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Homologação de sentença estrangeira Professora Maria Elisa Soares Rosa Homologação de sentença estrangeira • Uma sentença prolatada por um juiz no Brasil – sentença nacional – não precisa ser homologada para produzir os seus efeitos, depois de transitada em julgado ela pode ser imediatamente executada no Brasil, sem qualquer necessidade de uma autorização especial. • A sentença estrangeira hoje ela precisa ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça para proceder a verificação dessa sentença, para só depois ela poder ser executada no território nacional. • A homologação de sentença estrangeira é um procedimento judicial que tem o objetivo de dar executoriedade interna e externa a sentenças proferidas em outro país. Trata-se de processamento de competência do STJ abordando todos os requisitos necessários para tanto. Justificativa • Muitas vezes movidos pelo – espirito de SOLIDARIEDADE, ou por uma expecta5va de se implementar uma COOPERAÇÃO entre os Estados. • É uma PRERROGATIVA de Estado (direito) e não é uma OBRIGAÇÃO. • É ATO DISCRICIONÁRIO por parte do Estado, envolve o exercício da soberania do Estado de permi=r que outro Estado execute sua sentença aqui. • Executar a sentença de outro Estado sem a devida homologação seria ampliar a soberania de outro Estado sobre o nosso sendo que a homologação é necessária justamente para preservar a SOBERANIA do nosso Estado. • No nosso Estado-nação o Brasil, nenhuma sentença estrangeira será cumprida aqui sem a nossa CONCORDÂNCIA senão significaria perda da nossa soberania e ampliação da soberania de outro país. • A DIFERENÇA entre os ordenamentos jurídicos faz com que nós por cautela façamos essa analise de compa5bilidade entre a sentença estrangeira e a nossa ordem pátria. Não será homologada decisão estrangeira que: • O Superior Tribunal de Jus1ça deve proceder a VERIFICAÇÃO dessa sentença estrangeira a ser homologada e não será homologada decisão estrangeira que: • !fere nossos princípios pátrios, !o nosso ordenamento jurídico nacional, !a soberania nacional art. 17 LINDB e Art. 216-F do Regimento Interno STJ , !a ordem pública art. 17 LINDB e Art. 216-F do Regimento Interno STJ, !os bons costumes art. 17 LINDB, !a dignidade da pessoa humana Art. 216-F do Regimento Interno STJ • art. 17 LINDB - As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. • Art. 216-F do Regimento Interno STJ. Não será homologada a decisão estrangeira que ofender a soberania nacional, a dignidade da pessoa humana e/ou a ordem pública. Base legal dessa proibição • No Brasil a competência para a homologação de sentença estrangeira é do Superior Tribunal de Jus?ça e o FUNDAMENTO LEGAL: • ArRgo 105, I, i, da ConsRtuição Federal, com as modificações decorrentes da Emenda ConsRtucional nº 45, de 2004, passa-se a ser de competência do STJ). • Art.960 – 965 CPC. • Art. 216 de A até X do Regimento Interno STJ • Art. 216-B. A decisão estrangeira não terá eficácia no Brasil sem a prévia homologação do Superior Tribunal de Jus1ça. • Os requisitos internos e externos são expressamente exigidos pelo ar?go 15 da LINDB - Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro Competência para homologação • Fundamentação: artigos 105, inciso I, alínea "i"; e 109, inciso X, ambos da Constituição Federal. • A competência para a homologação passou a ser do Superior Tribunal de Justiça (artigo 105, inciso I, alínea “i”, da CF), transformando-se em título executivo judicial, podendo ser executada por carta de sentença perante a Justiça Federal (artigo 109, inciso X, da CF). • Artigo 105. inciso I, alínea Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias; • Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; • Súmula nº 420 do STF: Não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem prova do trânsito em julgado Procedimento no processo de homologação da decisão estrangeira • Segundo o Art. 216-C do Regimento interno do STJ o processo de homologação da decisão estrangeira será́ proposta pela parte requerente, devendo a PETIÇÃO INICIAL conter os REQUISITOS indicados na lei processual, bem como os previstos no art. 216-D (I-ter sido proferida por autoridade competente; II - conter elementos que comprovem terem sido as partes regularmente citadas ou ter sido legalmente verificada a revelia; III - ter transitado em julgado), e ser instruída com o original ou cópia auten1cada da DECISÃO HOMOLOGANDA e de outros documentos indispensáveis, devidamente traduzidos por tradutor oficial ou juramentado no Brasil e chancelados pela autoridade consular brasileira competente, quando for o caso. • Caso a PETIÇÃO INICIAL não preencha essas exigências será dado prazo razoável para que o requerente a emende ou complete. • A parte interessada será CITADA, prazo de quinze dias para contestar o pedido sobre inteligência da decisão alienígena e observância dos requisitos indicados nos arts. 216-C, D e F. • Apresentada CONTESTAÇÃO, serão admi]das réplica e tréplica em 5 cinco dias. • JULGAMENTO pela Corte Especial, cabendo ao relator decidir monocra1camente nas hipóteses em que já́ houver jurisprudência consolidada da Corte Especial a respeito do tema. Procedimento de Exequatur para o cumprimento de cartas rogatórias no Brasil. • De origem la=na, a expressão EXEQUATUR, ao pé da letra significa "EXECUTE-SE", "CUMPRA-SE". • O exequatur será o documento autorizador para o cumprimento de CARTAS ROGATÓRIAS no Brasil. • O EXEQUATUR é o processo através do qual a jurisdição local aceitará a sentença como produto válido de um tribunal, indicará se ela poderá ou não ser aqui executada, submetendo-a a exame preliminar. • O critério u=lizado adotado no Brasil em relação ao problema da eficácia jurídica e da força execu5va da sentença estrangeira é o do juízo de delibação. • O juízo de delibação é uma modalidade de exequatur, através do qual se reconhece a eficácia da sentença estrangeira para ser executada no território do Estado ou para atender aos direitos adquiridos dela recorrentes, cons=tuindo um prévio juízo, sem apreciação do mérito, limitado ao exame dos REQUISITOS (competência, regularidade da citação e respeito à ordem pública nacional) e da COMPETÊNCIA da autoridade prolatora da sentença. • O processo não admite a apresentação de NOVO PEDIDO que não tenha sido apreciado pelo juiz estrangeiro, cabendo ao juiz do exequatur somente a concessão ou a recusa da homologação, e para tanto sem poder alterar o julgamento feito no exterior. • A execução de sentença estrangeira no juízo brasileiro somente se dará quando presentes determinados REQUISITOS externos e internos(competência, regularidade da citação e respeito à ordem pública nacional) e COMPETÊNCIA da autoridade prolatora da sentença. • Ele será laborado Presidente do Superior Tribunal de Jus5ça, para que validamente determine diligências ou atos processuais requisitados pelas autoridades alienígenas para que possam ser executados na jurisdição do juiz competente. • Uma vez concedido o EXEQUATUR, a carta rogatória será reme=da ao juiz federal do Estado para ser cumprida. • Cumprida a carta rogatória ou verificada a impossibilidade de seu cumprimento, será devolvida ao Presidente deste Superior Tribunal de Jus5ça, no prazo de 10 dez dias. • O Presidente do Superior Tribunal de Jus5ça, em igual prazo de 10 dez dias, por meio do Ministério da Jus5ça ou do Ministério das Relações Exteriores, determinará que seja reme5daà autoridade do país de origem. ObjeGvo • Visa dar eficácia jurídica no Brasil à sentença proferida em outro país. • Trata-se de mera apreciação dos requisitos internos e externos exigidos pelo ar?go 15 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro • Em nenhum momento poderá ser declarado válido ou não o processo estrangeiro. Requisitos • REQUISITOS internos e externos para que a sentença alienígena seja executada em nosso país, são exigidos para homologação de uma sentença estrangeira e estão previstos pelo artigo 15 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro e no artigo 963 do CPC • REQUISITOS INTERNOS: haver sido proferida ou prolatada por juiz competente; regular citação válida das partes ou legalmente verificado a revelia de acordo com a lei do local onde tenha sido prolatada a decisão; ter trânsito em julgado da sentença proferida no estrangeiro (Súmula 420 do STF); sentença não contrária à ordem pública nacional, soberania nacional e aos bons costumes e que tenha sido previamente homologada pelo Superior Tribunal de Justiça, de acordo com a EC 45/2004 e com o art. 483, parágrafo único, do Código de Processo Civil, com ouvida das partes e do Procurador-Geral da República. • REQUISITOS EXTERNOS: formalidades extrínsecas à execução, são que a sentença seja formalmente válida em sua jurisdição de origem conforme a lei do foro em que foi prolatada; estar traduzida na língua portuguesa por tradutor juramentado ou intérprete autorizado; e que seja autenticada pelo cônsul brasileiro (Súmula 259 do STF), exceto se tiver sido requisitada por via diplomática. • O ar%go 15 da Lei de introdução ao Código Civil lista os requisitos necessários para que a sentença estrangeira seja homologada: • Art. 15 LINDB Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes REQUISITOS: • a) haver sido proferida por juiz competente; • b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia; • c) ter passado em julgado e estar reves%da das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida; • d) estar traduzida por intérprete autorizado; • e) ter sido homologada pelo Superior Tribunal de JusGça • Art. 963 CPC. Cons%tuem REQUISITOS indispensáveis à homologação: • I - ser proferida por autoridade competente; • II - ser precedida de citação regular, ainda que verificada a revelia; • III - ser eficaz no país em que foi proferida; • IV - não ofender a coisa julgada brasileira; • V - estar acompanhada de tradução oficial, salvo disposição que a dispense prevista em tratado; • VI - não conter manifesta ofensa à ordem pública. • Parágrafo único. Para a concessão do exequatur às cartas rogatórias, observar-se-ão os pressupostos previstos no caput deste ar%go e no art. 962 parágrafo 2º. Forma direta e forma indireta de aplicação do direito • O direito pode ser aplicado de duas formas: • FORMA DIRETA pelo juiz da nacionalidade desse direito, ou • FORMA INDIRETA quando a aplicação se dá por um juiz de outra nacionalidade, como no caso de homologação de sentença estrangeira. • Assim, quando o Brasil homologa uma sentença alemã por exemplo, ele está aplicando de forma indireta o direito alemão. Efeitos da Homologação de sentença estrangeira • Sentença estrangeira HOMOLOGADA PELO STJ: !produz autoridade de COISA JULGADA no território nacional. !se converte em TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL. • O Wtulo execu?vo extrajudicial não precisa de homologação. • Os ATOS PROCESSUAIS e as DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS não precisam de homologação. • Os atos processuais e as decisões interlocutórias, como por exemplo a citação de uma pessoa, são objeto de CARTA ROGATÓRIA que passa pelo EXEQUATUR. • CARTA ROGATÓRIA é desRnada à decisão interlocutória, aos atos processuais, durante o processo, vai receber o EXEQUATUR DO STJ. • Agora a sentença estrangeira ela vai ser HOMOLOGADA PELO STJ. Qual sentença precisa ser homologada? • Toda e qualquer sentença ESTRANGEIRA deve ser homologada? Um conceito amplo de sentença: aquela que vem do judiciário, sentença judicial, pode ser sentença arbitral, ou até mesmo que provenha do legislativo de outro país, sentença penal, trabalhista, assim, qualquer sentença que venha do exterior - sentença ESTRANGEIRA - precisa passar pelo processo de homologação. • Art. 960 CPC § 3º A homologação de DECISÃO ARBITRAL ESTRANGEIRA obedecerá ao disposto em tratado e em lei, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições deste Capítulo. • Art. 961 CPC § 1º É passível de homologação a DECISÃO JUDICIAL DEFINITIVA, bem como a DECISÃO NÃO JUDICIAL que, pela lei brasileira, teria natureza jurisdicional. • Art. 961 CPC § 5º A sentença estrangeira de DIVÓRCIO CONSENSUAL produz efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo Superior Tribunal de Justiça. • Não dependem de homologação as sentenças ESTRANGEIRAS meramente declaratórias do estado das pessoas, a homologação é dispensada, em função de que este tipo de sentença independe de execução, pois por si só representa documento idôneo para determinar uma qualidade ou um fato, tendo mera eficácia documental. • Clóvis Bevilacqua, ao tratar do tema, ressalva que se, entretanto, a sentença declaratória do estado das pessoas que envolve relações patrimoniais, a homologação é necessária, porque será o título executivo, que o indivíduo apresentará, invocando a coação do poder público, afim de lhe serem assegurados os direitos, que a sentença declara lhe pertencerem. • A sentença de mérito proferida no estrangeiro é destituída tanto de obrigatoriedade quanto de força executória na jurisdição de outro país, em virtude da independência das jurisdições. • A DECISÃO INTERLOCUTÓRIA estrangeira poderá ser executada no Brasil por meio de CARTA ROGATÓRIA. Art. 960 CPC § 1º A DECISÃO INTERLOCUTÓRIA ESTRANGEIRA poderá ser executada no Brasil por meio de CARTA ROGATÓRIA. Ano: 2016 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XX - Primeira Fase (Reaplicação Salvador/BA) • Uma agricultora japonesa residente no Brasil ingressou com ação perante a autoridade judiciária do Japão para cobrar indenização de seu principal fornecedor de pes]cidas, a brasileira Ervas Daninhas S.A., alegando descumprimento dos termos de um contrato de fornecimento celebrado entre as partes. A agricultora recentemente obteve uma decisão interlocutória a seu favor, reconhecendo a Ervas Daninhas S.A. como devedora. Sobre a hipótese, assinale a afirma]va correta. • A A decisão da autoridade judiciária japonesa poderá ser executada no Brasil por meio de carta rogatória. • B A decisão interlocutória da autoridade judiciária japonesa poderá ser executada no Brasil, depois de homologada pelo Superior Tribunal de Jus]ça. • C A decisão proferida pela autoridade judiciária japonesa não poderá produzir efeitos no Brasil, visto que apenas a autoridade brasileira poderá conhecer de ações rela]vas a bens situados no Brasil. • D A agricultora deverá aguardar o trânsito em julgado da decisão final da autoridade judiciária japonesa, para então proceder à sua homologação no Superior Tribunal de Jus]ça e execução na Jus]ça Federal. https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/provas/fgv-2016-oab-exame-de-ordem-unificado-xx-primeira-fase-reaplicacao-salvador-ba Ano: 2016 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XX - Primeira Fase (Reaplicação Salvador/BA) • Uma agricultora japonesa residente no Brasil ingressou com ação perante a autoridade judiciária do Japão para cobrar indenização de seu principal fornecedor de pes]cidas, a brasileira Ervas Daninhas S.A., alegando descumprimento dos termos de um contrato de fornecimento celebrado entre as partes. A agricultora recentemente obteve uma decisão interlocutória a seu favor, reconhecendo a Ervas Daninhas S.A. como devedora. Sobre a hipótese, assinale a afirma]va correta. • A A decisão da autoridade judiciária japonesa poderá ser executadano Brasil por meio de carta rogatória. • B A decisão interlocutória da autoridade judiciária japonesa poderá ser executada no Brasil, depois de homologada pelo Superior Tribunal de Jus]ça. • C A decisão proferida pela autoridade judiciária japonesa não poderá produzir efeitos no Brasil, visto que apenas a autoridade brasileira poderá conhecer de ações rela]vas a bens situados no Brasil. • D A agricultora deverá aguardar o trânsito em julgado da decisão final da autoridade judiciária japonesa, para então proceder à sua homologação no Superior Tribunal de Jus]ça e execução na Jus]ça Federal. https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/provas/fgv-2016-oab-exame-de-ordem-unificado-xx-primeira-fase-reaplicacao-salvador-ba Ano: 2021 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase • Pedro, cidadão de nacionalidade argen]na e nesse país residente, ajuizou ação em face de sociedade empresária de origem canadense, a qual, ao final do processo, foi condenada ao pagamento de determinada indenização. Pedro, então, ingressou com pedido de homologação dessa sentença estrangeira no Brasil. Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirma]va correta. • A Para que a sentença estrangeira seja homologada no Brasil, é necessário que ela tenha transitado em julgado no exterior. • B A sentença condenatória argen]na não poderá ser homologada no Brasil por falta de tratado bilateral específico para esse tema entre os dois países. • C A sentença poderá ser regularmente homologada no Brasil, ainda que não tenha imposto qualquer obrigação a ser cumprida em território nacional, não envolva partes brasileiras ou domiciliadas no país e não se refira a fatos ocorridos no Brasil. • D De acordo com o princípio da efe]vidade, todo pedido de homologação de sentença alienígena, por apresentar elementos transfronteiriços, exige que haja algum ponto de conexão entre o exercício da jurisdição pelo Estado brasileiro e o caso concreto a ele subme]do. https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/provas/fgv-2021-oab-exame-de-ordem-unificado-xxxii-primeira-fase Ano: 2021 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase • Pedro, cidadão de nacionalidade argentina e nesse país residente, ajuizou ação em face de sociedade empresária de origem canadense, a qual, ao final do processo, foi condenada ao pagamento de determinada indenização. Pedro, então, ingressou com pedido de homologação dessa sentença estrangeira no Brasil. Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. • A Para que a sentença estrangeira seja homologada no Brasil, é necessário que ela tenha transitado em julgado no exterior. • B A sentença condenatória argentina não poderá ser homologada no Brasil por falta de tratado bilateral específico para esse tema entre os dois países. • C A sentença poderá ser regularmente homologada no Brasil, ainda que não tenha imposto qualquer obrigação a ser cumprida em território nacional, não envolva partes brasileiras ou domiciliadas no país e não se refira a fatos ocorridos no Brasil. • D De acordo com o princípio da efetividade, todo pedido de homologação de sentença alienígena, por apresentar elementos transfronteiriços, exige que haja algum ponto de conexão entre o exercício da jurisdição pelo Estado brasileiro e o caso concreto a ele submetido. https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/provas/fgv-2021-oab-exame-de-ordem-unificado-xxxii-primeira-fase Normas do Código de Processo Civil Normas do Código de Processo Civil • Art. 24 CPC. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz liRspendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. • Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil. Cooperação jurídica internacional • Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o Brasil faz parte e observará: • I - o respeito às garanCas do devido processo legal no Estado requerente; • II - a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no Brasil, em relação ao acesso à jusCça e à tramitação dos processos, assegurando-se assistência judiciária aos necessitados; • III - a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação brasileira ou na do Estado requerente; • IV - a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de cooperação; • V - a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras. • § 1º Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-se com base em reciprocidade, manifestada por via diplomá@ca. • § 2º Não se exigirá a reciprocidade referida no § 1º para homologação de sentença estrangeira. • § 3º Na cooperação jurídica internacional não será admi@da a prá@ca de atos que contrariem ou que produzam resultados incompaHveis com as normas fundamentais que regem o Estado brasileiro. • § 4º O Ministério da Jus@ça exercerá as funções de autoridade central na ausência de designação específica. • Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá por objeto: • I - citação, inCmação e noCficação judicial e extrajudicial; • II - colheita de provas e obtenção de informações; • III - homologação e cumprimento de decisão; • IV - concessão de medida judicial de urgência; • V - assistência jurídica internacional; • VI - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira. • Art. 960. A homologação de decisão estrangeira será requerida por ação de homologação de decisão estrangeira, salvo disposição especial em senRdo contrário prevista em tratado. • § 1º A DECISÃO INTERLOCUTÓRIA estrangeira poderá ser executada no Brasil por meio de CARTA ROGATÓRIA. • § 2º A homologação obedecerá ao que dispuserem os tratados em vigor no Brasil e o REGIMENTO INTERNO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA* - LER Art. 216 do Regimento Interno STJ • § 3º A homologação de decisão arbitral estrangeira obedecerá ao disposto em tratado e em lei, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições deste Capítulo. • • Art. 961. A decisão estrangeira somente terá eficácia no Brasil após a homologação de sentença estrangeira ou a concessão do exequatur às cartas rogatórias, salvo disposição em sen]do contrário de lei ou tratado. • § 1º É passível de homologação a decisão judicial defini1va, bem como a decisão não judicial que, pela lei brasileira, teria natureza jurisdicional. (Regimento Interno Art. 216 - A§ 1o Serão homologados os provimentos não judiciais que, pela lei brasileira, ]verem natureza de sentença.) • § 2º A decisão estrangeira poderá ser homologada parcialmente. (Art. 216-A. § 2o As decisões estrangeiras poderão ser homologadas parcialmente.) • § 3º A autoridade judiciária brasileira poderá deferir pedidos de urgência e realizar atos de execução provisória no processo de homologação de decisão estrangeira. (Art. 216-G. Admi]r- se-á a tutela provisória nos procedimentos de homologação de decisão estrangeira.) • § 4º Haverá homologação de decisão estrangeira para fins de execução fiscal quando prevista em tratado ou em promessa de reciprocidade apresentada à autoridade brasileira. • § 5º A sentença estrangeira de divórcio consensual produz efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo Superior Tribunal de Jus1ça. • § 6º Na hipótese do § 5º, compe]rá a qualquer juiz examinar a validade da decisão, em caráter principal ou incidental, quando essa questão for suscitada em processo de sua competência. • Art. 962. É passível de execução a decisão estrangeira concessiva de medida de urgência. • § 1º A execução no Brasil de decisão interlocutória estrangeira concessiva de medida de urgênciadar-se-á por carta rogatória. • § 2º A medida de urgência concedida sem audiência do réu poderá ser executada, desde que garantido o contraditório em momento posterior. • § 3º O juízo sobre a urgência da medida compete exclusivamente à autoridade jurisdicional prolatora da decisão estrangeira. • § 4º Quando dispensada a homologação para que a sentença estrangeira produza efeitos no Brasil, a decisão concessiva de medida de urgência dependerá, para produzir efeitos, de ter sua validade expressamente reconhecida pelo juiz competente para dar-lhe cumprimento, dispensada a homologação pelo Superior Tribunal de Justiça. • Art. 964. Não será homologada a decisão estrangeira na hipótese de competência exclusiva da autoridade judiciária brasileira. • Parágrafo único. O disposiRvo também se aplica à concessão do exequatur à carta rogatória. • Art. 965. O cumprimento de decisão estrangeira far-se-á perante o juízo federal competente, a requerimento da parte, conforme as normas estabelecidas para o cumprimento de decisão nacional. • Parágrafo único. O pedido de execução deverá ser instruído com cópia auten?cada da decisão homologatória ou do exequatur , conforme o caso. Normas no Regimento Interno do STJ Normas no Regimento Interno do STJ • A homologação obedecerá também ao que dispuserem os tratados em vigor no Brasil e o RISTJ arts. 216-A a 216-X. • Art. 216-A. É atribuição do Presidente do Tribunal homologar decisão estrangeira, ressalvado o disposto no art. 216-K. • Art. 216-A. § 1o Serão homologados os provimentos não judiciais que, pela lei brasileira, =verem natureza de sentença. • Art. 216-A. § 2o As decisões estrangeiras poderão ser homologadas parcialmente. • Art. 216-B. A decisão estrangeira não terá eficácia no Brasil sem a prévia homologação do Superior Tribunal de Jus5ça. • Art. 216-C. A homologação da decisão estrangeira será proposta pela parte requerente, devendo a pe5ção inicial conter os requisitos indicados na lei processual, bem como os previstos no art. 216-D, e ser instruída com o original ou cópia auten5cada da decisão homologanda e de outros documentos indispensáveis, devidamente traduzidos por tradutor oficial ou juramentado no Brasil e chancelados pela autoridade consular brasileira competente, quando for o caso. • Art. 216-D. A decisão estrangeira deverá: • I - ter sido proferida por autoridade competente; • II - conter elementos que comprovem terem sido as partes regularmente citadas ou ter sido legalmente verificada a revelia; • III - ter transitado em julgado. • Art. 216-E. Se a peRção inicial não preencher os requisitos exigidos nos arRgos anteriores ou apresentar defeitos ou irregularidades que dificultem o julgamento do mérito, o Presidente assinará prazo razoável para que o requerente a emende ou complete. • Parágrafo único. Após a in?mação, se o requerente ou o seu procurador não promover, no prazo assinalado, ato ou diligência que lhe for determinada no curso do processo, será́ este arquivado pelo Presidente. • Art. 216-F. Não será homologada a decisão estrangeira que ofender a soberania nacional, a dignidade da pessoa humana e/ou a ordem pública. • Art. 216-G. AdmiRr-se-á a tutela provisória nos procedimentos de homologação de decisão estrangeira. • Art. 216-H. A parte interessada será citada para, no prazo de quinze dias, contestar o pedido. • Parágrafo único. A defesa somente poderá versar sobre a inteligência da decisão alienígena e a observância dos requisitos indicados nos arts. 216-C, 216-D e 216-F. • Art. 216-I. Revel ou incapaz o requerido, dar-se-lhe-á curador especial, que será pessoalmente no=ficado. • Art. 216-J. Apresentada contestação, serão admi=das réplica e tréplica em 5 cinco dias. • Art. 216-K. Contestado o pedido, o processo será distribuído para julgamento pela Corte Especial, cabendo ao relator os demais atos rela=vos ao andamento e à instrução do processo. • Parágrafo único. O relator poderá decidir monocra5camente nas hipóteses em que já houver jurisprudência consolidada da Corte Especial a respeito do tema. • Art. 216-X. Cumprida a carta rogatória ou verificada a impossibilidade de seu cumprimento, será devolvida ao Presidente deste Tribunal no prazo de 10 dez dias, e ele a remeterá, em igual prazo, por meio do Ministério da Jus5ça ou do Ministério das Relações Exteriores, à autoridade estrangeira de origem. Gabarito com as respostas • A A decisão da autoridade judiciária japonesa poderá ser executada no Brasil por meio de carta rogatória. • D De acordo com o princípio da efetividade, todo pedido de homologação de sentença alienígena, por apresentar elementos transfronteiriços, exige que haja algum ponto de conexão entre o exercício da jurisdição pelo Estado brasileiro e o caso concreto a ele submetido. Bibliografia • CASTRO, Amílcar. Direito internacional privado. Rio de Janeiro: Forense, 2005. • DOLINGER, Jacob. Direito internacional privado. Rio de Janeiro: Renovar, 2008. • PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional Público e Privado. Salvador: JusPodivm, 2009. • RECHSTEINER, Beat Walter. Direito internacional privado: teoria e prá?ca. São Paulo: RT, 2008.
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