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Aula 1 Plano individual de atendimento - Concepção e regulação PIA

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Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
AULA 1
O Plano Individual de Atendimento: concepção e regulação
Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
1. O que é o PIA
Em poucas linhas pode-se definir o Plano Individual de Atendimento
(PIA) como um instrumento pedagógico que orienta as práticas junto ao
adolescente em cumprimento de medida socioeducativa de acordo com a
Lei 12.592 de 18 de janeiro de 2012, que segue o proposto em 2006 pelo
Sinase – Sistema Nacional de Medidas Socioeducativas.
Pedagogicamente o PIA organiza e direciona o modo como o serviço
de MSE atuará junto ao adolescente e sua família dentro do prazo
estabelecido pelo poder judiciário para o cumprimento da MSE. Para tanto,
são estabelecidas metas (com estimativa de prazos) em diversas áreas da
vida do adolescente (eixos) que devem ser cumpridas durante o processo
de cumprimento da MSE ou mesmo após o seu término. O cumprimento
da medida deve estar atrelado ao alcance das metas estabelecidas no
PIA. 
Nesse sentido, a execução do PIA deve ser acompanhada pela
equipe de referência do adolescente, que oferecerá suporte, orientação,
além de medidas que possibilitem o atingimento das metas. Além da
equipe de referência e do adolescente, o alcance das metas poderá
2 
Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
depender também de outros atores, sejam eles do grupo familiar,
comunidade ou mesmo de outros setores do campo da proteção social. 
Para o estabelecimento das metas devem ser consideradas as
necessidades atuais do adolescente, assim como o estabelecimento de
prioridades quando as necessidades forem muitas. Portanto, para o
cumprimento das metas, devem ser estabelecidos objetivos a curto, médio
e longo prazo. É importante que o estabelecimento do cronograma para
consecução dos objetivos leve em consideração o prazo da MSE.
É importante ressaltar ainda que o PIA é individual. Ou seja, deve
respeitar a história de vida pessoal do adolescente e sua singularidade.
Para que essa singularidade seja alcançada, é esperado uma relação
dialógica entre a equipe de referência e o adolescente durante todo o
período de cumprimento da MSE. É necessário trabalhar o
estabelecimento de vínculos e de uma relação de confiança entre os
mesmos. 
Considera-se que se o PIA construído for de fato efetivo, o
cumprimento das suas metas excede o tempo da medida, continuando a
projetá-las e reinventá-las para além da MSE. O compromisso de ambos:
3 
Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
equipe e socioeducando, é fundamental para efetivação de um bom PIA.
O Plano Individual de Atendimento (PIA) é um documento essencial
para o processo de acompanhamento de crianças e adolescentes em
cumprimento de medidas socioeducativas ou sob medida protetiva de
acolhimento institucional. Ele é um instrumento de previsão, registro e
gestão das atividades a serem desenvolvidas com o adolescente. Seu
conteúdo é individualizado e tem a finalidade de nortear, através de metas
e objetivos, o processo socioassistencial ofertado, coerente com uma
visão integral do sujeito fundamentada em estratégias de ações
intersetoriais.
Nesse curso nos delimitaremos a pensar o PIA do serviço de
Medidas Socioeducativas em Meio Aberto a partir da experiência do
município de Natal, RN. Ressalta-se que o PIA das medidas
socioeducativas deve estar de acordo com o que preconiza o Sistema
Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), instituído pela lei
12.594 de 18 de janeiro de 2012, do qual destaca-se seu caráter
interdisciplinar e intersetorial. 
4 
Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
Saiba mais
Conforme o artigo 52 da lei do SINASE:
“o cumprimento das medidas socioeducativas, em regime de
prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida,
semiliberdade ou internação, dependerá de Plano Individual
de Atendimento (PIA), instrumento de previsão, registro e
gestão das atividades a serem desenvolvidas com o
adolescente.”
O PIA do adolescente em cumprimento de medida socioeducativa
em meio aberto, que pode estar sentenciado ao cumprimento de
Liberdade Assistida e Prestação de Serviços à Comunidade (ou às duas
medidas concomitantemente de forma cumulativa), deve levar em
consideração três aspectos primordiais da socioeducação, que são:
proteção, educação e responsabilização. A proteção se refere ao fato de
que a medida socioeducativa tem o objetivo de proteger o adolescente da
situação de risco que, a partir de um olhar histórico-social, relacionam-se à
proximidade com situações e contextos de violência, drogas, pobreza, falta
de garantia ao acesso aos direitos sociais básicos, deve ser voltada aos
esforços que são empreendidos para garantir acesso a saúde, educação,
5 
Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
qualificação profissional, trabalho, lazer e demais direitos sociais básicos. 
A dimensão da educação se refere à qualidade ético-pedagógica da
medida, pois é preciso pensar em ações que possibilitem uma formação
cidadã, pautada em valores importantes para uma boa convivência familiar
e comunitária. Por fim, a responsabilização, diz respeito a conscientização
de que o ato infracional cometido gera dano para terceiros e para
sociedade e que, portanto, precisa ser reparado assim como não pode ser
repetido. Ou seja, a responsabilização busca estratégias para que o
adolescente se defronte com a situação e possa refletir criticamente sobre
ela. Nessa direção, o PIA deve se configurar através do planejamento de
ações que visem a proteção do adolescente, sua garantia ao acesso a
direitos sociais básicos, a mudança da sua trajetória e construção de uma
perspectiva de vida próspera.
Importante destacar que o PIA, apesar de ter sua construção
mediada pela equipe técnica do serviço de acompanhamento
socioassistencial, e contar com a participação da família, obrigatoriamente
no caso de menores de idade, é um documento pertencente ao
adolescente cabendo a ele a sua autoria principal.
6 
Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
 Atenção
Sobre a participação familiar, o Parágrafo único do Artigo 52
do SINASE diz:
“O PIA deverá contemplar a participação dos pais ou
responsáveis, os quais têm o dever de contribuir com o
processo educacional do adolescente, sendo esses
passíveis de responsabilização administrativa, nos termos
do Art. 249 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto
da Criança e do Adolescente), civil e criminal”.
A materialização do PIA se dá através da construção de um
documento escrito, no qual se registram as informações principais sobre o
adolescente, traçando seu perfil, bem como seus objetivos e metas de vida
a serem trabalhados no processo de acompanhamento socioeducativo. 
Não existe um formato oficial delimitado, cabendo a cada serviço
determinar como se dará a construção do documento.
Um detalhe importante a ser observado é que conforme artigo 56 do
SINASE, o PIA deverá ser elaborado no prazo de 15 dias a partir do
ingresso do adolescente no serviço de medidas socioeducativa em meio
aberto:
Artigo 56: “Para o cumprimento das medidas de prestação de
serviços à comunidade e de liberdade assistida, o PIA será
7 
Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
elaborado no prazo de 15 (quinze) dias do ingresso do adolescente
no programa de atendimento”.
Essaquestão do prazo é um ponto que deve ser constantemente
debatido e refletido entre a equipe de medidas socioeducativas e o órgão
de justiça, pois, ainda que se considere a urgência da elaboração do PIA,
sabe-se que um PIA fidedigno à realidade do adolescente e factível, só
poderá de fato ser viabilizado no decorrer do processo de
acompanhamento, através da formação de vínculo e de maior abertura e
conhecimento acerca das características pessoais do adolescente e sua
família. Portanto, é importante frisar que apesar do curto prazo de
elaboração inicial do documento, o PIA é um instrumento que deve ser
constantemente atualizado.
Outro aspecto que deve ser destacado é que, por se tratar de um
serviço que executa determinações judiciais, o serviço de medidas
socioeducativas precisa ter acesso aos autos do processo do adolescente
para elaboração do PIA, conforme disposto no artigo 57 do SINASE como
pode ser lido a seguir:
8 
Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
 Atenção
“Para elaboração do PIA, a direção do respectivo programa
de atendimento, pessoalmente ou por meio de membro da
equipe técnica, terá acesso aos autos do processo de
apuração do ato infracional e aos dos procedimentos de
apuração de outros atos infracionais atribuídos ao mesmo
adolescente”.
A importância de ter conhecimento sobre os autos do processo diz
respeito ao acesso a informações importantes sobre o ato infracional para
que a equipe possa pensar estratégias de acompanhamentos pertinentes
à realidade do adolescente, tendo assim mais êxito no processo de
responsabilização, assim como no de proteção e garantia dos direitos. No
entanto, destaca-se que as informações relativas aos autos do processo
são sigilosas e, portanto, exigem do profissional grande atenção à ética
profissional.
Em suma, o PIA é um processo de construção, ou mesmo de
reconstrução e ressignificação de projetos de vida, desde que sejam reais
e possíveis de serem realizados, que transformem as vidas dos
adolescentes e que possa desarticulá-los da prática de atos infracionais.
A seguir, serão apresentadas as características básicas do PIA.
9 
Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
2. Características básicas: composição e processo de elaboração
De acordo com o SINASE (Artigo 54), devem constar no PIA:
I - Os resultados da avaliação interdisciplinar; 
II - os objetivos declarados pelo adolescente;
III - a previsão de suas atividades de integração social;
IV - atividades de integração e apoio à família;
V- formas de participação da família para o efetivo cumprimento do
plano individual;
VI - as medidas específicas de atenção à sua saúde.
O PIA trata sobre objetivos e metas de vida de um
adolescente/jovem em específico. Portanto, é preciso identificar quem é
esse adolescente. Informações sobre o perfil do sujeito devem compor a
primeira parte do documento, trazendo informações como nome, data de
nascimento, filiação, endereço, assim como informações sobre sua história
de vida e trajetórias em outros serviços socioassistenciais, como por
exemplo: Unidades de Acolhimento ou Unidades de Internação. Além
disso, informações sobre a medida socioeducativa em questão devem vir
em seguida, pois é preciso contextualizar a produção do PIA com o
contexto de vida específico que o motivou. Muito mais que uma situação
burocrática, isso dá sentido e significado mais realista à produção do
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Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
documento buscando envolver o adolescente no processo. Essa
singularidade só é possível com a participação efetiva do adolescente
desde os momentos iniciais do cumprimento da medida (Teixeira, 2014).
3. Eixos e intersetorialidade
Para garantir a intersetorialidade no acompanhamento de medidas
socioeducativas em meio aberto, os objetivos e metas do PIA devem
abarcar as mais diversas pastas das políticas sociais existentes, como
saúde, educação, cultura, esporte lazer, trabalho e qualificação
profissional, assim como outros elementos envolvidos nesse processo
buscando assegurar a convivência comunitária e a cidadania do jovem em
cumprimento de MSE. Por isso, de maneira geral, a organização das
informações necessárias ao PIA pode ser realizada a partir de eixos
centrais na garantia de direitos. 
Nesse sentido, discutiremos a convivência familiar comunitária, a
educação e a escola, a saúde e esporte, cultura e lazer, pensados de
acordo com o conteúdo mínimo que deve constar no PIA de acordo com o
SINASE, enfatizando suas possibilidades e desafios no que diz respeito ao
11 
Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
cumprimento de medidas socioeducativas em Meio Aberto.
a) Convivência familiar e comunitária
A convivência familiar e comunitária é um direito reservado a toda
criança e adolescente a ser criado junto a sua família original e
excepcionalmente, se necessário, em família substituta. Esse direito é
afirmado no capítulo 19 do Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil,
1990).
A família na contemporaneidade deve ser compreendida de forma
ampla e devido a sua complexidade de dinâmicas, exige das políticas
públicas a noção de atendimento integral com base intersetorial. No que
diz respeito ao jovem em cumprimento de MSE, muitas vezes esse já
possui mais de 18 anos, tendo em vista que a medida pode ser cumprida
até os 21 anos, e quando se trata de jovens maiores de 18 anos, que
muitas vezes já constituíram família (cônjuge e filhos). Ainda assim, as
equipes de acompanhamento das MSE devem estar atentas a
salvaguardar esse direito, e independente dos tipos de família, seus
funcionamentos e dinâmicas, devem pensar estratégias para que esse
jovem possa viver bem junto a sua família, assim como em meio a
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Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
comunidade, criando e fortalecendo vínculos e suas redes de apoio,
importantes para o empoderamento dos sujeitos envolvidos e
consequentemente fortalecendo fatores de proteção importante para o
afastamento de contexto de ato infracional. 
Para tanto, é preciso identificar aspectos ligados às suas relações
familiares, relações com a vizinhança assim como o território de maneira
geral, cuja postura da equipe técnica deve ser sempre de abertura às
novas possibilidades e desprovidas de qualquer atitude preconceituosa.
Além da identificação e caracterização do seu núcleo familiar de
convivência, mapear as relações com amigos, vizinhos e o próprio
mapeamento do território são fundamentais nesse sentido. É com base
nisso que o acompanhamento da MSE deve levar em consideração a
territorialidade do jovem, e uma das estratégias necessárias para isso é
garantir que o equipamento de referência para o cumprimento esteja
próximo ao território de moradia do jovem. Dessa maneira, a equipe tem
mais condições de articular o fortalecimento da convivência comunitária,
pois através do mapeamento do território é possível identificar elos de
fortalecimento e proteção existentes na comunidade, assim como
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Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
identificar fatores de risco e, a partir disso, planejar ações
contextualizadas.
 Dica 
Aspectos importantes que podem surgir a partir da reflexão
sobre a convivência familiar e comunitária:
 Pontos positivos dessa relação; pontos negativos;
 O que posso melhorar?;
 Como melhorar essa relação (mudanças comportamentais
pessoais, mudanças no comportamento de terceiros).b) Educação e Escola
No artigo nº 53, o ECA assinala que toda criança e adolescente têm
direito a educação, usufruir de pleno desenvolvimento, preparo para o
exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, sendo observado
ainda o acesso ao ensino público gratuito, além do respeito por parte dos
educadores.
A educação é mais um dos eixos considerados como fundamentais
para a elaboração de metas e objetivos do PIA. Educação é um direito
básico e deve fazer parte da vida de todas as crianças e adolescentes. É
um instrumento de emancipação social e de construção de consciência
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Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
crítica. Além disso, é um elemento fundamental no processo de aquisição
de habilidades importantes relacionadas aos processos de formação e
qualificação profissional. Através da inserção escolar, o jovem pode se
qualificar de maneira mais proveitosa visando a sua inserção no mercado
de trabalho, facilitando assim o processo de geração de emprego e renda
que na maioria dos casos se torna fundamental para o socioeducando e
sua família. 
 Atenção
É importante destacar o papel da escola, não apenas na
sua função conteudista, mas sobretudo no que diz respeito
ao seu potencial de ser um espaço de formação de valores
e de aprendizado de condutas e atitudes que vislumbram a
construção de um mundo melhor.
A partir da experiência dos adolescentes em cumprimento de medida
socioeducativa em meio aberto de Natal, RN avalia-se que boa parte dos
socioeducandos tem uma relação difícil com o contexto escolar em que, já
no início do acompanhamento identifica-se: evasão escolar e/ou baixa
escolaridade. 
É preciso que no ato da construção do PIA a situação escolar do
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Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
adolescente seja discutida e avaliada conjuntamente para que se possa
compreender quais são as dificuldades existentes para que assim possam
ser planejadas ações para saná-las. Na identificação de problemas
referentes ao contexto escolar, por exemplo, é necessário ampliar o
diálogo junto aos trabalhadores da escola para compreender melhor a
questão e assim pensar estratégias, visando a garantia adequada e
respeitosa do seu acesso à escola. 
Sendo assim, é importante que a equipe MSE mantenha um diálogo
estreito com a comunidade escolar, conforme apontam as Diretrizes
Pedagógicas: Escolarização e Profissionalização (2014), com as escolas,
sobretudo com as que são próximas das residências dos socioeducandos,
procurando colher as informações sobre sua frequência escolar, sua
participação em atividades escolares. 
Além disso, é de fundamental importância que os profissionais da
escola busquem se qualificar constantemente para que tenham mais
condições de intervir de forma sistemática sobre as demandas que
possam incidir no contexto escolar referente aos adolescentes.
16 
Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
c) Saúde
Saiba mais
Segundo a portaria Nº 1.082, DE 23 DE MAIO DE 2014, que
redefine as diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral
à Saúde de Adolescentes em Conflito com a Lei, em Regime
de Internação e Internação Provisória (PNAISARI), no
CAPÍTULO II, Art. 4º: 
“Ao adolescente em conflito com a lei, em cumprimento de
medida socioeducativa em meio aberto e fechado, será
garantida a atenção à saúde no Sistema Único de Saúde
(SUS), no que diz respeito à promoção, prevenção,
assistência e recuperação da saúde, nas três esferas de
gestão.”
Além disso, o Governo Federal, por meio dos ministérios da
Cidadania e da Saúde, elaborou a Nota Técnica Interministerial nº 42, que
dita orientações para que o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Sistema
Único de Assistência Social (SUAS) atuem juntos para ampliar a atuação
da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes em
Conflito com a Lei (PNAISARI).
O documento trata de questões específicas ao meio aberto e reúne
diretrizes para organização, articulação e oferta dos serviços de saúde da
atenção básica, para que o atendimento aos adolescentes em
cumprimento de Liberdade Assistida ou Prestação de Serviços à
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Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
Comunidade de forma ampliada, qualificada e ágil com o objetivo de
garantir a integralidade da assistência à saúde do adolescente.
É importante que os Centros de Referência Especializados em
Assistência Social (CREAS), equipamento onde se concentram as equipes
de referência no atendimento socioeducativo em meio aberto na maioria
dos municípios brasileiros, saibam identificar no território, os equipamentos
de saúde necessários para o atendimento das demandas de saúde dos
adolescentes e suas famílias, assim como proponham acompanhamento,
a supervisão, as discussões de caso em conjunto, que podem ser
necessárias para definição das metas de PIA.
O trabalho em parceria com a saúde, é necessário para o alcance de
metas relacionadas ao crescimento e desenvolvimento físico e
psicossocial do adolescente, à sua saúde bucal, mental, ao tratamento e
prevenção ao uso de álcool e outras drogas, educação em saúde,
prevenção de violências e assistência, e outros serviços a depender das
demandas e necessidades de cada um.
Nos dias atuais é importante estar atento às condições de saúde
mental de adolescentes, pois segundo dados da Organização Mundial de
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Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
Saúde (OMS), as condições de saúde mental são responsáveis por 16%
da carga global de doenças e lesões em pessoas com idade entre 10 e 19
anos; metade de todas as condições de saúde mental começam aos 14
anos de idade, mas a maioria dos casos não é detectada nem tratada; Em
todo o mundo, a depressão é uma das principais causas de doença e
incapacidade entre adolescentes; o suicídio é a terceira principal causa de
morte entre adolescentes de 15 a 19 anos e; portanto, as consequências
de não abordar as condições de saúde mental dos adolescentes se
estendem à idade adulta, prejudicando a saúde física e mental e limitando
futuras oportunidades. 
A promoção da saúde mental e a prevenção de transtornos são
fundamentais para ajudar adolescentes a prosperar. Ademais,
adolescentes com baixas condições de saúde mental são, por sua vez,
particularmente vulneráveis à exclusão social, discriminação, estigma
(afetando a prontidão para procurar ajuda), dificuldades no aprendizado,
comportamentos de risco, problemas de saúde física e violações dos
direitos humanos.
No campo da saúde mental, é importante que as ações de saúde
19 
Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
mental planejadas atendam às necessidades dos adolescentes; evitem a
institucionalização e a medicalização excessiva; priorizem abordagens não
farmacológicas e sobretudo respeitem seus direitos.
Assim como na educação, além da garantia ao acesso a esses
serviços, as equipes MSE devem ficar atentas monitorando o processo e 
avaliando-o continuamente.
d) Esporte, Cultura e Lazer
O acesso a atividades esportivas, culturais e de lazer são um direito
a ser oferecido para crianças, adolescentes e jovens. O artigo 59 do ECA
preconiza que “os municípios, com apoio dos estados e da União,
estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para
programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a
juventude”.
 Dica 
No ato de construção do PIA é fundamental identificar gostos e
preferências do adolescente relacionados a atividades
esportivas, culturais e de lazer,como saber se pratica algum
esporte ou se gostaria de praticar, ou se gosta de música,
cinema ou teatro, ou se por acaso tem interesse de conhecer
essas atividades, assim como saber sobre o que o adolescente
gosta de fazer no seu tempo livre.
20 
Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
Identificado isso, é importante através do mapeamento do território,
saber quais recursos a comunidade possui em termos de oferta de ações
ligadas a esse campo e como inserir o jovem de acordo com suas
demandas e necessidades.
Atividades esportivas, culturais e de lazer, são importantes para o
desenvolvimento físico, e psicológico saudável de crianças e
adolescentes, e exercem um papel fundamental na melhoria do bem estar
e qualidade de vida, no combate e prevenção à violência, na melhoria das
condições de saúde mental, no combate e prevenção ao uso de álcool e
outras drogas, no favorecimento da manutenção de estilos de vida
saudáveis, no fortalecimento dos vínculos socioafetivos, funcionando
assim como importantes fatores de proteção para adolescentes,
contribuindo para a redução do envolvimento em situações de
criminalidade.
Dada a importância das atividades de esporte, cultura e lazer na vida
dos socioeducandos, faz-se necessário refletir sobre a necessidade de
democratização dos espaços urbanos da cidade, para facilitar o acessos
21 
Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
dos jovens. No PIA é importante que essa análise seja feita, observando
as particularidades de cada adolescente e o seu território. 
e) Trabalho e Qualificação Profissional
O ECA no seu artigo 69 afirma que a profissionalização é um direito
do adolescente. Entre as ações direcionadas para os adolescentes em
cumprimento de medida socioeducativa estão as ações de qualificação
profissional. Importante ressaltar que a concepção de trabalho que deve
estar presente nas ações do PIA deve apresentar princípio educativo, pois
para muitos jovens em cumprimento de medidas socioeducativa, os atos
ilícitos são considerados uma forma de obtenção de renda. É preciso
esclarecer ao jovem que o trabalho envolve não só obtenção de renda,
mas também se refere a valores, princípios éticos e compromisso social,
promove dignidade e possibilita a construção de um sujeito ativo na
sociedade. Sobre o eixo de trabalho e profissionalização, o SINASE
considera que a formação profissional envolve orientação sobre a forma
de estruturação e funcionamento do mercado de trabalho e
conscientização sobre os direitos trabalhistas. Nesse sentido, as ações de
22 
Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
qualificação profissional constituem um dos itens necessários para a
ressocialização do adolescente em cumprimento de medida
socioeducativa.
Portanto, as ações de qualificação profissional voltadas para jovens
em cumprimento de medidas socioeducativas devem apresentar uma
metodologia que abarque a proposta de formação integral dos
adolescentes e que valorizem os saberes acumulados na sua vida pessoal
e profissional, para que assim possam ser realistas. Importante também,
que a equipe e os setores envolvidos estejam atentos às demandas atuais
referentes ao mercado de trabalho local.
Para a elaboração de metas relacionadas a esse eixo é importante
que a equipe esteja atenta a necessidade de firmar convênios e parcerias
com empresas públicas e privadas a fim de garantir a inserção dos
socioeducandos no mercado de trabalho; assim como garantir que os
cursos profissionalizantes utilizem uma pedagogia que valorize o saber
popular dos educandos, e que fomente práticas participativas e coletivas,
sempre abordando temas relacionados à formação integral do trabalhador,
além de cuidarem para que seus critérios de inserção não sejam
23 
Técnicas de Elaboração, Monitoramento e Avaliação do Plano Individual de Atendimento
excludentes, tendo em vista a baixa escolarização de boa parte dos
socioeducandos.
As estratégias de inserção do adolescente no mercado de trabalho
devem voltar-se também a sua família, tendo em vista a importância desta
como um potencial fator de proteção na vida do socioeducando.
 Atenção
Importante lembrar que é necessário dialogar com o
adolescente sobre seus interesses, sonhos e anseios
relacionados ao mercado de trabalho. A imposição de
cursos e temas ligados ao campo profissional impostos
pela equipe não é interessante dentro de um processo de
construção participativa como o PIA.
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