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Rio 19 de agosto de 2011 - Julian Chediak

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Rio, 19 de agosto de 2011 
Direito Societário I
Na aula passada, fizemos pela primeira vez referência à lei 6404 de 1976. A lei das S.A. é uma lei extremamente bem feita e técnica. Ela é bem estrutura e na esmagadora maioria das vezes os artigos são ditos de forma técnica. A lei das S.A. seguiu a estrutura e as idéias, em parte, do Decreto Lei 2627 que a antecedeu (e se encontra atualmente revogado). 
Atualmente, os conflitos societários são resolvidos por meio de arbitragem. Isso é positivo pela rapidez com que se consegue a conclusão do conflito, porém a arbitragem não forma jurisprudência – a maior parte das decisões é sigilosa. Portanto, a jurisprudência não é uma fonte forte do direito societário. 
A lei das S.A., por vezes, inovou de forma global. Existem questões presentes na lei que não são encontradas em lugar nenhum do mundo. De 1976 para cá, a lei sofreu algumas alterações. No início da década de 90, Collor acabou com os títulos ao portador (não existem mais ações ao portador). 
A lei trata de sociedades por ações. “Lei de Sociedade por Ações” seria o nome tecnicamente mais correto. Isso porque existem dois tipos de sociedades por ações – a sociedade anônima e a sociedade em comandita por ações. As sociedades em comandita por ações são um tipo societário inexistente. Assim, a Sociedade Anônima é uma sociedade por ações por excelência – sua primeira característica geral é ter o capital dividido em ações. 
“Companhia” é um sinônimo de Sociedade Anônima. O fato de o capital ser dividido em ações é o que diferencia a Sociedade Anônima – é o elemento definidor da Sociedade Anônima. A responsabilidade dos sócios é limitada ao preço de subscrição das ações. 
Assim, cada sócio de uma Sociedade Anônima tem sua responsabilidade limitada unicamente ao preço das ações – isso se diferencia na Sociedade Limitada porque na Limitada enquanto o capital não for subscrito todos os sócios se responsabilizam solidariamente pela integração do capital. A responsabilidade dos sócios nas S.A. também é subsidiária (ou seja, a pessoa paga se a sociedade não tiver patrimônio e o preço das cotas não estiver integralizado) e limitada (ao preço estipulado das cotas), mas não é solidária. 
A segunda característica geral da Sociedade Anônima é que a responsabilidade do acionista é limitada ao valor das ações. A terceira característica é que a S.A. é sempre empresária. O que geralmente caracteriza uma sociedade empresária é a sua atividade ou o seu objeto. Essa classificação não aplica no caso das S.A. A empresariedade vai se caracterizar na Sociedade Anônima pela forma, não pela substância – não importa a atividade a que S.A. se dedique, ela sempre será empresária. Está indicado no parágrafo 1º do artigo 2º que as S.A. são mercantis. Porém, o Código Civil, que é lei mais recente, substitui o “mercantil” pelo “empresário” – isso está no parágrafo único do artigo 982. Sendo assim, os termos “comercial” e “mercantil” podem ser entendidos como “empresário”. O artigo 1088 cita que a Lei Especial regulará as sociedades anônimas. Nas Disposições Transitórias, artigo 2037, se aplica também à essa substituição de termos.
A quarta característica geral das Sociedades Anônimas é o nome empresarial. Uma sociedade pode ter denominação social ou firma. A firma é sempre composta pelo nome dos sócios, por extenso ou abreviado. Já a denominação é composta por uma expressão de fantasia acrescida pela indicação da atividade ou do tipo societário. Na S.A., deve ser indicado que é uma sociedade anônima por meio do “S.A.”, “S/A” ou a “Companhia”, ou até mesmo “Sociedade Anônima” por extenso. O termo “Companhia” só pode vir ao início ou no meio, nunca no final. 
A Companhia pode ser aberta ou fechada. A Companhia Aberta é aquela que pode emitir valores mobiliários para o mercado. Já a Companhia fechada não pode. Na Companhia Aberta, se oferece ações para o público em geral – é a captação de poupança popular. O Estado intervém em algum nível nesse tipo de atividade para que todos tenham igual acesso à informação. Informação quanto aos riscos, quanto ao que estão comprando – as pessoas devem ter o direito de fazer isso de forma ponderada e informada. O Estado interfere para que verificar se de fato foi feita uma diligência sobre a ação. 
Com o crash da Bolsa de Nova York, em 1929, Roosevelt resolveu criar leis que resultavam em uma forte intervenção do Estado na economia. Uma dessas leis foi a Securities Act de 1933 (securities significa valor mobiliário). Por meio dessa lei o Estado passou a existir a Securities and Exchange Comission (SEC), que foi a primeira Comissão de Valores Mobiliários. Ela passou a regular o mercado de capitais. Não são apenas ações – são valores imobiliários no geral. E também não regula apenas a bolsa de valores – são os mercados públicos organizados. 
Assim, antes de 1933 as ações eram emitidas da forma como a Companhia quisesse. Os EUA foram pioneiros nesse tipo de interferência. Esse sistema existe para assegurar a todos o acesso às mesmas informações. Essa divulgação de ações é o que é chamado de Full and Fair Disclosure.

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