Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Profa.: Dra. Alexandra de Oliveira França Hayama FUNDIÇÃO E SOLDAGEM UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDONÓPOLIS Instituto de Ciências Agrárias e Tecnológicas Engenharia Mecânica MÓDULO 2: SOLDAGEM AULA 5 PROCESSOS DE SOLDAGEM (PARTE 2) PROCESSOS SOLDAGEM POR RESISTÊNCIA SOLDAGEM POR FRICÇÃO ALUMINOTERMIA SOLDAGEM POR LASER SOLDAGEM POR INDUÇÃO DE ALTA FREQUÊNCIA BRASAGEM SOLDAGEM POR RESISTÊNCIA Compreende um grupo de processos de soldagem nos quais a união de peças metálicas é produzida pelo calor gerado na junta devido a resistência à passagem de uma corrente elétrica (efeito Joule) e pela aplicação de pressão, ocorrendo fusão na interface das peças soldadas. A soldagem por resistência encontra grande aplicação na indústria automobilística, eletroeletrônica, na soldagem de tubulações, entre outros. → O efeito Joule ocorre devido a interação dos elétrons da corrente elétrica com os átomos do condutor (peça). → Quando os elétrons sofrem colisões com átomos do condutor, parte da energia cinética do elétron é transferida para os átomos, aumentando seu estado de agitação, consequentemente sua temperatura. Assim, a energia elétrica é transformada em energia térmica (calor). Função dos eletrodos: os eletrodos ficam em contato direto com a peça a ser soldada, conduzem a corrente de soldagem, aplicam a pressão no local a ser soldado e dissipam parte do calor gerado durante a soldagem. Materiais dos eletrodos: As ligas utilizadas na fabricação dos eletrodos devem ter grande resistência à compressão e boa resistência ao atrito. → São basicamente ligas a base de cobre, como cobre-cromo, cobre-cromo-zircônio, cobre-cádmio, cobre-berílio, entre outros. → As ligas sofrem tratamentos térmicos para endurecimento, por exemplo, endurecimento pelo tratamento térmico de envelhecimento. SOLDAGEM POR RESISTÊNCIA → Tratamento térmico de envelhecimento: (1) Solução sólida homogênea. (2) Solução sólida supersaturada, com excesso do elemento B em relação ao máximo de solubilidade. (3) Os átomos do elemento B em excesso difundem para locais de nucleação e os precipitados crescem. Obs.: Solução sólida: uma fase cristalina homogênea que contém dois ou mais componentes químicos. SOLDAGEM POR RESISTÊNCIA Uma vez obtidos os precipitados da segunda fase com dispersão e tamanho adequados, que conferem as propriedades requeridas, a peça deve ser resfriada para evitar crescimento excessivo desses precipitados (superenvelhecimento) com a consequente perda das propriedades obtidas. A %p B Devido ao desgaste na ponta do eletrodo, haverá aumento na área de contato; de outro lado, na recuperação da ponta, pode haver diminuição na área de contato. Ambas as situações causam perdas no processo. → Eletrodos com ponta desgastada: haverá diminuição na densidade superficial de corrente (A/mm2), diminuindo o rendimento do processo. → Eletrodos com diminuição na área de contato: haverá aumento na densidade superficial de corrente, acarretando sobreaquecimento do eletrodo e diminuição da sua vida útil. SOLDAGEM POR RESISTÊNCIA A soldagem por resistência pode ser subdividida em três categorias: → Soldagem por resistência por ponto (SRP) → Soldagem por resistência por costura (SRC) → Soldagem por resistência por projeção (SRPR) SOLDAGEM POR RESISTÊNCIA Soldagem por resistência por ponto (SRP): nesse processo as pontas de dois eletrodos são pressionadas contra as superfícies externas de duas chapas sobrepostas. A pressão exercida pelos eletrodos combinada com o calor gerado pela resistência à passagem da corrente elétrica gera a formação de um ponto de solda, que têm até 10 mm de diâmetro, na interface entre as duas chapas. → O processo é controlado pela corrente, pressão e tempo em que há fluxo de corrente. → A corrente aplicada é na faixa de 3.000 a 4.000 A, dependendo do material e da espessura das peças, sendo que a resistência mecânica do ponto de solda depende da rugosidade e limpeza das duas superfícies que serão unidas. SOLDAGEM POR RESISTÊNCIA POR PONTO (SRP) → A SRP é utilizada principalmente para unir chapas de até 3 mm de espessura, é aplicada na fabricação de componentes de automóveis, em chapas de aço carbono e aços inoxidáveis, alumínio, cobre e suas ligas. Vídeo 1: Soldagem - Camaro Soldagem por resistência por costura (SRC): se diferencia do SRP (Soldagem por Resistência por Ponto) pelo fato dos eletrodos serem na forma de rodas ou rolos, o que resulta numa solda contínua. → É um processo tipicamente automático em que o tempo de aplicação da corrente de soldagem e da pressão dos eletrodos são regulados por controladores eletrônicos. → A velocidade típica de soldagem é em torno de 1,5 m/min. → É aplicada principalmente na fabricação de tubos com costura, e produtos que requeiram perfeita vedação de gases ou líquidos, tais como tanques de gasolina para automóveis e tambores. SOLDAGEM POR RESISTÊNCIA POR COSTURA (SRC) Vídeo 2: Soldagem por costura Equipamentos para soldagem por resistência por costura. SOLDAGEM POR RESISTÊNCIA POR COSTURA (SRC) Máquina transversal Máquina longitudinal SOLDAGEM POR RESISTÊNCIA POR COSTURA (SRC) Vantagens da SRC → A principal vantagem da soldagem por resistência por costura é a menor sobreposição e menor largura da solda, quando comparado com outros processos contínuos de soldagem. Desvantagens da SRC → As soldas devem ser retas ou com curvatura constante; → Cantos vivos ou mudanças bruscas no caminho do eletrodo devem ser evitados; → O comprimento das juntas longitudinais é limitado, no caso da utilização da máquina longitudinal de soldagem. Soldagem por resistência por projeção (SRPR): Este tipo de soldagem é parecido com a SRP (Soldagem por Resistência por Ponto), a diferença é que neste caso a soldagem é realizada em uma região da peça que apresenta uma saliência. → A SRPR é utilizada em peças de 0,5 a 3 mm. → Entre os materiais que podem ser soldados por SRPR tem- se: aços carbono, aços-liga, aços inoxidáveis, ligas de cobre e de níquel. SOLDAGEM POR RESISTÊNCIA POR PROJEÇÃO (SRPR) SRPR SRPR Vídeo 3: Soldagem por resistência por projeção Vantagens da SRPR: → Em geral, soldas feitas por projeção podem ser utilizadas em substituição à soldagem por pontos; → Este tipo de soldagem permite executar várias soldas ao mesmo tempo, em um ciclo único. Desvantagens da SRPR: → As formas das projeções podem requerer uma operação extra de conformação mecânica, como a estampagem, para ficarem com perfil adequado ao processo; → No caso de múltiplas soldas, é necessário a precisão do controle da altura e do alinhamento das peças a serem soldadas, a fim de igualar a pressão e a corrente de soldagem. SOLDAGEM POR RESISTÊNCIA POR PROJEÇÃO (SRPR) PROCESSOS SOLDAGEM POR RESISTÊNCIA SOLDAGEM POR FRICÇÃO ALUMINOTERMIA SOLDA POR LASER SOLDAGEM POR INDUÇÃO DE ALTA FREQUÊNCIA BRASAGEM SOLDAGEM POR FRICÇÃO É um processo de soldagem no qual a união dos metais é obtida pelo calor gerado devido ao atrito causado pelo movimento relativo dos metais a serem soldados (até 900 m/min) e da pressão aplicada, provocando aquecimento e deformação plástica. Vantagens: Alta velocidade de produção; Processo automático; Não há envolvimento de gases; Baixo consumo de energia. Desvantagem: Alto custo do equipamento Pode ser aplicado para união de barras sólidas com diâmetros de até 100 mm e tubos de até 250 mm de diâmetro externo de praticamente todos os metais similares e dissimilares como, por exemplo a soldagem de: alumínio e liga de zircônio; alumínio e titânio; alumínio e aço. SOLDA POR FRICÇÃO Vídeo 4: Soldagem por fricçãogirando parado girando parado junta soldada PROCESSOS SOLDAGEM POR RESISTÊNCIA SOLDAGEM POR FRICÇÃO ALUMINOTERMIA SOLDA POR LASER SOLDAGEM POR INDUÇÃO DE ALTA FREQUÊNCIA BRASAGEM ALUMINOTERMIA Trata-se de um processo que envolve a reação de alumínio com óxido metálico, ambos na forma de pó, dando como resultado o metal envolvido e óxido de alumínio, com liberação de calor. Para que a reação do óxido metálico + alumínio se inicie, é necessária uma fonte externa de calor. Exemplo: a partir da reação entre o alumínio e o óxido de ferro, é obtido o óxido de alumínio e o ferro. Tanto o óxido metálico quanto o alumínio utilizados são na forma de um pó fino. Na soldagem, o metal de enchimento é obtido do metal líquido que se forma devido à reação química e o óxido de alumínio formado é a escória. Pode ser utilizada como fonte externa de calor (acendedor) o seguinte composto: 53% Ba(NO3)2, 15% Fe2O3, 20% Al (em pó), 12% dextrina. → É aplicado na soldagem em campo de peças de grandes dimensões, pois não necessita de fonte de energia elétrica. → Exemplo: junção de vergalhões espessos utilizados na construção civil ou na junção de trilhos de trem. O processo da reação aluminotérmica tem como base o fato do alumínio extrair oxigênio de óxidos de outros metais para formar óxido de alumínio e liberar grande quantidade de calor, que poderá então ser aproveitado na soldagem de peças de vários tamanhos. Exemplo: A reação do alumínio com óxido de ferro, produz óxido de alumínio e ferro, a uma temperatura de cerca de 3000°C. O óxido de alumínio forma a escória e o ferro o metal de enchimento. ALUMINOTERMIA A reação é exotérmica e requer cerca de 20 a 30 segundos para se efetivar, independente da quantidade de produtos químicos envolvidos. Vídeos 5 e 6: Aluminotermia PROCESSOS SOLDAGEM POR RESISTÊNCIA SOLDAGEM POR FRICÇÃO ALUMINOTERMIA SOLDA POR LASER SOLDAGEM POR INDUÇÃO DE ALTA FREQUÊNCIA BRASAGEM É um processo de soldagem por fusão no qual a união entre os metais é conseguida pelo calor gerado por um feixe de luz potente, monocromático, colimado (paralelo) e coerente (apresenta o mesmo comprimento de onda e o mesmo plano de vibração), que incide sobre a junta dos metais de base a serem unidos. → De forma simplificada pode-se dizer que o laser (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation) é um feixe de radiação produzido por um dispositivo. O feixe fornece uma fonte de calor concentrada, permitindo, soldas profundas e altas taxas de soldagem. O processo é frequentemente usado na indústria automotiva. SOLDA POR LASER A soldagem por laser proporciona elevadas velocidades de soldagem, ausência de contato entre a fonte de calor e a peça a soldar, pouca distorção e pequenas zonas afetadas pelo calor. Vídeo 7: Solda por laser PROCESSOS SOLDAGEM POR RESISTÊNCIA SOLDAGEM POR FRICÇÃO ALUMINOTERMIA SOLDA POR LASER SOLDAGEM POR INDUÇÃO DE ALTA FREQUÊNCIA BRASAGEM Devido à alta qualidade e produtividade obtida, um dos processos mais utilizados para a soldagem de tubos de aço carbono é o de indução de alta frequência. → Nesse processo, a corrente de alta frequência é induzida no tubo com a costura aberta, por meio de uma bobina de indução, não havendo contato entre a bobina e o tubo (Figura A). → O caminho da corrente induzida tende a acompanhar o formato circular da bobina, circundando o tubo e concentrando-se no vértice V aberto (Figura B). → A densidade de corrente é maior nas bordas próximas ao vértice V, o que gera um aquecimento rápido, ao mesmo tempo em que rolos de soldagem pressionam o tubo, o que leva a um caldeamento das laterais do tubo. SOLDAGEM POR INDUÇÃO DE ALTA FREQUÊNCIA PROCESSOS SOLDAGEM POR RESISTÊNCIA SOLDAGEM POR FRICÇÃO ALUMINOTERMIA SOLDA POR LASER SOLDAGEM POR INDUÇÃO DE ALTA FREQUÊNCIA BRASAGEM BRASAGEM O termo brasagem abrange um grupo de processos que produz a união dos metais pelo aquecimento a uma temperatura adequada e pelo uso de metal de adição que tem ponto de fusão abaixo da temperatura solidus do metal de base. → A curva solidus é a fronteira entre os campo de fase sólida e o campo de fase sólido+líquido. Na brasagem, diferentemente da soldagem convencional, o metal de base não é levado à fusão. → Brasagem: processos nos quais ocorre a fusão somente do metal de adição e não das peças a serem unidas, nesse caso, a temperatura de fusão do metal de adição está acima de 450°C. Entre os metais de adição, estão: latão (Cu-Zn), ligas de prata, ligas de alumínio. → Solda branda: mesmo princípio da brasagem, mas, nesse caso, a temperatura de fusão dos metais de adição está abaixo de 450°C. A liga mais comum utilizada é 50% de chumbo e 50% de estanho. Outro método utilizado é a brasagem em forno: → É usada quando o metal de adição pode ser colocado previamente na junta. → Esse processo é aplicável em produção em série e em grande escala. → A proteção contra oxidação pode ser feita por atmosfera controlada, utilizando argônio, por exemplo. BRASAGEM Vídeo 8: Brasagem de tubo de cobre Vídeo 9: Brasagem em forno Um dos métodos mais comuns de brasagem corresponde ao do maçarico ou tocha oxiacetilênica: O metal de adição é adicionado na forma de fio, depois que o metal de base estiver aquecido. Metal de adição Chama do maçarico Tubulação de cobre Os metais de adição à base de prata são usados para a união de metais ferrosos e não ferrosos (exceto Al e Mg). Os metais de adição à base de níquel são usados devido à sua boa resistência à corrosão e ao fato de poderem trabalhar em temperaturas de até 980ºC, são geralmente empregados em aços inoxidáveis das séries 300 e 400. Ouro e suas ligas são usados quando a resistência à oxidação é necessária ou em aplicações em que componentes voláteis são indesejáveis. As ligas de cobre e cobre-zinco são usadas na união de metais ferrosos e não ferrosos, em juntas sobrepostas ou de topo. CONSUMÍVEIS A brasagem e a solda branda possuem uma grande faixa de aplicações industriais, sendo as principais: → Junção de metais dissimilares; → União de peças de pequena espessura, que poderiam se deformar excessivamente se fossem soldadas por fusão (processos de soldagem convencionais); → União de metais tratados termicamente, para evitar perda do tratamento térmico; → União metal-cerâmica. APLICAÇÕES BONS ESTUDOS!
Compartilhar