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COOPERAÇÃO INTERNACIONAL JURÍDICA EM MATÉRIA CIVIL PROF. MSC. MARCELA PACÍFICO MICHILES CARTAS ROGATÓRIAS Leitura Obrigatória: Código de Processo Civil (CPC): art. 36. Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça (STJ): arts. 216-O a 216-X. As cartas rogatórias podem ser ativas ou passivas. As ativas são expedidas pelos juízes brasileiros. Observação: As cartas rogatórias ativas não são cobradas nesta unidade, mas podem ser cobradas na disciplina de direito processual civil. CARTAS ROGATÓRIAS PASSIVAS A competência para expedir o exequatur nas cartas rogatórias passivas é do STJ (art. 105, I, i, da Constituição Federal de 1988 – CF/1988). A competência para executar e cumprir as cartas rogatórias é dos juízes federais brasileiros (art. 109, X, CF/1988). CARTAS ROGATÓRIAS PASSIVAS O que o STJ analisa para conceder o exequatur a uma carta rogatória? Qual o procedimento, o objeto das cartas rogatórias? Devem ser homologadas as decisões judiciais definitivas ou decisões não judiciais que tenham natureza jurisdicional de acordo com o Direito Brasileiro e também as decisões arbitrais estrangeiras. Quem pode requerer cartas rogatórias? O Supremo Tribunal Federal (STF) entendia que somente o juiz poderia expedir carta rogatória para o Brasil. Portanto, as cartas rogatórias seriam meios de cooperação entre juízes. Contudo, atualmente, o STJ tem entendimento diferente, e este foi adotado no Novo Código de Processo Civil (NCPC): “(...) autoridade estrangeira competente de acordo com a legislação local, mesmo que não integrada ao Judiciário(...)” (AgRg na CR nº 5.694/EX 2011/0054667-7, rel. Min. Felix Fischer, Corte Especial, julgado em 17.04.2013, DJe 02.05.2013). QUAL O OBJETO? O NCPC trouxe um artigo arrolando as matérias que poderiam ser objeto de cartas rogatórias. O Presidente da República vetou o artigo porque considerou que poderia ser interpretado que aquelas diligências somente poderiam ser cumpridas por meio de carta rogatória, o que esvaziaria o auxílio direto, outra modalidade de cooperação jurídica internacional. Portanto, vetou-se o artigo com a finalidade de possibilitar que fossem cumpridas tanto por carta rogatória quanto por auxílio direto. QUAL O OBJETO SEGUNDO A DOUTRINA (a) atos ordinatórios ou de mero trâmite – quando é preciso fazer uma intimação, uma comunicação, uma solicitação de informação do direito estrangeiro, ou seja, qualquer diligência simples, como uma comunicação processual; (b) atos instrutórios – produção de prova, por exemplo, um juiz estrangeiro que necessita que uma diligência seja feita no Brasil ou que uma testemunha seja ouvida aqui; (c) atos executórios – o juiz estrangeiro precisa que determinado bem seja penhorado, por exemplo. E OS ATOS EXECUTÓRIOS? Havia uma discussão sobre se os atos executórios poderiam ser objeto de carta rogatória. O STF entendia que, se o ato possuísse natureza executória, seria necessária a homologação de uma sentença estrangeira. Atualmente, desde o precedente do STJ, na CR nº 438, atos executórios podem ser objeto de carta rogatória. Tanto que o art. 216-O, § 1º, do RISTJ (Regimento Interno do STJ) estabelece que podem ser objeto de carta rogatória atos decisórios ou não. Sendo assim, independentemente do fundamento, para o STJ já é pacífico que atos executórios podem ser objeto de cartas rogatórias. ART. 19 PROTOCOLO DE LAS LEÑAS (v. CR-AgR nº 7613) “Poderá haver pedido de homologação de sentença estrangeira por meio de cartas rogatórias” O STF fez interpretação do art. 19 esclarecendo que o Protocolo de Las Leñas quer dizer que é possível, no âmbito do Mercosul, a homologação de sentença estrangeira por iniciativa oficial do juiz. Portanto, o juiz pode mandar uma carta rogatória para outro país a fim que este homologue uma decisão, visando a produção de efeitos. Outro efeito do art. 19 é que o contraditório fica diferido, sendo assim, a sentença estrangeira será homologada e, somente depois, haverá o contraditório, no momento da execução. REGRAS SOBRE CARTAS ROGATÓRIAS CPC, art. 964. Não será homologada a decisão estrangeira na hipótese de competência exclusiva da autoridade judiciária brasileira. Parágrafo único. O dispositivo também se aplica à concessão do exequatur à carta rogatória. RISTJ, art. 216-P. Não será concedido exequatur à carta rogatória que ofender a soberania nacional, a dignidade da pessoa humana e/ou a ordem pública. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. PROCEDIMENTO No procedimento da carta rogatória não são necessários todos os documentos da causa (STF, HC nº 97.511); A previsão de impugnação é de 15 dias. Sendo assim, ingressando uma carta rogatória no STJ, abre-se prazo para o interessado, que terá 15 dias para responder; O sistema da delibação é chamado também de sistema da contenciosidade limitada, justamente porque o objeto de discussão pelo requerido é limitado, uma vez que o objeto de discussão se limita à autenticidade dos documentos, inteligência da decisão e requisitos regimentais (art. 216-Q, § 2º, do RISTJ). PROCEDIMENTO Cabe tutela de urgência na carta rogatória (art. 216-Q, § 1º, do RISTJ) IMPORTANTE!!! Há uma diferença em relação à homologação de decisão judicial estrangeira e a carta rogatória: na homologação de decisão judicial estrangeira, se houver contestação, o presidente deve encaminhar para a Corte Especial, ao passo que na carta rogatória, se houver impugnação, o presidente pode encaminhar para a Corte Especial. AUTORIDADES CENTRAIS Autoridade Central : Ministério da Justiça Ministério Público Federal Secretaria de Direitos Humanos AUTORIDADES CENTRAIS Art. 32. No caso de auxílio direto para a prática de atos que, segundo a lei brasileira, não necessitem de prestação jurisdicional, a autoridade central adotará as providências necessárias para seu cumprimento. Art. 33. Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o encaminhará à Advocacia-Geral da União, que requererá em juízo a medida solicitada. Parágrafo único. O Ministério Público requererá em juízo a medida solicitada quando for autoridade central. Art. 34. Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser executada a medida apreciar pedido de auxílio direto passivo que demande prestação de atividade jurisdicional.
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