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TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO (TOC)

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1 Saúde Mental 
 
Transtorno Obsessivo Compulsivo 
 
 
CONCEITO 
→ O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é 
representado por sinais e sintomas, que 
caracterizam uma obsessão e uma compulsão. 
→ Essas obsessões ou compulsões recorrentes 
causam sofrimento grave à pessoa. 
→ Elas consomem tempo e interferem 
significativamente em sua rotina normal, em 
atividades sociais ou nos relacionamentos. 
→ Um indivíduo com TOC pode ter uma obsessão, 
uma compulsão ou ambos. 
 
→ OBSESSÃO: pensamentos, sentimentos, ideias 
recorrentes e intrusivas (surgem em nossa mente 
sem que tenhamos consciência). 
 
→ COMPULSÃO: comportamento consciente, 
padronizado e recorrente. 
Obs. Nesses casos, compulsão pode ser realizada no 
intuito de amenizar uma ansiedade presente, logo, 
ocorre aumento da ansiedade se a pessoa resiste em 
executar o comportamento (compulsão). 
 
EPIDEMIOLOGIA 
→ Acomete de 2 a 3% da população geral; 
→ TOC é o quarto diagnóstico psiquiátrico mais 
comum; 
o 1° é fobia, 2° é de transtornos relacionados 
a substâncias e o 3° é do transtorno 
depressivo maior. 
→ Os meninos costumam ser mais afetados do que as 
garotas; 
→ A idade média de início é por volta dos 20 anos; 
→ O início do transtorno pode ocorrer tanto na 
adolescência, como na infância, em alguns casos 
até aos 2 anos de idade; 
→ Pessoas com TOC são comumente afetadas por 
outros transtornos clínicos: 
o Transtorno depressivo maior (67%) e fobia 
social (25%). 
o Outros transtornos associados: 
transtornos por uso de álcool, transtorno 
de ansiedade generalizada, fobia 
específica, transtorno de pânico, 
transtornos alimentares e da 
personalidade. 
 
ETIOLOGIA 
FATORES BIOLÓGICOS 
SEROTONINA: 
→ A desregulação da serotonina está envolvida na 
formação do sintoma de obsessões e compulsões 
no transtorno. 
→ Os dados mostram que fármacos serotonérgicos 
são mais eficazes no tratamento do toc do que 
fármacos que afetam outros sistemas de 
neurotransmissores. 
 
 
NORADRENALINA: 
→ Atualmente, há menos evidências para a disfunção 
do sistema noradrenérgico no TOC. 
→ Relatos informais demonstram melhoras em 
sintomas de TOC com o uso de clonidina oral 
(Catapres), um fármaco que reduz a quantidade de 
norepinefrina liberada dos terminais nervosos pré-
sináptico. 
 
NEUROIMUNOLOGIA: 
 
2 Saúde Mental 
→ Ligação positiva entre infecção estreptocócica e 
TOC. 
→ Infecção estreptocócica de grupo A-hemolítico 
pode causar febre reumática, e aproximadamente 
10 a 30% dos pacientes desenvolvem coreia de 
Sydenham, exibem sintomas obsessivo-
compulsivos. 
 
GENÉTICA: 
→ Indivíduos com familiares com TOC 
consistentemente têm uma probabilidade 3 a 5 
vezes maior de apresentar características de TOC. 
 
FATORES COMPORTAMENTAIS 
→ Obsessão é um estimulo condicionante: 
o Objetos e pensamentos que antes eram 
neutros são associados ao medo ou 
ansiedade por meio de eventos que sejam 
nocivos ou que produzam ansiedade. 
→ Compulsão: 
o Quando se descobre que determinada 
ação reduz a ansiedade associada a um 
pensamento obsessivo, uma pessoa 
desenvolve estratégias ativas de evitação, 
na forma de comportamentos ritualísticos, 
para controlar a ansiedade. 
 
FATORES PSICOSSOCIAIS 
FATORES PSICODINÂMICOS: 
→ Reconhecimento dos precipitadores que iniciam 
ou exacerbam os sintomas do TOC. 
→ Pesquisas sugerem que o TOC possa ser 
precipitado por diversos estressores ambientais, 
sobretudo aqueles que envolvem gravidez, 
nascimento ou o cuidado de crianças. 
→ Compreender os estressores pode ajudar o médico 
em um plano de tratamento geral que reduza os 
próprios eventos estressores ou seu significado 
para o paciente. 
 
Obs. cada vez mais evidências de que o TOC é, em 
grande parte, determinado por fatores biológicos, 
logo, a teoria psicanalítica clássica tem perdido espaço. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
→ A apresentação das obsessões e das compulsões é 
heterogênea em adultos e em crianças e 
adolescentes. 
→ Os sintomas individuais de um paciente podem se 
sobrepor e mudar com o tempo, mas o TOC tem 
quatro padrões principais de sintomas. 
 
CONTAMINAÇÃO: 
→ O padrão mais comum é uma obsessão de 
contaminação, seguida de lavagem ou 
acompanhada de evitação compulsiva do objeto 
que se presume contaminado. 
→ Os indivíduos podem literalmente arrancar a pele 
das mãos se lavando demais ou não conseguir sair 
de casa por medo dos germes. 
 
DÚVIDA PATOLÓGICA: 
→ É uma obsessão de dúvida, seguida de uma 
compulsão por ficar verificando. 
→ A obsessão costuma implicar algum perigo de 
violência (p. Ex., esquecer de desligar o fogão ou de 
trancar uma porta). A verificação pode envolver 
múltiplas viagens de volta para casa para verificar 
o fogão, por exemplo. 
→ Esses indivíduos têm dúvidas obsessivas sobre si 
mesmos e sempre se sentem culpados achando 
que esqueceram ou cometeram algo. 
 
PENSAMENTOS INTRUSIVOS: 
→ Pensamentos repetitivos de um ato agressivo ou 
sexual repreensível para o paciente. 
→ Os pacientes obcecados com pensamentos de atos 
sexuais ou agressivos podem se reportar à polícia 
ou se confessar a um padre. 
 
SIMETRIA: 
→ Necessidade de simetria ou precisão, que pode 
levar a uma compulsão de lentidão. 
→ Os pacientes podem literalmente levar horas para 
terminar uma refeição ou fazer a barba. 
 
OUTROS PADRÕES DE SINTOMAS: 
 
3 Saúde Mental 
→ Obsessões religiosas; 
→ Acúmulo compulsivo; 
→ Puxar o cabelo e roer as unhas de maneira 
compulsiva; 
→ A masturbação também pode ser compulsiva. 
 
DIAGNÓSTICO 
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DO DSM-5 
A. Presença de obsessões, compulsões ou ambas: 
 
→ OBSESSÕES são definidas por (1) e (2): 
 
1. Pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e 
persistentes que são vivenciados, em algum 
momento durante a perturbação, como intrusivos 
e indesejados e que na maioria dos indivíduos 
causam acentuada ansiedade ou sofrimento. 
2. O indivíduo tenta ignorar ou suprimir tais 
pensamentos, impulsos ou imagens ou neutralizá-
los com algum outro pensamento ou ação. 
 
→ COMPULSÕES são definidas por (1) e (2): 
 
1. Comportamentos repetitivos (p. ex., lavar as mãos, 
organizar, verificar) ou atos mentais (p. ex., orar, 
contar ou repetir palavras em silêncio) que o 
indivíduo se sente compelido a executar em 
resposta a uma obsessão ou de acordo com regras 
que devem ser rigidamente aplicadas. 
2. Os comportamentos ou os atos mentais visam 
prevenir ou reduzir a ansiedade ou o sofrimento ou 
evitar algum evento ou situação temida; 
entretanto, esses comportamentos ou atos 
mentais não têm uma conexão realista com o que 
visam neutralizar ou evitar ou são claramente 
excessivos. 
 
B. As obsessões ou compulsões tomam tempo (p. ex., 
tomam mais de uma hora por dia) ou causam 
sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo 
no funcionamento social, profissional ou em outras 
áreas importantes da vida do indivíduo. 
 
C. Os sintomas obsessivo-compulsivos não se devem 
aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., 
droga de abuso, medicamento) ou a outra 
condição médica. 
 
D. A perturbação não é mais bem explicada pelos 
sintomas de outro transtorno mental (p. ex., 
preocupações excessivas, como no transtorno de 
ansiedade generalizada; preocupação com a 
aparência e outros transtornos). 
 
Especificar se: 
→ Com insight bom ou razoável: O indivíduo 
reconhece que as crenças do transtorno obsessivo-
compulsivo são definitivas ou provavelmente não 
verdadeiras ou que podem ou não ser verdadeiras. 
o Exemplo: O indivíduo acredita que a casa 
definitivamente não irá ou provavelmente 
não irá se incendiar se o fogão não for 
verificado 30 vezes. 
→ Com insight pobre: O indivíduo acredita que as 
crenças do transtorno obsessivo-compulsivo são 
provavelmente verdadeiras. 
o Exemplo: o individuo acredita que a casa 
provavelmente irá incendiar seo fogão 
não for verificado 30 vezes. 
→ Com insight ausente/crenças delirantes: O 
indivíduo está completamente convencido de que 
as crenças do transtorno obsessivo-compulsivo são 
verdadeiras. 
o Exemplo: o indivíduo está convencido que 
a casa irá incendiar se o fogão não for 
verificado 30 vezes. 
Especificar se: 
→ Relacionado a tique: O indivíduo tem história atual 
ou passada de um transtorno de tique. 
o 30% dos indivíduos com TOC tem 
transtorno de tique ao longo da vida. 
 
TRATAMENTO 
→ Muitos pacientes com TOC resistem ao 
tratamento. Eles podem se recusar a usar a 
medicação e resistir à realização das tarefas 
terapêuticas e de outras atividades prescritas por 
terapeutas comportamentais 
→ Estudos verificaram que a farmacoterapia, a 
terapia comportamental, ou uma combinação de 
 
4 Saúde Mental 
ambas, são efetivas na redução dos sintomas dos 
indivíduos. 
FARMACOTERAPIA 
→ A abordagem-padrão é iniciar o tratamento com 
um ISRS (inibidor seletivo da recaptação de 
serotonina) ou clomipramina (antidepressivo 
tricíclico) e depois passar a outras estratégias 
farmacológicas se as drogas específicas 
serotonérgicas não forem efetivas 
→ Os efeitos iniciais costumam ser vistos após 4 a 6 
semanas de tratamento 
 
ISRS (INIBIDOR SELETIVO DA RECAPTAÇÃO DE 
SEROTONINA): 
→ Representantes: venlafaxina, paroxetina, setralina, 
fluoxetina e citalopram. 
→ Mecanismo de ação: os ISRS aumentam os níveis 
circulantes de serotonina (5-HT) por mais tempo, 
por impedirem sua recaptação na fenda pré-
sináptica. 
 
→ Doses mais altas foram frequentemente 
necessárias para um efeito benéfico. 
→ Embora os ISRS possam causar perturbação do 
sono, náusea e diarreia, dores de cabeça, 
ansiedade e inquietação, esses efeitos adversos 
costumam ser transitórios, causando menos 
trabalho do que os efeitos adversos associados 
com as drogas tricíclicas, tais como clomipramina. 
→ Os melhores desfechos clínicos ocorrem quando os 
ISRSs são usados em combinação com terapia 
comportamental. 
 
CLOMIPRAMINA: 
→ É um antidepressivo tricíclico, aprovada pela FDA 
(food and drug administration). 
→ Clomipramina é a mais seletiva para recaptação de 
serotonina do que na recaptação de norepinefrina, 
sendo excedida nisso apenas pelos ISRSs. 
 
TERAPIA COMPORTAMENTAL 
→ Apesar de poucas comparações terem sido feitas, 
a terapia comportamental é tão efetiva quanto as 
farmacoterapias no TOC, sendo que alguns dados 
indicam que os efeitos benéficos são mais 
duradouros com a terapia comportamental 
→ É uma abordagem da Psicologia que tem o objetivo 
de modificar comportamentos disfuncionais e criar 
novos padrões de respostas comportamentais. 
→ Enquanto outras vertentes da Psicologia se 
esforçam para compreender as causas mentalistas 
que movem o ser humano, a terapia 
comportamental se concentra no comportamento 
manifesto. Dessa forma, as sessões do tratamento 
são estruturadas com técnicas que visam reduzir as 
respostas negativas e melhorar o repertório 
comportamental com ações mais adaptativas. 
 
PSICOTERAPIA 
→ A terapia de apoio, sem dúvida, tem seu lugar, 
especialmente para aqueles com TOC que, apesar 
de terem sintomas e graus variados de gravidade, 
são capazes de trabalhar e de fazer ajustes sociais. 
→ Algumas vezes, quando rituais obsessivos e a 
ansiedade alcançam intensidade intolerável, é 
necessário hospitalizá-los até que a proteção de 
uma instituição e a remoção de estressores 
ambientais diminuam os sintomas a um nível 
tolerável. 
→ Os familiares com frequência entram em 
desespero devido ao comportamento do indivíduo. 
Quaisquer esforços psicoterapêuticos devem 
incluir atenção aos familiares, com o fornecimento 
de apoio emocional, tranquilização, explicação e 
conselhos sobre como lidar com o paciente e lhe 
dar respostas. 
 
 
 
 
5 Saúde Mental 
TRANSTORNO DISMÓRFICO CORPORAL 
CONCEITO: 
→ O transtorno dimórfico corporal é caracterizado 
pela preocupação com um defeito imaginado na 
aparência que causa sofrimento significativo e 
prejuízo em importantes áreas do funcionamento. 
 
EPIDEMIOLOGIA: 
→ O transtorno dimórfico corporal é uma condição 
pouco estudada, em parte porque os pacientes 
tendem mais a procurar dermatologistas, 
internistas ou cirurgiões plásticos do que 
psiquiatras para tratar essa condição. 
ETIOLOGIA: 
→ A causa do transtorno dimórfico corporal é 
desconhecida. 
→ O transtorno normalmente começa durante a 
adolescência, apesar de poder começar mais 
tarde, após uma insatisfação prolongada com o 
corpo. 
→ A alta comorbidade com transtornos depressivos, 
uma história familiar maior do que a esperada de 
transtornos do humor e TOC. 
→ Conceitos estereotipados de beleza enfatizados 
em certas famílias e na cultura podem afetar 
significativamente os indivíduos com transtorno 
dimórfico corporal. 
CLÍNICA: 
→ As preocupações mais comuns envolvem defeitos 
faciais, em especial os relacionados a partes 
específicas (p. Ex., o nariz). 
→ Em média, os pacientes tinham preocupações com 
quatro regiões do corpo durante o curso do 
transtorno: nariz, cabelo, seios e genitália. 
→ Os efeitos na vida da pessoa podem ser 
significativos: 
o Quase todos os pacientes afetados evitam 
exposição social e ocupacional. 
o Até um terço dos pacientes pode se 
manter em casa por medo de ser 
ridicularizado pelas supostas 
deformidades; 
o E aproximadamente um quinto deles tenta 
o suicídio. 
DIAGNÓSTICO: 
→ Os critérios diagnósticos do DSM-5 para transtorno 
dimórfico corporal estipulam preocupação com um 
defeito percebido na aparência ou ênfase 
excessiva em um pequeno defeito. 
→ Ele também estabelece que, em algum momento 
do curso do transtorno, o indivíduo realizará 
comportamentos compulsivos (olhar-se no 
espelho, arrumar-se em excesso) ou atos mentais 
(p. ex., comparar sua aparência à dos outros). 
PROGNÓSTICO: 
→ O transtorno em geral tem um curso longo e 
ondulante, com poucos intervalos sem sintomas. 
→ A parte do corpo em que a preocupação se foca 
pode permanecer a mesma ou mudar ao longo do 
tempo. 
TRATAMENTO: 
→ O tratamento de pacientes com transtorno 
dimórfico corporal com procedimentos cirúrgicos, 
dermatológicos, dentais e outros procedimentos 
médicos para tratar os supostos defeitos quase não 
dá resultado. 
→ Drogas serotonérgicas – por exemplo, 
clomipramina e fluoxetina, reduzem os sintomas 
em pelo menos 50% dos casos. 
→ Qualquer paciente com um transtorno mental 
coexistente, tal como o depressivo ou o de 
ansiedade, deve ser tratado com a farmacoterapia 
e a psicoterapia adequadas. 
 
 
 
 
6 Saúde Mental 
TRANSTORNO DE ACUMULAÇÃO 
CONCEITO: 
→ O transtorno é caracterizado pela aquisição sem 
descarte de coisas que são consideradas de pouco 
valor, resultando no amontoamento excessivo dos 
espaços de moradia. 
→ A acumulação, originalmente, era considerada um 
subtipo de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), 
mas agora é considerada uma entidade diagnóstica 
separada. 
→ Ela costuma ser motivada por um medo obsessivo 
de perder itens importantes que a pessoa acredita 
poderem vir a ser úteis em algum momento futuro 
por um apego emocional extremo a elas. 
→ A acumulação pode resultar em problemas de 
saúde e de higiene, em particular quando o 
acúmulo de animais está envolvido, e pode levar à 
morte, por incêndio ou queda. 
 
EPIDEMIOLOGIA: 
→ Acredita-se que a acumulação ocorra em cerca de 
2 a 5% da população, apesar de alguns estudos 
terem encontrado prevalência vitalícia de até 14%. 
→ Ela ocorre igualmente entre homens e mulheres, é 
mais comum entre pessoas solteiras e é associada 
com ansiedade social. 
→ Comprar ou adquirir coisas desnecessárias 
(incluindo receber presentes) pode ser uma fonte 
de conforto para acumuladores, muitos dos quais 
guardam itens extra para uma suposta, mas 
irracional, necessidade futura.→ Comportamentos de acumulação são 
relativamente comuns entre pacientes com 
esquizofrenia, tendo sido notados também na 
demência e em outros transtornos 
neurocognitivos. 
 
ETIOLOGIA: 
→ Pouco se sabe a respeito da etiologia do transtorno 
de acumulação. Pesquisas demonstraram um 
aspecto familiar desse transtorno, com cerca de 
80% dos acumuladores relatando ao menos um 
parente em primeiro grau com comportamento de 
acumulação. 
CLÍNICA: 
→ A acumulação é motivada pelo medo de perder 
itens que o paciente acredita serem necessários 
mais tarde e pela crença distorcida de um apego 
emocional às posses. 
→ A maioria dos acumuladores não percebe seu 
comportamento como um problema. 
→ Itens acumulados comuns incluem jornais, cartas, 
revistas, roupas velhas, sacolas, livros, listas e 
notas. 
→ A acumulação é um risco não só para o paciente, 
mas também para os outros a seu redor. Ao 
entulho acumulado por indivíduos com esse 
transtorno foi atribuída morte por incêndio ou por 
esmagamento. 
→ Muitos acumulam para não ter de tomar decisões 
sobre descartar itens. Pacientes com transtorno de 
acumulação também supervalorizam a 
importância de lembrar de informações e de 
posses. Por exemplo, um acumulador guarda 
jornais e revistas velhos porque acredita que, se 
forem descartados, aquelas informações serão 
perdidas e nunca mais poderão ser recuperadas. 
→ O transtorno é uma condição crônica com um 
curso resistente a tratamento. Os afetados não 
costumam buscar tratamento antes dos 40 ou 50 
anos, mesmo que a acumulação tenha começado 
na adolescência. 
→ Os sintomas podem flutuar ao longo do curso da 
doença, mas remissão completa é rara. 
Geralmente, costumam buscar tratamento sob 
pressão dos outros. 
DIAGNÓSTICO: 
O transtorno de acumulação é caracterizado por: 
→ (1) aquisição e não descarte de uma grande 
quantidade de posses consideradas inúteis ou de 
pouco valor; 
 
7 Saúde Mental 
→ (2) áreas habitadas amontoadas de coisas, 
impedindo atividades normais; 
→ (3) sofrimento significativo e prejuízo 
funcionamento devido à acumulação. 
TRATAMENTO: 
→ Apenas 18% dos pacientes responderam a 
medicação e TCC. 
→ O tratamento mais eficaz para o transtorno é um 
modelo cognitivo-comportamental que inclui 
treinamento em tomar decisões e categorizar. Isso 
inclui sessões em casa e no consultório. 
→ O objetivo do tratamento é livrar-se de uma 
quantidade significativa de posses, tornando o 
espaço da moradia habitável, e oferecer ao 
paciente as habilidades para manter um balanço 
positivo entre a quantidade de posses e o espaço 
habitável. 
 
 
 
 
 
 
TRICOTILOMANIA (TRANSTORNO DE ARRANCAR OS CABELOS) 
CONCEITO: 
→ O transtorno de arrancar o cabelo é crônico e 
caracterizado por puxar o cabelo repetitivamente, 
levando a perdas de cabelo variadas que podem 
ser visíveis aos outros. 
→ Ele é semelhante ao transtorno obsessivo-
compulsivo porque há aumento da tensão antes de 
puxar o cabelo e alívio da tensão ou gratificação 
após tê-lo puxado. 
 
EPIDEMIOLOGIA: 
→ A prevalência de tricotilomania pode ser 
subestimada devido à vergonha e ao segredo que 
a acompanha. 
→ Estima-se que 35 a 45% dos pacientes com 
tricotilomania em algum momento, mastiguem ou 
engulam o cabelo que puxam. 
ETIOLOGIA: 
→ Apesar de a tricotilomania ser considerada 
multideterminada, seu início foi ligado a situações 
estressantes em mais de um quarto dos casos. 
Distúrbios em relacionamentos entre mãe e filho, 
medo de ser deixado sozinho e perda de objeto 
recente costumam ser citados como fatores 
críticos que contribuem para a condição. 
→ Os familiares de indivíduos com tricotilomania 
costumam ter história de tiques, transtornos do 
controle de impulsos e sintomas obsessivo-
compulsivos, sustentando ainda mais uma possível 
predisposição genética. 
CLÍNICA E DIAGNÓSTICO: 
→ O DSM-5 apresenta critérios diagnósticos para 
tricotilomania. 
→ Antes do comportamento, os indivíduos afetados 
podem experimentar sensações crescentes de 
tensão seguidas de uma liberação de gratificação 
ao puxar o cabelo. 
→ Outras áreas envolvidas são as sobrancelhas, os 
cílios e a barba. 
→ Complicações da tricofagia podem incluir, 
subnutrição e obstrução intestinal. Os pacientes 
costumam negar o comportamento e com 
frequência tentam esconder a alopecia resultante. 
→ Batidas na cabeça, unhas roídas, arranhões, 
escoriações e outros atos de automutilação podem 
estar presentes. 
→ A idade média de início da tricotilomania é no 
começo da adolescência, com mais frequência 
antes dos 17 anos, mas já foram relatados inícios 
muito mais tardios. 
→ O curso do transtorno não é bem conhecido. Cerca 
de um terço das pessoas que se apresenta para 
 
8 Saúde Mental 
tratamento relata duração de um ano ou menos, 
enquanto, em alguns casos, o transtorno persiste 
por mais de duas décadas. 
TRATAMENTO: 
→ O tratamento costuma envolver psiquiatras e 
dermatologistas em um esforço conjunto. 
→ Métodos psicofarmacológicos que foram usados 
para tratar transtornos psicodermatológicos 
incluem: esteroides tópicos e hidroxizina 
hidroclorídrica, um ansiolítico com propriedades 
anti-histamínicas. 
→ Antidepressivos e antipsicóticos. 
→ Relatos de caso iniciais demonstraram a eficácia 
dos ISRSS para a tricotilomania. 
 
 
 
 
TRANSTORNO DE ESCORIAÇÃO 
CONCEITO: 
→ O transtorno de escoriação, ou skin-picking, é 
caracterizado pelo comportamento compulsivo e 
repetitivo de beliscar a pele. 
→ Ele pode causar danos graves à pele e resultar na 
necessidade de vários tratamentos 
dermatológicos. 
 
EPIDEMIOLOGIA: 
→ O transtorno de escoriação tem uma prevalência 
vitalícia de 1 a 5% na população em geral e de cerca 
de 12% na população psiquiátrica adolescente. 
→ É mais prevalente em mulheres do que em 
homens. 
→ O transtorno de escoriação relacionado com 
índices mais altos de TOC. 
ETIOLOGIA: 
→ A causa do comportamento de beliscar a pele é 
desconhecida; contudo, várias teorias foram 
postuladas. 
→ Alguns teóricos especulam que esse 
comportamento seja uma manifestação de raiva 
reprimida contra pais autoritários. Esses indivíduos 
beliscam a pele e realizam outros atos 
autodestrutivos para se afirmarem. Eles podem se 
beliscar como um meio de aliviar o estresse. 
→ Teorizou-se que anormalidades no metabolismo 
de serotonina, dopamina e glutamato sejam uma 
causa neuroquímica subjacente do transtorno, mas 
mais pesquisas são necessárias. 
CLINICA: 
→ O rosto é o local mais comum das escoriações. 
Outros locais comuns são as pernas, os braços, o 
tronco, as mãos, as cutículas e os dedos. 
→ Apesar do alívio sentido ao arranhar, eles 
frequentemente se sentem culpados ou 
constrangidos por seu comportamento. 
→ Muitos usam curativos, maquiagem ou roupas para 
esconder as escoriações. 
→ Dos indivíduos com transtorno de escoriação, 15% 
confessam ideias de suicídio devido a seu 
comportamento, e 12% já o tentaram. 
DIAGNÓSTICO: 
→ Os critérios diagnósticos do DSM-5 para o 
transtorno de escoriação requerem arranhões 
recorrentes, que resultam em lesões de pele e 
tentativas repetidas de reduzir ou parar com os 
arranhões. 
→ O comportamento de beliscar a pele não pode ser 
atribuído a outra condição médica ou mental e não 
pode ser o resultado de um transtorno por uso de 
substâncias. 
→ O surgimento do transtorno de escoriação ocorre 
ou no início da vida adulta, ou entre os 30 e 45 
anos. Também já foi registrado em crianças com 
menos de 10 anos. 
 
9 Saúde Mental 
→ Muitas vezes, as pessoas não buscam tratamento 
até que uma grave condição dermatológica ou 
clínica se desenvolva. 
→ Aproximadamente 44% das mulheres relatam que 
a quantidade de escoriações coincide com seu ciclo 
menstrual. 
TRATAMENTO: 
→ O transtorno de escoriação é difícil de tratar, além 
de haver poucos dados sobre tratamentos eficazes.→ A maioria dos pacientes não busca ativamente 
tratamento devido a vergonha ou porque acredita 
que sua condição é intratável. 
→ Há suporte para o uso de ISRS, de opioide 
antagonista naltrexona, que já provou reduzir a 
necessidade de arranhar, em pacientes que 
sentem prazer com o comportamento. 
→ Os agentes glutamatérgicos e a lamotrigina 
também demonstraram eficácia. 
→ Os tratamentos não farmacológicos incluem 
reversão de hábitos e breve terapia cognitivo-
comportamental (TCC). 
Referências: 
1) Compêndio de psiquiatria – SADOCK 
2) Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais 
(DSM-5) – 9ed. 
3) Psiquiatria Clínica – Dennison Monteiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caso Clínico - "Rituais Diários” 
E.L.M, sexo feminino, 24 anos, procurou atendimento psiquiátrico relatando que, sempre quando vai sair de casa tem 
de conferir todas as tomadas, janelas, portas, basculantes e registro do gás, mesmo sabendo que está tudo 
organizado, pois tem o pensamento de que, se não conferir as coisas, a casa vai pegar fogo, apesar de não ter 
vivenciado algo dessa natureza. A paciente relatou que esses pensamentos e comportamentos de verificação 
ocorrem desde os 13 anos de idade, gerando ansiedade e, como forma de alivio, verifica os objetos. Isso lhe consome 
tempo e sempre acaba chegando atrasada ao serviço. Outra queixa relatada foi o fato de não ter tido nenhum tipo 
de carinho do pai, pois ele não apresentava ter afeto a ela, mas apenas para seus irmãos, momento em que chora e 
diz ter nascido de uma gravidez indesejada, pois sua mãe tomou medicamento para abortá-la. Ela se recorda que, 
quando tinha 11 anos, sua irmã foi cozinhar ovos, esqueceu o fogo ligado e isso quase resultou em incendiar a casa, 
sua mãe brigou muito com ela e disse para todos os filhos prestarem mais atenção. A partir desse evento, relata medo 
de acontecer algo de errado, e ser a principal culpada.

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