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Intensivão de Portugês 2020 - Ebook

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Comunidade do Raul - suporte@comunidadedoraul.com - IP: 187.120.159.63
Licensed to Gabriel Junio Cardoso vieira - juniorgabfr11@gmail.com - 020.050.021-00
Não creio haver, para quem me acompanha, muito 
mistério quanto à serventia de lhes ministrar algumas 
aulas de português:
É que a coisa está feia. Muito feia. 
Mais feia do que bater na mãe por causa de mistura. 
Mais feia do que a Dilma chupando manga enquanto 
vê o cachorro oculto por trás das pobres criancinhas. 
(e, para quem ainda não viu a explicação que pus lá 
no destaque NÃO CAGUES MAIS sobre “mais que” ou 
“mais do que”: você está marcando bobeira)
Sejam muitíssimo bem-vindos, 
finalmente, ao nosso 
INTENSIVÃO DE
PORTUGUÊS 2020
tudo, tudinho sem sair do Instagram e perturbar a 
rotina (ou vício) de quem acompanha, todos os dias, 
os stories dessa gloriosa rede social.
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Primeiro 
exercício:
se você está aqui mas ainda não leu 
meu destaque “Mandando a Real”, 
pare, dê um pulinho lá e leia tudo 
com calma. 
Depois, 
volte aqui.
A quem já o leu, 
leia-o outra vez. 
É importantíssimo gravar aquelas informações na 
cabeça a ferro e fogo; imprimi-las em sulfites A4 
e grudá-los nas paredes de casa, como fez Jordan 
Peterson com os pôsteres comunistas e nazistas 
para não se esquecer jamais de como é embaixo e 
sanguinário o buraco em que se pode enfiar o bicho 
homem. 
Nosso buraco não é sanguinário, mas é embaixo. 
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ESTAMOS
EM PLENA
CRISE
LINGUÍSTICA. 
Quando doutores em semiótica 
não conseguem acertar uma crase 
e (quase) toda a classe política é 
francamente analfabeta, é bastante 
seguro dizer que não estamos a 
viver sob um estado normal de 
coisas.
Pior: muitos escritores best-sellers, 
jornalistas, tradutores e — pasmem! 
— revisores seriam cabalmente 
reprovados numa prova básica de 
português. 
Não estou falando de esmiuçar a 
sintaxe de Machado de Assis ou de 
saber de cor as dezenas de tipos 
diferentes de substantivos, dando a 
cada um o nome e as características 
que lhes cabem.
Estou falando de regência verbal, 
por exemplo. De não saber qual é 
a preposição que obrigatoriamente 
acompanha o verbo CONSENTIR. 
Não saber e não dar a mínima. 
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De não acertar conjugações verbais (certo crítico 
literário escreveu em seu Twitter, dias atrás, um 
“antes que me ENCHEM o saco”). 
De não acertar uma colocação pronominal. De 
escrever os verbos “vir” e “ter” no plural sem pôr-
lhes o acento. De não saber que o vocativo exige 
uma vírgula para o isolar ou que, via de regra, não se 
separa o sujeito do predicado. 
E para que estou dizendo tudo isso? Para posar 
de gostosão? Para criar aqui uma comunidade de 
gostosões, capazes de sair por aí apontando o dedão 
aos erros alheios? 
Não. 
Digo tudo isso já no começo para que nos 
contextualizemos. 
Nós, todos nós (eu, tu, ele, nós, vós, eles) sofremos 
duma séria incapacidade linguística. 
Diz o mestre Napoleão Mendes de Almeida: 
Já não ficamos escandalizados com algum deputado 
que discurse na Câmara com a mesma desenvoltura 
que o Ronaldinho Gaúcho demonstrava em suas 
entrevistas pós-jogo. Quando a elite se corrompe e 
rebaixa, o demais da sociedade segue-lhe o caminho. 
Portanto, quero deixar uma coisa muito clara aqui: 
“Nenhum país culto existe em 
que o idioma nacional não seja 
ensinado diariamente. Na Itália 
e na Alemanha Ocidental há 
8 horas semanais de idioma 
pátrio, contraste chocante 
com as nossas 3 parcas horas 
semanais, em nosso país 
que, por estatística da ONU, 
é o que mais férias tem.”
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A GRAMÁTICA NÃO É UM HOBBY. Não é 
um simples meio para o fim almejado; 
uma camisinha que se descarta depois 
de alcançado o gozo supremo de um 
cargo público ou vestibular gabaritado.
Quando você abre uma gramática (já 
lhes darei algumas recomendações) e 
se depara com aquelas terminologias 
esfíngicas e nomes bizarros que vão se 
multiplicando feito coelhos no Carnaval 
do Rio de Janeiro — o que está vendo? 
Está vendo
o esqueleto
da sua língua.
Está contemplando os tendões, os órgãos internos e 
o sistema nervoso do idioma que você ouviu TODOS 
OS DIAS desde que nasceu, e sem o qual não haveria 
nem o você como é, nem sua família ou amigos como 
são, e nem o País como foi, é e virá a ser. 
Sem a ligação afetiva e o respeito à língua, o estudo 
da gramática haverá de ser sempre estéril e um puta 
PÉ NO SACO. 
Assim como seria um puta pé no saco estudar 
medicina sem dar a mínima para o ser humano. 
A Gramática do Português é, em certo sentido, o 
próprio Português. 
Existem, nessa frase, muitos poréns e problemas? 
Sim. 
Interessam-nos agora? Não. 
O que me interessa é fazê-los levar a sério a língua 
que os formou. Com este CF, não tenho a pretensão 
de lhes dar um curso completíssimo de português — 
o que seria descabido tanto pela limitação do formato 
quanto pelas limitações atuais do professor.
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Quero: 
1) afinal de contas, a gramática: para que serve?
2) Ensinar-lhes um caminho mais seguro para 
estudá-la. Uma porta pela qual vocês possam ali 
entrar sem que se sintam perdidos, dando murros 
cegos em pontas de facas gramaticais;
3) Fugir ao formato comum de ensino de português 
atual, que, por um lado, exibe o professor feito 
um palhaço obrigado a fazer macaquices para ser 
ouvido, e, pelo outro, restringe a língua inteira 
a simples macetes e decorebas desligadas de 
qualquer explicação lógica sobre seus mecanismos 
internos;
4) Não é um intensivão voltado especificamente a 
quem queira passar no ENEM, em alguma prova 
de vestibular ou nalgum concurso. É português 
para quem quer AUMENTAR SUA CAPACIDADE 
EXPRESSIVA e potencializar uma de suas 
PRINCIPAIS FACULDADES: a língua;
Em última instância, o vocábulo GRAMÁTICA vem 
do grego GRAMMATIKÉ — “ciência ou arte de ler e 
escrever”. Ou, mais apropriadamente, “ciência dos 
caracteres gravados, da escrita”.
DEFINIÇÕES
DE GRAMÁTICA:
“Denomina-se gramática a reunião ou exposição 
metódica dos fatos de uma língua”. — Napoleão 
Mendes de Almeida 
“A chamada gramática normativa… estabelece 
padrões de certo e errado, correto e incorreto, 
para as formas do idioma. A gramática normativa 
estabelece a norma culta, ou seja, o padrão 
linguístico que socialmente é considerado modelar e 
é adotado para ensino nas escolas e para a redação 
dos documentos oficiais. Seu papel é apontar o 
que configura a existência de um padrão linguístico 
uniforme no qual se registre a produção cultural. — 
Pasquale
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“A gramática, antes de 
tudo, constitui-se a arte 
da escrita. Como a escrita 
é, porém, signo da fala, a 
Gramática quer (dentro de 
certos limites) normatizá-
la, e servir à Arte da 
Linguagem”. 
Floresça, fale, 
cante, ouça-se e viva 
A portuguesa língua, 
e já onde for,
Senhora vá de si,
soberba e altiva! 
ANTÔNIO FERREIRA
“A língua não é ‘imposta’ ao homem; este ‘dispõe’ 
dela para manifestar sua liberdade expressiva”. - 
Bechara
“Minha pátria é a língua portuguesa”. - Fernando 
Pessoa
Antes que se comece a estudar algum ramo do 
conhecimento, não é má ideia gastar algum tempo 
para aprender qual é, afinal de contas, o FIM a que 
se destinam aquelas incontáveisinformações e 
regras e deves e não deves. 
Muita vez, o radar de “não soa bem” está CERTO. 
E, em última instância, que é o tal radar senão a 
SENSIBILIDADE SONORA à língua, a apreensão 
intuitiva de sua realidade primária? 
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AULA 2 
Na última aula, quis deixar claro quais são os 
objetivos deste nosso CF e enfatizar por que escolhi 
tais objetivos e não outros.
A julgar pelas entusiasmadíssimas respostas que de 
vocês recebi pelo direct, vi que tinha feito realmente 
o certo ao não entrar logo de cara nos conteúdos 
gramaticais. 
Porém, acabei não dizendo na sexta-feira tudo 
quanto queria ter dito e, depois de muito matutar no 
assunto, cheguei à conclusão de que o melhor seria 
jogar o resto do conteúdo para hoje — o que, aliás, 
fará mais sentido, como logo se verá. 
Se vocês ainda se lembram de quais eram os dois 
primeiros objetivos que listei na primeira aula (o que 
espero seja o caso, mas não sou ingênuo), afirmei 
que 
(1) gostaria de lhes dar uma visão mais clara sobre a 
natureza e o fim da gramática, 
e (2) oferecer-lhes uma porta de entrada segura, ou, 
melhor dizendo, um mapa para que com ele vocês 
possam se guiar quando forem estudar a coisa por 
conta própria. 
É isso que
tentaremos
fazer hoje.
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Depois, hei de entrar no assunto que teria sido o 
complemento da primeira aula, mas terá serventia 
infinitamente maior se for exposto após as 
informações que virão a seguir. 
QUE É A
GRAMÁTICA E
PARA QUE SERVE? 
É um bocado assombroso que quase ninguém hoje 
em dia se faça uma pergunta tão óbvia.
E não me refiro especialmente aos leigos e 
estudantes. Não quero dizer que seja fantástico um 
motoboy chegar em casa, depois de passar 10 horas 
no trânsito infernal de São Paulo, tirar o capacete e 
NÃO se perguntar, com os olhos distantes em busca 
da Sabedoria: “mas o que é a gramática?”
Estou falando sobre o ensino mesmo da disciplina. 
Aqui no Instagram há muitas páginas sobre 
português e gramática. 
Se você espiar algumas delas, haverá de ver mais 
do mesmo repetido até a exaustão: dicas soltas e 
principais dúvidas. OS parônimos, a crase, a nova 
regra ortográfica e as regras de acentuação. 
Se for até o Youtube, o único lugar (por enquanto) 
onde há conteúdos mais sistemáticos, ainda assim 
não se encontra um só vídeo que discuta a natureza 
e importância da gramática, delimitando SEU fim 
além de seus meios e mecanismos internos. 
A pergunta “para que serve?” parece nem mesmo 
existir. 
POR QUÊ? 
A verdade nua e crua é a seguinte: a gramática 
não está nos seus melhores dias. Fatores de ordens 
política, educacional, acadêmica e cultural (ou, 
melhor dizendo, civilizacional) vieram nas últimas 
décadas embaralhando, transformando e aviltando a 
gramática. 
Primeiro, segundo nos informa o prof. Carlos Nougué 
no prólogo de sua Suma Gramatical, a gramática das 
línguas modernas foi-se fazendo às pressas e quase 
no improviso quando, entre os séculos XIV e XVI, 
firmaram-se os estados absolutistas e o latim deixou 
de ser a língua exclusiva da civilização. 
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Como as tais línguas não tinham uma tradição escrita 
de serviço às ciências e à filosofia, os gramáticos 
viram-se obrigados a fundamentar seus preceitos nos 
escritores que tinham às mãos: os literatos. 
Mas o grande escritor é, quase por definição, alguém 
que escapa às regras estabelecidas a fim de explorar 
novas potencialidades da língua e aumentá-la e 
fortalecê-la. 
Logo, diz o professor que as gramáticas “não 
buscavam com suficiente empenho fechar quanto 
possível paradigmas, e compraziam-se na 
multiplicação das exceções”. 
Ou seja, as gramáticas não tinham rigor lógico 
suficiente para criar regras consistentes, que 
pudessem resistir a ataques (que virão mais tarde). 
Segundo — ainda tendo o prof. Nougué como guia 
—, houve na década de 70 uma reforma educacional 
empreendida pelos militares positivistas com um só 
fim: transformar a educação numa força capaz de 
criar bons profissionais. 
Separou-se a faculdade de Filosofia da de Letras, 
arrancou-se do currículo escolar o Latim e o Francês 
e reduziu-se o Inglês à sua utilidade como língua 
do mundo comercial e “prático”. O famoso aprender 
inglês para conseguir um trabalho melhor, que até 
hoje existe. 
Para a gramática, a consequência foi a disciplina 
ter sido reduzida como o inglês: a partir de então, 
aprender-se-ia gramática só para conseguir 
uma aprovação em concursos e vestibulares. A 
elevadíssima ciência da linguagem fora reduzida a 
regrinhas e macetes infernais — o que também se vê 
hoje em dia, EM TODOS OS LUGARES. 
Terceiro, a ideia mesma do que é uma Universidade 
moderna só veio reforçar o pensamento utilitarista 
e reduzir a cultura em geral como as reformas 
educacionais dos militares haviam reduzido o 
português. 
(a vocês que já me pedem exercícios, façam este 
aqui: leiam o ensaio MARAVILHOSO de Otto Maria 
Carpeaux chamado “A Ideia da Universidade e 
as Ideias das Classes Médias”. É só arrastar para 
cima) 
Quarto, o surgimento e vertiginoso crescimento 
da linguística, que sem demora começou a invadir 
o terreno da gramática e minar-lhe a autoridade 
(quando não negava, sem rodeios, a própria validade 
da sua existência enquanto disciplina). 
Alguns linguistas puseram-se a atacar os 
fundamentos de que se valiam as gramáticas 
tradicionais para normatizar a língua. Os ataques 
foram eficacíssimos. A gramática cambaleou, e feio. 
Quinto, nas últimas décadas a qualidade do ensino no 
Brasil sofreu um baque TERRÍVEL, e nossos alunos 
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tiram sistematicamente os últimos lugares nos testes 
internacionais de educação básica. De novo, chamo à 
atenção meu destaque “Mandando a Real”. 
Pronto. Com esse brevíssimo apanhado, já se torna 
mais compreensível por que a gramática nos dias 
atuais parece ser rejeitada nos centros acadêmicos, 
reduzida pelos cursinhos e quase ignorada no ensino 
básico (isto sem falar na ideologização em massa do 
ensino).
Mas eu não me proponho a descascar aqui esse 
abacaxi. Só quis dar-lhes o apanhado para que 
vocês saibam por cima quais são as questões 
inevitavelmente ligadas ao estudo da disciplina, e 
para que se compreenda mais facilmente o que direi 
a seguir.
O QUE É A GRAMÁTICA? 
Segundo Celso Pedro Luft, a gramática normativa 
(que é a gramática de que trataremos aqui) “procura 
estabelecer um padrão de bem falar e bem escrever; 
codificar um uso modelar pautado pelas classes 
cultas e escritores consagrados.” 
Segundo Napoleão Mendes de Almeida, é “a reunião 
ou exposição metódica dos fatos de uma língua”. 
Basicamente, a gramática observa com atenção como 
a língua é usada por seus MELHORES USUÁRIOS e 
vai procurando sistematizá-la, ora trazendo à luz 
regras implícitas e como que “naturais”, ora criando 
por força política regras convencionais para que a 
língua seja padronizada e não se perca num enorme 
samba do crioulo doido linguístico.
A gramática serve, portanto, para estabilizar uma 
língua (pois as línguas sofrem mudanças constantes) 
e transformar num sistema reproduzível os melhores 
usos desta mesma língua.
(Há muitas, MUITAS questões aí no meio. Mas o 
básico é isso e, por enquanto, o básico basta).
“Beleza, Raul. E aí, o que eu tenho a ver com isso?”
A partir da próxima aula, havemos de entrar em 
conteúdos gramaticais estritos. Não quero que vocês 
caiam naquelas regras de paraquedas, sem saber por 
que estão lá.
A inteligência humanaé um troço maravilhoso: 
funciona muito melhor quando não o põem para fazer 
um serviço mecânico de repetição e memorização 
sem saber bulhufas sobre o objetivo da coisa toda. 
Agora vocês já estão mais preparados para pegar a 
gramática pelos chifres e domar a fera. 
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1 - O surto desenvolvimentista de 70 e Jarbas 
Passarinho;
2 - O surgimento e crescimento da linguística 
enquanto ciência da linguagem autônoma e separada 
da Gramática;
3 - A própria noção de Universidade e sua separação 
dos ideais elevados de Cultura: a proletarização do 
ensino (Carpeaux) 
QUOTES
“Ferdinand Brunot queria que a escola ensinasse 
a língua e não a gramática. Todas as pessoas 
sensatas devem querer o mesmo. O que importa é o 
conhecimento da língua, e não de nomes ou teorias. 
E conhecer a língua é saber usá-la com adequação 
e justeza, e não analisá-la ou decorar regras 
fantasistas”. — Celso Pedro Luft, Gramática Resumida 
Se você apenas escolher uma gramática a esmo, 
derramar a bunda sobre uma cadeira e resolver lê-la 
de cabo a rabo, tenho más (ou boas) notícias: você 
não vai conseguir. 
Até hoje, eu mesmo não li uma só gramática inteira. 
Consulto-as sempre, comparo-as umas com as outras 
e não as largo — mas não as leio da primeira à 
última página. 
O que você pode fazer? 
Três coisas.
1 - Pode aumentar tanto a frequência quanto a 
qualidade de suas leituras, delas se valendo sempre 
para aprender algo sobre o mundo REAL. Depois, 
comece a praticar sua escrita.
Dúvidas gramaticais começarão a surgir 
espontaneamente, ao longo de suas leituras e 
escritas. 
Consulte as gramáticas para tirar ESSAS dúvidas.
2 - Descubra qual é a hierarquia dos estudos. Isso 
faremos precisamente aqui, no CF. Não abordaremos 
todos e quaisquer pontos da gramática — só os que 
me parecem mais importantes para, a um só tempo, 
dar-lhes uma base razoavelmente sólida e melhorar, 
já agora, sua escrita. 
3 - (E essa dica VALE OURO): prestar atenção às 
nomenclaturas, em vez de por elas apenas passar 
correndo ou só enfiá-las na cabeça à força de cega 
decoreba. 
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Faça algum esforço para entender por que tais 
nomenclaturas foram escolhidas. Nem todas 
são absurdas ou inúteis. Adjetivos restritivos ou 
explicativos, substantivos derivados, palavras 
variáveis, apostos, sufixos, acento indicativo de 
crase (e não só crase)… 
O esforço da inteligência — que é, sempre, em última 
instância o esforço de fazer ligações entre entes — 
será recompensado.
Na próxima aula, hei de lhes recomendar alguns 
livros e já entraremos no conteúdo gramatical. 
E por favor: pintem os stories de que gostaram mais 
e os repostem! 
VAMOS DEIXAR A GALERA 
COM AQUELA GOSTOSA DOR 
DE COTOVELO. 
AULA 3 
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Sejam muitíssimo bem-vindos à nossa terceira aula, 
senhoras e senhores #chegados!
Nas últimas duas aulas, julguei que seria melhor 
dar-lhes uma visão panorâmica do assunto para 
que estivéssemos todos a par de quais são suas 
dificuldades e de qual é o meu objetivo.
Agora, está na hora de entrar no assunto. 
E a primeira coisa a se fazer é óbvia: onde conseguir 
material de apoio confiável para continuar os estudos 
após (e até durante) o CF? O que ler? Há muitas 
gramáticas no mercado. 
Ora, como eu já disse, a ideia de pegar um 
calhamaço de gramática e lê-lo de uma ponta à outra 
é história pra boi dormir. Mas não ler a coisa inteira 
não quer dizer que não se deva lê-la em absoluto. 
A primeira lição de hoje é: consultar gramáticas 
deve se tornar um hábito.
Você não deve se sentir um analfabeto se estiver 
vasculhando as páginas de um volume qualquer 
para não deslizar na conjugação dum verbo ou saber 
quando usar um pronome reto ou oblíquo. 
Por definição e experiência própria, digo-lhes com 
toda a certeza que só não sente dúvidas sobre 
o português QUEM NÃO SABE QUASE NADA DE 
PORTUGUÊS. 
É como o cego que, precisamente por ser cego, 
desenhasse linhas tortas num papel e se julgasse o 
próprio Picasso. A imensa dificuldade do ofício ser-
lhe-ia invisível. 
Portanto, meus chegados: consultem gramáticas. 
Consultem compêndios de dificuldades gramaticais. 
Consultem sites (confiáveis). Consultem dicionários. 
NINGUÉM É OBRIGADO A SABER TUDO SOBRE 
PORTUGUÊS. Até mesmo os mestres mais 
aquilatados invariavelmente prefaciam suas obras 
com antecipações de pedidos de perdão por 
quaisquer erros, além de humildes convites para que 
seus pares os corrijam se for necessário. 
Consultem, consultem, consultem.
Agora, vamos às recomendações.
Fujam da gramática de Evanildo Bechara. Por 
que é ruim? Não. Por que Bechara não é confiável? 
Não. 
É que sua gramática foi escrita para outros 
estudiosos. Não é uma gramática para estudantes, e 
sobretudo não se destina a leigos e simples falantes 
do português, como nós, que estão querendo 
dominar melhor sua própria língua.
É uma gramática cheia de questiúnculas periféricas, 
escrita num português acadêmico e científico que não 
é lá muito convidativo.
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Até onde li, gostei da “Novíssima Gramática da 
Língua Portuguesa” do Domingos Paschoal Cegalla. 
Sua linguagem é clara, direta e elegante. Mas não 
a li o suficiente para que possa recomendá-la sem 
reservas. 
Quanto à Suma Gramatical do prof. Carlos 
Nougué, livro sobre o qual recebo perguntas quase 
diariamente, aqui vai a perspectiva de um 
estudante: seu estilo não é claro. Às vezes, tenho 
que fazer muito esforço para acompanhar-lhe o 
raciocínio, tudo porque houve em alguma frase certa 
inversão sintática que seria dispensável. 
Não acho que a maior parte das pessoas vá 
conseguir sair-se melhor do que eu com sua 
leitura. O assunto, sozinho, de vez em quando já 
é espinhoso; não convém pôr espinhos também no 
cabo da tesoura que usamos para cortá-lo e podá-lo.
E aí nos sobram as duas gramáticas que mais 
recomendo.
Primeiro, a do mestre Napoleão Mendes de 
Almeida. Em vida, Napoleão foi internacionalmente 
reconhecido como uma das maiores autoridades 
sobre a língua portuguesa. Até hoje, é referência 
incontornável quando se trata de português. 
Só não a ponho em primeiro lugar porque 1) 
Napoleão é, pedagogicamente, extremamente rígido, 
e poucos aguentariam o tranco de ler sua gramática; 
2) elegantíssimo escritor, sua linguagem não é 
simples. Isto é: para quem não está acostumado a 
ler, seu português não é coisa que se leia de modo 
fluído e mais tranquilo. 
Repito: Napoleão é um mestre e referência 
incontornável. Só não acredito ser o mais 
recomendável para nós, estudantes da primeira 
metade do séc. XXI. 
Segundo — e finalmente —, chegamos à Nova 
Gramática do Português Contemporâneo, de Celso 
Cunha e Lindley Cintra. 
E aí está a gramática que lhes recomendo. 
Suas vantagens são muitas: 1) a linguagem é, como 
a do Cegalla, clara, acessível e elegante; 
2) o papel normativo da gramática é por eles bem 
fundamentado, sem muitos rodeios ou a linguagem 
hermética do Bechara;
3) TODOS seus exemplos foram retirados de bons 
escritores, e não somos bombardeados com aquelas 
frases aleatórias como “Pedro pegou a bola”;
4) Os autores não ficam de lengalenga e são 
bastante diretos. Suas explicações são curtas, 
eficientes. Não se demoram mais do que é preciso e 
não se deixam desviar;
5) Portanto, sua leitura é agradável, proveitosa e 
(tanto quanto é possível) fácil. 
E com mais uma vantagem: a editora Lexikon lançou 
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uma “Gramática Essencial”, organizada creio eu por 
alguma parente de Celso Cunha, que é baseada na 
Nova Gramática do Português Contemporâneo e 
a simplifica e reduz, voltando-a para o público do 
ensino médio. 
É um livro de bolso, minúsculo, com 400 páginas. Eu 
o adoro e lhes recomendo também, enfaticamente. 
E aqui encerramos a primeira parte da aula de hoje. 
Na segunda parte, como prometido, começaremos a 
mapear o terreno gramatical. 
Façam seu break, tomem seus cafés e esvaziem suas 
bexigas. Voltamos daqui a pouco.
SEGUNDA PARTE
A Gramática (será conveniente usar a letra maiúscula 
quando estiver me referindo à disciplina ou ciência da 
Gramática, coisa que até aqui não fiz) divide-se em 
três partes, cada uma dedicada à descrição e análise 
de um SISTEMA: 
FONOLOGIA/FONÉTICA, ou sistema fônico
MORFOLOGIA, ou sistema mórfico
SINTAXE, ou sistema sintático.
Como já reiterei aqui várias vezes, quando se trata 
de estudar a Gramática de forma prática as três 
partes NÃO ESTÃO EM PÉ DE IGUALDADE. 
A FONOLOGIA/FONÉTICA ocupa-se do aspecto 
sonoro das palavras; a MORFOLOGIA de todos os 
seus demais aspectos, sejam eles materiais, sejam 
imateriais; a SINTAXE ocupa-se das palavras em 
relação às outras que com elas se juntam para 
formar frases. 
Ora, já adiantemos algo aqui: a FONOLOGIA/
FONÉTICA é a parte menos importante das três. 
Quanto às outras duas, há tamanha interconexão 
entre ambas que alguns hoje em dia já falam apenas 
de MORFOSSINTAXE. 
O que estudam a Fonologia e a Fonética? 
Uma e outra estudam, como já dito, o aspecto sonoro 
das palavras. A diferença é que a Fonética estuda 
as variações (ou manifestações possíveis) de um 
MESMO FONEMA. Sabem os sotaques? Pois é, campo 
da Fonética.
Já a Fonologia ocupa-se dos sons que são distintivos 
de significado entre as palavras. Dizer “avó” não é a 
mesma coisa que dizer “avô”. Há uma diferença de 
sentido. Campo da Fonologia. 
A Fonética, portanto, é um campo de estudos 
reduzidíssimo e já fica fora da jogada. Continuemos 
com a Fonologia.
A Fonologia estuda, por exemplo, como é que nosso 
aparelho fonador materializa os vários fonemas.
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“Raul, não entendi bulhufas”.
Reformulemos: a Fonologia quer saber o que fazem 
os pulmões, a traqueia, as cordas vocais e os lábios e 
os dentes e a p**** toda quando dizemos um “a”. 
As cordas vocais deixaram o ar passar livre, leve 
e solto ou fizeram-lhe algum obstáculo? Em que 
posição estava a língua na boca? E os dentes, que 
raios estavam aprontando? Os lábios estavam 
fechados ou arreganhados? 
E por aí vai.
A Fonologia também define e classifica as vogais e 
consoantes, além de estudar como funcionam os 
encontros fonêmicos — isto é, em vez de só estudar 
os fonemas separadamente, vai lá e os observa em 
ação, todos juntinhos numa palavra.
Caem sob sua jurisdição as sílabas e o estudo da 
Tonicidade (vale lembrar que as palavras só têm 
sentido quando existe uma sílaba tônica e ela está 
posta no lugar certo. O significado mesmo de uma 
palavra dita só existe se a ênfase da voz recair 
sobre este ou aquele grupo de letras. Um troço bem 
importante e curioso). 
Depois, vêm a Ortoépia (que se ocupa da correta 
pronúncia dos fonemas: tanto de palavras soltas 
quanto da ligação sonora adequada que deve haver 
entre uma palavra e outra);
e a Prosódia (que se ocupa das pausas, dos acentos 
e dos tons. A Ortoépia restringe-se aos chamados 
“fonemas segmentais”: as vogais e as consoantes). 
“Ótimo, Raul. E o Kiko?”
E o Kikocê tem a ver com tudo isso é o seguinte: 
ainda que a realidade primária de uma língua seja 
SONORA e não ESCRITA, e ainda que eu sempre lhes 
diga para que vocês treinem os seus ouvidos (que a 
boa escrita tem cadência e ritmo etc.), a verdade nua 
e crua é que a Fonologia não fará grandes maravilhas 
pelo seu português prático. 
Saber se uma consoante é “oclusiva”, “vibrante” ou 
“lateral” é quase perfeitamente irrelevante para o 
usuário normal da língua. Quanto à acentuação, o 
melhor jeito de acertá-la é ter muito contato com 
quem escreve bem e fazer consultas a qualquer 
dicionário, sempre que surgirem dúvidas. 
Eis o ponto: saber como funcionam os mecanismos 
sonoros da língua não é tão importante e frutífero, 
NA PRÁTICA, quanto compreender as classes 
gramaticais ou dominar um tiquinho a análise 
sintática. 
Quando se trata do som, é mil vezes mais importante 
treinar o ouvido esteticamente do que se entupir de 
conceitos sobre o funcionamento fônico duma língua. 
É mais importante você ler uma frase, reproduzi-
la mentalmente e conseguir dizer: “isso SOA 
HORRÍVEL”, do que ter na ponta da língua que uma 
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consoante surda é produzida por cordas vocais que 
não vibram. 
Futuramente (isto é, fora deste CF), quando 
estudarmos a língua de forma mais completa e 
sistemática, havemos de abordar a Fonologia. Por 
enquanto (isto é, dentro deste CF), o que faremos é 
estudar certos aspectos da Morfologia e da Sintaxe — 
ou, para os mais chegados: estudar a Morfossintaxe. 
Nos vemos na próxima aula. 
AULA 4
Classes Gramaticais e 
Substantivos
CLASSES GRAMATICAIS
E SUBSTANTIVOS
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Chegados, sejam bem-vindos à nossa quarta aula! 
Na última, pus de lado o estudo pormenorizado da 
Fonética e Fonologia e lhes expliquei meus porquês. 
Agora, pois, entremos no estudo da primeiríssima 
área gramatical que exige nossa atenção. Estudá-la e 
entender como funcionam seus mecanismos internos 
haverá de ter efeitos REAIS e IMEDIATOS sobre o 
uso diário da língua. 
Não, não é a Ortografia (mais comentários sobre a 
pobrezinha later). 
Estou falando das CLASSES GRAMATICAIS. 
“Raul, meu Deus do céu, já começaram aqueles 
termos bizarros, sobre os quais não entendo 
bulhufas e cuja compreensão está reservada a 
uma casta de gênios, aiputamerdatôpassandomal e 
xfaegegsgsngsoihgsuehaca” 
PALMA! Não priemos cânico. 
Como diria o Bane, do terceiro filme (lixo) da trilogia 
do Batman: 
“Now is not the time for fear. That comes later”. 
CLASSES GRAMATICAIS quer dizer, pura e 
simplesmente, “grupos ou conjuntos organizados de 
palavras”. Quer dizer que as mais de 400 mil palavras 
(!!!!) do português cairão, forçosamente, em uma 
dessas 10 classes.
Já Platão e Aristóteles tinham notado que havia 
basicamente dois TIPOS de palavras. Isto é, que 
palavras diferentes exerciam funções IGUAIS. Eram 
elas os SUBSTANTIVOS e os VERBOS.
Com o passar do tempo, foi-se aprimorando o estudo 
e, no caso do português (pois há outras línguas com 
mais ou menos classes), chegou-se a DEZ TIPOS de 
palavras.
Sim. As classes gramaticais são DEZ. Algumas bem 
curtinhas, outras um pouco mais longas. 
Saber mais ou menos para que serve (o que, no 
fundo, é o critério que se usa para classificá-las) cada 
uma delas já lhes será de ENORME AJUDA para saber 
muito mais sobre a língua. É a primeira porta de 
entrada que lhes prometi.
São elas:
SUBSTANTIVO
ADJETIVO
VERBO
PRONOME
NUMERAL
ARTIGO
ADVÉRBIO
PREPOSIÇÃO
CONJUNÇÃO
INTERJEIÇÃO
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As seis primeiras, que estão agrupadas todas 
juntinhas, são VARIÁVEIS. Ou seja, são palavras que 
podem variar (dur) de acordo com gênero, número 
e (no caso dos VERBOS, a classe mais variável de 
todas) tempo, modo, aspecto, número e pessoa. 
Às outras quatro dá-se o nome de INVARIÁVEIS. Ou 
seja: que não variam (dur). 
Quando este que vos escrevecomeçou a estudar 
português, havia um problemão: eu não sabia direito 
o que significavam as dez classes gramaticais. 
Ou seja, não sabia DE VERDADE para que servia 
um pronome, uma conjunção ou até um adjetivo. 
O resultado era eu ficar completamente perdido 
quando lia a explicação de algum gramático, toda ela 
fazendo referência (óbvia e inescapável) às classes 
de palavras. 
Se você não tem a mínima ideia do que é uma 
preposição, por exemplo, certas explicações não lhe 
explicarão nada.
Exemplo: a mania, contrabandeada da sintaxe do 
inglês, de terminar as frases com “sobre”. Dias atrás, 
li no Instagram a seguinte frase: “…a importância do 
discernimento entre as coisas que temos controle 
sobre e as que não temos controle sobre”. 
Se você souber direitinho o que é uma preposição, a 
falta de noção do que se lê acima fica-lhe evidente só 
com a definição da classe: preposições são palavras 
que LIGAM outras palavras, estabelecendo entre elas 
certas relações. 
Ora, se ligam palavras, como raios podem ser o final 
de uma frase? Seria como grudar uma ponte na 
lateral de um prédio — algo ia estar faltando.
O certo seria: “…entre as coisas sobre as quais 
temos controle e sobre as quais não temos controle.” 
Reordenar a posição da preposição aliás nos obriga 
a melhorar a frase no geral, trocando “que” por “as 
quais”. 
A mesma coisa dá-se infinitamente com todas 
as demais classes de palavras. Se você aprendê-
las direitinho, uma enormidade inacreditável de 
problemas NÃO SURGIRÃO. Assim como não 
surgiriam para um pedreiro que sabe exatamente 
o que car**** fazem todas as suas ferramentas, e 
conhece-lhes todas as potencialidades. 
Portanto, o que eu farei nas próximas aulas é 
repassar com vocês, uma a uma, todas as dez 
classes gramaticais. 
Já adianto: no que toca ao nosso aprendizado, elas 
não têm todas a mesma importância. As duas mais 
importantes são o SUBSTANTIVO e o VERBO, porque 
constituem a base das frases. Sem as duas, nada 
feito. 
Entre o substantivo e o verbo, a que mais nos tomará 
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tempo é o verbo. Pois os verbos são as benditas 
palavrinhas que MAIS VARIAM (contem aí: gênero, 
número, pessoa, modo, tempo, voz…), e, sozinhas, 
determinam uma cacetada inteira de informações 
essenciais à compreensão das frases. 
Como, por exemplo, QUEM fez o QUE e QUANDO. 
Outras classes, como os numerais, os artigos 
e as interjeições são tranquilíssimas, e descem 
redondamente pela garganta do intelecto até o 
estômago da compreensão (patrocínio, SKOL). 
Porém, chega de blá-blá-blá e comecemos.
Comecemos com o tipo de palavras mais antigo de 
todos.
Tão antigo, a bem dizer, que foi nosso pai Adão o 
primeiro a usá-lo. 
E disse Deus a Adão, em meio a sei lá quantos 
bilhões de bichos, que iam desde chiuauas até 
Tiranossauros Rex, no Jardim: “dê nomes a todos 
eles.”
Vamos começar com o SUBSTANTIVO. 
“Raul, TODO MUNDO sabe o que é um substantivo”. 
Sabe mesmo?
Então, vamos à luta. 
SUBSTANTIVOS são palavras com que nomeamos os 
seres em geral. Eis a definição que está nas melhores 
gramáticas. 
Mas apenas seres físicos, palpáveis, como cachorros, 
ou chutáveis, como políticos e latas de lixo? Não. 
Também seres imaginários, fabulosos. Seres como as 
sereias, os unicórnios ou o Zé do Caixão. 
E aí vem uma pergunta:
[ENQUETE] 
BELEZA, por exemplo, é substantivo ou 
adjetivo? 
Como você viu, BELEZA é um substantivo. Mas que 
raios de SER é BELEZA? Não é um bicho imaginário 
ou algum objeto material. Não é uma pessoa. Mas é 
alguma coisa (e aqui entramos em uma das muitas 
maravilhosas confluências que há entre o estudo 
da linguagem e a filosofia; o estudo da realidade 
mesma).
Ora, dizer que “Henry Cavill é belo” (o desgraçado 
fica mais bonito do que 99% da humanidade com a 
desgraça dum BIGODE) não é a mesma coisa que 
repetir a célebre frase, atualmente descolada entre a 
gente conservadora: “A Beleza salvará o mundo”. 
No primeiro caso, a “beleza” é uma QUALIDADE ou 
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CARACTERÍSTICA do SER que é Henry Cavill. No 
segundo caso, o SER é a própria BELEZA. Trata-se da 
substância mesma da coisa. Ela em si. Não ela como 
característica de alguma outra coisa. 
Os substantivos que designam seres que, reais ou 
não, têm formas materiais identificáveis (unicórnios 
são cavalos com chifres; pessoas são bichos com 
duas pernas), são chamados de CONCRETOS.
Os substantivos que designam palavras como 
beleza, coragem, amor, frio etc. são chamados de 
ABSTRATOS. Designam noções, ações, estados e 
qualidades TOMADOS COMO SERES. 
São os dois tipos principais. Existem outros: 
Comuns: os que designam seres da mesma espécie. 
Cavalo, menino, computador (há vários cavalos, 
meninos e computadores) 
Próprios: os que se aplicam a um ser em particular. 
Só existe um Ronaldinho Gaúcho no mundo; não 
aguentaríamos dois homens de tamanha qualidade; 
Simples: os que são formados de um só radical. 
Chuva, pão, lobo
Compostos: os que são formados por mais de um 
radical. Guarda-chuva, passatempo, beija-flor.
Primitivos: os que não derivam de outra palavra da 
língua portuguesa. Pedra, ferro, dente, trovão.
Derivados: os que derivam de outra palavra. 
Pedreira, ferreiro, dentista, trovoada. 
Coletivos: os que designam um conjunto de seres 
da mesma espécie. Constelação, exército.
PRESTEM ATENÇÃO: o mais importante, de 
longe, é você conseguir IDENTIFICAR se uma 
palavra é substantivo ou não. 
Portanto, para os fins práticos que nos orientam 
neste CF, as duas classes mais importantes são os 
concretos e os abstratos. Comece a TREINAR sua 
percepção, identificando-os nas frases que você ler e 
escrever. 
Uma clareza até ali insuspeita começará a surgir-lhes 
na inteligência. Eu lhes garanto. 
OBSERVAÇÃO: 
existe, na língua portuguesa, uma coisa chamada 
SUBSTANTIVAÇÃO. Ocorre ela quando uma palavra 
que originalmente NÃO ERA um substantivo age, 
vejam só, como um SUBSTANTIVO. 
Exemplo: “O cantar dos pássaros alegra a manhã”. 
“Cantar”, originalmente um verbo, aí aparece 
substantivado. Funciona como “canto”. Também as 
palavras substantivadas vocês têm que se treinar 
para perceber, a partir de agora.
Uma dica importantíssima é: para que possam ser 
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substantivadas, as palavras (que podem vir de quase 
todas as outras classes gramaticais) têm que estar 
acompanhadas ou de um artigo (como “o cantar”);
ou dum pronome (“eu não aceito seu não como 
resposta). 
NÃO SE PREOCUPEM com decorar todos os tipos de 
substantivos. O mais importante é, repito, vocês 
treinarem sua percepção. 
Treinem seus olhos para identificar os substantivos 
e, repito (de novo): uma clareza que chega a ser 
estranha começará a surgir, e não só na leitura de 
vocês. Nas suas cabeças. Uma ordem maravilhosa. 
E, para ajudá-los com isso, vamos a alguns 
exercícios: 
Na frase “O aluno interessado vai bem nas provas” 
a palavra em negrito é um substantivo? 
(Não, é um adjetivo. É uma característica de 
“aluno”.)
E na frase “O interessado é ele, e não eu”? 
(Sim, é substantivo. Notem a presença do artigo 
“O”.)
Na frase “Todos agradeceram seu gesto amigo”: 
AMIGO é substantivo? 
(Não, é adjetivo. Por quê? Porque “amigo” aí é 
um característica ou qualidade do gesto, e não a 
“substância” do que é um amigo.
Substantivos podem funcionar às vezes como 
adjetivos. Não lhes expliquei isso na aula e pus 
a pergunta aqui para testá-los mesmo. Não se 
preocupe se você, amigo ou amiga, errou esta aqui.) 
Hoje paramos por aqui, meu povo. Espero que 
tenham gostado da aula, e que o conteúdo lhes tenha 
ficado claro. Caso contrário, enviem-memensagens.
Se a aula foi boa, peço-lhes o de sempre: pintem 
alguma tela de que gostaram bastante e a 
compartilhem nos seus perfis!
Até amanhã! 
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CHEGADOS, sejam bem-vindos à quinta aula do 
nosso Intensivão! 
Na aula de ontem, enfim lhes apresentei a porta de 
entrada que havia prometido para um estudo mais 
ordenado, fluído e fecundo da Gramática: as classes 
gramaticais. 
Expliquei-lhes o conceito de SUBSTANTIVO, vimos 
por cima quais são seus diversos tipos e, no final, 
bati numa tecla diferente: disse-lhes que vocês 
precisavam treinar-se para identificar os substantivos 
nos textos que leem e escrevem. 
Hoje, havemos de passar à segunda classe 
gramatical mais importante de todas. A classe 
de palavras que, junto com o substantivo, é a 
responsável por criar a base das frases. Portanto, a 
base da língua e do raciocínio mesmo.
A bem dizer, o verbo é tão importante para a 
construção do sentido que, mesmo se arrancássemos 
de um certo parágrafo todas as outras palavras, 
deixando apenas os verbos, ainda assim restaria 
algum sentido bastante identificável:
“Fulano bebeu tanto que cambaleou, escorregou 
no bar e caiu com a cara no chão.”
Bebeu - cambaleou - escorregou - caiu. Ainda se 
pode ver algum sentido, aliás bastante claro. Tem-se 
aí a jornada dum pé-de-cana. 
VERBOS
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Se, porém, tirássemos todos os verbos da frase… 
O verbo é a classe de palavras mais variável da 
língua, com flexões de PESSOA, NÚMERO, MODO, 
TEMPO e VOZ; 
É o eixo em torno do qual gira toda a análise 
sintática. Seu ponto de partida; 
São as palavras que, sozinhas, dizem QUEM fez o 
QUE (ou o QUE aconteceu a QUEM), e QUANDO. 
Senhooooooooooooras e Senhoooooooooooores: 
Subindo ao ringue do Intensivão, pesando sei lá 
quantos incontáveis quilos (com suas milhares de 
palavras), a Classe Gramatical que já fez muita 
gente beijar a lona e todos os dias nocauteia sem dó 
usuários incautos da língua portuguesa:
 
Os VEEEEEEEEEEEERBOS (plateia vai à loucura)
Como no caso do substantivo, hei de dar ênfase às 
partes e características do verbo que me pareçam 
mais imediatamente úteis a vocês, assim como foram 
a mim. 
Vamos começar, portanto, pelo inescapável:
sua DEFINIÇÃO.
“Raul, verbos não são ações?”
Sim, são. Jogar bola, esmurrar alguém, piscar os 
olhos, tocar pandeiro na rodinha de samba… são 
todas ações. Verbos. 
E o que são ações? Ação é tudo o que se faz. São 
quaisquer operações de um agente, humano ou não.
Ninguém “faz” Beleza. Faz alguma coisa que é bonita. 
Pintar um quadro, por exemplo.
Mas não é só isso. 
[Enquete] 
“Ontem choveu”. Há um verbo na frase? 
Sim. “Choveu” é um verbo. Verbo sem agente. 
Designa ele um fenômeno da natureza.
“Tenho estudado bastante português”. Tenho é um 
verbo?
Sim. É um verbo auxiliar: tem a função de juntar-
se às formas nominais de outros verbos para criar 
coisas como a voz passiva (“foi ferido” em vez de 
“feriu”), os tempos compostos (“tinha chegado”) e as 
locuções verbais (“hei de + verbo”).
“Faz dois anos que eu criei esta minha conta do 
Instagram.” Além de “criei” existe algum outro 
verbo?
Sim, o verbo impessoal “faz”, que aí está designando 
tempo transcorrido.
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Portanto, de cara fica claro que “verbos são ações” 
não é uma definição suficientemente abrangente. 
Vamos, portanto, de Cegalla: “Verbo é uma palavra 
que exprime ação, estado, fato ou fenômeno. 
Ou de Celso Cunha e Lindley Cintra: “Verbo é uma 
palavra de forma variável que exprime o que se 
passa, isto é, um acontecimento representado no 
tempo”. 
Bem melhor, não é? Sobretudo esta última, 
que define o verbo como algo que designa um 
acontecimento qualquer representado no tempo.
Qualquer verbo, seja ele composto ou não; esteja 
ele no modo subjuntivo ou indicativo, na forma 
regular ou irregular, na primeira, segunda ou terceira 
pessoa, não importa: estará sempre designando um 
acontecimento que é representado NO TEMPO.
E aqui proponho o mesmo exercício que já fizemos 
em relação ao substantivo: aprendam a IDENTIFICAR 
adjetivos num texto, ainda que não saibam dar-lhes 
os nomes respectivos ou classificá-los em tal ou qual 
categoria.
A familiaridade imediata com a língua é o mais 
importante. 
Porém, com os verbos a história não pode parar 
aqui. Somos obrigados a estudar mais a fundo 
algumas características suas, e é com isso que nos 
ocuparemos nesta e, possivelmente, na próxima 
aula. 
Comecemos com suas cinco possíveis flexões. 
PESSOA 
NÚMERO
TEMPO
MODO
VOZ
PESSOA e NÚMERO
Ambas as flexões andam juntas, pois determinar 
a pessoa é determinar também o número. Que é a 
PESSOA?
É quando o verbo indica, pelas suas desinências, qual 
pessoa está sendo privilegiada na comunicação.
Pode ser o EU, a pessoa que fala, o TU, a pessoa que 
ouve, ou o ELE, a pessoa de quem se fala e que não 
está presente. 
O mesmo vale para seus plurais NÓS, VÓS e ELES 
(daí que determinar a PESSOA seja determinar 
também o número). 
“Penso” não é a mesma coisa que “pensam”, e este 
não é igual a “pensais” ou “pensamos”. 
Viram como o verbo, sozinho, já pode determinar 
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tanta coisa? Continuemos. 
TEMPO
As flexões de tempo verbal situam o verbo dentro de 
determinado momento, que pode ser durante, antes 
ou depois do ato de comunicação.
São três os tempos verbais:
O PRESENTE 
“Agora eu estudo”
PRETÉRITO
Que pode ser Imperfeito, Perfeito ou Mais-que-
Perfeito. Creio será útil dar algumas explicações mais 
aprofundadas sobre os três. 
Que raios significa a palavra PRETÉRITO? Significa, 
pura e simplesmente, o que já se passou. O passado. 
“Nossa, Raul, e pra que três passados diferentes, 
meeeeow? Pra que ficar complicando tudo 
meeeeow?”
Porque é preciso. 
A coisa é muitíssimo simples. 
Dá-se o nome de “imperfeito” ao verbo que designa 
um acontecimento que, no passado, NÃO SE 
COMPLETOU, NÃO FICOU REDONDINHO E PERFEITO. 
Um acontecimento qualquer que começou e acabou 
no passado é perfeito. Acabou. Fechou-se o ciclo. 
Com o pretérito imperfeito, não. Daí que exprima ele 
a noção de CONTINUIDADE. Sua “imperfeição” é não 
ter acabado por completo. 
Por exemplo: “Quando era moleque, eu só jogava 
videogame”.
Dá-se o nome de PERFEITO ao verbo que, como já 
deixei dito, designa um acontecimento que começou 
no passado e acabou. É possível apontar um fim 
definitivo seu. 
Por exemplo: “Ontem, eu joguei bola”. Jogou bola 
ontem, e acabou. 
Dá-se o nome de MAIS-QUE-PERFEITO, coisa que 
soa medonhamente complicada, aos verbos que 
designam ações que aconteceram no passado de 
um passado (daí o MAIS que perfeito; é o português 
antecipando o Inception de Nolan por alguns bons 
séculos).
“Quando cheguei ao campo para jogar, o time já fora 
embora.” 
“Chegar” é passado, sim; mas o time tinha ido 
embora ANTES mesmo de ele chegar. Antes do 
passado. Passado do Passado. 
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FUTURO
São dois: 
DO PRESENTE: “Se tiverem bom senso, vocês 
estudarão este CF”
DO PRETÉRITO: “Vocês estudariam o CF, se eu não 
atrasasse as aulas”.
Há também as flexões de MODO 
Há algum tempo, certo sujeito que se diz escritor 
postou no Twitter o seguinte: “Só levarei a sério 
qualquer diagnóstico ou leitura sobre o integralismo, 
feitas (sic) pela imprensa e academia, quando 
começaram a chamá-lo pelo seu nome verdadeiro:‘pederastia intelectual’.”
Não se esforcem para entender o que vai escrito 
acima. Só o que importa é notar que existe algo de 
muito estranho com o verbo. É que ele está no MODO 
errado. 
Há três flexões de modo para o verbo, e revelam elas 
como o falante se sente em relação ao fato por ele 
comunicado.
O falante pode ter CERTEZA, e usar o INDICATIVO;
Pode ter alguma DÚVIDA (ou hipótese), e usar o 
SUBJUNTIVO;
Pode estar dando uma ORDEM (ou fazendo um 
pedido de conselho ou de alguma outra coisa), e usar 
o IMPERATIVO.
No caso acima, o certo seria usar o modo 
SUBJUNTIVO do verbo, que aí expressaria hipótese: 
“quando começarem”.
É a diferença entre dizer “estão trabalhando”, 
“se trabalhassem, teriam dinheiro” e “trabalhem, 
vagabundos!”. 
VOZ
É usada para evidenciar a relação que existe entre o 
sujeito e a ação expressa pelo verbo.
No caso da VOZ ATIVA, a ênfase recai sobre o 
sujeito: “O professor (não eu, claro) xingou os 
alunos”. 
Na VOZ PASSIVA, quem recebeu a ação ou 
acontecimento é quem vai para os holofotes: “Os 
alunos foram xingados pelo professor (não eu)”.
Na VOZ REFLEXIVA, o responsável pela ação é 
também quem a recebe. “O cozinheiro cortou-se”. 
Há mais coisas para se dizer sobre as cinco flexões? 
Sim. São importantes? Sim.
Mas a ideia aqui é fazermos um INTENSIVÃO que 
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vocês conseguirão acompanhar, e a coisa mais fácil 
do mundo é só regurgitar nomes difíceis e tabelas 
para que vocês as decorem.
Não quero isso. Quero que vocês ENTENDAM 
algumas coisas, mesmo que poucas. Entendendo-as, 
conseguirão criar uma base sólida para nela subir, 
colocar-se de pé e andar com as próprias pernas. 
Na próxima aula, é provável que continuemos com os 
verbos. 
Espero que tenham gostado. Até amanhã! 
AINDA SOBRE 
OS VERBOS
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Chegadíssimos do meu coração: como vão vossas 
senhorias? 
Fiquei muito feliz com o retorno de alguns de vocês, 
que fizeram elogios rasgados à minha clareza 
expositiva na última aula. 
Sei bem que se trata duma abordagem muitíssimo 
reduzida a que escolhi dar neste curso. Trata-se, 
também, de uma abordagem incomum — com 
ênfases que nada têm a ver com as tradicionais, 
sempre visando a tornar o aluno alguém capaz de 
responder uma série de perguntas, e pronto. 
Este CF está sendo um período de estudos para 
vocês. Mas também para mim. 
Queria saber se, no meio da zorra e pancadaria 
generalizada que hoje em dia é a Gramática, eu 
conseguiria aproximá-los da língua que é nossa mãe, 
aclarando-lhes conceitos FUNDAMENTAIS que foram 
absolutamente negligenciados em nosso ensino. 
Parece que estou conseguindo. Se vocês estão 
gostando do rumo, do conteúdo e do tom deste 
nosso Intensivão, digam-mo cá embaixo. 
[ENQUETE] 
Agora, voltemos aos negócios. 
Na última aula, dei-lhes algumas definições básicas 
de “verbo” e repassamos suas cinco possíveis 
flexões: PESSOA, NÚMERO, MODO, TEMPO e VOZ.
Os verbos, porém, são um assunto vasto e não raro 
espinhoso. Só aquilo não seria suficiente para servir-
lhes de mapa de estudo. É preciso mais. 
Porém, aqui talvez seja útil eu lhes explicar, 
rapidamente, qual é o princípio que vem guiando as 
minhas escolhas de assuntos e ênfases. 
É o seguinte: por um lado, quero ensinar-lhes com 
CLAREZA tópicos que podem ser encontrados noutros 
lugares, sim — mas expostos de forma confusa e 
obscura. Ou de forma científica. Ou com linguagem 
excessivamente técnica. 
Pelo outro, quero dar-lhes (com a mesma clareza) 
uma visão geral de quais são as principais divisões 
gramaticais. Assim, vocês poderão continuar os 
estudos depois, como quiserem. 
Aqui, por exemplo, no caso dos verbos, eu poderia 
ter apenas copiado listas de conjugação e colado-as 
aqui, tascando-lhes em seguida algumas explicações 
repletas de termos absolutamente incompreensíveis 
a quem não estude gramática quase diariamente. 
Escolhi tomar um outro rumo. Nesta aula, havemos 
de estudar a ESTRUTURA DO VERBO e suas 
CLASSIFICAÇÕES. 
Decidi, portanto, pular longas exposições de regras 
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de conjugação. Eu mesmo não as decorei e quase 
nunca tenho dúvidas a esse respeito. Quando as 
tenho, sigo o preceito que lhes ensinei na segunda 
aula:
EU CONSULTO.
O que for facilmente consultável não será encontrado 
aqui. 
Vamos à aula.
Primeiro, a ESTRUTURA DOS VERBOS. 
Um verbo é formado pelo seu radical + uma vogal 
temática + uma desinência.
“Ai Raul não entendi nada”
Mas é claro, ué! Ainda não expliquei nada. Mas é 
facinho. 
O Radical é o portador de sentido, a identidade 
do verbo. Segundo Cegalla, é “o elemento básico 
e significativo das palavras”. É sua parte que se 
mantém quase sempre constante e inalterada (já 
explicaremos o “quase”). 
“Raul, como saber qual é o radical?” 
Não há uma regra absoluta e infalível para sabê-lo. 
NO GERAL, o que se pode fazer com o verbo (pois 
todas as palavras têm radicais) é tomar o infinitivo 
e arrancar-lhe as duas últimas letras. Como em 
“comprar”. Arranque-lhe o -ar e sobra “compr”. Eis o 
seu radical. 
A seguir, temos a Vogal Temática, que pode ser “a”, 
“e” ou “i”. 
indica o modelo de conjugação a qual o verbo 
pertence. Se à primeira, -a; se à segunda, -e; se à 
terceira, -i. 
 
Ao radical acrescido da vogal temática chama-se 
TEMA. 
As desinências são as terminações das palavras 
que indicam quais são suas flexões. Podem ser elas 
modo-temporais ou número-pessoais. Ou seja: 
podem indicar tanto o MODO quanto o TEMPO ou 
tanto o NÚMERO quanto a PESSOA do verbo. 
As desinências são assim chamadas porque sempre 
indicarão as duas coisas ao mesmo tempo. Ademais, 
um verbo pode muito bem ter as duas juntas. 
(Se você não estiver entendendo bulhufas, volte uma 
casa e assista à nossa aula passada, a quinta do CF).
Assim, por exemplo, temos:
COMPR + A + R 
COMPR + A + RÍA + MOS
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E aí está a estrutura básica dum verbo. Não 
quero ver ninguém mais se descabelando ao 
ler “desinência” ou “vogal temática”. São troços 
simplicíssimos, como vocês viram.
Agora, além da estrutura de formação dos verbos, 
existem também diversos tipos de verbos na língua 
portuguesa. Mais precisamente, são cinco:
os REGULARES, os IRREGULARES, os ANÔMALOS, os 
DEFECTIVOS e os ABUNDANTES. 
Não se assustem com os nomes, os conceitos são 
bem fáceis. 
Primeiro, os verbos regulares. 
Esses são os certinhos da família. Os previsíveis. 
Aqueles primos que nunca sairiam de casa 
escondidos para uma rave. Seguem um padrão. 
Ou, melhor dizendo, seguem um paradigma de 
conjugação. Se você aprender a conjugação de um 
só deles, aprenderá por tabela a conjugação de todos 
os demais. 
Além de seguirem o mesmo padrão de conjugação, 
os verbos certinhos também não alteram nunca seu 
radical. 
Para nossa alegria, são maioria na língua. Para nossa 
desgraça, são apenas a maioria e não todos. 
Andar, guiar, correr, comer, partir…
Eu
Tu
Ele
Nós 
Vós 
Verbos irregulares: 
Esses aí são os bad boys. Os revoltadinhos. Podem 
tanto alterar seu radical quanto não seguir o modelo 
da conjugação. 
PI - estar
Estou
Estás
Está
Estamos
Estais
Estão
Seu radical não se alterou, mas sua segunda e 
terceira pessoas do singular quebram o paradigma 
dos verbos regulares. Portanto: é irregular. 
Perco
Perdes 
Perde 
Perdemos 
Perdeis 
Perdem
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Aí,o verbo perder mostra-se quase inteiramente 
de acordo com o paradigma. Quase. Mas o “c” da 
primeira pessoa do singular muda tudo. 
(É daí que vem, aliás, o erro tão comum que 
confunde o substantivo “perda”, derivado do verbo 
perder, com o seu presente do subjuntivo “perca”. É 
que o “d” seria, realmente, o previsível).
Verbos Anômalos
São verbos que se TRANSFORMAM (ui!) 
completamente na conjugação. Não se pode nem 
mesmo dizer que tenham radicais.
Ir e Ser
Ser:
PI PPI PII
Sou Fui Era
És Foste Eras
É Foi Era
Somos Fomos Éramos
Sois Fostes Éreis
São Foram Eram 
Ir:
PI PPI PII
Vou Fui Ia
Vais Foste Ias
Vai Foi Ia
Vamos Fomos Íamos
Ides Fostes Íeis
Vão Foram Iam 
Verbos defectivos
São verbos defeituosos. Não são conjugados em 
algumas pessoas. Quase sempre, a defectividade 
se resume ao presente do indicativo e aos tempos 
derivados do presente. Acontece no Presente, no 
Presente do Subjuntivo (tempo do talvez) e no 
Presente do Imperativo.
Às vezes, não são conjugados por um problema 
real, de sentido. Como no caso dos fenômenos 
atmosféricos, que são acontecimentos unipessoais 
— não têm sujeito. (que sentido teria fazer a 
tabelinha “eu chovo / tu choves / nós chovemos 
etc.?)
Onomatopeias, também. Como sons feitos por 
bichos. Zunir, latir, rugir, etc. 
Entre os verbos que são conjugados em algumas 
pessoas, a razão da defectividade está ou numa 
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cacofonia, ou em duplicidade — a forma verbal se 
confundiria com outro verbo.
“Colorir”, por exemplo. Não existe “coluro” ou 
“coloro”.
Verbos de Particípio Abundante
Regular: -ado, -ido (as terminações do particípio de 
quase todos os verbos)
Irregular: ? 
Regular Irregular
Limpado Limpo
Fixado Fixo
Salvado Salvo
Entregado Entregue
Suspendido Suspenso
Inserido Inserto
Ter / haver Ser / Estar
Como já se viu aqui nos meus stories, “trazer” NÃO 
É um verbo abundante. Portanto, só tem o particípio 
regular “trazido”. Mas há verbos abundantes, com 
dois particípios diferentes. 
A regra para usá-los é muito simples: com os verbos 
auxiliares ter / haver usa-se a forma regular. No 
geral, em orações com a voz ativa.
“Eu já tinha limpado o carro quando você chegou”. 
Com os verbos auxiliares ser / estar, usa-se a forma 
irregular. No geral, em orações com a voz passiva. 
“O carro já fora limpo”. 
Existem ainda uma ou duas coisas importantes a 
se dizer sobre os verbos, mas a aula já ficou muito 
grande e hei de colocá-las na aula que vem.
Como sempre, espero que tenham gostado! E, se 
sim, peço-lhes que printem adoidadamente as aulas 
e as repostem nos seus perfis! 
 
Obrigadão pela atenção, perdoem-me pela demora e 
até amanhã! 
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Chegados, sejam bem-vindos à sétima aula cá deste 
nosso CF bão demais da conta sô! 
Nas duas últimas aulas, estudamos os verbos: suas 
diversas flexões, seus cinco tipos e sua estrutura. 
Foram necessárias duas aulas porque os verbos são 
as palavras mais variáveis do português e calham de 
servir de ponto de partida à análise sintática. 
Havia muito mais a se dizer sobre os verbos. Porém, 
em virtude do espaço de que dispomos e da proposta 
do CF, achei melhor não multiplicar indefinidamente 
os exemplos e explicações. 
A sã prática pedagógica recomenda não criar nos 
alunos a sensação apavorada de que o tópico 
ensinado é vasto, intrincado e confuso demais para 
que se possa compreendê-lo.
A inteligência se ilumina com novas compreensões, 
ainda que simples. Ilumina-se e fomenta a Vontade. 
O aluno fica empolgado e sente-se capaz de 
aprender.
Por outro lado, à inteligência que se mostra incapaz 
de compreender não adianta nada apresentar 
novas explicações e desenvolvimentos. Seria como 
acrescentar novas laranjas para que uma faca cega 
as tente cortar, em vão. 
Portanto, como a última aula já estava começando a 
se tornar uma salada, reservei uma parte pequena 
SOBRE OS 
PRONOMES
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do assunto para hoje. 
Na aula de hoje havemos de falar, primeiro, sobre 
uma última (e bastante comum) forma verbal; 
depois, entraremos nos Pronomes. 
Comecemos com a forma verbal. 
 Além de suas cinco possíveis flexões, dos tipos 
que seguem ou não determinados modelos de 
conjugação, da estrutura “radical + vogal temática + 
desinências” de que se compõem… além de tudo isso, 
existe ainda uma outra função dos verbos possível 
dos verbos que será interessante mostrar-lhes aqui. 
Chama-se ela FORMA NOMINAL DO VERBO
“cumé?”
É bem simples: o verbo pode assumir outras funções 
sintáticas nas orações. São chamados de “nominais” 
porque (tcharam!) passam a agir como NOMES — 
substantivos, adjetivos e advérbios —, e não como 
verbos. 
São três suas formas nominais:
O INFINITIVO (no geral, terminado com -r): 
O verbo rouba o emprego do pobre do substantivo:
“Navegar é preciso. Viver não é preciso”, diz o poeta 
Pessoa. 
Aí, “navegar” e “viver” não funcionam como verbos. 
Não são acontecimentos que se desenrolam no 
tempo. Não são ações. Não são fenômenos da 
natureza. Se fôssemos reescrever a frase, tirando-lhe 
a beleza literária e a poesia:
“A navegação não é necessária. A vida não é 
necessária”. 
Notem que “navegar” não se refere a um navegar 
específico, identificável e transcorrido no tempo. 
Refere-se ao ATO de navegar; à SUBSTÂNCIA e 
ESSÊNCIA do ato. 
A terminação -r às vezes pode ser enganosa. 
GERÚNDIO (no geral, terminado com -ndo) 
Ah, o infame gerúndio… serve ele para indicar algo 
em acontecimento. Às vezes, porém, pode roubar o 
protagonismo (olha o fascistinha aí) dos adjetivos. 
Em vez de dizer “Joguei água fervente no ralo” 
podemos dizer “joguei água fervendo”. 
PARTICÍPIO (no geral, terminado em -ado, -ido) 
“Raul, poste o CF no horário marcado!” “Marcado”, 
o passado de “marcar”, está servindo de adjetivo a 
“horário”. 
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E aqui volto a reforçar o apelo que lhes fiz na 
segunda aula: TREINEM-SE para conseguir 
reconhecer as classes gramaticais. 
Se vocês saírem deste CF só com uma vaga ideia do 
que seja cada uma das classes gramaticais e mais 
este olhar apurado… seu português já terá melhorado 
500%. 
 
Pronto. Pausa. Tomem um 
copo d’água, absorvam sem 
pressa o que já foi dito e só 
depois continuem.
Vamos falar sobre os 
PRONOMES.
Eu amo os pronomes. Como aspirante a escritor, 
posso dizer-lhes que a riqueza expressiva que se 
consegue com os pronomes é ENORME. 
Creio que a colocação pronominal (calma, 
chegaremos lá) foi o primeiro assunto gramatical que 
estudei, depois de velho. Lá com meus 22 anos de 
idade, quando resolvi aprender a escrever direito.
Aprendi algumas regrinhas de colocação num dia. 
Fui dormir, acordei no dia seguinte, abri os olhos e vi 
isto: 
[matrix] 
Por quê? 
Bem, para começar, porque os pronomes são 
palavrinhas que ou substituem ou representam o 
substantivo. Além disso, indicam qual é a pessoa do 
discurso. 
Isso quer dizer que os pronomes evitam aquelas 
repetições insuportáveis da mesma palavra, são 
indispensáveis à articulação lógica do texto e ajudam 
o leitor a neste se situar. 
 
São a terceira classe gramatical que estudaremos 
aqui. 
Antes de elencar seus diversos tipos, entendamos o 
que é um pronome. Segundo o dicionário Priberam, 
o prefixo pro- pode indicar origem, anterioridade, 
extensão ou… substituição. 
“Pronome”, portanto, quer dizer literalmente“substituição do nome”. 
Imaginemos que um vizinho, furibundo e com um 
buldogue inglês debaixo dos braços, me abordasse 
dizendo: 
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“Raul, prendi teu cachorro, mas não o maltratarei”. 
Se não existissem apenas os pronomes “teu” e “o”, o 
vizinho fulo da vida seria obrigado a fazer um rodeio 
linguístico cômico só para me chamar na chincha:
“Raul, prendi o cachorro que pertence a você, mas 
não maltratarei o cachorro”. 
“Teu” é um pronome possessivo, e quer dizer que 
o sexy buldogue inglês (foto) pertence à segunda 
pessoa do discurso — o Raul. Ou seja, determina o 
cachorro. 
“o” é um pronome substantivo que apenas substitui 
(na frase) o sexy buldogue inglês, para que não se 
diga seu nome canino em vão e se arruine a fúria do 
vizinho numa frase ridícula. 
Só com o exemplo acima já se vê que os pronomes 
são indispensáveis. Na verdade, sem pronome algum 
seria impossível escrevê-la de outro modo: sem 
“você”, por exemplo, ou o “que”.
Se os substantivos indicam a substância ou essência, 
e os verbos acontecimentos que se desenrolam no 
tempo, os pronomes já começam a tornar possível 
uma comunicação muito mais completa e eficiente. 
Começam a colar os pontos. 
Há seis tipos de pronomes: 
PESSOAIS
POSSESSIVOS
DEMONSTRATIVOS
INDEFINIDOS
RELATIVOS
INTERROGATIVOS
Como já é costumeiro aqui, não pretendo pôr 
em fila indiana TODOS os pronomes existentes e 
imagináveis. A ideia é tornar-lhes claros o conceito e 
as funções de tão importantes palavrinhas. 
Vamos começar com os PRONOMES PESSOAIS. 
“O Raul ontem dormiu sentado na cadeira, de 
madrugada, enquanto preparava o CF. Ele foi 
acordado com o choro dum bebê que estava com 
fome.”
“Ele” substitui “Raul”, que aí na frase é a TERCEIRA 
PESSOA DO DISCURSO — a pessoa de quem se fala. 
É, portanto, um pronome pessoal, porque substitui 
diretamente uma das pessoas do discurso. Por 
exemplo:
“Eu sinceramente espero que tu sejas muito feliz 
com ela”.
“Eu”, “tu” e “ela” são pronomes pessoais de 
PRIMEIRA (indivíduo que fala), SEGUNDA (indivíduo 
com o qual se fala) e TERCEIRA pessoa (indivíduo de 
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que se fala), respectivamente. 
Há dois tipos de pronomes pessoais: os de CASO 
RETO e os de CASO OBLÍQUO.
ATENÇÃO: saber identificar os 
pronomes de caso reto e oblíquo 
(além de conseguir bem usá-los) é 
FUNDAMENTAL para o seu português 
melhorar uns 1000%. 
Vamos à listinha:
PRONOMES (PESSOAIS) RETOS
Eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas
PRONOMES (PESSOAIS) DO CASO OBLÍQUO
Podem ser átonos (me - te - se - nos - vos - o/os, a/
as, lhe/lhes) 
Ou tônicos (mim, comigo - ti, contigo - ele, 
ela, si, consigo - nós, conosco - vós, convosco - eles, 
elas)
“Raul, qual é a diferença entre pronomes retos e 
oblíquos?”
Os pronomes do caso RETO funcionam, em regra, 
como sujeitos da oração, e nunca vêm antecedidos 
de uma preposição. 
Com os pronomes do caso OBLÍQUO dá-se o 
contrário: vêm sempre antecedidos de uma 
preposição. No geral, “a”, “para”, “de” e “com”.
Por quê? Porque os pronomes do caso oblíquo, não 
sendo sujeitos, ficam com a função de substituir ou 
determinar nomes que são objetos ou complementos 
— e objetos e complementos exigem alguma 
preposição que lhes determine a natureza. 
Mas péra, péra. Vamos com calma. Exemplo: 
“Ele discutiu com ela sobre nós”.
“Ele” e “ela” são pronomes. 
“Ele” é do caso RETO. É o sujeito da oração. 
“Ela”, por sua vez, é complemento. Ele discutiu COM 
QUEM? Com “ela”. 
Mais um exemplo: 
“Para mim, estudar é um troço muito difícil”. 
Aqui, talvez alguns ficassem tentados a colocar um 
pronome de caso reto (eu) em vez de “mim”: “para 
eu estudar é um troço muito difícil”. 
Isso acontece porque a ordem frasal natural em 
português é SUJEITO - VERBO - COMPLEMENTOS. 
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De modo que a tentação seria julgar que a frase é 
assim:
“Para eu (sujeito) estudar (verbo) é um troço muito 
difícil (complemento)”.
Na verdade, porém, não é isso que a frase quer dizer. 
O significado da frase é que o ato de estudar é muito 
difícil para o indivíduo que emitiu a frase. 
A ordem natural da frase seria “Estudar é um troço 
muito difícil para mim”. Portanto, o certo é colocar o 
pronome oblíquo, e não o reto. 
Mais exemplos de pronomes retos e oblíquos:
Eu te convido.
Ela me chamou.
Eles lhe bateram.
Nós o ajudamos. 
Eu tinha planos de passar-lhes mais conteúdos nesta 
aula, mas acho melhor pararmos por aqui para que 
vocês possam absorver bem o que foi dito aqui. 
Reforço: estamos em terreno gramatical 
importantíssimo aqui. Há muitos, MUITOS erros que 
se cometem porque as pessoas não conseguem saber 
quais pronomes são retos ou oblíquos. Estudem, 
leiam várias vezes e decorem a aula de hoje, se 
possível. 
Na próxima aula, continuaremos com os pronomes. 
Até lá! 
(AINDA) SOBRE 
OS PRONOMES
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Chegados do meu corassaum, sem mais delongas 
comecemos nossa oitava aula e prossigamos o 
estudo dos PRONOMES. 
Na última aula, conversamos um pouco sobre 
os pronomes PESSOAIS e os pusemos em duas 
categorias: os retos e os oblíquos. 
Eu lhes disse, ademais, que os pronomes de 
caso reto funcionam como sujeitos e nunca vêm 
antecedidos de uma preposição, enquanto com 
os oblíquos dá-se o contrário e sempre têm de vir 
acompanhados de uma preposição. 
Pois bem. Até aí, creio ter ficado clara a lição. Agora, 
temos que fazer uma subdivisão. 
Quando se trata de pronomes do caso OBLÍQUO, 
existem os pronomes átonos e os tônicos. 
Mantendo a já tradicional abordagem deste CF, 
perguntemo-nos, antes de qualquer outra coisa: por 
que cacetada chamam-se “átonos” e “tônicos”?
“Átono” é aquilo que não tem acento tônico. Ou seja: 
que não tem ênfase da voz e às vezes quase não se 
diz, de tão fraco ou passageiro. 
“Tônico”, inversamente, é… o que leva acento tônico. 
Ou seja: a sílaba, pronome ou coisa que os valha 
cuja existência sonora é mais enfática e facilmente 
perceptível. É o tipo de som que não é nunca 
abreviado ou suprimido na fala. 
Logo se vê, portanto, que a classificação é fonética. 
Apoia-se ela nos tipos de sons que os tais pronomes 
evocam na fala. 
Só existe um problema: a classificação foi criada 
pensando na pronúncia dos portugueses, e não na 
nossa. 
Quando um lusitano, comendo seu pastelzinho de 
Belém e cofiando os bigodes, entre uma bocada e 
outra conversa com algum conterrâneo seu, um 
brasileiro logo haveria de estranhar-lhe na pronúncia 
o quase sumiço de algumas letras (nós brasileiros 
costumamos falar todas as vogais, por exemplo). 
“Raul, e para que tudo isso vai me servir?”
No mínimo, ter alguma ideia de por que se criou a 
subdivisão irá reforçar a sensibilidade linguística que 
no meu Instagram eu venho tentando criar em vocês 
desde o primeiro dia. 
A Gramática não é uma maçaroca de regras 
arbitrárias, todas sem pé nem cabeça. É, como já 
ensinava o mestre Napoleão, a reunião e exposição 
metódica dos fatos de uma língua. Não existe método 
sem ordem, sem progressões e dependências lógicas, 
sem divisões classificatórias e hierarquias.
O que fazem, quase invariavelmente, os professores 
de português? 
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Não reforçam no aluno o senso de que existe na 
língua uma LÓGICA perfeitamente justificável, e 
se contentam com dizer que o “Pretérito-mais-
que-perfeito usa-se aqui e ali, DECOREM”,ou que 
“determinados pronomes oblíquos átonos, se se 
ligam a verbos terminados em vogal, não mudam. 
DECOREM”. 
Ora, o problema não está na decoreba, recurso 
pedagógico que foi universalmente empregado até 
meados do séc. XVIII e gerou homens como Leibniz, 
Shakespeare, Camões, Sto. Tomás de Aquino e 
Dante. 
O problema está na decoreba sem qualquer tentativa 
de dar à inteligência alguma luz de compreensão. 
Repetição desligada de princípios superiores 
que a ordenem não é pedagogia, é 
adestramento. 
Portanto, ainda que os princípios já não se apliquem 
perfeitamente às classificações, como se dá com a 
atonicidade de certos pronomes oblíquos, saber por 
que se chamam assim irá ajudá-los tanto a 
1 - decorá-los (porque a memória funciona melhor 
quando pode recorrer a princípios que se articulam 
logicamente) quanto a
2 - sim, entender-lhes o funcionamento. 
Voltemos, pois, aos pronomes.
Os pronomes oblíquos átonos são: me - te - se - o - 
a - lhe - nos - vos - os - as - lhes. 
Os tônicos são: mim, comigo - ti, contigo - ele, ela 
- si, consigo - nós, conosco - vós, convosco - eles, 
elas.
EM PRIMEIRÍSSIMO LUGAR, logo se vê haver uma 
correspondência entre alguns deles. Por exemplo: 
“me” é o pronome oblíquo átono que corresponde a 
“mim” e “comigo”. “Lhes” corresponde a “eles e elas”, 
etc. 
Por quê? Porque os tais pronomes ligam-se às 
mesmas pessoas na oração, apenas em posições (e 
às vezes funções) diferentes. 
Eu posso dizer à minha esposa, por exemplo (com 
carinho, hipoteticamente): “O Heitor e o Álvaro estão 
berrando de fome. Dê leite a eles”. Mas também 
posso dizer “O Heitor e o Álvaro estão berrando de 
fome. Dê-lhes leite”. As duas frases querem dizer 
rigorosamente a mesma coisa. 
Ou posso dizer o famoso “te amo, quero ficar 
contigo”. 
Nos dois primeiros períodos, houve apenas uma 
mudança de posição. Na terceira oração, houve já 
uma mudança de função. “Te amo” quer dizer “amo 
você”, enquanto “quero ficar contigo” equivale a 
“quero ficar com você”. 
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Mas não houve qualquer mudança na pessoa do 
discurso. 
 
SEGUNDO: “ele, ela, nós, vós, eles e elas” podem 
ser tanto pronomes pessoais retos quanto pronomes 
oblíquos tônicos. Como diferenciá-los? É só se 
lembrar da regrinha que enunciei na última aula: 
pronomes oblíquos tônicos sempre vêm antecedidos 
de uma preposição.
“Ele discutiu com ela: estava nervoso porque o 
Raul ainda não reabriu o CF”: “ele” é sujeito. “Ela”, 
pronome oblíquo tônico. Reparem no “com” que o 
antecede. Eis a preposição. 
(reparem, também, que nem sempre podemos 
escolher entre os oblíquos átono e tônico. Não há 
forma tônica correspondente a “com ela”, como 
existem o “contigo”, “conosco”, “convosco”, etc.) 
TERCEIRO: “lo, la, los, las”. 
Muita gente não sabe como usá-los. Vou lhes dar 
as regras aqui, mas lembrem-se: não leiam só as 
regras. Leiam também bons autores que as saibam 
usar e ponham na memória não só as regras, mas 
também centenas de exemplos das regras em ação. 
Portanto:
Se os pronomes oblíquos átonos o, a, os e as ligam-
se a verbos terminados em vogal, não mudam: 
“abraço a Mariazinha” para “abraço-a”. 
Se, porém, ligam-se a formas verbais que 
terminam com as consoantes R, S ou Z, acontecem 
duas transformações. Somem as consoantes e 
transmutam-se os pronomes em lo, la, los e las. 
“Vou abraçar meu filho” para “vou abraçá-lo”;
“Fizemos o cão sair” para “fizemo-lo sair”;
“Fiz meu amor chorar” para “fi-lo chorar”.
Se se ligam a formas verbais que terminam em “m” 
ou em ditongos nasais, os pronomes transmutam-se 
em no, na, nos e nas. 
“Viram o jogo” para “viram-no”;
“Põe os pratos na mesa” para “põe-nos na mesa”.
Pronto. Só com isso vocês já conseguirão guiar-se 
melhor na selva dos pronomes pessoais. 
Agora, abordemos a colocação pronominal. 
Que é a colocação pronominal? É o conjunto de 
regras que ordenam a posição em que deverá 
estar o pronome relativamente ao verbo. Há três 
possibilidades: 
A Próclise, a Mesóclise e a Ênclise. 
A PRÓCLISE é, sem dúvida nenhuma, a colocação 
queridinha dos brasileiros. Nosso xodó. Só falta o 
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Djavan escrever-lhe uma música. 
É a forma natural com que usamos a língua. Isto é: 
naturalmente, colocamos o pronome antes do verbo. 
E isso é bom. Afinal de contas, gramaticalmente a 
próclise está quase sempre certa. 
Quando NÃO podemos usar a próclise? 
Apenas quando estiver o pronome no início da 
oração ou vier imediatamente depois de um sinal de 
pontuação.
Eu posso escrever, tranquilamente, ou “a Camila me 
contou tudo o que aconteceu” ou “a Camila contou-
me tudo o que aconteceu”.
Mas TENHO de escrever “conte-me o que aconteceu”. 
Isto porque não se começa uma oração com 
pronomes.
Também diz a regra que o certo seria “se vier, 
avise-nos” e não “se vier, nos avise”. Os sinais de 
pontuação repelem os pronomes, jogando-os para 
depois do verbo. 
QUANDO A PRÓCLISE É OBRIGATÓRIA? (e agora, 
pela extensão da lista, vocês entenderão por que 
essa colocação ser a nossa preferida é algo bom)
A próclise é obrigatória quando, antes do verbo, 
encontrarmos expressões negativas como: não, 
nada, ninguém, jamais…
“Jamais me deixe” 
“Não lhe entregaram o prometido”. 
Com advérbios:
“Sempre te amei”
“Ontem nos vimos no shopping”. 
Com conectivos (que, se, quando, embora, 
porque…): 
“Quando nos encontramos, fiquei sem saber o que 
fazer”
“Embora lhe dissessem para ir embora, teimava em 
continuar ali”.
E ainda em frases exclamativas, interrogativas e 
optativas:
“Que Deus te ajude!”
“Quem te contou a novidade?”
“Como se trabalha duro neste CF!”
ÊNCLISE
É obrigatória no início da oração ou depois de sinal 
de pontuação (ou seja: é a mesmíssima regra que 
proíbe as próclises).
Há um porém: se o verbo estiver no futuro, mesmo 
no início da oração a mesóclise haverá de prevalecer 
sobre a ênclise. 
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MESÓCLISE
É a famosa frase à la Michel Temer. O pronome que 
se aperta entre outras duas partes da palavra, feito 
o recheio dum sanduíche. É forma já um pouco 
embolorada, que não soa bem aos ouvidos modernos 
e deve ser evitada por quem não tenha especial 
sensibilidade literária. Porém, às vezes é obrigatória 
e temos de saber como dar-lhe um baile sem cair em 
erros. 
É obrigatória quando o verbo estiver no futuro do 
presente ou no futuro do pretérito, desde que não 
haja palavra que obrigue a próclise: 
“Eu derrocarei o templo de Jeová e edificá-lo-ei em 
três dias!” (Eça de Queirós)
“Sua atitude é serena, poder-se-ia dizer hierática, 
quase ritual.” (Raquel de Queirós)
Algumas observações: 
1 - Para fugir à mesóclise, às vezes pode-se incluir 
o sujeito da oração. Em vez de escrever, portanto, o 
obrigatório “Tornar-me-ia uma pessoa melhor”, pode-
se escrever “Eu me tornarei uma pessoa melhor”.
2 - A mesóclise é forma exclusiva da língua culta e 
da modalidade literária. Em qualquer outro contexto, 
deve-se usar a próclise. NUNCA, NUNQUINHA a 
ênclise. Ou seja: trambolhos como “venderei-lhe”, 
“diria-se”, “chamaria-o” e formas aparentadas estão 
ERRADAS. O certo é “Eu lhe direi a verdade”, “Ela o 
chamaria de louco”.
3 - O que também se tornou bastante comum no 
português brasileiro moderno é, em se tratando de 
tempos futuros, usar verbos compostos. “Você vai 
se arrepender” em vez de “Você se arrependerá”. É 
preferível, porém, quando o contexto exigir a escrita 
culta, evitar os verbos compostos para os tempos 
futuros. 
4 - Além de acrescentar o sujeito à oração, de aplicar 
a próclise ou usar um verbo composto, ainda existe 
uma quarta forma de fugir à mesóclise e manter-se 
gramaticalmente

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