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Universidade do Estado da Bahia - Uneb Departamento de ciências da vida - Dcv Disciplina: Fisioterapia na Saúde do Trabalhador Discentes: Adriane Bispo do Nascimento, Brisa Santos Souza, João Victor Lima, Roberto Brito Velame Júnior, Rute Léa de Moura Pinto Laudo de avaliação da tarefa Introdução Em um mercado de pequeno porte são exercidas diversas funções, entre elas as funções de caixa (registra mercadorias em um ponto de venda e recebe o pagamento do cliente) repositor (repõe o estoque de produtos que estão diminuindo), sendo funções que envolvem movimentos repetitivos que devem ser avaliados para que haja um diagnóstico seguro e consequentemente possa resultar em intervenções adequadas. Discussão Nesta etapa consta o resultado parcial da terceira visita ao mercadinho, local escolhido para análise do posto de trabalho e desenvolvimento do laudo ergonômico. Durante a sua elaboração, foram enfatizadas as atividades realizadas pela funcionária no decorrer do seu dia de trabalho normal. Para a avaliação das tarefas da funcionárias dispomos de algumas ferramentas disponíveis no software da Ergolândia, que possibilitam uma mensuração do que é observado na análise das tarefas exercidas, entre elas escolhemos as seguintes: Análise de vídeos e fotos - Como auxiliar das demais ferramentas, e também para proporcionar um olhar para além das limitações das ferramentas. OWAS - O termo deriva de Ovaco Working Posture Analysing System. ● O método se baseia na amostragem das atividades em intervalos constantes ou variáveis, ● Verifica-se a frequência e o tempo gasto em cada postura. ● Nas amostragens são consideradas as posturas das costas, braços, pernas, uso de força e fase da atividade. RULA - O termo deriva de Rapid Upper Limb Assessment Avalia: membros superiores; postura, movimentos repetitivos, e força. Etapas: ● Seleção das posturas para avaliação; ● Pontuação das posturas; ● Diagramas de parte do corpo e tabelas; ● Conversão dos pontos. Strain Index (Moore e Garg) - Tem como objetivo avaliar o risco de lesão muscular nas mãos e punhos, se utiliza de uma equação de seis fatores para dimensionar um índice de sobrecarga para os membros superiores. Segundo Serranheira (2007), este método possui algumas limitações, tais como: limita-se a identificação de risco de lesões nos membros superiores, não é capaz de analisar múltiplas tarefas e não leva em consideração compressões mecânicas e vibrações. Duração do trabalho. SI = FIE x FDE x FFE x FPMP x FRT x FDT FIE: Intensidade do esforço; FDE: Duração do esforço; FFE: Frequência do esforço; FPMP: Postura da mão e punho; FRT: Ritmo do trabalho; FDT:Resultado Nível de Ação: Resultado Nível de Ação: Menor que 3 Não apresenta risco; Entre 3 e 6 Requer maior atenção e está sujeita a risco; Maior que 7 Possui alto risco; Resultados APLICAÇÃO DAS FERRAMENTAS Análise de Vídeos Inicialmente realizou-se algumas filmagens que serviram de instrumento de análise preliminar do ambiente e do indivíduo no ambiente. Garcez, Duarte e Eisenberg (2011) sinalizam em seu estudo a relevância quanto ao uso de videogravações na realização de pesquisas qualitativas e procedimentos de investigação em ciências naturais, sociais e humanas. A partir da análise do conteúdo dos vídeos pode-se notar alguns posicionamentos e comportamentos frequentes realizados pela funcionária, assim como posturas estáticas ou dinâmicas que julgamos danosas ao seu bem-estar e a funcionalidade do seu exercício profissional. Levou-se em consideração critérios como ergonomia física, avaliando sua postura, o manuseio de materiais e a repetição de movimentos. Analisamos também a relação do indivíduo com o ambiente de trabalho, utilizando critérios como carga, interação homem-computador ou equipamentos tecnológicos e stress. FUNÇÃO 01) ATIVIDADE REALIZADA: REPOSIÇÃO DE ITENS NAS GÔNDOLAS ANÁLISE: A atividade é realizada em ortostase, pode-se observar inclinação e torção do dorso, assim como flexão e rotação cervical. Há deslocamento e semiflexão das pernas. Para colocar os produtos nas prateleiras, realiza flexão de ombros e cotovelo, assim como levantamento de carga leve a moderada. FUNÇÃO 02) ATIVIDADE REALIZADA: ATENDENTE DE CAIXA ANÁLISE: A atividade é realizada em ortostase, pode-se observar torção do dorso, assim como flexão e rotação cervical. Para registrar os produtos no caixa, realiza flexão de ombros e cotovelo, assim como levantamento de carga leve a moderada. A realização dessa atividade requer uso de computador e máquina registradora, sendo solicitada a atenção da funcionária com frequência, e podendo provocar stress. FUNÇÃO 03) ATIVIDADE REALIZADA: EMPACOTADORA ANÁLISE: A atividade é realizada em ortostase, pode-se observar flexão e rotação cervical. Para embalar os produtos, realiza flexão de ombros e cotovelo, assim como levantamento de carga leve a moderada. QUADRO 01: ANÁLISE DAS ATIVIDADES PRINCIPAIS As posturas destacadas no quadro 01 são executadas com maior frequência, sendo mais propícias a gerar danos como lesões por esforços repetitivos (LER), distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) ou outras, portanto merecem maior atenção quanto a sua execução adequada. 02- Rula Com base no método Rula foram avaliados as posturas e movimentos repetitivos realizados pela profissional avaliada. Na tarefa de atendente de caixa as posturas selecionadas são mostradas nas figuras abaixo: Foi utilizado o site da Ergolândia que deu todo o suporte necessário para o uso da ferramenta Rula. braços, antebraços, punhos, pescoço, tronco e pés e pernas foram avaliados um de cada vez. No braço foi observado uma flexão entre os ângulos de 20° a 45° e em uma das posturas ocorreu também a elevação do ombro. No antebraço foi observado uma flexão de 60° a 100°. No punho foi observado uma extensão de mais de 15° e em algumas posturas também ocorreu rotação externa. No pescoço foi observado uma flexão de mais de 20° e em algumas posturas também ocorreu rotação. No tronco foi observado flexão de 0º a 20° e em algumas posturas ocorreu também uma rotação. Já nas pernas e nos pés foi observado que ambos aparentemente estavam bem apoiados e bem equilibrados. As imagens da avaliação da ferramenta Rula são mostradas logo abaixo: Os resultados da avaliação foram demonstrados através de uma tabela que informa as pontuações das posturas avaliadas, o nível de ação e a intervenção. Essa Tabela aparece logo abaixo: De acordo com a tabela, a avaliação teve uma pontuação máxima de valor 7, o que indica que a forma como a tarefa é executada não tem sido adequada, necessitando de mudanças imediatas. Na função de empacotadora os movimentos e posturas do braço, antebraço, punho, tronco, pescoço, pés e pernas foram praticamente os mesmos da função de atendente de caixa, a diferença é que na tarefa de empacotar os produtos, também foi observado em algumas posturas o movimento de abdução do braço como mostra a imagem à baixo: Sendo assim os resultados obtidos na função de empacotadora foram os mesmos dos da função de atendente de caixa. Na função de repositora ocorreram algumas diferenças em relação às posturas avaliadas na função de atendente de caixa e na função de empacotadora, pois as flexões nos braços variavam entre 20º à 45º graus e entre 45º a 90º graus. No tronco ocorreu uma flexão de 20° à 60°, além de rotação e inclinação lateral. Já as pernas e os pés não ficavam corretamente apoiados, pois havia momentos em que a repositora apoiava mais peso em um lado só e ocorriam movimentos repetitivos para que ela pudesse se deslocar. As imagens abaixo mostram as posturas avaliadas na função de repositora: Os resultados da avaliação da tarefa de repositora foram iguais aos das tarefas anteriores, ou seja, a pontuação foi 7. Porém se tivesse um valor máximo acima de 7, certamente o resultado seria maior que 7, pois na tarefa de repositora foram encontradas tanto as posturas e movimentos repetitivosdas outras tarefas, assim como foram observados posturas à mais e com maior ângulo, além de uma maior carga de peso. Sendo assim, em todas as tarefas precisará ser realizada uma intervenção na atividade laboral, principalmente na atividade de reposição. 03- OWAS O método tem como objetivo analisar a postura durante o processo e os ciclos de trabalho pelo posicionamento de costas, braços, pernas e nível de esforço, nesse caso específico são analisadas as duas principais tarefas exercidas: atendente de caixa e repositora. A partir da observação dessas tarefas obteve-se os seguintes valores: (Imagem 1: Análise da função atendente de caixa) (Imagem 2: Análise da função repositora) Tendo em vista que o método foi criado a partir de setenta e duas posições típicas e suas possíveis combinações, algumas tarefas podem correr o risco de não serem devidamente analisadas pela limitação na interpretação de potencial para lesão a partir da perspectiva de combinação entre costas, braços, pernas e esforço. É possível observar na imagem 1, a pontuação 1 na análise, onde de acordo com a resposta, não seria necessário nenhum tipo de intervenção na tarefa, entretanto, como se pode observar nas imagens abaixo, a postura adotada para realização da tarefa não é totalmente segura e demanda minimamente uma reeducação para prevenção de lesão. (Imagem 3: Execução da tarefa 1) Na imagem 2, é possível observar a pontuação 4 na análise, sendo eficaz para detectar as execuções com maior risco de lesão e indicando correções imediatas. Mesmo não sendo repositora sua função que demanda maior tempo, exige maior esforço e algumas posturas lesivas, acrescida de carga do material manejado, como é possível observar nas imagens abaixo. (Imagem 4: Execução da tarefa 2) Como definição geral a partir da análise de acordo com o método OWAS, é necessária uma intervenção com orientações corretivas. 04- Strain Index (Moore Garg) É um método que tem como objetivo avaliar o risco de lesão muscular nas mãos e punhos. Nessa avaliação em específico obtivemos os valores seguintes demonstrados nas imagens abaixo para as funções de atendente de caixa e repositora de itens, respectivamente: (imagem 1: avaliação da função atendente de caixa) (imagem 2: avaliação da função repositora de itens) As funções avaliadas foram atendente de caixa e repositora de itens. Devido à limitação da ferramenta de não avaliar duas tarefas simultaneamente foi necessário fazer o mesmo processo duas vezes, cada vez avaliando uma função da trabalhadora como mostra nas imagens acima. De acordo com o resultado da imagem 1, a avaliação teve uma pontuação de valor > 7 o que indica alto risco. Na imagem 2 a pontuação fica em 3 e 5 indicando resultado incerto. A forma como a atividade é executada segundo a primeira avaliação não é adequada e causa riscos de lesão. Na segunda, aparentemente uma atividade leve e com riscos incertos de lesão. Visto isso, conclui-se que nas duas tarefas há motivos para intervenção na atividade laboral, ainda que na atividade 2 (repositora de itens) tenha sido considerado “risco incerto” e uma intervenção especial para a atividade 1 (atendente de caixa) visto a alta chance de lesão. Conclusão A partir da aplicação das ferramentas pode-se concluir que algumas atividades realizadas pela funcionária devem ter maior atenção quanto a sua execução, por serem feitas com maior frequência. Algumas tarefas demandam bastante atenção durante sua realização e outras solicitam esforço físico e consciência corporal. Conhecendo-se especificamente os ambientes e situações maléficas ao trabalhador é possível o levantamento de medidas que visem reduzir possíveis danos a longo prazo. Acerca do uso das ferramentas, as mesmas apresentaram sobreposição de resultados que apontaram para o diagnóstico final, sendo a análise de vídeo um método mais fluído que acabou por acompanhar o desenvolvimento de todas as etapas e funcionou como suporte para a aplicação das demais ferramenta utilizadas (OWAS, RULA, Strain Index). Referência GARCEZ, Andrea; DUARTE, Rosalia; EISENBERG, Zena. Produção e análise de vídeogravações em pesquisas qualitativas. Educ. Pesqui., São Paulo , v. 37, n. 2, p. 249-261, Aug. 2011 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022011000200003 &lng=en&nrm=iso>. access on 08 May 2021. https://doi.org/10.1590/S1517-97022011000200003. COSTA, J. C. M, KLEIN, A. A. Utilização das ferramentas Moore Garg e Rula pré pós melhorias no setor operacional de uma indústria de bebidas. Conaerg. 2015( acesso em 21 mar 2021); 6:1-6. Disponível em: http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-1.amazonaws.com/engineeringproceedings/con aerg2016/6043.pdf https://doi.org/10.1590/S1517-97022011000200003 SILVA Junior, Joaquim. Avaliação ergonômica de posto de trabalho no setor de costura. 2014. Disponível em: http://www.dep.uem.br/tcc/arquivos/TG-EP-45-14.pdf. Acesso em:25 de Abr. de 2021. Um Guia sobre Ferramentas e Certificações da Análise Ergonômica. Disponível em: https://nucleohealthcare.com.br/2017/10/19/um-guia-sobre-ferramentas-e-certificaco es-da-analise-ergonomica/ Software Ergolândia 7.0 https://www.fbfsistemas.com/ergonomia.html Método Strain Index https://pt.scribd.com/document/139082080/Metodo-Strain-Index
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