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INTRODUÇÃO É um dos 5 problemas de saúde pública no mundo. Podem ser maus tratos físicos, corporais, emocionais, sexuais, negligência, exploração comercial, entre outros. Promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990): Garantia do bem-estar da infância e juventude. Promove estratégias de prevenção e enfrentamento à violência. Apresenta consciência social e tratamento jurídico. Pode estar relacionado a prejuízos e danos reais ou potenciais em traumas presentes ou futuros. CONCEITOS Risco ou Fator Adverso: Qualquer característica individual ou da comunidade que eleva a possibilidade de existir um problema físico ou psicossocial. As dificuldades escolares podem estar relacionadas ao gênero da criança; A desagregação familiar pode estar relacionada à violência parental; A ausência de rede de apoio pode estar associada ao uso de álcool e drogas; Perda de entes queridos; Pais desempregados; Fatores de Proteção: Fatores ou mecanismos que minimizam ou protegem as crianças e adolescentes de agravos. Controle de impulsos/empatia; Competência cognitiva; Estratégias de enfrentamento; Metas de projetos futuros; Adultos de referência; Vulnerabilidade: Suscetibilidade de indivíduos ou grupos a qualquer agravo à saúde e suas consequências. A criança/adolescente por si só já é um indivíduo vulnerável. Condições pessoais, culturais, sociais, financeiras, etc. MORTALIDADE POR VIOLÊNCIA No Brasil, desde a década de 80, houve expressivo aumento dos homicídios, principalmente contra jovens negros, de classes menos favorecidas, moradores da periferia. A faixa etária mais acometida está em torno de 15-29 anos, sendo o gênero masculino mais comumente afetado. *A chance de um negro ser assassinado é 3x maior que a de um branco da mesma idade. TIPOS DE VIOLÊNCIA Violência Emocional Negligência: É a forma de violência mais diagnosticada no Brasil. A forma extrema é o abandono da vítima. O conselho tutelar DEVE ser notificado! Os adolescentes são mais vulneráveis ao risco de envolvimento com drogas, gravidez precoce e prática de roubo. Síndrome de Munchausen por Procuração: Um dos pais simula sintomas e sinais na vítima, com a intenção de chamar a atenção nos serviços de saúde. As crianças são vítimas de repetidas internações, exames e tratamentos desnecessários e potencialmente perigosos. Deve-se acionar o Conselho Tutelar para a proteção da vítima e, se necessário, buscar cuidados de outros parentes e instituições. Alienação Parental: Caracterizada pela interferência na formação psicológica da criança ou adolescente, induzida por genitores, avós ou familiares, num contexto de disputa pela posse e guarda dos filhos. Há uma “campanha” de difamação contra um dos genitores sem que haja justificativas. Maus-Tratos e Violência Infantil Violência Física Sinais de violência física no exame físico: Equimoses, arranhões, lesões, queimaduras ou fraturas. Ficar atento a fraturas em lactentes! Acionar o Conselho Tutelar. Síndrome do Bebê Sacudido: Sacudir o lactente de forma violenta e intencional. A criança evolui com a tríade clássica: Encefalopatia aguda, que evolui com hematoma subdural e resulta em hemorragia retiniana. Violência Sexual Caracterizada pela interação entre crianças ou adolescentes e adultos, com propósito de estimulação e de gratificação sexual do adulto. Geralmente, o agressor tem relação com a família: Pessoas próximas, consanguíneas, laço afetivo com a família e cuidadores. Agressores: Sociopatias, transtorno de personalidade, abuso de drogas ou álcool, história de abusos prévios, etc. Ciclo abusivo por gerações: Transmissão transgeracional de comportamento. Há tentativa de culpabilização da vítima. Sinais de Alarme para Violência Sexual: Presença de danos físicos, ITUs de repetição, feridas genitais, surgimento de ISTs, gravidez, etc. Conceito de Estupro: Qualquer ato libidinoso ou conjunção carnal mediante constrangimento, uso de violência, grave ameaça ou por sedução (vítima igual ou menor de 14 anos). Na maior parte dos casos, o cuidador principal desconhece o abuso, pois geralmente ocorre em sua ausência. Fases para procedimento de justificação e autorização da interrupção da gravidez nos casos previstos em lei: Fase 1: Relato circunstanciado do evento, realizado pela própria gestante, perante 2 profissionais de saúde do serviço. Termo de Relato Circunstanciado: Local, dia, hora, tipo de violência, descrição dos agentes (se possível) e de testemunhas. Fase 2: Intervenção do médico responsável que emitirá parecer técnico após detalhada anamnese, exame físico geral, exame ginecológico, avaliação do laudo ultrassonográfico e dos demais exames complementares que porventura houver. Três integrantes, no mínimo, da equipe de saúde multiprofissional subscreverão o Termo de Aprovação de Procedimento de Interrupção de Gravidez, não podendo haver desconformidade com a conclusão do parecer técnico. A equipe de saúde multiprofissional deve ser composta, no mínimo, por obstetra, anestesista, enfermeiro, assistente social e/ou psicólogo. Fase 3: Assinatura da gestante no Termo de Responsabilidade. Advertência expressa sobre a previsão dos crimes de falsidade ideológica (art. 299 do Código Penal) e de aborto (art. 124 do Código Penal), caso não tenha sido vítima do crime de estupro. Fase 4: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O médico e os demais profissionais de saúde ou responsáveis pelo estabelecimento de saúde que acolherem a paciente dos casos em que houver indícios ou confirmação do crime de estupro, deverão observar as seguintes medidas: Comunicar o fato à autoridade policial responsável; Preservar possíveis evidências materiais do crime de estupro a serem entregues imediatamente à autoridade policial ou aos peritos oficiais; ADOLESCENTES COMO AUTORES DE VIOLÊNCIAS Bullying: Caracterizado por atitudes agressivas, intencionais e repetidas. Há relação de desigual de poder. Ocorre intimidação da vítima. Pode ser físico, verbal, escrito, moral, material e Cyberbullying. Tem repercussão negativa na vida das crianças e adolescentes. Orientar os pais e familiares sobre a atenção ao processo escolar das crianças e adolescentes, e à mudanças de comportamento. “Dar o exemplo de um bom comportamento como pais e responsáveis é a melhor forma de evitar comportamentos de risco e de desafios”. Modalidades do Bullying: Forma direta: A criança é atacada diretamente por meio de agressões físicas ou verbais, roubos ou gestos que geram incômodo; Forma indireta: As ações levam ao isolamento social e a agressão ocorre por meio de indiferença, isolamento, exclusão social ou difamação por boatos/fofocas. Cyberbullying: Por meio de fotos digitais, mensagens ou e-mails com informações difamatórias ou íntimas. Prevenção: Estimular o protagonismo das crianças e dos adolescentes; Discutir o tema nas famílias e em sala de aula; Orientar profissionais da saúde e educação; Promover atitudes que estimulem a cultura da diferença; Condutas: Atuar com empatia e neutralidade. Nunca julgar ou acusar, mesmo perante um provável agressor. Autoagressão; Tentativa de suicídio: Ato consciente individual ou em grupo danoso ao corpo com intenção de suicídio. Os fatores de risco são: episódios depressivos, transtorno bipolar, uso de psicoativos, transtorno de ansiedade, esquizofrenia, tentativa anterior, ausência de apoio, bullying, vítima sexual, histórico positivo familiar, desemprego, perda de ente querido e eventos estressantes. Sinais de alerta: Tentativa prévia de suicídio, humor depressivo, ansiedade/agitação, falar muito em suicídio/morte, expressar desesperança, abuso de álcool/drogas,automutilação, isolamento social, pesquisar métodos de suicídio, conflitos com sexualidade e escrever despedida. Métodos: Ingestão de venenos ou medicamentos – mais comum no gênero feminino; arma de fogo, enforcamento (mais comum no gênero masculino), intoxicação por gases (CO2 – carro). Intervenções: Tratar transtornos emocionais e psíquicos. Na emergência, investigar intoxicações exógenas e acidentes. Cutting: Ato consciente individual ou em grupo, danoso ao corpo sem intenção de suicídio. Tem como objetivo o alívio da ansiedade, dor emocional, forma de autopunição (raiva de si mesmo/a), identificação com amigos praticantes, estresse pós-traumático, depressão, transtornos dissociativos ou personalidade limítrofe. Sentem pouca dor e têm maior risco de suicídio. O ato ocorre no quarto, banheiro (solitário na maioria das vezes) ou em grupo. É caracterizado por cicatrizes ou ferimentos recentes em antebraço, braço, coxa, abdome, perna ou partes íntimas. Tratamento: Psicoterapia, medicamentos para patologia de base e comorbidades. Indicar esportes de socialização. Cuidado com o uso abusivo de informática. Deve haver a escuta do aluno pela escola. CONDUTAS NO ATENDIMENTO MÉDICO Suporte Inicial e Acolhimento: Cuidar das lesões; Desculpabilizar a criança/adolescente; Proteger a vítima de novas agressões; Profilaxia de ISTs e de gestação; Suporte psíquico; Registrar a suspeita em prontuário e NOTIFICAR; Acompanhamento multiprofissional; Avaliar a necessidade de internação hospitalar; NOTIFICAÇÃO Compulsória e responsabilidade do profissional de saúde; Notificar casos suspeitos e confirmados; Conselho Tutelar e Vigilância Epidemiológica; ATENÇÃO! Para notificar NÃO PRECISA PROVAR. DENÚNCIA Boletim de ocorrência (BO) pelos responsáveis da vítima ou órgão competente (direção hospitalar, Polícia e Ministério Público). Na emergência: Acionar a polícia; Exame pericial: Instituto Médico Legal; ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO Atuam as atenções primárias, secundárias e terciárias, dando maior ênfase à atenção primária. Primordial: Promover conhecimentos sobre os maus- tratos, promover a cultura de paz a promoção da igualdade de gênero. Estratégias: Triagem para fatores de risco psicossociais; debates em grupos; Psicodinâmica positiva, educação parental, visitação domiciliar, desenvolvimento de habilidade para a vida, empoderamento de gênero e prevenção da violência, inclusão e respeito às pessoas com limitação física, neurológica e psíquica, respeito a pessoas LGBTQI+. Primária: Enfrentamento das discriminações e da intolerância, conhecimentos de sexualidade humana, conhecimentos sobre violência e impacto na saúde. Estratégias: Prevenção de sequelas físicas e psicossociais, prática de esportes e artes, prevenção à violência em comunidade escolar e universitária com palestras e campanhas de prevenção, campanhas contra o uso de psicoativos e de armas, prevenção aos transtornos alimentares e às autoagressões, políticas de saúde, de justiça e dos Direitos Humanos e ensinamentos do tema “Violências” em cursos de saúde. Secundária: Tratamento precoce e eficaz e prevenção de sequelas psicobiológicas. Estratégias: Atendimento especializado às vítimas e familiares, prevenção de ISTs e de gravidez inoportuna, equipes de atendimento pré-hospitalar e hospitalar, acompanhamento em saúde mental, articulação com outros setores: Educação, serviço social e justiça. Terciário: Atendimento em serviços hospitalares e institucionais de maior complexidade, retorno à escola e ao trabalho e reinserção familiar e social. Estratégias: Centros de recuperação neurológica e motora, abrigos e centros de reinserção social, acompanhamento com equipe de saúde mental e grupos de apoio especializados.
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