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Aulas-01-a-10-metodologia-mat

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FACULDADE FUTURA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTEÚDO E METODOLOGIA 
DA MATEMÁTICA 
 
 
 
 
 
 VOTUPORANGA – SP 
 
1 O CURRÍCULO E SEUS ENTRAVES 
 
A educação atual passa por inúmeros entraves. Vários aspectos são pensados 
e analisados em prol da qualidade de ensino, porém o que se identifica como elemento 
chave nesta complexidade são as características curriculares e o seu funcionamento. 
O currículo é um instrumento de função socializador, um elemento 
imprescindível à prática pedagógica, pois ele está estritamente ligado às variações 
dos conteúdos, a sociedade a profissionalização dos docentes. 
 
 
 Fonte: www.escolaaberta.com.br 
 
A educação tem poder ímpar na sociedade, através dela é que o conhecimento 
é distribuído e o currículo passa a ser considerado como um veículo de interesses 
sociais que concordam com valores e crenças dos grupos dominantes. 
O currículo é o enfoque principal da educação, pois é só através dele que 
acontecem os processos de mudanças. O mundo está em movimento acelerado de 
transformações e a escola, como veículo socializador, deve oferecer um currículo que 
acompanhe essas mudanças para que não se torne algo obsoleto, sem funcionalidade 
quando relacionarmos com outras instâncias de informações tão próximas e tão 
presentes na vida da humanidade. 
 
 
2 O CURRÍCULO 
Ao relacionar mudanças e transformações ao contexto escolar estamos 
analisando os aspectos reais e criando hipóteses de solucionar ou interpretar o mundo 
moderno e a escola. 
É nessa perspectiva que propomos uma análise da realidade escolar atual, tal 
como se dá o processo educacional e a relação que se deve estabelecer entre 
responsabilidade social e o papel da escola, pois o currículo nos níveis de educação 
obrigatório, pretende refletir o esquema socializador formativo e cultural que a 
instituição escolar tem. (Sacristan, 2000). 
 
 
 Fonte: www.4.bp.com.br 
 
Para se ter claro o “x” da questão é necessário esclarecer o conceito de 
currículo e só então relacionar seus problemas aos fatores reais e atuais da educação. 
Muitos teóricos se assemelham, outros divergem quando se conceitua o 
currículo, porém o que se percebe é que esta discussão no âmbito pedagógico é muito 
recente: Normalmente atribuímos essa problemática aos comportamentos didáticos, 
políticos, administrativos e econômicos, mas todos esses aspectos estão ligados entre 
si e todos são responsáveis por essa construção e disseminação, porém é necessário 
um olhar minucioso no que se refere à prática curricular e a complexidade em que ela 
está envolvida, pois o fazer pedagógico deve ter a excelência das mudanças e 
transformações sócias. 
 
 
 
Grundy (1987) apud Sacristan (2000) analisa-o como: 
 
O currículo não é um conceito, mas uma construção cultural. Isto é, não se 
trata de um conceito abstrato que tenha algum tipo de existência fora e 
previamente à experiência humana. É, antes, um modo de organizar uma 
série de práticas educativas. 
 
O currículo não pode ser associado a apenas um documento didático, seu 
aspecto é bem maior e abrange uma gama de caracteres do âmbito educacional e 
social simultaneamente, essa relação significa uma organização das experiências 
humanas em prol da prática educativa, porém seu conceito abrange diversos 
seguimentos da educação. 
De acordo com a expressão de Grundy (1987), o currículo não pode estar fora 
e nem prévios as experiências humanas. É o que nos faz pensar em como acontece 
o processo ensino aprendizagem? E como se relacionam os envolvidos nesta 
perspectiva de educação? 
O desenvolvimento curricular nas escolas não corresponde ao que é necessário 
e nem atrativo para o sistema educacional atual, visto que as mudanças ocorridas são 
muitas e as escolas não acompanham essa evolução. 
O desenvolvimento científico e tecnológico é visível. É necessário que a escola 
repense sobre a sua função e como se processa dentro desse contexto atual. Pois o 
mito que a escola era única fonte de conhecimento e de cultura já está ultrapassado. 
É lamentável que as aprendizagens escolares continuam sendo dissociadas da 
aprendizagem experiencial dos alunos, pois essas experiências são recursos de 
libertação e de conscientização crítica. Para Sacristan (2000) esse distanciamento se 
deve à própria seleção de conteúdo dentro do currículo e a ritualização dos 
procedimentos escolares, esclerosados na atualidade. 
É necessário que a escola se torne aliada desse desenvolvimento realizando 
uma educação completa aos atrativos sociais, evitando que aconteça a famosa 
escolaridade paralela, tão frequente nas classes média e alta dos ambientes urbanos. 
Essa dissociação entre a cultura curricular e os meios externos vão deixando a 
primeira mais obsoleta, ocasionando consequências visíveis aos grupos de alunos, 
pois ao analisarmos as causas do fracasso escolar percebemos que um dos principais 
motivos do desinteresse dos alunos é a falta de atrativo do sistema educacional. 
 
 Mas Perrenoud, em seu livro Pedagogia da Diferença (2000), constata o 
fracasso escolar como um dueto entre as desigualdades reais de capital cultural e as 
hierarquias de excelência. Essa forma de analisar o fracasso escolar, na visão de 
Perrenoud, demonstra a falta de oportunidade de alguns (quase todos), em usufruir 
da educação. Porém acredito que essa dominância do saber deve ser derrubada, pois 
já basta essa sociedade excludente de oportunidades e de perspectivas futuras, é 
necessário acabar com esse quadro vergonhoso, a escola deve conscientizar-se do 
seu papel e analisar quais são os entraves e as formas de modificar essa realidade 
tão enraizada na educação brasileira. 
Desta forma, ainda especifico o currículo como a principal diretriz para o quadro 
educacional e atribuo a ele os méritos e os fracassos da educação, pois um currículo 
onde se focaliza um olhar à singularidade, que assume sua função socializadora, onde 
o principal objetivo é o compromisso o fazer pedagógico, esse sim, refere-se ao 
currículo real. Mas, a visão que prolifera é de currículo como grade curricular, ou seja, 
um agrupamento de assuntos a serem desenvolvidos durantes alguns anos de uma 
série determinada, sem dar valor ou significado ao que se deve ser aprendido e sem 
nenhum compromisso com o fazer social. 
Rule (1973), define o currículo como experiências humanas organizadas para 
a prática educativa e que se diferenciam através dos objetivos e da forma expressada 
no programa da escola. 
Desta forma, compreender o currículo através das sistematizações das 
experiências dos alunos significa relacioná-lo à tradição cultural, a reflexão do 
contexto social, pois esse mecanismo de aprendizagem distribui o conhecimento 
concreto, real e crítico, fazendo com que os alunos se tornem agentes construtores 
do processo. 
O currículo está basicamente ligado ao contexto educacional, mas para 
compreender seu significado deve-se conhecer as estruturas internas, Sacristan 
(2000), que estão ligadas ao enquadramento político, à divisão de decisão, ao 
planejamento, a tradução de materiais, ao manejo por parte do professorando das 
tarefas de aprendizagem e a avaliação dos resultados. 
 
 
3 POLÍTICA CURRICULAR 
Ao que no referimos quando falamos em política curricular? 
Este é um aspecto especifico da política educativa que estabelece a forma 
de selecionar, ordenar e mudar o currículo dentro do sistema educativo, 
tornado claro o poder e a autonomia que diferentes agentes têm sobre ele, 
intervindo, dessa forma, na distribuição do conhecimento dentro do sistema 
escolar e iniciando na prática educativa, enquanto apresenta o currículo seus 
consumidores, ordenam seus conteúdos e códigos de diferentes tipos. 
(SACRISTAN, 2000; p 109). 
A políticaé responsável por selecionar, ordenar e mudar o currículo, este trecho 
da citação de Sacristan (2000), deixa a reflexão sobre o quê e quem estabelece 
interesses pelo contexto educacional, já que veículo passa por instâncias 
administrativas que regulam e condicionam o sistema curricular. 
Quando a escola utiliza o currículo através das prescrições política está 
homogeneizando a aprendizagem, executá-lo desta maneira deixa de ser uma 
sistematização de experiência para se torna uma forma empírica de educação, 
deformando toda a ideia central que o currículo é um instrumento significativo para 
desenvolver os processos de conservação, transformação e renovação dos 
conhecimentos, Moreira (2003). 
 
 
 Fonte: www.notícias.universia.com.br 
 
Sabe-se que a política administrativa interfere na política curricular, pois a 
relação entre ambas é alicerçada nos interesses próprios de cada uma, estabelecendo 
mecanismo para homogeneizar informações e condicionar conteúdos que favoreça a 
instância mais importante. Porém, não se pode separar uma da outra, o ideal seria 
que a política administrativa exercesse a função de reguladora do sistema curricular, 
 
ou seja, assumiria a função de criar dispositivos para uma organização de conteúdo, 
relacionando a cultura aos saberes específicos de cada grupo. 
No Brasil, a realidade é ainda muito diferente, pois a alienação social e o 
“Descompromisso” diante da educação, Gadotti (2000), é um fato. Ficando para 
poucos, o que seria de todos. Só se sabe o que é educação quem constrói educação. 
O ideal seria que todos estivessem comprometidos em prol de um objetivo único, ou 
seja, a valorização da educação, assegurando assim, o direito a um diferencial 
educacional, tornando esse contexto um veículo para a ascensão social. 
 
4 GESTÃO PARTICIPATIVA 
 
 
A educação numa perspectiva de mudança curricular envolve todos os grupos 
sociais. Paulo Freire em uma das mais conceituadas citações, “Ninguém educa 
ninguém. Ninguém se educa sozinho. Os homens se educam em comunhão, 
mediados pelo mundo”, destaca a importância do meio como estratégia de 
aprendizagem. Desta forma vale analisar o funcionamento da escola e os aspectos 
sociais que a envolve. 
 
 Fonte: www.inesc.org.br 
 
 
No livro Gestão da Escola, Desafios a Enfrentar, Vieira (2002) aborda a 
educação contemporânea e os aspectos que influenciaram esse sistema. Dos fatores 
destacados um é bastante pertinente para a reflexão de que a escola por si só não 
 
garante os desafios modernos. Vieira (2002) transferiu de forma grandiosa a 
responsabilidade dos pilares da educação ao sistema de gestão da escola, ou seja, 
aprender a conhecer, aprender a fazer aprender a conviver e aprender o ser (UNESCO 
1999), não é função apenas do sistema escolar como um todo, mas competências a 
serem conquistada pelo gestor educacional. 
 
1- Aprender a conhecer o mundo contemporâneo e relacioná-lo com as 
demandas de cada escola (sua clientela - seus sonhos, suas 
necessidades, seus direitos – seus profissionais, sua vizinhança, suas 
condições etc.); 
2- Aprender a planejar e fazer (construir, realizar) a escola que se quer (o 
seu projeto pedagógico); 
3- Aprender a conviver com tantas diferentes pessoas, definindo e 
partilhando com elas o projeto da escola; 
4- Aprender a utilizar, sem medos, as próprias potencialidades de 
crescimento e formação contínua. 
 
O mundo está em processo de transformações contínuas. As mudanças 
ocorridas na sociedade devem estar conectadas com a escola, pois a função da 
mesma é possibilitar o crescimento intelectual, crítico e participativo dos cidadãos, 
sendo ela o melhor meio para disseminar essa cultura. Desta forma, é necessário que 
a mesma reveja os seus conceitos, assim como seu processo. 
Se a escola tem como objetivo uma formação democrática ela deve ter uma 
prática democrática, ou seja, o conhecimento deve expandir os muros da escola, e 
desarticular o que temos hoje, herança da cultura da educação tradicional, onde a 
prática educativa baseava-se na transmissão e na assimilação dos conteúdos pré-
estabelecidos de um currículo muito convencional. 
Vivemos ainda na marca do tradicionalismo, onde um sabe e o outro aprende 
do que sabe, não há integração nem reformulação, há sim uma transmissão. Essa 
prática circunda todo universo escolar. Um ensina e o outro aprende, um manda e o 
outro obedece. Se procurarmos rever essa prática teremos que mudar a postura, e 
uma das formas para que isso aconteça é a delegação de atividades e a 
descentralização do comando. A escola não está disposta a um único sistema, a 
escola é de todos e para todos (UNESCO). A escola por si, não resolve a questão 
 
curricular, mas ela e seus agentes internos (gestão, professores e alunos) são fatores 
imprescindíveis para o seu desenvolvimento. 
 
Um sistema único e descentralizado supõe objetivos e metas educacionais 
claramente estabelecidos entre a escola e o governo, visando à 
democratização do acesso e da gestão e a construção de uma nova 
qualidade de ensino, fundada nas necessidades básicas de aprendizagem da 
comunidade. (GODOTTI, 2000; p 51). 
 
A hierarquia do poder é algo forte que mexe com as estruturas internas do 
coletivo, como já citado, somos sustentados pela prática da obediência, desta forma 
o universo escolar torna-se um espaço complexo no que se refere ao comando, não 
somos educados para dividirmos soluções, e sim de aceitá-las ou discordá-la 
alicerçando a cultura do falar mal do sistema. Infelizmente ainda há necessidades de 
mudanças. Mudanças essas que passam além do universo da escola. Para que isso 
aconteça é necessária uma reformulação na capacitação do gestor, onde se torne 
claro que o seu papel é de organizador de um sistema onde todos são participantes 
ativos na busca de um objetivo único, a educação. 
 Durante muito tempo, o gestor escolar deveria ter apenas a competências de 
resolver problemas burocráticos, como organizar orçamentos, calendários, vagas 
entre outros, porém a escola urge por muito mais, ela não se vale apenas disso. O 
gestor educacional ainda possuindo tais competências precisa assumir uma postura 
de líder, ou seja, ser capaz de entender todas as instâncias da educação exercendo 
sua função de administrador cumprido com os prazos e metas, compreendendo e 
qualificando o fazer pedagógico, e envolvendo a comunidade no processo escolar, 
tornando a escola um agente social. 
Visto que a LDB/96 aprova no art. 3º uma gestão democrática, e o grau de 
complexidade que envolve essa demanda, é que se torna necessário o gestor estar 
próximo da comunidade, percebendo suas necessidades e fazendo da escola um local 
para um ideal de transformação. 
 
5 PLANEJAMENTO 
 
 
Toda organização é fundamental, o ato de planejar é algo constante em nossas 
vidas, pois a todo tempo estamos planejando ou organizando uma ação. Mas para 
 
escola o planejamento tem um valor fundamental ele circunda todas as instâncias da 
educação, ou seja, se planeja a escola para se planejar a aula. Vasconcelos (1995), 
confirma essa hipótese quando diz que o planejamento é o processo de tomada de 
decisões sobre a dinâmica da ação escolar. É previsão sistemática e ordenada de 
toda a vida escolar do aluno. 
 
 Fonte: www.ceviu.com.br 
 
Organizar o currículo é atribuir sentido para uma nova prática, ou seja, é 
possibilitar uma operação entre a intenção e a ação. 
O plano curricular é forma de executar o que foi idealizado é atribuir sentido ao 
projeto pedagógico, pois a escola se assume em sua ação no fazer educação. 
A construção do planejamento curricular está ligada à forma em que ele será 
executado, muitas vezes ficando por conta da política que o prescreveu ou então dos 
fabricantes de livros didáticos que lhe construiu. Desta forma, a escola é apenas um 
executor de uma receitapronta, é disseminadora de uma cultura local que muitas 
vezes não é a real. 
Uma educação voltada para uma intencionalidade tem que haver uma 
organização mais substancial na construção do currículo. Favorecendo um plano em 
que o currículo seja significativo para os alunos. 
Ao desprezar a visão tradicional do currículo como organizador de conteúdo, e 
reavaliar o conceito do mesmo atribuindo seu significado como projeto educativo a ser 
construído com base nas necessidades de um grupo e na sistematização de conceitos 
próprios, é estamos dando a aprendizagem uma forma real e significativa para seus 
educandos. 
 
Os professores são mediadores entre o currículo e os alunos, nesta perspectiva 
o planejamento da prática deve envolver singularidades dos alunos e os aspectos 
culturais e sociais do meio em que ele faz parte, pois planejar está além de atender 
os objetivos e conteúdo do currículo, Sacristan (2000), tornando assim o contexto de 
sala de aula um ambiente em que a aprendizagem ocorra de acordo com os ideais da 
realidade. 
Sabala (1998), ao se referir ao fazer pedagógico, no seu livro Prática Educativa, 
ele não descarta a possibilidade de utilização dos materiais curriculares e sim uma 
reavaliação dos mesmos em função da demanda escolar. 
 
 Os materiais curriculares, como variável metodológica, seguidamente são 
menosprezados, apesar de este menosprezo ser coerente, dada à 
importância real em que tem estes materiais. (ZABALA, pg. 167, 1998). 
 
Neste trecho, Zavala (1998) deixa claro que os materiais curriculares são fontes 
para os professores, mas no próximo seguimento ele justifica que os mesmo se não 
forem utilizados de forma adequada pode ditar convenções e regras determinadas por 
uma visão unilateral e até mesma estereotipada de uma realidade dita convencional. 
O projeto pedagógico muitas vezes é confundido como plano, não que nele 
sejam descartados as metas e os procedimentos, mas que nele abranja outras 
demandas da escola, Gadotti (2000), conceitua o projeto pedagógico como o 
confronto entre instituído e o instituinte, ou seja, a escola não deve negar ao instituído 
a sua história, a sua vivência e sim relacioná-la com o contexto educacional tornando 
o sujeito da sua aprendizagem. 
 É nesta perspectiva que se torna essencial o papel do gestor e seu 
envolvimento com a diversidade, pois só através dessa relação é que ele se torna apto 
para construir um verdadeiro projeto pedagógico valorizando as diferenças e 
especificidades do seu sistema educativo. 
A escola não tem um fim em si mesma. Ela está a serviço da comunidade. 
Gadotti (2000), desta forma torna se claro o papel da escola e a função do gestor no 
que se refere em tornar a escola um objeto de sistematização das necessidades 
sociais e a melhor forma para conhecer estas necessidades e proporcionando uma 
relação mútua entre a escola e os seus envolvidos (alunos, pais, professores, 
comunidade), tornando todos participantes nesta construção. 
 
O envolvimento da comunidade na escola não deve se limitar a reuniões 
periódicas para transmissão de informações e sim na participação ativa das tomadas 
de decisões, elaborando uma consciência crítica, criativa e autônoma na construção 
do projeto pedagógico. 
O gestor deve ter a consciência da capacidade funcional dos seus atores e 
através deles criar projetos ousados em prol do crescimento da sua comunidade, ou 
seja, a formação é necessária e a valorização dos seus componentes também. Desta 
forma, a escola se tornará espaço onde se construa saber e que se prolifere a ação 
comunitária. 
 
6 RECURSOS 
Os recursos didáticos são fontes fundamentais na elaboração e na execução 
do currículo, seu caráter muitas vezes chega a determinar, ditar e conduzir a ação do 
professor. Porém não se pode desprezar o valor dos recursos em prol da 
aprendizagem, pois a existência de tais meios favorece, ampliam e veiculam as 
tomadas de decisões na escola. 
Para se ter claro à importância deste aspecto Zabala (1998), conceitua os 
recursos didáticos como: 
 
Os materiais curriculares ou materiais de desenvolvimento curricular são 
todos aqueles instrumentos que proporcionam ao educador referências e 
critérios parar tomar decisões, tanto no planejamento com a intervenção 
direta no processo de ensino/aprendizagem e em sua avaliação. (1998 
pg.167). 
 
O autor evidência neste trecho a importância dos recursos como instrumento 
para tomadas de decisão, tornando este aspecto fundamental para o desenvolvimento 
curricular, mas o que proponho é uma reflexão sobre os aspectos dominantes dos 
recursos. 
 
 
 Fonte: www.treasy.com.br 
 
Um dos maiores entraves do currículo é torná-lo significativo e ao mesmo tempo 
atraente para os alunos, ou seja, vivemos hoje rodeados por uma infinidade de 
recursos. A todo tempo estamos em contato com informações, e estas são 
transmitidas de diferentes formas, tornando a escola e seu conteúdo obsoleto para as 
pretensões dos alunos. 
Desta forma caracterizo a utilização dos recursos como algo imprescindível 
para educação, pois se tomarmos como premissa que a educação se constrói a todo 
instante, teremos a confirmação que a todo o momento estamos passando por 
construção ou por uma ressignificação de conceitos, podendo este acontecer de forma 
determinada ou não. 
Infelizmente, a realidade atual da educação brasileira deixa a desejar tanto no 
seu funcionamento quanto na sua execução, desta forma possibilitar a educação um 
currículo compatível com as mudanças sociais é mesmo que proporcionar recursos 
compatíveis para seu desenvolvimento, pois a educação não se faz apenas com 
transmissão. 
É percebível a dificuldade das escolas em ter acesso aos recursos pedagógicos 
primários para o desenvolvimento da prática educativa, mas é necessário que a 
mesma identifique no social os caracteres importantes para seu funcionamento, assim 
como é fundamental que as políticas públicas disponibilizem recursos para sua 
aquisição e expansão nas escolas. 
 
Tendo em vista a dificuldade que o sistema educacional enfrenta é que se faz 
necessário uma análise sobre como se desenvolve a política educacional perante a 
aquisição dos materiais didáticos. 
As políticas públicas têm a consciência que a educação é um instrumento 
fundamental para o desenvolvimento econômico do país desta forma estabelecer 
subsídios para esse desenvolvimento é promover a redução da pobreza. Sabendo que 
a educação se faz mola mestre na economia do país é que investidores como o Banco 
Mundial, possibilitam meios como estratégia de custo benefício. 
 
A educação básica proporciona o conhecimento, as habilidades e as atitudes 
essenciais para funcionar de maneira efetiva na sociedade sendo, portanto, 
uma prioridade em todo lugar. (BANCO MUNDIAL apud TOMMASI, 2003, pg. 
131). 
 
Como o BM tem interesse em aumentar a qualidade educacional valorizando 
esse aspecto como subsidio para o desenvolvimento social, disponibiliza recursos 
através de financiamentos de projetos que acumulam cerca 250 bilhões de dólares 
Soares (2003), o propósito deste, é impulsionar as mudanças necessária na alocação 
dos recursos, definindo como ações prioritária para mudanças significativas no âmbito 
educacional. Uma das principais medidas é providenciar livros didáticos e outros 
materiais de ensino (livros de leitura, jogos e brinquedo pedagógico), Tommasi (2003). 
A disponibilização de tais recursos é fundamental para o desenvolvimento do 
currículo, visto que, o BM definiu a melhoria dele como frente de trabalho no setor da 
educação primaria Tommasi (2003), porém acredito que um se relaciona com o 
desenvolvimento do outro, apesar da preocupação central estar na aquisição dos 
livros didáticos, compreendo a necessidade dos recursos ultrapassarem as fronteiras 
dos livros, nãodesmerecendo sua necessidade, mas compreendendo que apenas 
eles não satisfazem as mudanças necessárias na educação. 
O livro didático alicerça uma cultura educacional, assim como o currículo como 
todo, pois alguns profissionais conceituam o currículo apenas como aglomerados de 
conteúdo ou conceitos a serem seguidos e estes muitas vezes ditam ou determinam. 
 
7 FORMAÇÃO DE PROFESSOR 
O professor como executor do currículo escolar, torna-se elemento chave para 
o desenvolvimento do mesmo, pois através da prática docente é que se atribui 
significância ao currículo escolar. 
Sabendo que, o currículo não se determina como um programa de ensino e que 
a sua execução se faz em um ambiente repleto de subjetividade e complexidade é 
que se torna necessário uma avaliação sobre como se baseia e se executa a prática 
pedagógica. 
 
 
Fonte: www.feras.files.wordpress.com.br 
 
Autores como Demo (1993), Sacristan (2000), Perround (2000), Gadotti (2000) 
e Pimenta (2002), evidenciam em suas obras a importância da formação do professor, 
destacando que o professor não é apenas um executor do currículo como ferramenta 
e sim um construtor deste subsídio, que baseia a educação. 
Ao analisar a importância do professor e da sua formação Demo (1993), 
caracteriza atuação como algo insubstituível, porém ele compreende o professor como 
um pesquisador, onde a sua meta é de ser mestre e jamais discípulo, desta forma ele 
evidencia o valor do mesmo e da sua formação, pois nada mais essencial que o 
professor estabelecer uma crítica perante o regime e a sua atuação educacional. 
Sabe-se que a evolução e a transmissão dos conhecimentos se propagam 
velozmente e que a formação do professor não dá conta dessa demanda, as 
 
exigências perante a ação educacional são grandes. O professor como pesquisador é 
fundamental, porém acredito que é necessário possibilitar a construção de um 
currículo renovador, onde tanto o professor quanto o aluno possa ser o mediador desta 
construção, Pimenta (2002) confirma essa hipótese referindo-se que a formação 
inicial, por melhor que seja não dá conta de colocar o professor à altura desta 
responsabilidade através de seu trabalho, assim como das novas necessidades que 
lhe são exigidas para melhorar a qualidade social de escolarização. Desta forma 
evidencia uma das competências descrita por Perrenoud (2000), que é o professor 
administrar sua própria formação contínua. 
 Para Sacristan (2000): 
A formação do professor não costuma ser das mais adequada quanto ao nível 
e a qualidade para que estes possam abordar com autonomia o plano de sua 
própria prática. Com certeza porque tecnicamente não esteja bem 
estruturada e desenvolvida, mas talvez também parta do pressuposto que tal 
competência possa ser substituída por outros meios. 
Essa citação deixa a ambivalência sobre o seu sentido, pois o professor como 
autônomo desenvolve sua prática significativa, apesar da sua formação não 
possibilitar subsídios e competências para isto, ele como participante da ação 
curricular tem o dever torná-lo com a prática, baseada ação cultural e social. Mas ao 
mesmo tempo Sacristan (2000), desresponsabiliza o professor de tal atuação 
confirmando a teoria que a aprendizagem pode e deve acontecer em diferentes 
ambientes.

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