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- -1 Introdução à Administração de Recursos Humanos Introdução Você já parou para pensar que se não fossem as pessoas, as organizações não existiriam? Entretanto, essa é uma ideia recente que foi sendo construída ao longo do tempo. Da mesma forma, a área de Recursos Humanos (RH) passou por várias transformações até que fosse estruturada em subsistemas, como vemos frequentemente nas organizações. Mas com tantos avanços na forma de se fazer negócios, será que o RH sofrerá novas mudanças? Neste tema, veremos como isso está acontecendo. Bom estudo! Ao final desta aula, você será capaz de: • conhecer como se estruturou a área de RH ao longo do tempo; • identificar os subsistemas de RH, conhecendo suas atribuições; • entender como as exigências atuais influenciam a missão e os objetivos da área de RH. Breve histórico da ARH A área de Administração de Recursos Humanos (ARH) já foi considerada a mais dispensável dentro do ambiente organizacional, pois os administradores não percebiam sua importância. Veja que, por volta de 1900, quando Taylor, Ford e Fayol tentaram tornar o trabalho mais produtivo, eles não estavam preocupados com a satisfação e a realização das pessoas, mas com a maximização dos lucros, por meio da otimização dos processos e da especialização. Por isso, buscaram extrair o potencial máximo da força de trabalho sem se preocuparem com as condições oferecidas (GIL, 2013). • • • - -2 Figura 1 - Condições de trabalho precárias Fonte: Marzolino, Shutterstock, 2018. Nessa época, a área, denominada como Departamento Pessoal, tinha a restrita função de aplicar medidas disciplinares nas pessoas que não se enquadravam nas regras e cumprir com as poucas determinações legais existentes (CHIAVENATO, 2014). Após 1927, por meio das descobertas da Escola das Relações Humanas, os gestores passaram a entender que os fatores psicológicos e sociais refletiam na produtividade. Assim, a área ganhou nova visão, entendendo que processos de comunicação, liderança e motivação deveriam ser enfatizados para se obter a desejada produtividade. O setor, agora chamado de Relações Industriais, passou a coordenar os departamentos da empresa e a intermediar as relações sindicais. (GIL, 2013) Com os avanços nas ciências administrativas e psicológicas da Era Neoclássica, década de 1950, passou-se a compreender a empresa como um sistema constituído por partes interdependentes, em que o setor de pessoal, agora denominado de Administração de Recursos Humanos, começou a realizar funções táticas de recrutamento e seleção, treinamento, sistemas de recompensas, avaliação de desempenho, segurança e higiene, entre outros. Nessa época, as pessoas já não eram mais consideradas como máquinas ou simples recursos, mas como seres inteligentes, porém sem voz ativa dentro das organizações (CHIAVENATO, 2014). Por fim, somente com as mudanças provocadas pela globalização e pelos avanços tecnológicos, a partir de 1990, é que se começou a perceber que, para se obter sucesso, a relação empresa-colaborador deveria ser de mútuo apoio e cooperação, pois ambos possuíam objetivos, necessidades e, portanto, precisavam um do outro. As FIQUE ATENTO Na medida em que o contexto mudou, ficando mais competitivo, a visão sobre a importância das pessoas na organização também mudou e, consequentemente, a relevância do setor de RH e seu papel sofreram alterações em seus paradigmas. - -3 apoio e cooperação, pois ambos possuíam objetivos, necessidades e, portanto, precisavam um do outro. As pessoas ganharam destaque, sendo consideradas como fonte de vantagem competitiva, posto que todo o restante dos atributos organizacionais poderia ser copiado pelos concorrentes, menos o talento humano. Observe, a partir da figura a seguir, as características das três principais Eras de evolução, relacionando contexto interno e externo da empresa à denominação do órgão de RH utilizada. Figura 2 - As 3 Eras do Século XX Fonte: Elaborado pela autora, baseado em CHIAVENATO, 2014. Assim, a denominação de Gestão de Pessoas e suas variações como Gestão com Pessoas e Gestão de Talentos, surgem no final do século XX, representando uma mudança de paradigma na área, visto que, agora, trata-se de um departamento estruturado e capacitado para atuar estrategicamente na empresa, a partir de subsistemas destinados a contribuir com os objetivos organizacionais. A seguir, conheça mais sobre cada subsistema. Subsistemas de RH Dada a diversidade de responsabilidades incorporadas pelo Recursos Humanos (RH), sua atuação foi dividida em subsistemas funcionais, os quais são adotados nas empresas como forma de organização do setor, a fim de facilitar o direcionamento de suas práticas e políticas. Assim, segundo Chiavenato (2014), as atividades do RH podem ser divididas em seis subsistemas, conforme a figura a seguir, cujos processos devem ser dinâmicos e integrados. - -4 Figura 3 - Os subsistemas de RH Fonte: Elaborada pela autora, baseado em CHIAVENATO, 2014. Agora, acompanhe as especificidades de cada subsistema: • agregar pessoas - responsável por incluir novas pessoas à organização, por meio do recrutamento e da seleção de profissionais, usando técnicas específicas para avaliar as competências e habilidades necessárias ao cargo vago; • aplicar pessoas - faz a integração do novo colaborador, explicando as regras, políticas e a cultura organizacional. Além disso, concebe o desenho de cargo, delimitando tarefas, responsabilidades, formação, habilidades e competências necessárias aos cargos, além da avaliação de desempenho e acompanhamento de carreira; • recompensar pessoas - cria formas de valorizar e recompensar as pessoas pelo trabalho, incluindo políticas de remuneração e incentivo, benefícios e serviços sociais; • desenvolvimento - responsável por diagnosticar as necessidades de treinamentos, capacitar os colaboradores e promover mudanças; • manter pessoas - cuida das relações sindicais, do clima, da higiene, segurança e qualidade de vida, visando criar condições de trabalho satisfatórias, em termos ambientais e psicológicos. • monitorar pessoas - busca manter e alimentar o banco de dados e sistemas de informações sobre as pessoas, além de acompanhar as atividades e verificar os resultados sobre a responsabilidade social. Veja que, uma vez contratados, socializados e treinados, é importante que o RH busque a permanência das pessoas na empresa. Por isso, esses subsistemas estão inter-relacionados, ou seja, o equilíbrio na condução dos processos é essencial, pois o mal funcionamento de um subsistema prejudicará o funcionamento de outros. (CHIAVENATO, 2014) • • • • • • - -5 Por isso, toda a área de RH deve ter um alinhamento interno em termos de suas políticas e práticas, visando a coerência com os valores organizacionais. Conheça a seguir o que muda no contexto atual. O RH no contexto atual As mudanças ocorridas no contexto externo, que se tornou turbulento e instável, provocaram transformações substanciais no contexto interno das organizações, exigindo que elas sejam rápidas e dinâmicas em suas decisões e processos, que tenham produtos e serviços de qualidade, respeitem o meio ambiente, ofereçam condições de trabalho adequadas. Enfim, que busquem integrar as necessidades e expectativas dos diversos parceiros, clientes, fornecedores, colaboradores, acionistas e a comunidade (CHIAVENATO, 2014). Figura 4 - Articular os diferentes parceiros organizacionais Fonte: ESB Professional, Shutterstock, 2018. Segundo Chiavenato (2013), para se engajar e aproveitar todo o potencial humano, as organizações estão mudando suas práticas gerenciais, deixando de focar em produtos e serviços para investir nas pessoas, uma vez que são elas irão criar, produzir e melhorar os produtos oferecidos. Nesse contexto, a área de RH também deve se adaptar, delineando missão e objetivos atrelados às metas e à estratégia organizacional, para, dessa forma, gerar os resultados esperados. EXEMPLO Uma empresa cujos cargos estejam mal desenhados e tenha avaliações desestruturadas,em que os itens avaliados não revelam com fidedignidade o desempenho do profissional, fatalmente terá um sistema de recompensas falho e injusto. - -6 Perceba que o papel antes atribuído à área, como o de apenas reagir às demandas existentes, não é mais capaz de atender às expectativas, nem tampouco garantir a sobrevivência da empresa. Torna-se necessário que o RH se configure como um setor estratégico que age proativamente e com visão de longo prazo. Nesse sentido, sua missão é cuidar das pessoas, visando promover o sucesso organizacional por meio delas. Para tanto, deve-se estabelecer políticas e práticas que atendam às necessidades das pessoas e, ao mesmo tempo, sejam coerentes com os objetivos organizacionais, de modo que as ações de cada subsistema estejam focadas no alcance dessas metas. Além disso, o RH deve estar preparado para lidar com os diferentes públicos que compõem a organização, pois será cada vez mais comum encontrarmos pessoas de diferentes gerações e culturas trabalhando juntas, mas com percepções distintas e talvez conflitantes. Por fim, o contexto competitivo e mutável pede por políticas e práticas inovadoras, que garantam tanto a satisfação e o sucesso da empresa quanto dos colaboradores. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de saber como se deu a estruturação da área de RH ao longo do tempo, conhecendo sua atual divisão em subsistemas. Além disso, pôde entender como o contexto influencia na missão do RH e na sua atuação. FIQUE ATENTO Um RH com visão ampla e sistêmica sobre a organização, que age para que ela atinja seus objetivos, automaticamente transforma as pessoas nos principais agentes de vantagem competitiva e cuida para que eles se destaquem cada vez mais. SAIBA MAIS Entenda como a diversidade cultural está integrada às práticas de gestão de pessoas, e como isso tem sido utilizado pelas organizações, lendo o artigo Diversidade nas organizações: inclusão social ou estratégia competitiva?, de Santos, Santana e Arruda (2018). - -7 Referências CHIAVENATO, I. o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4. ed. São Paulo:Gestão de Pessoas: Atlas, 2014. GIL, A. C. enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas. 2013.Gestão de pessoas: SANTOS, J. V. de M.; SANTANA, A. C.; ARRUDA, G. D'Avila. Diversidade nas organizações: inclusão social ou estratégia competitiva? . 2018. Psicologia.pt Disponível em: <http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1170. pdf>. Acesso em: 7 jun. 2018. http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1170.pdf> http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1170.pdf> http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1170.pdf> Introdução Breve histórico da ARH Subsistemas de RH O RH no contexto atual Fechamento Referências
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