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Órgãos Linfáticos (Tecido Linfático) 1 ⚓ Órgãos Linfáticos (Tecido Linfático) Em quais categorias os órgãos linfóides são classificados? Quais órgãos entram nessa classificação? Os órgãos linfóides são classificados em duas categorias: Os órgãos linfóides primários (centrais) são responsáveis pelo desenvolvimento e pela maturação dos linfócitos, tornando-os células maduras e imunocompetentes. O fígado fetal, a medula óssea prénatal e pós-natal e o timo constituem os órgãos linfóides primários. Os órgãos linfóides secundários (periféricos) são responsáveis pelo ambiente adequado no qual as células imunocompetentes podem reagir umas com as outras, assim como com antígenos e outras células, para montarem uma resposta imunológica contra antígenos ou agentes patogênicos invasores. Os linfonodos, o baço e os tecidos linfóides associados às mucosas (assim como a medula óssea pós-natal) constituem os órgãos linfóides secundários Timo O que é o Timo? Quais são suas principais características? O timo é um órgão linfóide primário que é o local de maturação dos linfócitos T. O timo, situado no mediastino superior e se estendendo por sobre os grandes vasos do coração, é um pequeno órgão encapsulado composto por dois lobos. Os linfócitos T originados do mesoderma penetram o timo e recebem instruções para se tornarem imunologicamente competentes. O timo origina-se precocemente no embrião e continua a crescer até a puberdade, quando pode pesar de 35 a 40 g. Após os primeiros anos de vida, o timo começa a involuir (atrofiar) e torna-se infiltrado por células adiposas. Entretanto, ele pode continuar a funcionar até mesmo em adultos idosos. Órgãos Linfáticos (Tecido Linfático) 2 Da cápsula do timo, composta por tecido conjuntivo denso não modelado, partem septos que penetram os lobos subdividindo-os em lóbulos incompletos. Cada lóbulo é constituído por um córtex e uma medula, embora o córtex e a medula de lóbulos adjacentes sejam confluentes. Quais as principais características do córtex do Timo e as suas funções? Histologicamente, o córtex do timo tem um aspecto muito mais escuro do que a medula, por causa da presença de um grande número de linfócitos T (timócitos). As células T imunologicamente incompetentes (células progenitoras das linhagens de linfócitos T) deixam a medula óssea e migram para a periferia do córtex do timo, onde elas proliferam intensamente e são instruídas a tornarem- se células T imunocompetentes. Além dos linfócitos, o córtex contém macrófagos e células reticulares epiteliais. Três tipos de células reticulares epiteliais estão presentes no córtex do timo(I, II e III). Estes três tipos de células reticulares epiteliais isolam completamente o córtex do timo e, desta maneira, impedem as células T em desenvolvimento de entrarem em contato com antígenos estranhos. É interessante observar que 98% das células T em desenvolvimento morrem no córtex e são fagocitadas pelos macrófagos residentes, que são denominados macrófagos de corpo tingível. As células sobreviventes penetram a medula do timo como linfócitos T virgens e de lá (ou da junção corticomedular) são distribuídos para os órgãos linfóides secundários através do sistema vascular. Órgãos Linfáticos (Tecido Linfático) 3 Quais as principais características da medula do Timo e as suas funções? "A medula é caracterizada pela presença dos corpúsculos de Hassall. Todos os timócitos da medula são células T imunocompetentes" A medula do timo cora-se muito menos intensamente do que o córtex porque sua população de linfócitos não é tão abundante e porque contém um grande número de células reticulares epiteliais derivadas do endoderma. Existem três tipos de células reticulares epiteliais na medula (IV, V e VI). As células do tipo VI constituem a característica mais típica da medula do timo. Estas células grandes, palidamente coradas, coalescem umas em torno das outras, formando os corpúsculos tímicos (ou corpúsculos de Hassall) cujo número aumenta com a idade da pessoa. As células do tipo VI podem tornar-se altamente queratinizadas e até mesmo calcificadas. A função dos corpúsculos tímicos é desconhecida, embora eles possam ser o local de morte dos linfócitos T na medula. Como é feita vascularização do Timo? E o que é a barreira hematotímica? O timo recebe numerosas artérias pequenas, que atravessam a cápsula e são distribuídas por todo o órgão através das trabéculas presentes entre os lóbulos adjacentes. Ramos destes vasos não têm acesso direto ao córtex; em vez disso, das trabéculas eles penetram a junção corticomedular, onde formam leitos capilares que penetram no córtex. Os capilares do córtex são do tipo contínuo, possuem uma lâmina basal espessa e são revestidos por uma bainha de células reticulares epiteliais tipo I que forma uma barreira hematotímica. Desta maneira, as células T em desenvolvimento do córtex são protegidas de entrar em contato com macromoléculas estranhas presentes no sangue. Entretanto, as macromoléculas próprias do organismo podem atravessar a barreira hematotímica (provavelmente controlada pelas células reticulares epiteliais), possivelmente para eliminar aquelas células T programadas contra antígenos próprios. A rede de capilares corticais drena para pequenas vênulas situadas na medula. As células T recém-formadas, imunologicamente incompetentes, derivadas da medula óssea, deixam os vasos sangüíneos na junção corticomedular e migram para a periferia do córtex. Quando estas células se tornam maduras, elas se deslocam para o córtex mais profundo e penetram a medula como células Órgãos Linfáticos (Tecido Linfático) 4 virgens, mas imunocompetentes. Elas deixam a medula através das veias que drenam o timo. Quais as principais características histofisiológicas do Timo? A função primária do timo é instruir as células T imunoincompetentes a adquirirem imunocompetência. As células T em desenvolvimento proliferam intensamente no córtex, começam a expressar seus marcadores de superfície, e são testadas para a sua habilidade de reconhecer moléculas do MHC próprias e epitopos próprios. O timo é um local de formação e de seleção de linfócitos T. Durante esse processo, os linfócitos proliferam ativamente, passando por diversos ciclos mitóticos. No entanto, mais de 95% dos linfócitos formados são eliminados por apoptose. São eliminados os linfócitos que não reagem a antígenos e os que reagem a antígenos do próprio organismo (autoantígenos). Quando persistem linfócitos T que reagem com autoantígenos, eles causam doenças autoimunes. Após atravessarem a parede das vênulas pós-capilares e saírem do timo, pelo sangue, os linfócitos T se estabelecem em determinadas áreas de outros órgãos linfoides, denominados secundários ou periféricos. Essas áreas são, portanto, timodependentes (ricas em linfócitos T) e estão representadas principalmente pela zona paracortical dos linfonodos, pelas bainhas periarteriais da polpa branca do baço e pelo tecido linfoide frouxo situado entre os nódulos linfáticos das placas de Peyer e das tonsilas. O restante do tecido linfoide contém linfócitos B e é timoindependente. Quais os principais hormônios que influenciam na função do Timo? As células reticulares epiteliais do timo produzem pelo menos quatro hormônios que são necessários para a maturação das células T. Provavelmente estes são hormônios parácrinos, atuando a curta distância, embora se acredite que alguns sejam liberados na corrente sangüínea. Estes hormônios incluem timosina, timopoetina, timulina e o fator tímico humoral, e eles facilitam a proliferação das células T e a expressão de seus marcadores de superfície. Além disso, hormônios provenientes de fontes extratímicas, especialmente das gônadas, hipófise, tireóide e supra-renal, influenciam a maturação das células T. Os efeitos mais potentes são causados por adrenocorticosteróides, os quais diminuem o número de células T no córtex do timo; tiroxina, a qual estimula as células reticularesepiteliais corticais a aumentarem a produção de timulina; e somatotrofina, que promove o desenvolvimento de células T no córtex do timo. Órgãos Linfáticos (Tecido Linfático) 5 O que é a síndrome de DiGeorge? A incapacidade congênita do timo de se desenvolver é denominada síndrome de DiGeorge. Os pacientes com esta doença não são capazes de produzir células T. Por este motivo, a resposta imunológica de base celular não é funcional, e estes pacientes morrem com pouca idade por causa de infecção. Como estes pacientes também não possuem as glândulas paratireóides, a morte também pode ser causada por tetania (distúrbio caracterizado por contrações musculares tônicas intermitentes, acompanhadas de tremores, paralisias e dores musculares, devido a problemas gastrintestinais ou à deficiência de sais de cálcio.) Linfonodos O que são os linfonodos e quais são suas principais características? Os linfonodos são pequenos órgãos encapsulados e ovais, interpostos no trajeto dos vasos linfáticos, que servem como filtros para a remoção de bactérias e outras substâncias estranhas. Os linfonodos estão localizados em várias regiões do corpo, mas são mais freqüentes no pescoço, nas axilas, nas virilhas, ao longo dos grandes vasos e nas cavidades do corpo. Seu parênquima é constituído por coleções de linfócitos T e B, APCs e macrófagos. Estas células linfóides reagem à presença de antígenos através da montagem de uma resposta imunológica na qual macrófagos fagocitam bactérias e outros microrganismos que chegam ao linfonodo através da linfa. Cada linfonodo é um órgão macio, relativamente pequeno, com menos de 3 cm de diâmetro, e que tem uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso, geralmente envolvida por tecido adiposo. Ele tem uma superfície convexa perfurada pelos vasos linfáticos aferentes, dotados de valvas, que garantem que a linfa vinda dos vasos entre no linfonodo. A superfície côncava do linfonodo, o hilo, é o local em que as artérias e as veias entram e saem do linfonodo. Além disso, a linfa sai do linfonodo através dos vasos linfáticos eferentes, que também estão localizados no hilo. Os vasos linfáticos eferentes têm valvas que previnem o refluxo da linfa para o linfonodo. Na presença de antígenos ou bactérias, os linfócitos do linfonodo proliferam rapidamente e o linfonodo pode aumentar várias vezes seu tamanho normal, tornando-se duro e palpável ao toque. Como os linfonodos são subdivididos histologicamente? Órgãos Linfáticos (Tecido Linfático) 6 Histologicamente, o linfonodo é subdividido em três regiões: córtex, paracórtex e medula. Todas as três regiões têm abundantes espaços dilatados revestidos por células reticulares, que formam um revestimento semelhante a um endotélio, através dos quais a linfa circula; estes espaços são caracterizados como os seios do linfonodo. Quais as principais características do córtex do linfonodo? O córtex do linfonodo é subdividido em compartimentos que abrigam nódulos linfóides primários e secundários, ricos em linfócitos B. A cápsula, constituída por tecido conjuntivo denso não modelado, envia trabéculas para o tecido linfóide do linfonodo, subdividindo a região externa do córtex em compartimentos incompletos, que se estendem até as proximidades do hilo. A cápsula é mais espessa no hilo, e à medida que os vasos que entram no parênquima do linfonodo, eles vão sendo revestidos por uma bainha de tecido conjuntivo derivado da cápsula. Os vasos linfáticos aferentes perfuram a superfície convexa da cápsula do linfonodo e lançam a linfa no seio subcapsular, que está localizado logo abaixo da cápsula. Este seio é contínuo com os seios corticais (seios peritrabeculares ou corticais), que são paralelos às trabéculas, e destes a linfa vai para os seios medulares, e finalmente entra nos vasos linfáticos eferentes. Estes seios são formados por tecido linfonóide frouxo, que possuem uma rede de células reticulares estreladas cujos prolongamentos estão em contato com os de outras células e um revestimento semelhante a um endotélio. Os macrófagos, ligados às células reticulares estreladas, fagocitam avidamente partículas estranhas. Além disso, as células linfóides podem entrar ou sair dos seios passando por entre as células reticulares que os revestem O que são os Nódulos ou Folículos Linfóides? Quais são as suas principais características e funções? Existem dois tipos de nódulos linfóides: primário e secundário. Os nódulos linfóides secundários possuem um centro germinativo. Os compartimentos incompletos dentro do córtex contêm nódulos linfóides primários, os quais são agregados esféricos de linfócitos B (tanto células B virgens quanto células B de memória) que estão em processo de entrada ou saída do linfonodo. Freqüentemente, os centros dos nódulos linfóides são mais palidamente corados e contêm os centros germinativos, e estes nódulos linfóides são então denominados nódulos linfóides secundários. Os nódulos Órgãos Linfáticos (Tecido Linfático) 7 linfóides secundários formam-se somente em resposta a um estímulo antigênico; acredita-se que eles sejam locais onde são gerados os linfócitos B de memória e os plasmócitos. A região do nódulo linfóide periférica ao centro germinativo é constituída por um acúmulo denso de pequenos linfócitos que estão migrando do seu local de origem dentro do centro germinativo. Esta região periférica é denominada coroa (ou manto). Os centros germinativos apresentam três zonas: uma zona escura, uma zona basal clara e uma zona apical clara. A zona escura é o local de intensa proliferação das células B intimamente compactadas. Estas células, denominadas centroblastos, migram para a zona basal clara, expressam sIgs, mudam a classe de imunoglobulinas e são denominadas centrócitos. Estas células são expostas às células dendríticas foliculares, portadoras de antígenos e sofrem uma hipermutação, tornando-se mais proficientes na formação de anticorpos contra o antígeno. As células que não sintetizam as sIgs adequadas são forçadas a entrar em apoptose e são destruídas pelos macrófagos. Os centrócitos recém-formados autorizados a sobreviver entram na zona apical clara, onde se tornam células B de memória ou plasmócitos e, subseqüentemente, saem do folículo secundário. O que é o Paracórtex dos linfonodos e quais são as suas principais características e funções? A região do nódulo linfóide entre o córtex e a medula é o paracórtex. Ele contém principalmente células T e é a zona timo-dependente do linfonodo. As vênulas de endotélio alto (HEVs) estão localizadas no paracórtex. Os linfócitos saem dos vasos sangüíneos migrando por entre as células cubóides deste endotélio incomum e entram no tecido linfóide do linfonodo. As células B migram para o córtex externo, enquanto as células T permanecem no paracórtex. A membrana plasmática dos linfócitos expressa moléculas de superfície, denominadas selectinas, que auxiliam a célula no reconhecimento das células endoteliais das HEVs e permitem o rolamento ao longo da superfície destas células. Quando o linfócito entra em contato com as moléculas sinalizadoras adicionais que estão localizadas na membrana plasmática da célula endotelial, as selectinas tornam- se ativadas, ligando-se firmemente à célula endotelial e interrompendo a ação de rolamento do linfócito. Então, através de diapedese, o linfócito migra entre as Órgãos Linfáticos (Tecido Linfático) 8 células endoteliais cubóides para sair do lúmen de uma vênula pós-capilar e entrar no parênquima do linfonodo. Quais as principais características da medula dos linfonodos? A medula é constituída por seios linfáticos largos e tortuosos, envolvidos por células linfóides que estão organizadas em grupos denominados cordões medulares. As células dos cordões medulares (linfócitos, plasmócitos e macrófagos) estão emaranhadas em uma rede de fibras reticulares e células reticulares. Os linfócitos migram do córtex para os seios medulares, de onde eles entram nos vasoslinfáticos eferentes e saem do linfonodo. Cortes histológicos da medula também mostram a presença de trabéculas, originadas da cápsula espessa do hilo, contendo vasos sangüíneos que entram e saem do linfonodo. Como ocorre a vascularização dos linfonodos? Os vasos arteriais entram no parênquima do linfonodo através do hilo. Estes vasos percorrem toda a medula dentro de trabéculas e tornam-se menores à medida que se ramificam repetidas vezes. Finalmente, eles perdem sua bainha de tecido conjuntivo, penetram o tecido linfóide dos cordões medulares e contribuem para a formação dos leitos capilares da medula. Os pequenos ramos das artérias permanecem nos cordões medulares até alcançarem o córtex. No córtex eles formam um leito de capilares corticais, que é drenado pelas vênulas pós-capilares (HEVs). O sangue das vênulas pós-capilares é drenado para veias maiores, que saem do linfonodo pelo hilo. Quais são as principais características histofisiológicas dos linfonodos? Os linfonodos filtram a linfa e atuam como locais de reconhecimento de antígenos. À medida que a linfa entra no linfonodo, a velocidade de seu fluxo é reduzida, o que dá aos macrófagos residentes nos seios (ou que têm prolongamentos que penetram nele) mais tempo para fagocitar partículas estranhas. Desta maneira, 99% das impurezas presentes na linfa são removidas. Os linfonodos também funcionam como locais de reconhecimento de antígenos, porque as APCs que entram em contato com antígenos migram para o linfonodo mais próximo e apresentam seu complexo epitopo-MHC aos linfócitos. Além disso, antígenos que circulam pelos linfonodos são capturados pelas células dendríticas foliculares, e linfócitos que estão presentes no linfonodo, ou que migram para o linfonodo, reconhecem o antígeno. Se um antígeno é Órgãos Linfáticos (Tecido Linfático) 9 reconhecido e uma célula B torna-se ativada, esta célula B migra para um nódulo linfóide primário e prolifera, formando um centro germinativo, e o nódulo linfóide primário passa a ser denominado nódulo linfóide secundário. As células recém-formadas se diferenciam em células B de memória e plasmócitos, saem do córtex e formam os cordões medulares. Cerca de 10% dos plasmócitos recém-formados permanecem na medula e liberam anticorpos os seios medulares. Os plasmócitos restantes penetram os seios e vão para a medula óssea, onde eles continuam a produzir anticorpos até morrerem. Algumas células B de memória permanecem nos nódulos linfóides primários do córtex, mas a maioria deixa o linfonodo e passa a residir em outros órgãos linfóides secundários do corpo. Por isso, quando ocorre uma segunda exposição ao mesmo antígeno, um grande número de células de memória está disponível, de modo que o corpo possa montar uma resposta secundária imediata e potente. Os linfonodos estão localizados ao longo do caminho dos vasos linfáticos e formam uma cadeia de linfonodos, de modo que a linfa flui de um linfonodo para o seguinte. Por esta razão, uma infecção pode espalhar-se e células malignas podem estabelecer metástases através de uma cadeia de linfonodos em regiões distantes do corpo. Baço O que é o baço e quais as suas principais funções? O baço é o maior acúmulo de tecido linfoide do organismo e, no ser humano, o único órgão linfoide interposto na circulação sanguínea. Em virtude de sua riqueza em células fagocitárias e do contato íntimo entre o sangue e essas células, o baço representa um importante órgão de defesa contra microrganismos que penetram o sangue circulante e é também o principal órgão destruidor de eritrócitos (hemácias) desgastados pelo uso. Como os demais órgãos linfáticos, origina linfócitos que passam para o sangue circulante. Por sua localização na corrente sanguínea, o baço responde com rapidez aos antígenos que invadem o sangue, sendo um importante filtro fagocitário e imunológico para o sangue e grande produtor de anticorpos. Órgãos Linfáticos (Tecido Linfático) 10 Quais as principais características histológicas, macroscópicas e microscópicas do baço? O baço contém uma cápsula de tecido conjuntivo denso, a qual emite trabéculas que dividem o parênquima ou polpa esplênica em compartimentos incompletos. A superfície medial do baço apresenta um hilo, onde a cápsula mostra maior número de trabéculas, pelas quais penetram nervos e artérias. Saem pelo hilo as veias originadas no parênquima e vasos linfáticos originados nas trabéculas, uma vez que, no ser humano, a polpa esplênica não contém vasos linfáticos. Observando-se a olho nu a superfície de corte do baço, a fresco ou fixado, observam-se em seu parênquima pontos esbranquiçados, que são nódulos linfáticos que fazem parte da polpa branca, que é descontínua. Entre os nódulos há um tecido vermelho-escuro, rico em sangue, a polpa vermelha. O exame microscópico, em pequeno aumento, mostra que a polpa vermelha é formada por estruturas alongadas, os cordões esplênicos ou cordões de Billroth, entre os quais se situam os sinusoides ou seios esplênicos. Toda a polpa esplênica contém células e fibras reticulares, macrófagos, células apresentadoras de antígenos, células linfáticas e algumas outras células em menor proporção. Como ocorre a vascularização do Baço? A artéria esplênica divide-se ao penetrar o hilo, originando ramos que seguem as trabéculas conjuntivas (artérias trabeculares). Ao deixarem as trabéculas Órgãos Linfáticos (Tecido Linfático) 11 para penetrarem o parênquima, as artérias são imediatamente envolvidas por uma bainha de linfócitos, chamada de bainha linfática periarterial. Esses vasos são chamados de artérias centrais ou artérias da polpa branca. Ao longo de seu trajeto a bainha linfocitária, que é parte da polpa branca, espessa-se diversas vezes, formando nódulos linfáticos, nos quais o vaso (agora uma arteríola) ocupa posição excêntrica. Apesar disso, continua a ser chamado de artéria central. Durante seu trajeto na polpa branca, a arteríola origina numerosos ramos, que irão irrigar o tecido linfático que a envolve. Depois de deixar a polpa branca, as arteríolas se subdividem, formando as arteríolas peniciladas. Elas são formadas por endotélio que se apoia em espessa lâmína basal e uma delgada adventícia. Alguns ramos da arteríola penicilada apresentam, próximo à sua terminação, um espessamento, o elipsoide, constituído por macrófagos, células reticulares e linfócitos. Aos elipsoides seguem-se capilares arteriais que levam o sangue para os sinusoides ou seios da polpa vermelha, situados entre os cordões de Billroth. Dos sinusoides o sangue passa para as veias da polpa vermelha, que se reúnem umas às outras e penetram as trabéculas, formando as veias trabeculares. Estas dão origem à veia esplênica, que sai pelo hilo do baço. As veias trabeculares não têm paredes próprias, isto é, suas paredes são formadas pelo tecido das trabéculas. Elas podem ser consideradas como canais escavados no conjuntivo trabecular e revestidos internamente por endotélio. Quais a principais características e função da polpa branca? Órgãos Linfáticos (Tecido Linfático) 12 A polpa branca é constituída pelo tecido linfático que constitui as bainhas periarteriais e pelos nódulos linfáticos que se formam por espessamentos dessas bainhas. No tecido linfático das bainhas periarteriais predominam os linfócitos T, mas nos nódulos existe predominância dos linfócitos B. Entre a polpa branca e a polpa vermelha existe uma zona mal delimitada, constituída pelos seios marginais. Nesses seios encontram-se linfócitos, macrófagos e células dendríticas (apresentadoras de antígenos) que retêm e processam antígenos trazidos pelo sangue. A zona marginal contém muitos antígenos transportados pelo sangue e desempenha importante papel imunitário. Muitas arteríolas derivadas da artéria central drenam nos seios marginais e outras estendem-se além da polpa branca, mas fazem um trajeto curvo e retornam, desembocando também nos seios marginais. Assim, essa zona tem papel importantena "filtragem" do sangue e na iniciação da resposta imunitária. Quais a principais características e função da polpa vermelha? A polpa vermelha é formada por cordões esplênicos, separados por sinusoides. Os cordões esplênicos, também chamados cordões de Billroth, são contínuos e de espessura variável, conforme o estado local de distensão dos sinusoides. São constituídos por uma rede frouxa de células reticulares e fibras reticulares (colágeno tipo III) que contêm outras células, como macrófagos, linfócitos B e T, plasmócitos, monócitos, leucócitos, granulócitos, além de plaquetas e eritrócitos. Quais são as principais funções do Baço? (Histofisiologia) As funções mais conhecidas do baço são a formação de linfócitos, a destruição de eritrócitos, a defesa do organismo contra invasores e o armazenamento de sangue. A polpa branca do baço produz linfócitos, que migram para a polpa vermelha e alcançam o lúmen dos sinusoides, incorporando-se ao sangue Já contido. No feto, o baço produz também granulócitos {neutrófilos, basófilos e eosinófilos) e hemácias; porém, essa atividade cessa no fim da fase fetal. Em determinadas condições patológicas (leucemias, por exemplo), o baço pode voltar a produzir granulócitos e hemácias, sofrendo um processo chamado de metaplasia mieloide. Metaplasia é a transformação patológica de um tipo de tecido em outro. Chama-se metaplasia mieloide o aparecimento de tecido mieloide fora da medula óssea vermelha. Como ocorre o processo de destruição de eritrócitos feito pelo Baço? Órgãos Linfáticos (Tecido Linfático) 13 Os eritrócitos têm uma vida média de 120 dias e, quando envelhecidos, são destruídos principalmente no baço. Esse fenômeno da remoção das hemácias em via de degeneração é denominado hemocaterese e ocorre também, embora com intensidade muito menor, na medula óssea. Há indicações de que a redução da flexibilidade das hemácias e modificações de sua membrana sejam os sinais para a destruição das hemácias envelhecidas. Os macrófagos dos cordões esplênicos fagocitam hemácias inteiras e pedaços das hemácias que frequentemente se fragmentam no espaço extracelular. As hemácias fagocitadas são digeridas pelos lisossomos dos macrófagos, e a hemoglobina é desdobrada em diversos fragmentos, dando origem a um pigmento desprovido de ferro, a bilirrubina, a qual é devolvida ao sangue, captada pelas células hepáticas e por estas excretada como um dos constituintes da bile. Outro produto do desdobramento da hemoglobina é a proteína globina, que é digerida no macrófago ao estado de aminoácidos, que são reaproveitados. O ferro formado pelo desdobramento da hemoglobina pode ser imediatamente armazenado nos macrófagos, sob a forma de ferritina, ou passar para o sangue, onde se combinará com a transferrina, proteína plasmática transportadora de ferro. O complexo ferro-transferrina será captado por endocitose pelas células que contêm, em suas membranas, receptores para transferrina, como os eritroblastos, e reutilizado para a síntese de hemoglobina. Após a remoção cirúrgica do baço (esplenectomia) aparecem hemácias deformadas nos esfregaços de sangue e aumenta a concentração de plaquetas no sangue, uma indicação de que o baço, além de destruir hemácias, também elimina plaquetas. De que forma o Baço participa na defesa contra invasores no organismo? Graças aos seus linfócitos T e B, macrófagos e células apresentadoras de antígenos, o baço é um importante órgão de defesa imunitária. Do mesmo modo que os linfonodos "filtram" a linfa, o baço atua como um "filtro" para o sangue. De todos os macrófagos do organismo, os do baço são os mais ativos na fagocitose de microrganismos e partículas inertes que penetram o sangue. Tecido Linfático associado às mucosas O que são os tecidos linfáticos associados às mucosas e a quais as suas funções? Os tratos digestivo, respiratório e geniturinário estão sujeitos a invasões microbianas frequentes, porque são expostos ao meio externo. Para proteger o Órgãos Linfáticos (Tecido Linfático) 14 organismo, existem acúmulos de linfócitos (nódulos linfáticos) associados a tecido linfático difuso localizados na mucosa e na submucosa desses tratos que, em alguns locais, formam órgãos bem estruturados, como as tonsilas e as placas de Peyer do intestino delgado (íleo). O tecido linfático das mucosas é denominado de MALT (mucosaassociated lymphatic tissue). A pele também apresenta muitas células do sistema imunitário, como linfócitos, macrófagos e células de Langerhans. O tecido linfático das mucosas e da pele está em posição estratégica para proteger o organismo contra patógenos do meio ambiente. Tonsilas O que são as Tonsilas? Quais as suas funções? Quais são os seus tipos? As tonsilas são órgãos constituídos por aglomerados de tecido linfático, incompletamente encapsulados, colocados abaixo e em contato com o epitélio das porções iniciais do trato digestivo. De acordo com sua localização na boca e na faringe, distinguem-se a tonsila faringiana, as tonsilas palatinas e as linguais. As tonsilas estão localizadas em posição estratégica para defender o organismo contra antígenos transportados pelo ar e pelos alimentos, iniciando uma resposta imunitária. São órgãos produtores de linfócitos, que podem infiltrar o epitélio. Tonsilas Palatinas As tonsilas palatinas são em número de duas, localizadas na parte oral da faringe. Nelas o tecido linfático forma uma faixa sob o epitélio estratificado plano, com nódulos linfáticos, em geral com centros germinativos. Cada tonsila palatina tem 10 a 20 invaginações epiteliais que penetram profundamente o parênquima, formando as criptas. As criptas contêm células epiteliais descamadas, linfócitos vivos e mortos e bactérias, podendo aparecer como pontos purulentos nas tonsilites (amidalites). Tonsilas Faringiana A tonsila faringiana é única e situa-se na porção superoposterior da faringe, sendo recoberta pelo epitélio típico das vias respiratórias, epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado. Podem ocorrer áreas de epitélio estratificado plano. A tonsila faringiana é formada por pregas da mucosa e contém tecido linfático difuso e nódulos linfáticos. Essa tonsila não contém criptas. Tonsilas Linguais Órgãos Linfáticos (Tecido Linfático) 15 As tonsilas linguais são de pequeno diâmetro, porém mais numerosas do que as outras tonsilas. Situam-se na base da língua, sendo recobertas por epitélio estratificado plano. Em cada tonsila, o epitélio forma uma invaginação que se aprofunda muito, originando uma cripta.
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