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jusbrasil.com.br 5 de Outubro de 2021 Como era o direito no Egito Antigo * Acesse a Universidade ProJuris para mais textos curiosos e abordagens únicas * Sabe-se que o direito brasileiro é fortemente influenciado pelo direito romano, não apenas em seus conceitos jurídicos, mas também nos métodos de argumentação utilizados. Estamos falando especificamente de cerca de 300 a. C, época em que o Império Romano ainda prosperava. Alguns artigos do Código Civil brasileiro, inclusive, são simples traduções ou interpretações de textos dos juristas romanos. O artigo 186, que trata dos prejuízos causados a outrem, é um exemplo. A responsabilidade aquilana, como é conhecida a responsabilidade objetiva extracontratual, tem sua origem na lex Aquilia, de 286 a. C. http://www.projuris.com.br/universidade-projuris/ http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 Tamanho impacto na cultura jurídica faz com que Roma pareça o berço do direito. Mas a arqueologia recentemente descobriu que é possível encontrar documentos jurídicos muito antes disso, mais especificamente a 3.000 a. C, a partir da unificação do Alto e Baixo Egito sob imposição do faraó Narmer. Nenhum código ou documento propriamente legal foram encontrados e o conhecimento sobre o direito da época é baseado em excertos de contratos, decisões judiciais, testamentos e atos administrativos, além de referências à lei em textos sagrados e na literatura. No contexto, o Egito emergia de forma complexa, recebendo povos com interesses conflitantes. Os discernimentos jurídico e social então passaram a ser guiados por Maat, a deusa egípcia da verdade e justiça, mas que neste caso excepcionalmente era utilizado como um princípio filosófico da ordem e harmonia cósmica do povo. Embora não houvesse uma espécie de instituição jurídica na época, Maat era o conjunto de valores para a aplicação do direito. A partir de 2500 a. C o vizir, segundo homem mais poderoso do reino e responsável pelos julgamentos, era inclusive chamado de ‘sacerdote de Maat’. A “manutenção de Maat” era um dos deveres fundamentais do faraó, o que legitimava sua importância. Nas paredes dos templos, ele era representado pela oferta de Maat a uma divindade, aceitando seus requisitos de deusa. Algumas características do direito egípcio surpreendem por parecerem tão evoluídas e individualistas com o direito romano clássico, que viria dois mil anos mais tarde. A ideia de propriedade privada era bem desenvolvida e os contratos faziam parte da interação dos cidadãos, inclusive de quem fazia parte da complexa escravatura egípcia, servindo para atestar atos de venda, doação, fundação etc. A princípio estes documentos eram assinados pelas duas partes e com o tempo passou para a intermediação de um escriba, que além de redigir o contrato o assinava para certificá-lo. Todos os bens, imóveis e móveis eram alienáveis e entravam na dinâmica da grande mobilidade de bens da época. O Egito Antigo também tinha seus tribunais. A partir do Império Novo (período entre 1550 a. C e 1070 a. C), os egípcios contavam com o Kenbet, um conselho de anciãos responsável por decidir pequenas causas. Para crimes mais graves, envolvendo assassinato e roubos de túmulos, os acusados eram direcionados ao Kenbet att, outro conselho presidido pelo faraó e pelo vizir. Acusadores e acusados representavam a si próprios, tendo que argumentar sob um juramento de que fosse dita a verdade. Para acusações recorrentes ou muito sérias, os escribas da corte documentavam a denúncia e o veredicto do caso era guardado para referência futura (jurisprudência). Os culpados de crimes http://www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/especial_egito_cativos_sim_escravos_nao.html menores eram punidos com multas, espancamentos, mutilações faciais ou exílios, enquanto os responsáveis por crimes maiores eram decapitados, afogados ou empalados em uma estaca. Não é possível precisar exatamente quando essas medidas entraram em vigor, mas podemos fazer uma associação orgânica baseada nos três períodos históricos do Antigo Egito. Antigo Império, quando donos de grandes propriedades e faraós entraram em conflito por influência política; Médio Período, quando os faraós venceram esta disputa; e o Novo Império, marcado por muitas conquistas territoriais e posteriormente por perdas, enfraquecendo o poder do Estado e causando a tomada do Egito pelos assírios, persas, gregos e romanos (de 670 a. C a 30 a. C). Disponível em: https://tiagofachini.jusbrasil.com.br/artigos/366939115/como-era-o-direito-no- egito-antigo
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