas, ocorre frequentemente o acúmulo de uma substância cimentante que consiste em matriz mineralizada, porém, com pouquíssimo colágeno. Na diáfise dos ossos, as lamelas ósseas se organizam em arranjo típico, constituindo os sistemas de Havers, os circunferenciais interno e externo e os intermediários. Esses quatro sistemas são facilmente identificáveis nos cortes transversais à diáfise. O tecido ósseo secundário que contém sistemas de Havers é característico da diáfise dos ossos longos, embora sistemas de Havers pequenos sejam encontrados no osso compacto de outros locais. Cada sistema de Havers ou ósteon é um cilindro longo, às vezes bifurcado, paralelo à diáfise e formado por 4 a 20 lamelas ósseas concêntricas. No centro desse cilindro ósseo existe um canal revestido de endósteo, o canal de Havers, que contém vasos e nervos. Os canais de Havers comunicam-se entre si, com a cavidade medular e com a superfície externa de osso por meio de canais transversais ou oblíquos, os canais de Volkmann. Estes se distinguem dos de Havers por não apresentarem lamelas ósseas concêntricas. Os canais de Volkmann atravessam as lamelas ósseas. Todos os canais vasculares existentes no tecido ósseo aparecem quando a matriz óssea se forma ao redor dos vasos preexistentes. - Histogênese: O tecido ósseo é formado por um processo chamado de ossificação intramembranosa, que ocorre no interior de uma membrana conjuntiva, ou pelo processo de ossificação endocondral, o qual se inicia sobre um molde de cartilagem hialina, que gradualmente é destruído e substituído por tecido ósseo formado a partir de células do conjuntivo adjacente. Tanto na ossificação intramembranosa como na endocondral,o primeiro tecido ósseo formado é do tipo primário, o qual é, pouco a pouco, substituído por tecido secundário ou lamelar. Portanto, durante o crescimento dos ossos podem- se ver, lado a lado, áreas de tecido primário, áreas de reabsorção e áreas de tecido secundário. Uma combinação de formação e remoção de tecido ósseo persiste durante o crescimento do osso. Isso também ocorre no adulto, embora em ritmo muito mais lento. Ossificação intramembranosa: A ossificação intramembranosa ocorre no interior de membranas de tecido conjuntivo. É o processo formador dos ossos frontal, parietal e de partes do occipital, do temporal e dos maxilares superior e inferior. Contribui também para o crescimento dos ossos curtos e para o aumento em espessura dos ossos longos. O local da membrana conjuntiva onde a ossificação começa chama-se centro de ossificação primária. O processo tem início pela diferenciação de células mesenquimatosas que se transformam em grupos de osteoblastos, os quais sintetizam o osteoide (matriz ainda não mineralizada), que logo se mineraliza, englobando alguns osteoblastos que se transformam em osteócitos. Como vários desses grupos surgem quase simultaneamente no centro de ossificação, há confluência das traves ósseas formadas, conferindo ao osso um aspecto esponjoso. Entre as traves formam-se cavidades que são penetradas por vasos sanguíneos e células mesenquimatosas indiferenciadas, que darão origem à medula óssea. Os vários centros de ossificação crescem radialmente, acabando por substituir a membrana conjuntiva preexistente. A palpação do crânio dos recém-nascidos revela áreas moles – as fontanelas – onde as membranas conjuntivas ainda não foram substituídas por tecido ósseo. Ossificação endocondral: A ossificação endocondral tem início sobre uma peça de cartilagem hialina, de forma parecida à do osso que se vai formar, porém de tamanho menor. Esse tipo de ossificação é o principal responsável pela formação dos ossos curtos e longos. A ossificação endocondral consiste essencialmente em dois processos. Primeiro, a cartilagem hialina sofre modificações, havendo hipertrofia dos condrócitos, redução da matriz cartilaginosa a finos tabiques, sua mineralização e a morte dos condrócitos por apoptose. Segundo, as cavidades previamente ocupadas pelos condrócitos são invadidas por capilares sanguíneos e células osteogênicas vindas do conjuntivo adjacente. Essas células diferenciam-se em osteoblastos, que depositarão matriz óssea sobre os tabiques de cartilagem calcificada. Desse modo, aparece tecido ósseo onde antes havia tecido cartilaginoso, sem que ocorra a transformação deste tecido naquele; os tabiques de matriz calcificada da cartilagem servem apenas de ponto de apoio à ossificação. A formação dos ossos longos é um processo complexo. O molde cartilaginoso apresenta uma parte média estreitada e as extremidades dilatadas, correspondendo, respectivamente, à diáfise e às epífises do futuro osso. O primeiro tecido ósseo a aparecer no osso longo é formado por ossificação intramembranosa do pericôndrio que recobre a parte média da diáfise, formando um cilindro, o colar ósseo. Enquanto se forma o colar ósseo, as células cartilaginosas envolvidas pelo mesmo hipertrofiam (aumentam de volume), morrem por apoptose e a matriz da cartilagem se mineraliza. Vasos sanguíneos, partindo do periósteo, atravessam o cilindro ósseo e penetram a cartilagem calcificada, levando consigo células osteoprogenitoras originárias do periósteo, que proliferam e se diferenciam em osteoblastos, os quais formam camadas contínuas nas superfícies dos tabiques cartilaginosos calcificados e iniciam a síntese da matriz óssea que logo se mineraliza. Forma-se, assim, tecido ósseo primário sobre os restos da cartilagem calcificada. Nos cortes histológicos, distingue-se a cartilagem calcificada por ser basófila, enquanto o tecido ósseo depositado sobre ela é acidófilo. O centro de ossificação descrito, que aparece na parte média da diáfise, é chamado de centro primário. Seu crescimento rápido, em sentido longitudinal, ocupa toda a diáfise, que fica, assim, formada por tecido ósseo. Esse alastramento do centro primário é acompanhado pelo crescimento do cilindro ósseo que se formou a partir do pericôndrio e que cresce também na direção das epífises. Desde o início da formação do centro primário surgem osteoclastos e ocorre absorção do tecido ósseo formado no centro da cartilagem, aparecendo, assim, o canal medular, o qual também cresce longitudinalmente à medida que a ossificação progride. À medida que se forma o canal medular, células sanguíneas, originadas de células hematógenas multipotentes (células-tronco) trazidas pelo sangue dão origem à medula óssea. As células-tronco hematógenas se fixam no microambiente do interior dos ossos, onde vão produzir todos os tipos de células do sangue, tanto na vida intrauterina como após o nascimento. Mais tarde, formam-se os centros secundários de ossificação, um em cada epífise, porém não simultaneamente. Esses centros são semelhantes ao centro primário da diáfise, mas seu crescimento é radial em vez de longitudinal. A porção central do osso formado nos centros secundários (nas epífises) também contém medula óssea. Quando o tecido ósseo formado nos centros secundários ocupa as epífises, o tecido cartilaginoso torna-se reduzido a dois locais: a cartilagem articular, que persistirá por toda a vida e não contribui para a formação de tecido ósseo, e a cartilagem de conjugação ou disco epifisário. Esta é constituída por um disco cartilaginoso que não foi penetrado pelo osso em expansão e que será responsável, de agora em diante, pelo crescimento longitudinal do osso. A cartilagem de conjugação fica entre o tecido ósseo das epífises e o da diáfise. Seu desaparecimento por ossificação, aproximadamente aos 20 anos de idade, determina a parada do crescimento longitudinal dos ossos. Zona de repouso: na qual existe cartilagem hialina sem qualquer alteração morfológica. Zona de cartilagem seriada ou de proliferação: na qual os condrócitos dividem-se rapidamente e formam fileiras ou colunas paralelas de células achatadas e empilhadas no sentido longitudinal do osso. Zona de cartilagem hipertrófica: zona que apresenta condrócitos muito volumosos, com depósitos citoplasmáticos de glicogênio e lipídios. A matriz fica reduzida a tabiques delgados, entre as células hipertróficas. Os condrócitos entram em apoptose. Zona de cartilagem calcificada: zona em que ocorre a mineralização dos delgados tabiques de matriz cartilaginosa e termina a apoptose dos condrócitos. Zona de ossificação: zona em que aparece tecido ósseo. Capilares sanguíneos e células osteoprogenitoras originadas do periósteo invadem as cavidades deixadas pelos condrócitos mortos. As células osteoprogenitoras se diferenciam em osteoblastos, que formam uma camada contínua sobre os restos da matriz cartilaginosa calcificada. Sobre esses restos de matriz cartilaginosa, os osteoblastos depositam a matriz óssea. *Remodelação do tecido ósseo: O diâmetro dos canais de Havers é muito variável porque o tecido ósseo está em remodelação constante. Como cada sistema é construído por deposição sucessiva de lamelas ósseas a partir da periferia para o interior do sistema, os sistemas mais jovens têm canais mais largos e as lamelas mais internas são as mais recentes. Os sistemascircunferenciais interno e externo são constituídos por lamelas ósseas paralelas entre si, formando duas faixas: uma situada na parte interna do osso, em volta do canal medular e em contato com o endósteo, e a outra na parte mais externa, próxima ao periósteo. O sistema circunferencial externo é mais desenvolvido do que o interno. Entre os dois sistemas circunferenciais encontram-se inúmeros sistemas de Havers e grupos irregulares de lamelas, geralmente de forma triangular, as lamelas intersticiais (sistemas intermediários), que provêm de restos de sistemas de Havers que foram destruídos durante o crescimento do osso. *Crescimento dos ossos: O crescimento dos ossos consiste na formação de tecido ósseo novo, associada à reabsorção parcial de tecido já formado; deste modo, os ossos conseguem manter sua forma enquanto crescem. Os ossos chatos crescem por formação do tecido ósseo pelo periósteo situado entre as suturas e na face externa do osso, enquanto ocorre reabsorção na face interna. Sendo extremamente plástico, o tecido ósseo responde, por exemplo, ao crescimento do encéfalo, formando uma caixa craniana do tamanho adequado. Havendo deficiência no crescimento do encéfalo, a caixa craniana será pequena. Em contrapartida, nas crianças com hidrocefalia, por exemplo, cujo encéfalo é muito volumoso, a caixa craniana é também muito maior do que o normal. Nos adultos também existe remodelação dos ossos, um processo fisiológico que ocorre simultaneamente em diversas partes do esqueleto. Nesse caso a remodelação não está relacionada com o crescimento e é muito mais lenta. Estima-se que a remodelação nas crianças pequenas seja 200 vezes mais rápida do que nos adultos. Nos ossos longos, as epífises aumentam de tamanho em razão do crescimento radial da cartilagem, acompanhado por ossificação endocondral. A diáfise cresce em extensão pela atividade dos discos epifisários e, em espessura, pela formação de tecido ósseo na superfície externa da diáfise, com reabsorção na superfície interna. Esta reabsorção interna aumenta o diâmetro do canal medular. Apesar da sua resistência às pressões e da sua rigidez, o tecido ósseo é muito plástico, sendo capaz de remodelar sua estrutura interna em resposta a modificações nas forças a que está submetido. – Osteogênese e ossificação são nomes para o processo de formação de tecido ósseo. A osteogênese começa no embrião, passa pela infância e adolescência à medida que o esqueleto cresce e, então, a uma taxa mais lenta, acontece no adulto como parte de uma remodelação contínua do esqueleto totalmente desenvolvido. Antes da 8a semana, o esqueleto do embrião humano é composto apenas de cartilagem hialina e algumas membranas de mesênquima, um tecido conjuntivo embrionário. O tecido ósseo aparece pela primeira vez na 8a semana e, eventualmente, substitui a maior parte da cartilagem e as membranas mesenquimais no esqueleto. Alguns ossos, chamados ossos de origem intramembranosa, desenvolvem-se a partir de uma membrana mesenquimal por meio de um processo chamado ossificação intramembranosa (intra = dentro). Outros ossos desenvolvem-se a partir de cartilagem hialina, que é substituída por um processo chamado ossificação endocondral (endo = dentro; condro = cartilagem). Esses ossos são chamados de ossos de origem endocondral ou ossos de substituição da cartilagem. Hormônio Do Crescimento: O crescimento em seres humanos é um processo contínuo que inicia antes do nascimento. Entretanto, a taxa de crescimento em crianças não é estável. Os dois primeiros anos de vida e a adolescência são marcados por picos de crescimento e desenvolvimento rápidos. O crescimento normal é um processo complexo que depende de inúmeros fatores: 1. Hormônio do crescimento e outros hormônios. Sem quantidades adequadas de hormônio do crescimento, as crianças simplesmente deixam de crescer. Os hormônios da tireoide, a insulina e os hormônios sexuais na puberdade também desempenham papéis diretos e permissivos. Uma deficiência em qualquer desses hormônios leva ao crescimento e ao desenvolvimento anormal. 2. Uma dieta adequada que inclua proteínas, energia (ingestão calórica) suficiente, vitaminas e minerais. Muitos aminoácidos podem ser produzidos no corpo a partir de outros precursores, porém os aminoácidos essenciais devem vir de fontes alimentares. Entre os minerais, o cálcio, em particular, é necessário para a formação adequada dos ossos. 3. Ausência de estresse crônico. O cortisol proveniente do córtex da glândula suprarrenal é liberado nos períodos de estresse e tem significativos efeitos catabólicos que inibem o crescimento. As crianças que estão sujeitas a ambientes estressantes podem apresentar uma condição conhecida como falha no crescimento, que é marcada pelo crescimento anormalmente lento. 4. Genética. O tamanho adulto potencial de cada pessoa é determinado geneticamente na concepção. O hormônio do crescimento (GH), é liberado por toda a vida, embora o seu maior papel seja na infância. O pico de secreção do GH ocorre durante a adolescência. O estímulo para a liberação do hormônio do crescimento é complexo e não está completamente esclarecido, mas inclui nutrientes circulantes, estresse e outros hormônios que interagem com o seu ritmo diário de secreção. Os estímulos para a secreção de GH são integrados no hipotálamo, o qual secreta dois neuropeptídeos no sistema porta hipotalâmico-hipofisário: hormônio liberador do hormônio do crescimento (GHRH) e hormônio inibidor do hormônio do crescimento, mais conhecido como somatostatina (SS). Os pulsos do GHRH proveniente do hipotálamo estimulam a liberação de GH. Em adultos, o maior pulso de liberação do GH ocorre nas duas primeiras horas do sono. Especula-se que o GHRH tenha propriedades indutoras do sono, porém o papel do GH nos ciclos do sono não está claro. O GH é secretado por células da adeno- hipófise. Ele é um hormônio peptídico típico na maioria dos aspectos, exceto que aproximadamente metade do GH no sangue está ligado à proteína ligadora do hormônio do crescimento plasmática. A ligação com as proteínas protege o GH plasmático de ser filtrado para a urina e estende a sua meia-vida por mais 12 minutos. Os pesquisadores têm sugerido que a concentração das proteínas ligadoras é determinada geneticamente e exerce um papel na determinação da estatura do adulto. Os tecidos- alvo para o GH incluem tanto células endócrinas como não endócrinas. O GH atua como um hormônio trófico para estimular a secreção de fatores de crescimento semelhantes à insulina (IGFs) primeiramente chamados de somatomedinas pelo fígado e por outros tecidos. Os IGFs têm um efeito de retroalimentação negativa na secreção do hormônio do crescimento, atuando na adeno-hipófise e no hipotálamo. Crescimento Dos Tecidos E Dos Ossos: O crescimento pode ser dividido em duas áreas gerais: o crescimento dos tecidos moles e o crescimento ósseo. Em crianças, o crescimento ósseo é geralmente avaliado pela determinação da estatura, e o crescimento dos tecidos, pelo peso. Múltiplos hormônios têm efeitos diretos ou permissivos sobre o crescimento. Além disso, estamos apenas começando a entender como os fatores de crescimento parácrinos interagem com os hormônios clássicos, influenciando o desenvolvimento e a diferenciação tecidual. O crescimento ósseo, assim como o desenvolvimento dos tecidos moles, requer os hormônios apropriados e quantidades adequadas de proteínas e de cálcio. O osso contémuma matriz extracelular calcificada formada quando os cristais de fosfato de cálcio precipitam e se fixam a uma rede de suporte constituída de colágeno. A forma mais comum de fosfato de cálcio é a hidroxiapatita, Ca10(PO4)6(OH)2. Embora a grande quantidade de matriz inorgânica no osso faça algumas pessoas pensarem nele como algo não vivo, o osso é um tecido dinâmico, sendo constantemente formado e degradado, ou reabsorvido. Espaços na matriz cálcio-colágeno são ocupados por células vivas que são bem supridas de oxigênio e nutrientes pelos vasos sanguíneos que correm ao longo de canais adjacentes. O osso se desenvolve essencialmente em dois tipos de tecido conjuntivo, o mesênquima e a cartilagem, mas também pode se desenvolver em outros tecidos conjuntivos. Tal como a cartilagem, o osso é composto de células e uma substância intercelular orgânica (matriz óssea) que compreende fibrilas de colágeno. Os ossos geralmente possuem duas camadas: uma camada externa de osso compacto denso e uma camada interna de osso esponjoso. Em alguns ossos, a cavidade central é preenchida com medula óssea. O osso compacto fornece força e é mais espesso onde é necessário à sustentação (como os ossos longos das pernas) ou no local onde se prendem os músculos. O osso esponjoso é menos resistente e tem espaços abertos preenchidos por células entre as trabéculas da rede calcificada. Os ossos crescem quando a matriz é depositada mais rápido do que é absorvida. Células especializadas formadoras de osso, denominadas osteoblastos, produzem enzimas e osteoide, uma mistura de colágeno e outras proteínas na qual a hidroxiapatita se liga. Pesquisas recentes encontraram outras duas proteínas, osteocalcina e osteonectina, que parecem auxiliar na deposição da matriz calcificada. O diâmetro do osso aumenta quando a matriz se deposita na superfície externa do osso. O crescimento linear dos ossos longos ocorre em regiões especializadas, chamadas de placas epifisárias, localizadas em cada extremidade da haste óssea (diáfise). A parte da placa óssea mais próxima à extremidade (epífise) do osso contém colunas de condrócitos, células produtoras de colágeno da cartilagem, que se dividem continuamente. À medida que a camada de colágeno se espessa, a cartilagem mais velha calcifica, e os condrócitos mais velhos degeneram, deixando espaços que os osteoblastos invadem. Os osteoblastos, então, depositam matriz óssea sobre a base de cartilagem. Conforme o osso novo é adicionado às extremidades, a diáfise alonga. O crescimento do osso longo continua enquanto a placa epifisária estiver ativa. Quando os osteoblastos completam o seu trabalho, eles convertem-se em uma forma menos ativa, denominada osteócitos. O crescimento do osso longo está sob influência do hormônio do crescimento e dos fatores de crescimento semelhantes à insulina. Na ausência desses hormônios, o crescimento ósseo normal não ocorre. O crescimento dos ossos longos também é influenciado pelos hormônios esteroides sexuais. O estirão de crescimento dos meninos adolescentes é atribuído geralmente ao aumento da produção de androgênios, porém, hoje, acredita-se que os estrogênios exerçam um papel significante no crescimento ósseo puberal em ambos os sexos. Em todos os adolescentes, os hormônios sexuais finalmente inativam a placa epifisária, de modo que os ossos longos não crescem mais. Como as placas epifisárias de vários ossos se fecham em uma sequência regular e ordenada, os raios X que mostram as placas que estão abertas e as que estão fechadas podem ser utilizados para calcular a “idade óssea” de uma criança. O crescimento linear ósseo cessa no adulto, mas o osso é um tecido dinâmico que sofre contínuo remodelamento ao longo da vida. A reabsorção ou degradação do osso é controlada pelos osteoclastos, grandes células móveis e multinucleadas que derivam das células-tronco hematopoiéticas. Eles são responsáveis por dissolver o osso. Os osteoclastos anexam a sua região periférica a uma parte da matriz, de modo muito similar a uma ventosa. A região central do osteoclasto secreta ácido hidroclorídrico com a ajuda de anidrase carbônica e de H-ATPase. Os osteoclastos também secretam enzimas proteases que atuam em baixo pH. A combinação de ácido e de enzimas dissolve a matriz calcificada de hidroxiapatita e seu suporte de colágeno. O Ca2 da hidroxiapatita torna-se parte do pool de Ca2ionizado e pode entrar na circulação. – Os ossos parecem ser os mais inertes dos órgãos do corpo quando vistos no laboratório e, uma vez formados, eles parecem definidos para a vida toda. Nada poderia estar mais longe da verdade. O osso é um tecido dinâmico e ativo. Grandes quantidades de matriz de osso e milhares de osteócitos são continuamente removidos e substituídos dentro do esqueleto, e a arquitetura em pequena escala dos ossos muda constantemente. Metade de 1 grama de cálcio pode entrar ou sair do esqueleto adulto a cada dia. No esqueleto adulto, o osso é depositado e removido principalmente na superfície endóstea. Juntos, esses dois processos constituem a remodelação óssea. O osso esponjoso no esqueleto, recoberto com endósteo, é totalmente substituído a cada três ou quatro anos. A remodelação no osso compacto ocorre no endósteo que reveste os canais centrais dos ósteons. Esse processo ocorre de forma mais lenta do que no osso esponjoso; o osso compacto é completamente substituído a cada dez anos. A remodelação óssea é coordenada por populações de osteoblastos e osteoclastos adjacentes. Em adultos jovens saudáveis, a massa total de osso no corpo permanece constante, uma indicação de que as taxas de depósito e de reabsorção estão essencialmente iguais; entretanto, o processo de remodelação não é uniforme. Alguns ossos (ou partes do osso) são fortemente remodelados; outros não são. Por exemplo, a região distal do fêmur é totalmente substituída a cada 5 -6 meses, enquanto a diáfise do fêmur muda muito mais lentamente. *A reabsorção óssea é realizada pelos osteoclastos. Cada uma dessas células gigantes tem muitos núcleos. Os osteoclastos espalham -se ao longo das superfícies ósseas, essencialmente “cavando buracos”, à medida que degradam o tecido ósseo. A parte de sua membrana plasmática que toca a superfície do osso é bastante pregueada e ondulada. Essa membrana expandida forma um selo apertado contra o osso e segrega ácido clorídrico concentrado, que dissolve a parte mineral da matriz. Os íons de cálcio (Ca2+) liberados e os íons de fosfato (PO4 3—) entram nos fluidos teciduais e na corrente sanguínea. Enzimas lisossomáticas também são liberadas através dessa membrana ondulada e digerem a parte orgânica da matriz do osso. Finalmente, os osteoclastos aparentemente absorvem o colágeno e os osteócitos mortos através de fagocitose. *A deposição óssea é realizada por osteoblastos. Essas células depositam osteoide orgânico nas superfícies ósseas, e os sais de cálcio cristalizam -se dentro desse osteoide. Esse processo de calcificação leva cerca de uma semana. Como afirmado anteriormente, os osteoblastos transformam-se em osteócitos quando estão rodeados por matriz óssea. Os ossos do esqueleto são continuamente remodelados por duas razões. Em primeiro lugar, a remodelação óssea ajuda a manter concentração constante de Ca2+ e PO4 3— nos fluidos corporais. Os níveis de Ca2+ são rigidamente controlados porque ele é crítico na contração muscular. Quando a concentração de Ca2+ nos fluidos corporais começa a diminuir, um hormônio é liberado pelas glândulas paratireoides, no pescoço. Esse hormônio da paratireoide estimula os osteoclastos a reabsorver o osso, um processo que libera mais Ca2+ para o sangue. Em segundo lugar, o osso é remodelado em resposta ao estresse mecânicoque ele experimenta. Desse modo, tanto os ósteons do osso compacto como as trabéculas de osso esponjoso são constantemente substituídos por novos ósteons e trabéculas, que são mais precisamente alinhados em função dessa compressão e tensões de tração recém - experimentadas. Além disso, o osso cresce mais espesso em resposta às forças experimentadas durante o exercício e ganhos de peso. Por outro lado, na ausência de estresse mecânico, o tecido ósseo é perdido, razão pela qual os ossos de pessoas acamadas se atrofiam. A perda de massa óssea em condições de gravidade quase zero é o principal obstáculo para longas missões no espaço. Para retardar a perda óssea, os astronautas realizam exercícios isométricos durante as missões espaciais. Os tecidos esqueléticos são geralmente capazes de adaptar suas propriedades mecânicas para combinar com as forças a eles aplicados. Esse processo é mais bem conhecido em relação ao osso, e os biólogos do osso referem-se a esse princípio geral como lei de Wolff, o grau de deformação de um tecido é proporcional à quantidade de carga mecânica à qual ele é submetido. As células detectam essa deformação aumentada e respondem produzindo mais matriz extracelular, o que aumenta o módulo (rigidez) do tecido e faz retornar ao normal os níveis de deformação. Similarmente, carga reduzida leva a deformação tecidual reduzida, síntese reduzida de matriz e módulo reduzido, de modo que a deformação tecidual aumenta para valores normais. Esse sistema de feedback negativo assegura que o osso se adapte (se remodele) para adequar-se ao seu ambiente mecânico. Experiências em animais sugerem que tão pouco quanto 36 ciclos de carga relativamente severos por dia são suficientes para produzir uma resposta hipertrófica máxima no osso, enquanto menos de quatro ciclos de carga por dia leva à reabsorção tecidual. Evidentemente, as células ósseas respondem ao carregamento máximo em vez da média em relação ao tempo. Há alguma evidência experimental de que cartilagem e tendão, similarmente, se adaptam ao seu ambiente mecânico. Seria improvável que não o fizessem porque as propriedades mecânicas de tecidos adjacentes rapidamente se tornariam descombinadas, aumentando o risco de dano a um deles. Entretanto, é igualmente evidente que diferentes tecidos não podem se adaptar às mesmas velocidades. Tecidos altamente vascularizados como músculo e osso têm o potencial de se adaptar rapidamente, enquanto tecidos pouco vascularizados como grandes tendões não o têm. Tecidos avasculares como cartilagem articular e discos intervertebrais só são capazes de se adaptar muito lentamente, de modo que os tempos de reposição de algumas macromoléculas da matriz podem ser tão longos quanto 100 anos. Grandes diferenças em potencial adaptativo entre tecidos musculoesqueléticos adjacentes poderiam levar a problemas no tecido menos bem vascularizado quando os níveis de carga mecânica aumentassem abruptamente. Efeito da multiparidade na densidade mineral óssea, avaliada com marcadores de remodelação óssea. Artigo de 2017. Objetivo: Nosso objetivo foi investigar o efeito da paridade na osteoporose, avaliando a densidade mineral óssea, marcadores de remodelação óssea e outros fatores que são eficazes na osteoporose em mulheres multíparas (cinco partos ou mais) e nulíparas no período pós-menopausa. Métodos: Foram incluídas no estudo 91 multíparas (cinco partos ou mais) e 31 nulíparas na pós- menopausa. Todos os pacientes foram entrevistados sobre características sociodemográficas, história ginecológica, hábitos pessoais, níveis de atividade física e ingestão de cálcio ao longo da vida. A densidade mineral óssea foi medida nas regiões lombar (L1-4) e do colo femoral. Resultados: A idade média das mulheres multíparas foi de 58,79 ± 7,85 anos, e a idade média das mulheres nulíparas foi de 55,84 ± 7,51. A DMO femoral foi de 0,94 ± 0,16 e a DMO lombar de 1,01 ± 0,16 em mulheres multíparas, a DMO femoral foi de 0,99 ± 0,16 e a DMO lombar de 1,07 ± 0,14 em mulheres nulíparas. Não houve diferenças estatísticas entre os escores T femoral e lombar e os valores de DMO dos dois grupos. Os escores T lombares e a DMO lombar mostraram uma diminuição com o aumento da duração total da amamentação em mulheres multíparas. Os fatores de risco independentes para osteoporose na análise de regressão de mulheres multíparas foram a duração da menopausa e o peso corporal de 65 kg e menos. Conclusão: Não há diferença entre as densidades minerais ósseas de mulheres multíparas e nulíparas. Mulheres com peso corporal menor e menopausa com maior duração devem ser acompanhadas com mais cuidado para o desenvolvimento de osteoporose. Terzi H, Terzi R, Kale E, Kale A. Effect of multiparity on bone mineral density, evaluated with bone turnover markers. Rev Bras Reumatol Engl Ed. 2017 Sep-Oct;57(5):371-377. English, Portuguese. doi: 10.1016/j.rbre.2015.09.002. Epub 2015 Oct 9. PMID: 29037307.
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