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“É um grupo de síndromes clínicas de etiologia, manifestação clínica e laboratoriais variadas, caracterizadas por dano difuso ou focal das fibras nervosas periféricas somáticas ou autonômicas do diabetes mellitus.” Resumindo, é a presença de sintomas e/ou sinais de disfunção dos nervos periféricos em pessoas com diabetes mellitus, após exclusão de outras causas. Mesmo em estudos que utilizem os mesmo critérios, possui epidemiologia variável. Partenan et al. observou em seu estudo que 17% dos pacientes apresentava neuropatia em 5 anos do diagnóstico, e 42% com 10 anos. Em todos os estudos, ficou claro que a incidência de neuropatia é significantemente maior após 20 anos de evolução. Tipos de dor neuropática: o Queimação e formigamento superficial: são derivadas dos disparo de fibras danificadas ou anormalmente excitáveis. o Fincadas ou choques: atividade espontânea e aumento da mecanossensibilidade próximo ao corpo celular. Perda da inibição fibras tipo Aalfa e C. Aumento dos disparo das terminações aferentes nociceptivas. o Câimbra e dor muscular: lesão do nervo motor ativa alça reflexa nociceptiva, desencadeando o espasmo muscular que, ativa nociceptores musculares perpetuando-o. SAUDUAH7 Diagnóstico Diagnóstico prévio de DM + Sinais e sintomas de neuropatia + Alterações no exame físico + Teste de sensibilidade quantitativo + Avaliação da função autonômica + Exame eletrodiagnóstico (nos 4 membros) Classificação da neuropatia diabética Classificamos de acordo com o padrão de distribuição dos nervos afetados: Tipos Subtipos Polineuropatia periférica Simétrica distal Autonômica Dolorosa Aguda Desmielinizante inflamatória crônica Mononeuropatias múltiplas Proximal dos membros inferiores Neuropatia troncular Polirradiculopatia Mononeuropatia Mononeuropatias cranianas Síndromes de aprisionamento Polineuropatia periférica simétrica sistal: de início lento, representa 50% dos casos e manifesta-se, principalmente, com dormência, formigamento ou queimor. Pode ser sensitiva ou sensitivo-motora, sendo característica de acometimento de fibras tipo C. Afeta os artelhos, pés e pernas, raramente as mãos. Apresenta exacerbação noturna. Pode evoluir com hipoestesia na linha média abdominal e fraqueza muscular distal. Forma autonômica pura: geralmente acompanhada de neuropatia simétrica distal. Manifesta-se com anidrose distal dos pés, disfunção das glândulas lacrimais, alteração da resposta pupilar à luz, hipotensão postural, arritmia cardíacas etc. o Ex.: gastroparesia - acomete 50% dos diabéticos de longa duração, sendo majoritariamente assintomática. Síndrome de neuropatia dolorosa: inicia subitamente com dor intensa, em queimor, acompanhada de disestesia principalmente nas extremidades inferiores, mais distalmente. Pode estar associada a emagrecimento, depressão e insônia. Pode haver presença de ataxia com sinal de Romberg positivo. É rara. Neuropatia troncular: tem início agudo ou gradual, apresenta-se com dor no tórax ou abdômen com disestesia e fraqueza da musculatura abdominal. É um diagnóstico diferencial com IAM e abdome agudo. Mononeuropatias cranianas: acometem o NC III, IV, V e VII. É incomum, mas pode acometer idosos, manifestando-se com oftalmoplegia, ptose de início súbito e cefaleia, sem alteração da função pupilar. Normalmente, há recuperação espontânea em 3 a 5 meses. Neuropatia diabética Fibras tipo Aα x Estão relacionadas a propriocepção e musculatura esquelética. x Velocidade de condução: 80 a 120 m/s. Fibras tipo Aβ x Estão relacionadas a sensação de toque, ligadas aos receptores de Merkel, Meissner, Pacinian e células de Ruffini. x Velocidade de condução: 35 a 75 m/s. Fibras tipo Aδ x Estão relacionadas a sensação de dor e temperatura. x Suas terminações são livres. x Velocidade de condução: 5 a 30 m/s. Fibras tipo C x Estão relacionadas a sensação de coceira, dor e temperatura. x Suas terminações são livres. x Velocidade de condução: 0,2 a 5m/s. x Não são mielinizadas. as fibras nervosas Júlia Malta Braga FCM-TR MED 01 Fisiopatologia Sua patogênese ainda não é bem compreendida, até o momento são estudadas 3 vias (metabólica, isquêmica e neurotrófica) que ocorrem, praticamente ao mesmo tempo, e ocasionam as lesões nos nervos periféricos. Ainda não se sabe corretamente a ordem de acontecimentos dessas, nem das lesões visíveis na anatomopatologia. Patogênese: Via metabólica Hipótese do poliol: Frente a hiperglicemia, há a penetração anormal de glicose nos nervos periféricos. Esse excesso é convertido pela enzima aldose redutase em sorbitol, que acumula-se no interior das células nervosas. Esse acúmulo diminui o transporte ativo de diversos metabólitos celulares, por exemplo o mio- inositol. Com a concentração reduzida de mio-inositol, há desregulação de mecanismos intracelulares, reduzindo a ação de enzimas da bomba de Na/K. Consequentemente, há o acúmulo de Na intracelular, alterando o potencial de repouso da membrana e, portanto, diminuindo a velocidade de condução neural o que altera, reversivelmente, os nodos de Ranvier. Via isquêmica Ainda sobre o acúmulo de sorbitol, ele leva a formação de edema local, que junto ao acúmulo de outros radicais livres e alterações nas paredes dos vasos por causas ainda desconhecida, há alteração na produção de prostaciclina local, levando a vasoconstrição e, assim, comprometendo a difusão de O2 para o nervo. Portanto, ocasiona o estresse oxidativo, causando isquemia local. Via do neurotrofismo Com a resistência insulínica ou o declínio de sua produção, há redução do aporte dessas para os vasos, levando o aumento do aporte de IGFs (fator de crescimento tipo insulina). Porém, em pacientes diabéticos há redução da atividade de receptores IGF I e manutenção do II, inicialmente. Com o tempo, IGF II também sofre declínio progressivo, reduzindo cada vez mais o aporte de glicose para os nervos. Assim, a produção de proteínas essenciais na formação de neurofilamentos e manutenção do transporte axonal, são prejudicadas. Dessa forma, por diversas maneiras, há prejuízo do transporte axonal e consecutivas deteriorizações dos nervos periféricos em pacientes diabéticos. Anatomopatologia: o Lesões nos elementos neural, glial e vascular do tecido conjuntivo dos nervos periféricos. Não é possível determinar qual a alteração inicial. o Atrofia e perda de fibras mielinizadas e não mielinizadas. o Degeneração walleriana, desmielinização paranodal e segmentar das fibras nervosas. o No tecido conectivo endoneural: proliferação, espessamento e duplicação da membrana basal com tumefação e proliferação das células endoteliais da vasculatura endo e perineural. Resumo do artigo de revisão “Neuropatia diabética: fisiopatologia, clínica e eletroneuromiografia” para aula prática de Patologia III do dia 01/11/2021. Professora Anne Caroline Rodrigues dos Santos Referência: Dias RJS, Carneiro AP. Neuropatia diabética: fisiopatologia, clínica e eletroneuromiografia. Acta Fisiátrica. 2000: 7; 35-44. Júlia Malta Braga FCM-TR MED 01
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