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TUTORIA PROBLEMA 5 - ÉTICA MÉDICA @Medaliado OBJETIVOS: DEBATER A RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE: NOTÍCIA AO PACIENTE E FAMILIARES; A forma e o conteúdo de transmissão de notícias aos enfermos têm variado no decorrer da história humana. Na Antiguidade, o médico tinha postura autônoma, e a verdade era eventualmente omitida para que o paciente não desviasse sua atenção do tratamento. Entretanto, as demais informações eram dadas com jovialidade, serenidade e acompanhadas de encorajamento. Algumas mudanças ocorreram nos séculos seguintes, mas a vigorosa ênfase na autonomia humana nas últimas décadas contribuiu decisivamente para maior preocupação social com o bem-estar do paciente. Isso se refletiu no teor de documentos internacionais e nacionais, inclusive no Código de Ética Médica (CEM) brasileiro, cujo artigo 34 determina que o médico tem o dever de revelar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e os objetivos do tratamento, desde que essas informações não lhe causem danos. A comunicação durante a assistência à saúde tornou-se tão importante para o paciente como seu tratamento e, quando adequada, favorece a adesão ao tratamento, a aceitação da terapêutica e a satisfação com o atendimento. Normalmente, o profissional aprende a informar más notícias por tentativa e erro ou pela observação de colegas mais experientes, mas isso não garante comunicação efetiva, sem percalços ou consequências indesejadas, nem há suficientes evidências de que a habilidade do profissional evolua com o tempo sem treinamento específico. Por um lado, comunicar más notícias, especialmente quando se trata de diagnóstico de doença incurável, é algo delicado para os profissionais, uma vez que as emoções manifestadas pelo paciente podem muitas vezes ser difíceis de contornar. Por outro lado, a habilidade em lidar com tal situação não é inata nem dom divino, mas pode ser adquirida com informações e treinamento, a fim de que consequências negativas para os pacientes sejam minimizadas. Para tanto, é necessário adequar os currículos dos cursos de medicina ao estudo da comunicação, sobretudo quando direcionada a pacientes gravemente enfermos. Entre as várias competências clínicas essenciais para um trabalho bem-sucedido em saúde, a comunicação entre médico e paciente tem lugar de destaque, pois favorece acolhimento, diálogo e entendimento recíprocos. Uma das estratégias mais difundidas para revelar o diagnóstico de câncer é o protocolo Spikes, guia didático que apresenta seis passos para conduzir o processo e que também pode ser utilizado para outras doenças. https://www.instagram.com/medaliado/ Capítulo V RELAÇÃO COM PACIENTES E FAMILIARES É vedado ao médico: Art. 31. Desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de iminente risco de morte. Art. 32. Deixar de usar todos os meios disponíveis de promoção de saúde e de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, cientificamente reconhecidos e a seu alcance, em favor do paciente. Art. 33. Deixar de atender paciente que procure seus cuidados profissionais em casos de urgência ou emergência quando não houver outro médico ou serviço médico em condições de fazê-lo. Art. 34. Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e os objetivos do tratamento, salvo quando a comunicação direta possa lhe provocar dano, devendo, nesse caso, fazer a comunicação a seu representante legal. Art. 35. Exagerar a gravidade do diagnóstico ou do prognóstico, complicar a terapêutica ou exceder-se no número de visitas, consultas ou quaisquer outros procedimentos médicos. Art. 36. Abandonar o paciente sob seus cuidados. § 1° Ocorrendo fatos que, a seu critério, prejudiquem o bom relacionamento com o paciente ou o pleno desempenho profissional, o médico tem o direito de renunciar ao atendimento, desde que comunique previamente ao paciente ou a seu representante legal, assegurando-se da continuidade dos cuidados e fornecendo todas as informações necessárias ao médico que o suceder. § 2° Salvo por motivo justo, comunicado ao paciente ou à sua família, o médico não o abandonará por este ter doença crônica ou incurável e continuará a assisti-lo e a propiciar-lhe os cuidados necessários, inclusive os paliativos. Art. 37. Prescrever tratamento e outros procedimentos sem exame direto do paciente, salvo em casos de urgência ou emergência e impossibilidade comprovada de realizá-lo, devendo, nesse caso, fazê-lo imediatamente depois de cessado o impedimento, assim como consultar, diagnosticar ou prescrever por qualquer meio de comunicação de massa. § 1º O atendimento médico a distância, nos moldes da telemedicina ou de outro método, dar-se-á sob regulamentação do Conselho Federal de Medicina. § 2º Ao utilizar mídias sociais e instrumentos correlatos, o médico deve respeitar as normas elaboradas pelo Conselho Federal de Medicina. Art. 38. Desrespeitar o pudor de qualquer pessoa sob seus cuidados profissionais. Art. 39. Opor-se à realização de junta médica ou segunda opinião solicitada pelo paciente ou por seu representante legal. Art. 40. Aproveitar-se de situações decorrentes da relação médico paciente para obter vantagem física, emocional, financeira ou de qualquer outra natureza. Art. 41. Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal. Parágrafo único. Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal. Art. 42. Desrespeitar o direito do paciente de decidir livremente sobre método contraceptivo, devendo sempre esclarecê-lo sobre indicação, segurança, reversibilidade e risco de cada método. O protocolo (SPIKES) consiste em seis etapas e a intenção é habilitar o médico a preencher os 4 objetivos mais importantes durante a transmissão de más notícias: Recolher informações dos pacientes; Transmitir as informações médicas; Proporcionar suporte ao paciente; Induzir a sua colaboração no desenvolvimento de uma estratégia ou plano de tratamento para o futuro. Etapa 1 S (setting up the interview): Planejar/ensaiar a conversa mentalmente já que é uma situação de estresse. Escolha um local que possibilite alguma privacidade; envolva pessoas importantes para o paciente, se for da sua escolha, como por exemplo os familiares; procure sentar-se (isso relaxa um pouco o paciente e demonstra que você não está com pressa) e mantenha contato com o paciente caso seja confortável para ele (contado visual, pegar no braço no paciente, como forma de acolhimento). Etapa 2 P (Perception): Avaliar a percepção do paciente. Antes de falar sobre a doença, pergunte ao paciente o que já foi dito para ele sobre sua condição e quais as suas expectativas. Assim, você consegue entender o que se passa na cabeça do seu paciente, corrigir possíveis ideias incorretas e moldar a notícia para a compreensão do mesmo. Etapa 3 I (Invitation): Obtendo o convite do paciente. Quando o paciente explicita a vontade de saber sobre tudo, o médico recebe o cartão verde para falar sobre a verdadeira condição do paciente. Entretanto, quando o paciente não deixa clara a sua vontade de saber toda a informação ou não quer saber, é válido que o médico questione ao paciente o que ele quer saber sobre a sua doença e sobre o resultado dos seus exames. Se o paciente não quer saber dos detalhes, se ofereça para responder a qualquer pergunta no futuro ou para falar com um parente ou amigo. Etapa 4 K (Knowledge): Dando Conhecimento e Informação ao Paciente. Avisar ao paciente que você tem más notícias pode diminuir o choque da transmissão dessas notícias e pode facilitar o processamento da informação. Informe ao paciente sua condição usando um vocabulário que facilitesua compressão e demonstre compaixão. Passe as informações aos poucos e vá avaliando o grau de entendimento do paciente. Etapa 5 E (Emotions): Abordar as Emoções dos Pacientes com Respostas Afetivas. Demonstre compaixão e responda às emoções do paciente. Quando os pacientes ouvem más notícias a reação emocional mais frequente é uma expressão de choque, isolamento e dor. Nesta situação o médico pode oferecer apoio e solidariedade com uma resposta afetiva. Etapa 6 S (Strategy e Summary): Estratégia e Resumo. Caso o paciente queira e esteja preparado, apresente as opções de tratamento e compartilhe a responsabilidade das tomadas de decisões. Mais uma vez, não há fórmula mágica! Para dar más notícias, devemos sempre entender o paciente, demonstrar compaixão e usar uma comunicação acessível. Demonstrar compaixão não é dar falsas esperanças ao paciente! Caso ele queira, seja claro ao falar do prognóstico, mas tenha em mente que sempre temos algo para fazer por ele, mesmo que não seja a cura. Em situações onde não há tratamento curativo, devemos oferecer conforto ao paciente e deixar isso claro para ele. COMPREENDER A IMPORTÂNCIA DA AUTONOMIA DO PACIENTE NO TRATAMENTO; A autonomia, então, diz respeito ao poder de decidir sobre si mesmo e preconiza que a liberdade de cada ser humano deve ser resguardada.. No clássico livro de Beauchamp e Childress, Principles of biomedical ethics, os princípios da bioética são apresentados como parâmetros práticos que orientam situações concretas. Cumpre salientar que eles se caracterizam fundamentalmente pelo fato de não existir uma hierarquia entre eles. Os princípios são quatro: beneficência, não maleficência, autonomia e justiça. Beneficência: fazer o bem, ou seja, o médico tem a obrigação de produzir benfeitorias, tentando equilibrar a relação risco-benefício, procurando atender aos interesses do paciente, nem sempre expressos e conscientes. Promoção e prevenção. Não Maleficência: não agredir o paciente, ou seja, o médico tem obrigação de evitar danos ao paciente. Hipócrates já se referia a ele como: “Criar o hábito de duas coisas: socorrer e não causar danos. Une o primeiro ao segundo sendo um consequência ou resultado do outro. Autonomia: Ela assegura ao paciente o direito de tomar decisões em tudo que se refere ao processo saúde doença; vale dizer, reconhece que ele tem domínio sobre sua vida e sua intimidade. Para que esse princípio seja cumprido, é preciso que haja liberdade de pensamento e de ação e existência de opções e capacidade para decidir. Ele limita a ingerência de estranhos na relação médico-paciente. Justiça:, o qual determina distribuição justa, equitativa e universal de bens e benefícios em tudo que se refere à saúde. A atuação do médico com absoluta isenção é o que apregoa esse princípio. A autonomia também está presente na Medicina Baseada em Evidências: “ é o uso consciente, explícito e judicioso da melhor evidência disponível que seja capaz de justificar a tomada de decisões ao se cuidar de pacientes individuais.” E nela compreende-se também a autonomia do paciente na participação do seu cuidado terapêutico. Menores de idade, indivíduos que padecem de determinadas enfermidades mentais e indivíduos com alterações do nível de consciência são exemplos de agentes que, permanente ou temporariamente, não possuem capacidade de agir intencionalmente. A ausência de capacidade torna impossível a ação autônoma. Da mesma maneira, mesmo que um indivíduo seja considerado capaz, quando sua liberdade de agir é restrita, como no caso de prisioneiros, por exemplo, a ação autônoma também não pode existir. Além das condições de capacidade e de liberdade, ninguém pode exercer ação autônoma caso não esteja informado sobre os objetivos da ação e sobre as consequências da ação. Sem compreensão não há autonomia. Alguns afirmam que, sendo leigos, os pacientes não possuem compreensão suficiente dos procedimentos propostos para que saibam exatamente o que estão consentindo ao autorizá-los. O médico não deve, de modo algum, persuadir o paciente a aceitar um tratamento com o qual não concorde, através de ameaças. Do mesmo modo, o profissional não deve tirar proveito de situações nas quais o paciente não esteja em condições de decidir, para convencê-lo, como no caso de indivíduos sob sedação, por exemplo. O exercício da autonomia do paciente só é possível caso o médico cumpra com o dever de informar com clareza e com o dever de auxiliar no processo de tomada de decisão. Perguntas devem ser encorajadas quando necessário. O respeito à autonomia encontra amparo no Código de Ética Médica Brasileiro (Capítulo V, Artigo 31), segundo o qual é vedado ao médico “Desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de iminente risco de morte”. O conceito de Autonomia adquire especificidade no contexto de cada teoria. Virtualmente, todas as teorias concordam que duas condições são essenciais à autonomia: liberdade e ação. Um indivíduo autônomo age livremente de acordo com um plano próprio, de forma análoga que um governo independente administra seu território e estabelece suas políticas. Uma pessoa com autonomia diminuída é controlada por outros ou é incapaz de deliberar ou agir com base em seus desejos e planos. Destaca-se, por fim, que o princípio da autonomia implica em que o paciente não queira ser informado: pode ser esta a sua escolha e como tal deve ser respeitada. Caso isto ocorra, deve-se solicitar ao paciente que indique qual parente ou amigo deverá ser informado sobre o que com ele ocorre ou ocorrerá. O consentimento do paciente é renovável ou, até, revogável. DIFERENCIAR EUTANÁSIA, ORTOTANÁSIA E DISTANÁSIA; A eutanásia é um dos desafios éticos contemporâneos. De origem grega, o termo significa “boa morte”, “morte tranquila e sem sofrimento”. Na medicina, significa o ato de promover a morte sem sofrimento de um portador de uma doença incurável, pondo fim a este sofrimento. Historicamente, o filósofo inglês Francis Bacon, no século XVII, foi quem nomeou modernamente a expressão “eutanásia”, declarando ser o único tratamento possível diante de doenças incuráveis. No entanto, muito tempo antes de ser dada sua nomenclatura, algumas sociedades antigas, como a celta, já cultivavam essa prática, aos filhos cabia o dever de matar o pai velho e doente, sendo tal atividade considerada sagrada. No final do século XX, o médico Jack Kevorkian (1928-2011) tornou-se mundialmente conhecido pelo nome de Dr. Morte. Com o objetivo de cessar o sofrimento de doentes terminais, ele desenvolveu uma máquina, chamada por ele de Tanatron, para a prática do “suicídio assistido”: o próprio paciente aciona um mecanismo que injeta em seu próprio corpo substâncias letais. Por meio desse procedimento denominado eutanásia Kevorkian auxiliou centenas de pacientes com doenças terminais a acabarem com a vida. Por isso ele foi duramente criticado pela sociedade, processado e condenado à prisão. Eutanásia refere-se à prática de atos pelos quais se abrevia a vida de um enfermo incurável, de maneira controlada e assistida por um especialista. Atualmente a eutanásia pode ser classificada de várias formas, de acordo com o critério considerado. Quanto ao tipo de ação: Eutanásia ativa: o ato deliberado de provocar a morte sem sofrimento do paciente, por fins misericordiosos. Eutanásia passiva ou indireta: a morte do paciente ocorre, dentro de uma situação de terminalidade, ou porque não se inicia uma ação médica ou pela interrupção de uma medida extraordinária, com o objetivo de minorar o sofrimento. Eutanásia de duplo efeito: quando a morte é acelerada como uma consequencia indireta das ações médicas que são executadas visando o alívio do sofrimento de um paciente terminal. Quanto ao consentimento do paciente: Eutanásia voluntária: quando a morte é provocada atendendo a uma vontade do paciente. Eutanásia involuntária:quando a morte é provocada contra a vontade do paciente. Eutanásia não voluntária: quando a morte é provocada sem que o paciente tivesse manifestado sua posição em relação a ela. Eutanásia ativa voluntária: é feita pela administração de medicamentos ou realização de algum procedimento com o intuito de levar o paciente à morte, após o seu consentimento; Suicídio assistido: é o ato realizado quando o médico fornece medicamentos para que o próprio paciente possa abreviar a vida; Eutanásia ativa involuntária: é a administração de medicamentos ou realização de procedimentos para levar o paciente à morte, em situação na qual o paciente não consentiu previamente. Esta prática é ilegal em todos os países. Ortotanásia é o termo utilizado pelos médicos para definir a morte natural, sem interferência da ciência, permitindo ao paciente morte digna, sem sofrimento, deixando a evolução e percurso da doença. na ortotanásia, o indivíduo em estágio terminal é direcionado pelos profissionais envolvidos em seu cuidado para uma morte sem sofrimento, que dispensa a utilização de métodos desproporcionais de prolongamento da vida, tais como ventilação artificial ou outros procedimentos invasivos. A finalidade primordial é não promover o adiamento da morte, sem, entretanto, provocá-la; é evitar a utilização de procedimentos que aviltam a dignidade humana na finitude da vida. Nesse enfoque, é necessário diferenciar o direito à deliberação da morte e o privilégio à morte digna. A faculdade de decidir sobre a morte está relacionada à eutanásia, que traduz o auxílio ao suicídio, através de procedimentos que provocam a morte. Por outro lado, o direito de morrer de forma digna diz respeito a uma morte natural, com humanização, sem que haja o prolongamento da vida e do sofrimento, através da instituição de intervenções fúteis ou inúteis, que se reporta à distanásia Já a distanásia é um termo pouco conhecido, porém, muitas vezes, praticada no campo da saúde. É conceituada como uma morte difícil ou penosa, usada para indicar o prolongamento do processo da morte, por meio de tratamento que apenas prolonga a vida biológica do paciente, sem qualidade de vida e sem dignidade. Também pode ser chamada de obstinação terapêutica. Nesse sentido, enquanto, na eutanásia, a preocupação principal é com a qualidade de vida remanescente, na distanásia, a intenção é de se fixar na quantidade de tempo dessa vida e de instalar todos os recursos possíveis para prolongá-la ao máximo. Existe um Projeto de lei do Senado n° 125/96, que tenta definir critérios para a legalização da eutanásia, prevendo a possibilidade do enfermo com extremo sofrimento físico e/ou psíquico solicitar procedimento que proporcione sua própria morte. Na Holanda, a legalização da eutanásia e a descriminalização do suicídio assistido foram aprovadas em abril de 2002. Foi o primeiro país a permitir a prática dessas intervenções. A Suíça não apresenta uma legislação expressa sobre a prática da eutanásia. Porém, a corte federal do país reconheceu, por meio de uma interpretação ampla do texto legislativo, o direito dos pacientes de escolher a morte. A Bélgica e a Holanda são os únicos países do mundo que permitem expressamente a prática da eutanásia. A legalização na Bélgica ocorreu em maio de 2002, após o parecer favorável do Comitê Consultivo Nacional de Bioética, que até então tratava a prática como ilegal dentro do país. O Uruguai tem grande influência no que diz respeito à eutanásia. Desde 1934, o Código Penal uruguaio (artigo 37) prevê a possibilidade da exoneração de castigo para quem exerce, por piedade, homicídio mediante súplicas reiteradas da vítima, desde que esta possua antecedentes honrosos. CONHECER O ARTIGO 121 DO CÓDIGO PENAL NO QUE SE REFERE A EUTANÁSIA; A eutanásia refere-se à prática de atos pelos quais se abrevia a vida de um enfermo incurável, de maneira controlada e assistida por um especialista, esta prática não possui nenhum destaque na Constituição Federal de 1988, muito pelo contrário, a constituição é defensora do direito a vida (Artigo 5º inviolabilidade do direito à vida x liberdade). A eutanásia não possui nenhum destaque na Constituição Federal de 1988, muito pelo contrário, a constituição é defensora do direito a vida. Já para o Código Penal Brasileiro, como na constituição, não existe previsão legal sobre a eutanásia, porém na parte especial do Código Penal possui uma redução ao homicídio privilegiado, que é aquele cometido por um indivíduo que no momento da prática está sob domínio de violenta emoção, compaixão, desespero, ou motivo relevante de valor social ou moral. Assim com redução da pena de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço), desta forma podendo ser utilizado como eutanásia voluntária frente ao inevitável sofrimento da vítima, conforme art. 121, §1° do CP. Logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. A Eutanásia então, atualmente, é como homicídio na esfera penal e quem praticá-la tem a obrigação de reparar de forma indenizatória, estas afirmações estão nos artigos 948 e 951 do Código Civil: “Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações: I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família; II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima. Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.” ENTENDER O FUNCIONAMENTO DO CONSENTIMENTO INFORMADO; O termo de consentimento informado é um documento que possibilita ao paciente a manifestação expressa de sua vontade em consentir com a realização de determinado procedimento, após esclarecimento prestado pelo médico, assegurando-lhe o direito de decisão quanto ao tratamento proposto pelo profissional responsável. Termo de Consentimento Informado: quais são os direitos do paciente? É direito do paciente ter a informação esclarecida e ter autonomia para decidir sobre qualquer prática médica que venha ser realizada em seu corpo. Quando o paciente assina o Termo de Consentimento Informado, significa que ele o autoriza a intervenção médica e que está consciente de todas as consequências e riscos previsíveis no documento. A decisão de realizar o procedimento é do paciente. Dever do profissional da saúde É obrigação do médico esclarecer ao seu paciente tudo que está relacionado à enfermidade e as chances de ocasionar algum efeito não esperado. O diagnóstico, prognóstico, procedimentos, benefícios, reações adversas, entre outras informações pertinentes ao tratamento devem ser muito bem explicadas. Os profissionais da saúde precisam conhecer todos os aspectos legais da medicina e ter uma visão jurídica clara do Termo de Consentimento Informado para prevenir que situações fora do planejado se transformem em ações judiciais. Direito e dever legítimo O Código de Defesa do Consumidor e o Código de Ética Médica instituíram a obrigatoriedade do consentimento do paciente antes de se submeter a algum procedimento médico. De acordo com o Código de Ética Médica, é vedado ao médico: Art. 22. Deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco iminente de morte; Art. 31. Desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de iminente risco de morte; Art. 34. Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e os objetivos do tratamento, salvo quando a comunicação direta possa lhe provocar danos, devendo, nesse caso, fazer a comunicação a seu representante legal; E oCódigo de Defesa do Consumidor declara que: Art. 9. O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto. Como elaborar o Termo de Consentimento Informado? Para assegurar a transparência da prática médica aos pacientes e a proteção legal para os profissionais da saúde e a instituição médica, o Termo de Consentimento Informado deve ser elaborado de acordo com as instruções abaixo: – O termo deve ser muito bem elaborado. As informações contidas no documento precisam estar claras e transparentes e escritas com uma linguagem acessível; – O paciente ou representante legal deve ter capacidade mental, racional e etária (a partir de 18 anos) para assinar o termo. São considerados representantes legais: os pais, tutores, cônjuge ou curadores; – Deve conter: nome completo do médico, do paciente e da instituição hospitalar; Nome e explicação do procedimento que será realizado; Benefícios, possíveis riscos, efeitos colaterais, contra-indicações e complicações que são previstas com a intervenção médica. – Deve informar as medicações que serão utilizadas e processos que serão realizados. – Possibilidade de anulação do procedimento antes da intervenção médica; – Opção para o paciente autorizar a divulgação do procedimento por meio de fotos e vídeos em publicações médicas e científicas. – Assinatura do médico, do paciente ou representante legal e testemunhas; A autenticação do termo deve ser com a livre e espontânea vontade do paciente; Além dos itens citados acima, é fundamental que o médico tenha uma conversa franca e transparente com o paciente. Todos os itens contidos no documento precisam ser esclarecidos e todas as dúvidas respondidas. Contribuição jurídica Cada procedimento é único, não há modelos prontos. O Termo de Consentimento Informado deve ser elaborado por um advogado especialista em Direito Médico com o auxílio do médico. O profissional da saúde contribui com informações pertinentes ao tratamento e o profissional do Direito é responsável pelos aspectos legais do documento para resguardar o médico e o hospital de responsabilização civil em caso de alguma reação não esperada de algum procedimento. É importante ressaltar que existem casos em que o médico não terá condições de aplicar o Termo de Consentimento Informado devido a urgência de alguma intervenção médica para salvar a vida do paciente. O Código de Ética Médica ampara o médico para essa tomada de decisão em situações de iminente perigo de vida. Relação de transparência Informar as causas e possíveis consequências de um tratamento médico é fundamental para a saudável relação entre pacientes e a classe médica. O Termo de Consentimento Informado é direito e uma ação de transparência, lealdade e boa-fé com a vida do paciente. Profissionais da saúde e do Direito e gestores de instituições médicas precisam ser conscientes da importância da visão jurídica do Termo de Consentimento Informado. É uma defesa garantida por lei que pode prevenir ações judiciais inerentes a erro médico e responsabilidade civil. DISCUTIR O CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA QUANTO AOS DIREITOS HUMANOS. Capítulo IV DIREITOS HUMANOS É vedado ao médico: Art. 22. Deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco iminente de morte. Art. 23. Tratar o ser humano sem civilidade ou consideração, desrespeitar sua dignidade ou discriminá-lo de qualquer forma ou sob qualquer pretexto. Parágrafo único. O médico deve ter para com seus colegas respeito, consideração e solidariedade. Art. 24. Deixar de garantir ao paciente o exercício do direito de decidir livremente sobre sua pessoa ou seu bem-estar, bem como exercer sua autoridade para limitá-lo. Art. 25. Deixar de denunciar prática de tortura ou de procedimentos degradantes, desumanos ou cruéis, praticá-las, bem como ser conivente com quem as realize ou fornecer meios, instrumentos, substâncias ou conhecimentos que as facilitem. Art. 26. Deixar de respeitar a vontade de qualquer pessoa considerada capaz física e mentalmente, em greve de fome, ou alimentá-la compulsoriamente, devendo cientificá-la das prováveis complicações do jejum prolongado e, na hipótese de risco iminente de morte, tratá-la. Art. 27. Desrespeitar a integridade física e mental do paciente ou utilizar-se de meio que possa alterar sua personalidade ou sua consciência em investigação policial ou de qualquer outra natureza. Art. 28. Desrespeitar o interesse e a integridade do paciente em qualquer instituição na qual esteja recolhido, independentemente da própria vontade. Parágrafo único. Caso ocorram quaisquer atos lesivos à personalidade e à saúde física ou mental dos pacientes confiados ao médico, este estará obrigado a denunciar o fato à autoridade competente e ao Art. 29. Participar, direta ou indiretamente, da execução de pena de morte. Art. 30. Usar da profissão para corromper costumes, cometer ou favorecer crime. REFERÊNCIAS: https://blog.ipog.edu.br/saude/voc-conhece-o-termo-de-consentimento-informado-entenda-a-impor tncia-do-documento-para-pacientes-e-mdicos/ https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-70942010000200014 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-80422019000200318 http://files.bvs.br/upload/S/0101-5907/2012/v26n2/a3211.pdf https://portal.cfm.org.br/images/PDF/cem2019.pdf https://www.scielo.br/pdf/rcbc/v41n5/pt_0100-6991-rcbc-41-05-00374.pdf https://www.tuasaude.com/distanasia/ https://www.scielosp.org/article/csc/2013.v18n9/2733-2746/ https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-155/a-eutanasia-a-distanasia-e-a-ortotanasia-a-luz- da-justica-brasileira/ https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/27928 https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/42016/quais-as-diferencas-entre-eutanasia-morte-assistida-ort otanasia-e-sedacao-paliativa-patricia-donati-de-almeida https://www.ufrgs.br/bioetica/eutantip.htm#:~:text=Eutan%C3%A1sia%20volunt%C3%A1ria%3A%2 0quando%20a%20morte,posi%C3%A7%C3%A3o%20em%20rela%C3%A7%C3%A3o%20a%20ela. https://www.coroasparavelorio.com.br/blog/saiba-a-diferenca-entre-suicidio-assistido-e-eutanasia / https://apav.pt/carontejoom/index.php/icons/homicidio-qualificado-e-homicidio-privilegiado#:~:te xt=%C3%89%20considerado%20homic%C3%ADdio%20privilegiado%20quando,sensivelmente%20a %20culpa%20do%20homicida. https://www.politize.com.br/eutanasia-o-que-e/ https://blog.ipog.edu.br/saude/voc-conhece-o-termo-de-consentimento-informado-entenda-a-importncia-do-documento-para-pacientes-e-mdicos/ https://blog.ipog.edu.br/saude/voc-conhece-o-termo-de-consentimento-informado-entenda-a-importncia-do-documento-para-pacientes-e-mdicos/ https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-70942010000200014 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-80422019000200318 http://files.bvs.br/upload/S/0101-5907/2012/v26n2/a3211.pdf https://portal.cfm.org.br/images/PDF/cem2019.pdf https://www.scielo.br/pdf/rcbc/v41n5/pt_0100-6991-rcbc-41-05-00374.pdf https://www.tuasaude.com/distanasia/ https://www.scielosp.org/article/csc/2013.v18n9/2733-2746/ https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-155/a-eutanasia-a-distanasia-e-a-ortotanasia-a-luz-da-justica-brasileira/ https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-155/a-eutanasia-a-distanasia-e-a-ortotanasia-a-luz-da-justica-brasileira/ https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/27928 https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/42016/quais-as-diferencas-entre-eutanasia-morte-assistida-ortotanasia-e-sedacao-paliativa-patricia-donati-de-almeida https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/42016/quais-as-diferencas-entre-eutanasia-morte-assistida-ortotanasia-e-sedacao-paliativa-patricia-donati-de-almeida https://www.ufrgs.br/bioetica/eutantip.htm#:~:text=Eutan%C3%A1sia%20volunt%C3%A1ria%3A%20quando%20a%20morte,posi%C3%A7%C3%A3o%20em%20rela%C3%A7%C3%A3o%20a%20elahttps://www.ufrgs.br/bioetica/eutantip.htm#:~:text=Eutan%C3%A1sia%20volunt%C3%A1ria%3A%20quando%20a%20morte,posi%C3%A7%C3%A3o%20em%20rela%C3%A7%C3%A3o%20a%20ela https://www.coroasparavelorio.com.br/blog/saiba-a-diferenca-entre-suicidio-assistido-e-eutanasia/ https://www.coroasparavelorio.com.br/blog/saiba-a-diferenca-entre-suicidio-assistido-e-eutanasia/ https://apav.pt/carontejoom/index.php/icons/homicidio-qualificado-e-homicidio-privilegiado#:~:text=%C3%89%20considerado%20homic%C3%ADdio%20privilegiado%20quando,sensivelmente%20a%20culpa%20do%20homicida https://apav.pt/carontejoom/index.php/icons/homicidio-qualificado-e-homicidio-privilegiado#:~:text=%C3%89%20considerado%20homic%C3%ADdio%20privilegiado%20quando,sensivelmente%20a%20culpa%20do%20homicida https://apav.pt/carontejoom/index.php/icons/homicidio-qualificado-e-homicidio-privilegiado#:~:text=%C3%89%20considerado%20homic%C3%ADdio%20privilegiado%20quando,sensivelmente%20a%20culpa%20do%20homicida https://www.politize.com.br/eutanasia-o-que-e/
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