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Trauma Musculoesquelético Primeiros socorros © Lesões musculoesqueléticas são comuns em vítimas de trauma, entretanto, raramente apresentam condição de risco à vida; © Podem ser fatais quando associadas a hemorragia intensa – seja sangramento externo, seja sangramento interno no membro ou para o retroperitônio (no caso de trauma de pelve); ð É importante: © Manter as prioridades de avaliação; © Reconhecer lesões musculoesqueléticas potencialmente fatais; © Reconhecer a cinemática das lesões. ð Primeiramente, qualquer avaliação precisa ser feita mediante garantia de segurança da cena e análise da situação. ð Se for descoberta condição de risco à vida na avaliação primária, a avaliação secundária não deve ser iniciada. Todos os problemas encontrados na avaliação primária devem ser corrigidos antes de se iniciar a avaliação secundária. ð Pode significar retardar a avaliação secundária até o doente estar a caminho do hospital ou, ainda, aguardando até a chegada do pronto- socorro. AVALIAÇÃO PRIMÁRIA © Identifica e trata quadros de risco imediato à vida; © O socorrista precisa priorizar as lesões que ofereçam risco à vida, mesmo que outras lesões chamem mais atenção pelo impacto visual. ð Partes mais importantes da avaliação primária: etapas do XABCDE. © Quando a avaliação primária identifica lesões que ofereçam risco à vida do paciente: o tratamento do trauma musculoesquelético é adiado, sendo tratado apenas após correção de tais lesões mais importantes; © Hemorragia externa também é incluída na avaliação primária, necessitando de controle quando considerada fatal; © Na ausência de lesões que ofereçam risco à vida: o socorrista deve prosseguir para avaliação secundária. AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA ð Engloba avaliação das extremidades. © O socorrista deve considerar retirar toda a roupa que não tenha sido removida na avaliação primária do paciente, à medida que o cenário permita; © Se mecanismo/cinemática de lesão não for evidente: questionar o doente, ou testemunhas que estejam no local, sobre a forma de ocorrência das lesões; © Questionar o paciente quanto à existência de dor nas extremidades © A maioria dos pacientes com lesões musculoesqueléticas significativas sentem dor, exceto em casos de lesão da medula espinhal ou de nervos periféricos; © Avaliação das extremidades: inclui presença de dor, sensibilidade ou fraqueza anormal nas extremidades. ð Aspectos importantes da avaliação das extremidades: © Ossos e articulações – busca por deformidades que indiquem fraturas ou luxações. Inclui palpação dos membros para avaliar sensibilidade ou presença de crepitação; © Crepitação – atrito entre as extremidades de ossos fraturados, quando se friccionam. Pode gerar mais lesões; © Crepitação – observada na palpação ou na movimentação dos membros; © Som similar a um estalido; © Lesões nos tecidos moles: realizar uma inspeção visual. Procurar por edema, abrasões, lacerações, hematomas, ferimentos e alterações da pele; © Todo ferimento adjacente a uma fratura sugere a presença de fratura exposta – extremidade óssea pode ter entrado novamente no tecido; © Sinais sugestivos de síndrome do compartimento: firmeza e tensão dos tecidos moles, associados a dores desproporcionais durante o exame físico; © Perfusão: deve ser avaliada pelo tempo de enchimento capilar nos dedos da mão ou do pé; ou pela palpação dos pulsos distais (radial ou ulnar na extremidade superior; e pedioso ou tibial posterior na extremidade inferior); © Ausência de pulsos distais nas extremidades – pode indicar a ruptura de uma artéria, compressão de um vaso por fragmento ósseo ou por hematoma, ou uma síndrome compartimental; © Hematomas grandes ou em expansão – podem ser sinal de lesão em um vaso calibroso; © Função neurológica: o socorrista avalia funções sensitiva e motora nas extremidades; © Em caso de suspeita de fratura de um osso longo, não pedir ao doente para mover a extremidade, pois o movimento pode causar dor intensa e transformar uma fratura fechada em fratura exposta; © Avaliar o funcionamento neurológico é suficiente na maior parte dos casos. © Função motora: ð A princípio, pode ser avaliada perguntando ao paciente se ele sente alguma fraqueza. ð Na extremidade superior, pede-se que o paciente abra e feche as mãos, e que aperte os dedos do socorrista (para avaliar a força do aperto de mãos). ð No membro inferior: função motora é testada pedindo que o paciente mexa os dedos, empurre e estenda os pés contra as mãos do socorrista. © Função sensitiva ð Seu teste é feito perguntando se o paciente apresenta sensações anormais ou dormência, e com o teste de sua sensibilidade em vários pontos das extremidades superiores e inferiores, inclusive dedos e ponta do pé. ð Reavaliação da perfusão de extremidade e da função neurológica: necessárias após qualquer procedimento de imobilização com tala. è Doentes traumatizados graves: imobilização e transporte em pranchas longas à facilita movimentação, permite reanimação e tratamento de lesões críticas e não críticas. è Mesmo que algumas lesões sejam mais evidentes que outras, o socorrista deve tratar cada lesão dolorosa como uma possível fratura ou luxação à imobilizando, para limitar ocorrência de novas lesões, e promovendo conforto e redução da dor. LESÕES ASSOCIADAS © Durante a avaliação secundária, o socorrista pode descobrir indícios da cinemática, tendo uma suspeita mais direcionada de um padrão da lesão. Esses padrões podem alertar para a avaliação de lesões ocultas associadas a determinadas fraturas. © Exame detalhado de todo o corpo é fundamental para identificar as fraturas. © Lesões de extremidades resultam nas duas principais demandas de atendimento pré-hospitalar à hemorragia e instabilidade devido a fraturas e luxações. HEMORRAGIA © Sangramentos podem ser intensos ou sutis; © A aparência do ferimento não é determinante; © O que determinará se o paciente conseguirá compensar a perda ou entrar em choque, é a quantidade de sangue perdido e a taxa de perda. ð Importante: mesmo um pequeno gotejamento de sangue pode levar a perdas sanguíneas importantes, se for ignorado por muito tempo. è Hemorragia Externa © Se consiste em sangramento arterial externo – normalmente é de fácil identificação. Porém a avaliação pode ser dificultada, se o sangue estiver escondido sob o paciente, ou em roupas pesadas e escuras. © Estimativa de perda de sangue – é extremamente difícil (pode ocorrer absorção pelas roupas ou pelo solo, sangue levado por água, paciente com remoção do local inicial do trauma… ). © Nem sempre sinais claros de perda externa de sangue estão presentes. © Tratamento inicial: compressão manual direta sobre o ferimento. ð Não se deve elevar o membro – risco de agravar lesões; ð Se compressão direta ou curativo compressivo não resolverem, deve ser aplicado torniquete; ð Um segundo torniquete pode ser aplicado proximalmente ao primeiro, se não houver controle da hemorragia com o torniquete inicial; ð Aplicação de agente hemostático tópico: pode ser considerada para conter hemorragias em locais que não permitam uso de torniquete, como axila e virilha. Também pode ser útil quando paciente necessita de transporte prolongado. © Torniquete: Doentes com um torniquete colocado antes do início do choque tiveram um índice de sobrevida acima de 90%, em comparação ao índice de sobrevida naqueles em que o torniquete foi colocado após o desenvolvimento do choque (menor que 10%). O torniquete deve ser aplicado antes de retirar o paciente das ferragens (se necessário), e antes de deixar a cena. Registrar o horário de sua implantação e informar à equipe de trauma no hospital de destino. è Hemorragia Interna © Também é comum no trauma musculoesquelético. © Causas: lesões de vasos calibrosos (muitos se localizam próximos a ossos longos do corpo), rompimentode músculos e da medula de ossos fraturados. © Indícios de ruptura de grandes vasos: edema progressivo de uma extremidade, sua frieza, palidez ou ausência de pulso. © Possibilidade de hemorragia interna /externa: deve ser considerada na avaliação da vítima. Ajuda a prever possibilidade de choque hipovolêmico, e preparação para intervenção, se for o caso. Após controlar hemorragia potencialmente fatal provinda de lesão de extremidade à refazer a avaliação primária, se concentrar na reanimação e prover rápido transporte para o hospital adequado mais próximo. INSTABILIDADE (FRATURAS E LUXAÇÕES) © Lacerações de ligamentos, fraturas ósseas, grandes lesões tendíneas ou musculares afetam a capacidade de sustentação de um membro. è Fraturas © Osso fraturado à imobilização reduz a dor e o potencial de novas lesões; © Complicações de fraturas não imobilizadas: lesão de vasos sanguíneos, causando hemorragia interna e/ou externa; lesão muscular e nervosa. ð Fratura fechada: O osso é rompido, mas a pele não é perfurada; permanece íntegra. © Sinais: dor, sensibilidade, hematomas, deformidade, edema, crepitação. () © Avaliar pulsos, cor da pele e atividade motora e sensorial distalmente ao lugar de suspeita da fratura. © Orientar o doente a não mover a extremidade com suspeita de fratura, mesmo que não haja dor. ð Fratura exposta: A integridade da pele é comprometida ao ser perfurada pela extremidade de um osso fraturado pelo lado de dentro. Ou então, uma lesão lacera a pele e o músculo até o local da fratura. © Normalmente não causa hemorragia considerável. Porém pode ocorrer um sangramento persistente advindo da medula óssea, ou descompressão de hematoma mais profundo. © Risco de Osteomielite (infecção óssea) – causada por contaminação das pontas do osso fraturado com bactérias do ambiente externo ou da pele adjacente. Pode interferir na cura da ferida. © Todo ferimento aberto próximo a uma possível área de fratura deve ser tratado como fratura exposta. © O osso, a extremidade óssea, não deve ser reposicionado intencionalmente. © Imobilização inadequada ou manipulação pode transformar uma fratura fechada em fratura exposta. © Dificuldade na identificação: ocorre quando a extremidade óssea lesa a pele próxima, e retorna para o tecido. è Hemorragia interna © Duas fraturas mais comumente associadas a grandes hemorragias: de úmero e da pelve. © Adulto pode perder de 1 a 2 L de sangue em cada coxa. Fraturas bilaterais de fêmur podem levar rapidamente a óbito por choque hipovolêmico. FRATURAS PÉLVICAS • © Pelve: pode ser foco de sangramentos importantes, se houver uma lesão instável. © Podem variar de fraturas pequenas e insignificantes a lesões complexas associadas a extensa hemorragia interna e externa. © Pode ter hemorragia ativa, mesmo com poucos sinais externos de comprometimento. © Fraturas expostas da pelve tem alto potencial de letalidade. © Causas de fraturas pélvicas: atropelamentos, quedas, energia mecânica absorvida de traumas em outras regiões. © Doentes com fratura de pelve normalmente tem lesões associadas, visto que ela é difícil de ser fraturada. è Avaliação da pelve © Palpação suave, porém realizada uma única vez. Pressão manual delicada, da parte anterior para a posterior e pelos lados é capaz de identificar crepitação ou instabilidade. © Palpação e manipulação bruscas dessa área podem aumentar consideravelmente a hemorragia FRATURA EXPOSTA E FRATURA FECHADA © Primeira consideração: controle da hemorragia e o tratamento do choque. © Hemorragias externas: a maioria é controlada por pressão direta e curativos compressivos. © Ferimentos abertos ou extremidades ósseas expostas: cobrir com curativo estéril umedecido. © Hemorragia interna é controlada primeiramente por imobilização (que além disso, alivia a dor). © Se a extremidade de uma fratura óssea retorna para dentro do ferimento durante a imobilização, deve-se documentar essa informação na ficha de atendimento e relatar à equipe do hospital. © Extremidade lesionada deve ser movida o mínimo possível, tanto durante a avaliação secundária quanto durante a imobilização. © Antes da aplicação a tala, recolocar a extremidade lesionada em sua posição anatômica normal, podendo aplicar suave tração para que o membro retorne ao comprimento normal, se necessário. © Principais contraindicações para essa manobra: muita dor, ou resistência ao movimento de retorno à posição normal. © Antes, era defendida a imobilização “na posição encontrada”. Entretanto, vantagens da redução da fratura tornaram-se evidentes: diminui a hemorragia, é mais fácil de imobilizar e alivia compressão de artérias e nervos, resultando em melhor perfusão e funcionamento neurológico. © Se houver extremidades ósseas expostas, lavar cuidadosamente antes de tentar restabelecer a posição normal. © É desnecessário se preocupar, caso as extremidades das fraturas se retraiam para dentro da pele durante o procedimento, porém o fato de que o osso estava exposto antes da redução deve ser relatado à equipe seguinte. © Realizar, no máximo, duas tentativas de redução da fratura. Se não houver êxito, imobilizar a extremidade da forma em que estiver. IMOBILIZAÇÃO COM TALA ð Objetivo principal: evitar o movimento da porção do corpo fraturada (diminui a dor e evita outras lesões e hemorragia). © Para imobilizar um osso longo com eficácia: todo o membro deve ser imobilizado. è Primeiramente, deve ser feita uma avaliação detalhada antes da imobilização (pois praticamente todas as imobilizações limitam uma nova inspeção dessa extremidade) è Para manter o objetivo de evitar o movimento da porção fraturada, o local da lesão precisa ser sustentado manualmente enquanto a articulação e o osso proximais, assim como a articulação e osso distais do membro (abaixo da lesão) são imobilizados. Para aplicar a tala, lembrar de quatro pontos: i. Acolchoar talas rígidas. Isso evita o movimento da extremidade no interior da tala, aumenta o conforto do paciente e evita úlceras de pressão. ii. Retirar joias, relógios e adornos em geral. isso é posto, a fim de evitar o impedimento da circulação caso ocorra edema. Se houver anéis apertados, lubrificar com loção, sabão ou gel solúvel em água auxilia na sua remoção. iii. Avaliar funções neurovasculares distais ao local da lesão, antes e depois de aplicar a tala, periodicamente. Se extremidade está sem pulso, indica uma lesão vascular ou síndrome compartimental, exigindo um transporte ainda mais rápido para unidade hospitalar. iv. Após imobilizar a extremidade, deve-se considerar elevá-la, se possível, a fim de reduzir edema e sensação de latejamento. Gelo e compressas frias também reduzem edema e dor, devendo ser colocadas próxima do local com suspeita de fratura. FRATURAS DO FÊMUR © Representam uma situação única para imobilização com talas, em razão da musculatura da coxa. © O fêmur, quando íntegro, oferece resistência à contração dos músculos da coxa, mantendo o membro estendido. Entretanto, quando ocorre uma fratura na sua porção média, essa resistência se perde. Conforme a musculatura se contrai, extremidades do fêmur fraturado causam laceração muscular. O resultado é hemorragia interna e dor, além de predispor o paciente a uma fratura exposta. ð Conduta: na ausência de sinais de risco à vida, o socorrista deve colocar uma tala de tração para estabilizar uma suspeita de fratura de diáfise femoral. A aplicação de tração (manual ou usando dispositivo mecânico) ajuda a diminuir a dor e o sangramento interno. © Porém, avaliar contraindicações para uso de talas de tração: - Amputação ou avulsão do tornozelo ou pé; - Suspeita de fratura pélvica ou do colo do fêmur (quadril); - Suspeita de fraturas adjacentes ao joelho (nesse caso, pode-se usar uma tala de tração com função de tala rígida; sem aplicara tração). © Se a fratura de diáfise femoral está acompanhada de outras lesões potencialmente fatais à a tala de tração não deve ser colocada (tempo). © Deve-se, porém, solucionar os problemas críticos. As fraturas de extremidade inferior serão estabilizadas quando o paciente estiver imobilizado em uma prancha longa. FRATURAS PÉLVICAS è Desafios: - Identificação de fratura de pelve instável. Há necessidade de radiografia para diagnóstico correto do problema – em muitos casos. - Principal problema: hemorragia interna; geralmente de difícil controle. © Conduta para algumas fraturas pélvicas: envolver com firmeza a porção inferior da pelve com um lençol, amarrando-o como uma cinta. Depois, aduzir e girar internamente as extremidades inferiores. Então, fixá-las nessa posição. © Uso de cintas pélvicas à é benéfico para um tipo de fratura de pelve específico, que não pode ser detectado no exame físico; precisa de confirmação radiológica. © Não é indicado na ausência de radiografia, como no transporte da cena do acidente para o centro de trauma. © Porém, se há radiografia que confirma um tipo de fratura pélvica passível desse tratamento, a cinta pode ser aplicada antes de uma transferência de unidade hospitalar, por exemplo, principalmente se o paciente estiver em choque. © Traumas de pelve bastante instáveis - dificultam movimentação. ð Melhor forma de movimentação do doente com fratura estável reconhecida na palpação: usando uma maca articulável, ou levantando o doente diretamente, mantendo imobilização da coluna e posicionando-o sobre uma prancha longa LUXAÇÕES © Luxação é a separação de dois ossos na sua articulação, causada por significativa ruptura nos ligamentos, que em condições normais suportam e estabilizam a articulação. © Semelhante à fratura, uma luxação torna uma área instável, precisando de proteção pelo socorrista. Pode causar muita dor. © Diagnóstico pode ser confundido com o de uma fratura. A deformidade de uma articulação, porém, dá um indício para o tipo de luxação presente. © Doentes com luxações frequentes – podem estar familiarizados com o quadro, ajudando na estabilização. è Conduta: © Regra geral: suspeitas de luxação devem ser imobilizadas com tala na posição encontrada. © Se pulso fraco ou ausente, pode realizar uma manipulação leve da articulação para tentar restabelecer a perfusão. © Se o transporte até o hospital for rápido, é preferível levar o doente ao hospital, do que tentar a manipulação. © A manipulação causará grande dor – preparar o paciente. © É fundamental documentar aparência da lesão, presença de pulsos, cor, sensação e movimento, antes e depois da imobilização. © Durante o transporte, pode ser usado gelo ou compressas frias (redução de dor e edema). © Redução de luxação – realizar somente com protocolos que permitem fazê-la, ou sob orientação de médico on-line, ou com treinamento específico. Todas as tentativas de redução devem ser documentadas. CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS Doente crítico vítima de trauma multissistêmico © Prioridades da avaliação primária – XABCDE à “A vida tem preferência em relação ao membro”. © Foco: centrado na manutenção das funções vitais usando manobras de reanimação, devendo somente ser tomadas medidas simples para tratar as lesões de extremidade, independentemente da aparência delas. © Após imobilização em prancha longa, esqueleto e extremidades como um todo estão basicamente imobilizados em posição anatômica, sendo possível mover o doente com facilidade. © Se os problemas que oferecem risco à vida, observados na avaliação primária, demandarem intervenções contínuas, ou se o tempo de transporte até a unidade hospitalar for curto, não é necessário completar avaliação secundária. © Se a avaliação secundária for adiada por essa razão, o socorrista deve apenas documentar os achados que impossibilitaram sua realização. AMPUTAÇÕES © Amputação ou avulsão ocorrem quando um tecido é completamente separado de uma extremidade; ficando sem nutrição e oxigenação. © Amputação é a perda de parte ou de todo um membro. © Avulsão é quando ocorre laceração e desprendimento da pele e do tecido mole subjacente. © Sangramento inicialmente é grave nessas lesões. Com o tempo, diminui graças à retração dos vasos e à coagulação. © A movimentação pode romper o coágulo, reativando a hemorragia. © Amputações podem gerar sangramento intenso, porém é mais significativo em amputações parciais. © O socorrista precisa lidar com o impacto psicológico da perda de um membro pelo paciente, que precisa receber a informação após ser avaliado e tratado (caso não tenha percebido). © Localização da extremidade perdida, para posterior reimplante no hospital: deve ser feita (se a equipe for pequena, a avaliação primária deve ser realizada primeiramente). © Amputações são dolorosas, e causam impacto visual. Porém, fica em segundo plano, em relação às lesões que causam rico à vida. è Conduta: 1- Limpar a parte amputada delicadamente, lavando-a. 2- Envolvê-la com gaze esterilizada umedecida, colocando-a em um saco, ou recipiente plástico. 3- Rotular o recipiente com a porção amputada. Em seguida, colocá-lo em recipiente com gelo triturado. 4- A parte amputada não deve ser congelada, nem ser adicionado outro meio de resfriamento. 5- Levar a parte amputada juntamente com o paciente, até o hospital adequado mais próximo, e o mais rápido possível (aumenta a chance de reimplante bem-sucedido, ou retorno da função). © O transporte do paciente não deve ser adiado para localizar a parte amputada perdida. Se a porção amputada não for localizada rapidamente, outros socorristas e responsáveis pela segurança pública devem procurar no local. © Caso a porção amputada seja transportada separadamente, o socorrista deve garantir que os transportadores saibam o local correto da unidade de destino, e o que fazer com a parte amputada assim que a localizam. Quando localizada, transportar o quanto antes. SÍNDROME COMPARTIMENTAL © Representa situação de risco à vida, em que o aumento de pressão em um membro compromete o seu fornecimento sanguíneo. © As fáscias que envolvem os músculos das extremidades formam diversos compartimentos nos respectivos membros tem pouca elasticidade. Qualquer pressão pode causar síndrome compartimental. © Causas mais comuns: hemorragia dentro de um compartimento, edema, tala ou atadura muito apertada. © Sinais iniciais: parestesias e dor (geralmente desproporcional à lesão) © Sinais tardios: ardência de pulso, palidez, paralisia… Indicam uma síndrome já instalada, com risco de necrose. © Os compartimentos podem também estar tensos e rígidos à palpação. è Conduta: (hospitalar): © Medição da pressão nos compartimentos com suspeita da síndrome. Tratamento é feito com cirurgia. © Na cena: Manobras básicas, como remover talas ou curativos apertados, reavaliando a perfusão periférica e ajustando os curativos e imobilizações. © Além disso, realizar exames seriados em caso de transferências de longas distâncias. SÍNDROME DO ESMAGAMENTO (RABDOMIÓLISE TRAUMÁTICA) © Caracteriza-se pela insuficiência renal e morte após uma lesão muscular grave. Origina-se pelo esmagamento em grandes massas musculares, em geral coxa ou panturrilha. Ocorre liberação de mioglobina, que em excesso pode danificar os rins e causar paradas cardíacas. © Identificação ocorre por: • Aprisionamento/soterramento prolongados • Lesão traumática à massa muscular • Circulação comprometida na área lesionada è Conduta (equipe especializada): © Principal medida – rápida e agressiva reanimação com fluidos. © Os efeitos tóxicos da mioglobina e potássio devem ser minimizados antes da liberação do membro (com reanimação por fluidos), pois essas toxinas migrarão para outras partes do corpo como uma bolsa de veneno. EXTREMIDADE DILACERADA © Refere-se a uma lesão complexa causadapor alta transferência de energia, lesando significativamente dois ou mais estruturas como: Pele e músculo, tendões, ossos, vasos sanguíneos, nervos. © Causas principais: ejeção após colisão de veículos, atropelamentos, quedas de motocicleta. è Conduta: © O foco é na avaliação primária, descartando condições de risco à vida. © Pode ser necessário controle da hemorragia, até mesmo com torniquete, evitando choque hipovolêmico. © Imobilizar a extremidade dilacerada com tala, se possível. © Encaminhamento rápido a um centro de trauma (atendimento adequado). ENTORSES © Lesão na qual os ligamentos são estendidos ou rompidos. A causa é a torção repentina da articulação, assim como extensão normal de movimento. © Características: Dor significativa, inchaço, hematoma. Podem se assemelhar fratura ou luxação. © Diferenciação: radiografia. è Conduta: © Imobilizar com tala, em caso de suspeita de entorse (pois pode ser fratura ou luxação). © Gelo e compressas frias. © Encaminhamento. TRANSPORTE PROLONGADO © Durante transporte prolongado, repetir avaliação primária com frequência, para garantir a identificação de todas as situações de risco, e que não tenham surgido novas. © Obter sinais vitais regularmente. © Atentar-se à perfusão periférica. © Avaliar periodicamente funções motora, sensorial, pulsos, temperatura e cor. © Avaliar possibilidade de síndrome compartimental. © Usar dispositivos confortáveis para o paciente.