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Rio 14 de outubro de 2011 - Julian Chediak

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Rio, 14 de outubro de 2011 
Direito Societário I
Debêntures
OBS: Levar lei das S.A. atualizada para a prova.
As debêntures são, assim como as ações, valores mobiliários. Isso não decorre de nenhuma interpretação – a debênture é um dos itens listados na lei como um valor mobiliário. Um investidor pode almejar investir em algo com renda variável ou com renda fixa. No caso do investimento com renda variável, o lucro obtido com o investimento pode vir a existir ou não, assim como pode ser maior ou menor. Já a renda fixa é, em tese, menos arriscada do que a renda variável. 
No Brasil, o grande tomador de recursos da economia é o Estado – é um Estado que não gera, por arrecadação, volumes de recursos para atingir aquilo que é demandado por sua população. O Estado Brasileiro freqüentemente lança títulos no mercado (“títulos soberanos”) para obter recursos e arcar com a sua demanda. Esses títulos, quando comprados, representam um título de renda fixa, já que os juros são freqüentemente pagos e são razoavelmente altos.
Ao se emprestar dinheiro para uma empresa, o risco é muito maior do que o “risco soberano” – empresas sempre podem quebrar. Assim, antes o cenário brasileiro era composto por poucos acionistas que investiam em renda variável e os investimentos de renda fixa geralmente eram investimentos em títulos soberanos. Isso era muito ruim porque não incentivava devidamente a iniciativa privada. Não é conveniente que a maior parte da poupança nacional seja empregada para financiar a dívida pública – o ideal é que ela financie a atividade privada, o setor de bens e serviços que abastece a sociedade. 
Desde a década de 90, porém, há uma tendência no Brasil a cada vez mais investirem em investimentos de renda variável. Quanto à renda fixa, porém, o Estado Brasileiro permanece sendo o grande provedor e seus títulos são os mais demandados. Não é fácil no Brasil a criação de um mercado de renda fixa privada. A debênture é um dos títulos de dívida privada.
Os bancos lucram com o Spread – que é a diferença entre o que é dado ao investidor pelo dinheiro investido e o que é pago pelo tomador do empréstimo como juros. Se um banco empresta dinheiro para uma sociedade, ele necessariamente vai cobrar juros altos para obter o spread. Assim, por vezes é mais favorável para a sociedade buscar investidores, diretamente do mercado, que possam emprestar dinheiro a juros menores. O que é desfavorável é que não se pode alcançar um empréstimo muito alto caso se considere apenas um investidor – o ideal, sendo assim, é que muitos títulos sejam emitidos.
Essa emissão de debêntures podem ser públicas ou privadas. No caso da emissão pública, existe uma entidade financeira intermediando. A emissão de debêntures, caso seja pública, deve ser registrada na CVM. As debêntures, em geral, são valores mobiliários que correspondem a títulos de dívida privada.
As alterações realizadas na lei das S.A. quanto às debêntures almejaram facilitar a emissão e a criação de um mercado sólido de debêntures no Brasil. Compras de dívidas privadas de longo prazo não possuem tradição no Brasil – e o governo atual visa incentivar esse mercado. 
A natureza jurídica da debênture é de valor mobiliário, mas ela é também um título de crédito. Essa questão da debênture ser um título de crédito é praticamente pacífica. Não é, porém, propriamente um título de crédito próprio. As debêntures necessariamente terão um valor nominal. A debênture é um título representativo de um contrato de mútuo que tem a companhia como mutuaria e o debenturista como mutuante. Ele é um título de massa, que pode ser emitido em série. 
Todas as características da emissão devem constar da Escritura de Emissão, que é um documento que será arquivado na Junta Comercial. Em tese, é possível criar uma debênture de renda variável? Sim, apesar de não ser o usual, é possível. 
Existem também debêntures com participação no resultado, nos lucros (é a ADPL) – essa debênture pode inclusive ser perpétua. Pode-se definir, inclusive, um lucro determinado a algum ativo. Esse tipo de debênture, porém, apesar de ser possível, não é comum.
As debêntures também podem ser simples ou conversíveis em ações. As debêntures conversíveis conferem a seus titulares um direito crédito e, além disso, confere a seus titulares o direito de utilizar o crédito para subscrever e integralizar o capital da companhia, de forma a se tornar acionista. Quando a debênture é convertida em ações, ela passa a integrar o capital social (e, assim, o passivo inexigível). É faculdade de o debenturista transformar o crédito da debênture em ações. 
Debêntures conversíveis são distintas de debêntures permutáveis. As debêntures permutáveis são uma criação da prática – elas podem ser trocadas por outro título qualquer de outra Companhia (não pode ser outro título da própria Companhia emissora).

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