Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 | P á g i n a EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) MINISTRO (A) PRESIDENTE (A) DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA LOGAN, Brasileiro, Divorciado, Desempregado, Inscrito no CPF sob nº. XXX.XXX.XXX-XX, portador do RG nº. XX.XXX.XXX-X, residente a rua: XXXXXXXXXXXXXXX, nº. XXXXX, Bairro: XXXXXXXX, CEP: XX.XXX-XXX, Ribeirão Preto/SP, neste ato representado por seu advogado: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, inscrito na OAB/SP sob o nº. XXXXX, endereço profissional situado à Rua: XXXXXXXXXXXX, nº XXX, Bairro: XXXXXXXXX, Cidade/UF, Cep: XXXXX-XXX, e-mail: XXXXXXXX@XXXXXXXXXX, vem impetrar, com fulcro no art. 5º inc. LXXII e Lei 9.507 de 1997, o presente: HABEAS DATA Em face do MINISTERIO DA DEFESA, Órgão Público do Poder Executivo Federal, situado a Esplanada dos Ministérios, S/N, Bloco Q, Brasília/DF, Cep: 70.049-900 por ato praticado pelo, então, EXELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO DE ESTADO DA DEFESA, nome do ministro, pelos fatos e fundamentos que passará a expor. 01 DOS FATOS LOGAN, neste ato, IMPRETRANTE, está desempregado e conta, atualmente, com 50 (cinquenta) anos de idade. Enquanto jovem, nos anos 2000, o IMPETRANTE participou, ativamente, de inúmeras manifestações em oposição ao governo. 2 | P á g i n a Em decorrência do exercício de seu direito que é a livre manifestação social, pró ou contra, conforme disposição do art. 5, inc. IV1 e caput do art. 2202, ambos da Constituição, LOGAN foi submetido a vigilância constante, como se, repito, o livre exercício do direito previsto na Constituição fosse conduta tipificada no Código Penal ou na Lei de Contravenções Penais. Interessante informar que, nos anais da história, não há relatos ou ocorrências policiais que demonstrem que os manifestantes tenham causado vandalismo contra a propriedade pública ou privada ou, quaisquer, indícios de violência, que justificasse a vigilância constante, havidas à época. Como se não fosse suficiente a vigilância constante que o IMPRETANTE sofreu, ainda, foi por inúmeras vezes conduzido, preso, pelos agentes ligados ao MINISTÉRIO DA DEFESA, neste ato, IMPRETRADO, para segundo os agentes ligados ao órgão “passar por averiguações” - Quais averiguações? Exercer o livre pensamento, talvez! Transcorrido 20 (vinte) anos dos fatos, LOGAN requereu junto ao MINISTÉRIA DA DEFESA em pedido administrativo sua certidão negativa de vida pregressa. Sem quaisquer respostas plausíveis o IMPRETRADO indeferiu o pedido do IMPRETRANTE. Descontente com a negativa o IMPETRANTE, LOGAN, por meio de novo pedido administrativo, reiterou a solicitação, sendo novamente indeferido. Em resposta o MINISTÉRIO DA DEFESA alegou que por ser informações sigilosas, de interesse nacional, não estariam disponíveis a todos os cidadão. 02 DOS DIREITOS Excelência, os fatos por si só evidenciam o direito do IMPETRANTE, LOGAN, em obter as informações pleiteados por ele, considerando que se referem exclusivamente a atos de sua vida pregressa. José Afonso da Silva, jurista brasileiro em sua obra Curso de Direito Constitucional positivo (43ª ed, 2020)3, define Habeas data à seguinte maneira: 1 CF, Art. 5º, inc. IV – [...] É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 2 CF, Art. 220 - Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. 3 Silva, José Afonso da, Curso de Direito Constitucional Positivo, 2020, ed. Juspodivm 3 | P á g i n a “[…] um remédio constitucional que tem por objetivo proteger a esfera íntima dos indivíduos contra: (a) usos abusivos de registros de dados pessoais coletados por meios fraudulentos, desleais ou ilícitos; (b) introdução nesses registros de dados sensíveis (assim chamados os de origem racial, opinião política, filosófica ou religiosa, filiação partidária e sindical, orientação sexual, etc.); (c) conservação de dados falsos ou com fins diversos dos autorizados em Lei” Isso posto, o IMPETRANTE nos termos do art. 7, inc. I da Lei 9.5074 (Lei que disciplina o Habeas Data) consoante o art. 17 do CPC5 goza do interesse de agir e legitimidade material para impetrar tal ação. Outro ponto que merece atenção são os reiterados pedidos administrativos enviados ao IMPETRADO, MINISTÉRIO DA DEFESA, que indeferindo apontou como justificava “serem informações sigilosas de interesse do governo e que não estão disponíveis a todos os cidadãos”. Excelência é compreensível as reiteradas negativas e o cerceamento das informações, isso demonstra que o IMPETRADO age em consonância a lei, entretanto, este cerceamento apenas deve ser aplicado ou considerado, caso o solicitante, terceiro, na acepção da lei não possuir legitimidade no requerimento de tais informações, i. e, estrando ao processo. Neste sentido, o caput do art. 5º da Constituição Federal nos traz apud Associação Nacional dos Analistas Judiciários da União6 a conceituação dicotômica do princípio da isonomia tal sendo como o tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais, distancia-se desta conceituação o sentido social do indivíduo, mas evoca-se os critérios valorativos, de razoabilidade e justificáveis, relacionados ao interesse de agir e a legitimidade, necessárias ao pedido, o que é reiteradamente demonstrado nesta ação. 4 Art. 7° Conceder-se-á habeas data: I - Para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público; 5 Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade. 6 Associação Nacional dos Analistas Judiciários da União, Princípio da Isonomia disponível em: https://anajus.jusbrasil.com.br/noticias/2803750/principio-constitucional-da-igualdade, pesquisado em 03.10.2021. https://anajus.jusbrasil.com.br/noticias/2803750/principio-constitucional-da-igualdade 4 | P á g i n a Ora! a negativa do IMPETRADO, MINISTÉRIO DA DEFESA, não encontra quaisquer resquícios legais que fundamente sua posição. A Suprema Corte em julgamento do RE 673707, datado de 17.06.2015, trouxe-nos o seguinte precedente, vejamos: Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. HABEAS DATA. ARTIGO 5º, LXXII, CRFB/88. LEI Nº 9.507/97. ACESSO ÀS INFORMAÇÕES CONSTANTES DE SISTEMAS INFORMATIZADOS DE CONTROLE DE PAGAMENTOS DE TRIBUTOS. SISTEMA DE CONTA CORRENTE DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL-SINCOR. DIREITO SUBJETIVO DO CONTRIBUINTE. RECURSO A QUE SE DÁ PROVIMENTO. 1. O habeas data, posto instrumento de tutela de direitos fundamentais, encerra amplo espectro, rejeitando-se visão reducionista da garantia constitucional inaugurada pela carta pós-positivista de 1988. 2. A tese fixada na presente repercussão geral é a seguinte: “O Habeas Data é garantia constitucional adequada para a obtenção dos dados concernentes ao pagamento de tributos do próprio contribuinte constantes dos sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da administração fazendária dos entes estatais.” 3. O Sistema de Conta Corrente da Secretaria da Receita Federal do Brasil, conhecido também como SINCOR, registra os dados de apoio à arrecadação federal ao armazenar os débitos e créditos tributários existentes acerca dos contribuintes. 4. O caráter público de todo registro ou banco de dados contendo informações que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações é inequívoco (art. 1º, Lei nº 9.507/97). 5. O registro de dados deve ser entendido em seu sentido mais amplo, abrangendo tudo que diga respeito ao interessado, seja de modo direto ou indireto. (…) Registro de dados deve ser entendido em seu sentido mais amplo, abrangendo tudo que diga respeito ao interessado, sejade modo direto ou indireto, causando-lhe dano ao seu direito de privacidade. (...) in José Joaquim Gomes Canotilho, Gilmar Ferreira Mendes, Ingo Wolfgang Sarlet e Lenio Luiz Streck. Comentários à Constituição. Editora Saraiva, 1ª Edição, 2013, p.487. 6. A legitimatio ad causam para interpretação de Habeas Data estende-se às pessoas físicas e jurídicas, nacionais e estrangeiras, porquanto garantia constitucional aos direitos individuais ou coletivas. 7. Aos contribuintes foi assegurado constitucionalmente o direito de conhecer as informações que lhes digam respeito em bancos de dados públicos ou de caráter público, em razão da necessidade de preservar o status de seu nome, planejamento empresarial, estratégia Deste julgamento, RE 673707 de 17.06.2015 chegou-se a seguinte tese: “O habeas data é a garantia constitucional adequada para a obtenção, pelo próprio contribuinte, dos dados concernentes ao pagamento de tributos constantes de sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da administração fazendária dos entes estatais”. Excelência, por fim, embora a tese resultante deste julgado seja diretamente ligada a matéria de direito tributário, por analogia e extensão de seus efeitos vinculativos a matéria de direito estrita ao HABEAS DATA e seu objeto que o fornecimento 5 | P á g i n a de informações pessoais do interessado em detrimento ao órgão da administração pública, parte COATORA, ser claro descumprimento legal, primeiro pela inobservância do principio da isonomia e segundo pela desarrazoada negativa das informações. 03 DOS PEDIDOS Assim, diante dos fatos expostos e da fundamentação apresentada requer: a) o recebimento e processamento da presente inicial para apreciação dos fatos, direitos e pedidos nela contidos; b) a notificação da autoridade coatora, MINISTÉRIO DA DEFESA, na pessoa do EXELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO DE ESTADO DA DEFESA, para que preste as informações que entender pertinentes do caso; c) seja julgado procedente o pedido e determinado ao impetrado o fornecimento das informações pleiteadas; d) a intimação do representante do Ministério Público; e) que todas as publicações e intimações pertinentes ao processo sejam feitas em nome do subscritor da presente, NOME DO ADVOGADO, inscrito na OAB/SP sob o nº XXX, sob pena de nulidade; Dá-se à causa o valor de R$ 500,00 (Quinhentos reais). Termos em que, pede deferimento. Local e data NOME DO(A) ADVOGADO(A) OAB/SP XXX Aluno: Eder Luis dos Santos Oliveira Matricula: 2017.02245195 CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE RIBEIRÃO PRETO Rua Abrahão Issa Halack, 980, RIBEIRÂNIA. CEP: 14096-160 Ribeirão Preto/SP CONFIRMAÇÃO DE PRESENÇA EM PLANTÃO DO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA Atesto, para os devidos fins, que os alunos abaixo listados participaram do 1º Plantão de Estágio Supervisionado IV promovido pelo Núcleo de Prática Jurídica e ministrado pelo Prof. João Pedro Silvestrini, na data de 16 de setembro de 2021, presencialmente, fazendo jus à atribuição de 3h (três horas) de estágio supervisionado. Nome Completo AGNES FIGUEIREDO DE OLIVEIRA ALANA RAYLA GOMES DA SILVA ALEXANDRE DE SOUZA ROCHA ALINE DANTAS DOS SANTOS ALLYNNE MARIA BARBOSA DE FRANÇA ALMIR RODSON DOS SANTOS DE BARROS AMANDA FLORES DA SILVA SANTOS ANA CLARA FRANCA SILVA ANA JÚLIA SACONATO SOSTENA ANAISA CORREA IUNGUE JAVORSKI ANALICE BORGES LANDIM CUNHA ANDERSON APARECIDO LIMA MARIN BRUNO IAGO BATISTA BUENO BRUNO RODRIGUES MARCORIO CAIO AUGUSTO AFONSO CAIO PEIXOTO NUNES CHRYSTIAN LEAL LOPES DONISETI ALVES BRANDÃO JUNIOR DOUGLAS ARAUJO DE CARVALHO EDER LUIS DOS SANTOS OLIVEIRA CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE RIBEIRÃO PRETO Rua Abrahão Issa Halack, 980, RIBEIRÂNIA. CEP: 14096-160 Ribeirão Preto/SP EDIONE XAVIER DA COSTA EDNA APARECIDA RODRIGUES CARNEIRO EMANUELLE VIEIRA DA SILVA ESTHER RAQUEL CANGUSSU BERNARDES EVERALDO JOAO PAULO FERNANDES FABIANA JOLLI MURARI FELIPE RIDEKY FUJII FERNANDO CORADINE DA SILVA GABRIEL VAZ DE CARVALHO HURYELL MENDES DA SILVA LIMA ISA AMARAL REIS ISABELA AROXA NOCCIOLI ISABELLA TERRA HUSSEAR MARACIA JOHN KENNEDY DANTAS VELENTIM LANNA ORNELAS BARATO LIVIA MARCANTONIO DE OLIVEIRA SANDRA MIRANDA DE BARROS LIMA VIVIAN ISAIAS MIGUEL Ribeirão Preto/SP, 16 de setembro de 2021. Prof. Me. João Pedro Silvestrini
Compartilhar