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CONSENTIMENTO INFORMADO Pensamento hipocrático - A doença era um processo natural e não uma encenação de magia e recebia influência climática, ambiental, dietética e gênero de vida - “O organismo tem seu próprio meio de recuperar-se; a saúde é o resultado da harmonia e simpatia mútua entre todos os humores; um homem saudável é aquele que possui um estado mental e físico em perfeito equilíbrio” - Ele conduzia a medicina dentro de um alto conteúdo ético - O diagnóstico não era uma inspiração divina mas sim, um juízo sereno e um processo lógico que se baseava na observação dos sinais e sintomas - Morte da medicina mágica e nascimento de medicina clínica fazendo com que o médico se voltasse para o doente e não para os deuses - Interviu em fases mais precoces das enfermidades, postulou o valor do exame minucioso, descreveu alteração do pulso e temperatura e relatou ruídos auscultados nos derrames pleurais DECLARAÇÃO DE GENEBRA - reconhece que a criança deve ser protegida independentemente de qualquer consideração de raça, nacionalidade ou crença, deve ser auxiliada, respeitando a integridade da família e deve ser colocada em condições de se desenvolver de maneira normal, quer material, quer moral, quer espiritualmente. A criança deve ser alimentada, tratada, auxiliada e reeducada. Em tempos de infortúnio, a criança deve ser a primeira a receber socorros CÓDIGO DE NUREMBERG - Define normas de experimentação em seres humanos, destacando-se: ● O consentimento livre e esclarecido do sujeito de pesquisas ● Experimentação em animal procedendo experimentação em seres humanos ● Ausência de risco ● Qualificação do experimentador ● Interrupção do experimento a qualquer momento dos ensaios DECLARAÇÃO DE HELSINQUE - Princípios éticos que regem pesquisa com seres humanos, redigida pela Associação Médica Mundial em 1964. Posteriormente foi revisada 6x, sendo sua última revisão em outubro de 2008, e teve dois esclarecimentos. É considerada como o 1º padrão internacional de pesquisa biomédica e constitui a base da maioria dos documentos subsequentes RELATÓRIO DE BELMONT - Princípios: 1) Respeito pelas pessoas (consentimento livre e esclarecido) 2) Beneficência (avaliação da relação custo benefício 3) Justiça (igualdade de acesso à participação nos estudos e distribuição dos resultados) CONSENTIMENTO INFORMADO É um elemento necessário ao atual exercício da medicina, como um direito do cidadão e um dever moral e legal do médico. É um pré requisito para qualquer intervenção médica e não precisa ser explícito Para os tratamentos de emergência, presume-se o consentimento. Para as intervenções de rotina e com pouca probabilidade de causar lesões (ex: flebotomia de rotina, posicionamento de via intravenosa), considera-se que as circunstâncias impliquem em consentimento. Por ex: ao expor o braço, o paciente manifesta consentimento para receber certa intervenção Para procedimentos mais invasivos ou com mais riscos, sempre é necessário expressar o consentimento informado Para fornecer o consentimento informado, o paciente deve ter capacidade legal e clínica. Os agentes da saúde devem explicar os riscos e benefícios da intervenção e responder às questões apropriadas. A lei exige que os agentes de saúde tomem as medidas adequadas ao se comunicarem com pacientes que não falam portugûes ou que apresentam outras barreiras de comunicação As autoridades éticas e legais geralmente concordam que os agentes de saúde devem assegurar, no mínimo que o paciente entenda: ● Seu estado médico atual, incluindo a evolução provável, caso não faça o tratamento ● Os tratamentos potencialmente úteis, incluindo a descrição e explicação dos riscos e benefícios ● A opinião do agente de saúde sobre a melhor alternativa ● As incertezas associadas a cada um desses elementos também devem ser discutidas PRINCÍPIO PRINCIPAL DO CONSENTIMENTO INFORMADO - Constitui direito do paciente de participar de toda e qualquer decisão sobre tratamento que possa afetar sua integridade psicofísica e o dever do médico alertar sobre os riscos e benefícios das terapêuticas envolvidas *Não usar termos técnicos, a informação deve ser clara Medicina x Direito Art 6º: São direitos básicos do consumidor: III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem O consentimento tem como finalidade garantir a autonomia de vontade do paciente e delimitar a responsabilidade do médico que realiza o procedimento, cumprindo desta forma, o seu dever de bem informar. O consentimento não é um ato irretratável e permanente, portanto, deve obedecer princípios da revogabilidade e da temporalidade O QUE CONSTA NO CONSENTIMENTO INFORMADO: 1) Identificação do paciente ou de seu responsável 2) Nome do procedimento 3) Descrição técnica (em termos leigos e claros) 4) Possíveis insucessos 5) Complicações pré, per e pós procedimento 6) Descrição do procedimento anestésico (caso necessário) 7) Explicação quanto à possibilidade de modificação de conduta durante o procedimento 8) Declaração de que as explicações foram efetivamente entendidas 9) Confirmação de autorização, com local e data da realização do procedimento 10)Modelo para revogação do procedimento 11)Assinatura de testemunhas CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR Artigos 6, 31 e 39 traz expressamente o dever de informação pelo fornecedor: ● 6º - informação adequada e clara sobre diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem ● 31º - a oferta e a apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores ● 39º - é vedado ao fornecedor de produtos ou serviços: executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes. O NOVO CÓDIGO CIVIL: “Os direitos de personalidade são decorrências lógicas da proteção à pessoa, podendo ser natos ou adquiridos. A autonomia, disposição sobre o próprio corpo, deriva do direito nato à integridade física do indivíduo”. O novo código civil, em seus artigos 13 e 15, determina o princípio da autonomia e da disposição sobre o próprio corpo: ● Art 13 - salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes ● Art 15 - ninguém pode ser constrangido a submeter, com risco de vida, o tratamento médico ou a intervenção cirúrgica CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA: ● Art 46 - efetuar qualquer procedimento médico sem o esclarecimento e consentimento do paciente ou de seu responsável legal, salvo iminente perigo de vida ● Art 56 - desrespeitar o direito do paciente decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de iminente perigo de vida ● Art 59 - deixar de informar ao paciente o diagnóstico, prognóstico, riscos e objetivos de tratamento, salvo quando a comunicação direta ao mesmo possa provocar-lhe dano, devendo neste caso a comunicação ser feita ao seu responsável CONSENTIMENTO DO PACIENTE Se o documento foi exigido como condição imposta para o internamento, em uma hora tão grave e desesperada, até que se prove o contrário, isso é uma forma indisfarçável de coação O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata essa lei, assegurando-lhe, por lei ou outros meios, todas as oportunidades e facilidades para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.A família cabe tão somente o apoio Todos têm o direito de exercer sua capacidade civil. Sua incapacidade só pode ser determinada por meio de um processo legal subsidiado por laudo médico especializado Os portadores de transtornos mentais, mesmo legalmente incapazes, não devem ser declarados isentos de sua condição de decidir As informações devem ser corretas, honestas, compreensíveis e legitimamente aproximadas da verdade que se quer informar. O consentimento presumido é discutível. Se o paciente não pode falar por si ou é incapaz de entender o ato que se vai executar, estará o médico obrigado a conseguir o consentimento de seus responsáveis legais (consentimento substituto) Sempre que houver mudanças significativas nos procedimentos terapêuticos, deve-se obter o consentimento continuado (princípio da temporalidade), porque ele foi dado em relação a determinadas circunstâncias de tempo e de situações Admite-se também que, em qualquer momento da relação profissional, o paciente tem o direito de não mais consentir uma determinada prática ou conduta, mesmo já consentida por escrito, revogando assim a permissão outorgada (princípio da revogabilidade) Em situações de salvamento de vida, onde o tratamento é indispensável e inadiável, estando o próprio interesse do doente em jogo, deve o médico realizar, com meios moderados, aquilo que aconselha sua consciência o que é melhor para o paciente (princípio da beneficência) Por outro lado, quando o paciente autoriza determinados atos médicos polêmicos ou ilícitos e o profissional não atende, como no caso da esterilização sem indicação médica, essa recusa tem por finalidade não causar danos ou prejuízos desnecessários (princípio da não maleficência) O consentimento livre e esclarecido não isenta o profissional de possíveis culpas PRINCÍPIOS BIOÉTICOS Bioética: tem caráter transdisciplinar, focalizada na vida humana, ligada aos avanços tecnológicos, das ciências biomédicas, e do cuidado à saúde de todos que necessitam, independente da condição social 1) Princípio da beneficência e não maleficência - regra norteadora é o bem do paciente, seu bem estar e seus interesses de acordo com os critérios médicos, odontológicos, psicológicos e de enfermagem. Beneficência: não causar danos e de maximizar o número de possíveis benefícios, minimizando os prejuízos 2) Princípio da autonomia e o consentimento livre e esclarecido - tomada de decisão no que se refere a procedimentos diagnósticos e terapêuticos a serem adotados. Significa autodeterminação. No caso de autonomia reduzida, cabe a terceiros, familiares ou profissionais da saúde, decidirem pela pessoa não autônoma. Um adulto é competente até que o poder judiciário o considerar incompetente restrinja os seus direitos civis - o médico não pode revelar o segredo de um adolescente menor de idade a não ser que a não revelação possa ocasionar danos a si próprio. - a autonomia do paciente pode não ser um direito moral absoluto quando se confronta com a opinião do profissional de saúde: eutanásia, aborto… 3) Princípio da justiça - o ser humano deve ter dignidade e não preço. A saúde é mediada pelas leis de mercado, onde os detentores dos recursos econômicos compram a melhor assistência médica a qualquer preço - saúde oferecida a todos como um direito universal - saúde dos três “I” - ineficiente, iníqua, injusta É preciso que se encontre um modelo racional no qual as coisas se equilibrem: de um lado, o interesse da ciência e, de outro, o respeito à dignidade humana Sempre que houver conflito entre um interesse público e um interesse privado, deve-se agir com prudência e ponderação, tendo em conta sempre a possibilidade do uso de medidas menos graves. Deve-se entender, portanto, que existem limites na intromissão da intimidade individual
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