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INTRODUÇÃO À QUÍMICA MEDICINAL Gladistone Correia Messias EMENTA Estudar os fármacos de origem mineral, sintética, semi-sintética constantes Lista de medicamentos Essenciais da OMS Relação Nacional de Medicamentos Essenciais Farmacopeia EMENTA Proporcionar os conhecimentos relacionados com o planejamento e obtenção de novos fármacos EMENTA Determinar alguns parâmetros físico-químicos para estudo da relação ESTRUTURA- ATIVIDADE HISTÓRICO Uso de produtos naturais com objetivos medicinais A partir de fontes Animais Vegetais Minerais Algumas vezes usados com propósitos religiosos, venenos de flechas ou cosméticos. HISTÓRICO Séc. XV: invenção da imprensa rápido aumento do conhecimento e uso (e abuso) das ervas e de outros remédios. Séc. XIX: extração de substâncias puras de plantas (alcalóides). HISTÓRICO Final do séc. XIX: introdução de substâncias sintéticas como fármacos. HISTÓRICO HISTÓRICO Maior compreensão da química dos estados patológicos Desenvolvimento de novas metodologias de descoberta de fármacos: modelagem molecular, química combinatória. QUÍMICA MEDICINAL O que é? CIÊNCIA MULTIDISCIPLINAR Química Orgânica Bioquímica Físico-química Farmacologia Informática Biologia Entre outras QUÍMICA MEDICINAL A química medicinal estuda: Descoberta, invenção e preparação de substâncias bioativas Absorção, Distribuição, Metabolismo, Eliminação e Toxicidade das substâncias de interesse Interpretação do mecanismo de ação Determinar a relação estrutura-atividade International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC) 1996 QUÍMICA MEDICINAL CONDUZ A CRIAÇÃO DE NOVOS AGENTES TERAPÊUTICOS! QUÍMICA MEDICINAL O aumento sem precedentes de expectativa de vida humana, que quase dobrou em cem anos, é principalmente devido às drogas e a quem os descobriu! (Alfred Burger) POR QUE DESCOBRIR NOVOS AGENTES TERAPÊUTICOS? Aperfeiçoar o tratamento de doenças existentes; Tratamento de doenças recém- identificados; Combater resistência ao fármaco; Produzir fármacos mais seguros; Redução ou eliminação dos efeitos colaterais. LINHA DO TEMPO DA QUÍMICA MEDICINAL NOVOS AGENTES TERAPÊUTICOS O processo da descoberta de fármacos depende da pesquisa científica O gasto mundial com medicamentos atingirá quase US$ 1,3 trilhão em 2018 CUSTOS CRESCENTES EM P&D P&D NO BRASIL P&D NO BRASIL PROCESSO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DE FÁRMACOS PROCESSO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DE FÁRMACOS DESENVOLVIMENTO O primeiro passo no processo de descoberta do medicamento é identificar um alvo adequado Alvo Molécula Receptor de uma proteína associado à patologia Patologia DESENVOLVIMENTO É preciso compreender como ocorre a doença nos níveis Molecular Celular Genético Uma vez identificado o alvo e depois de compreendido o seu papel no processo patológico, seguimos com testes do alvo contra diferentes compostos novos! IDENTIFICAR COMPOSTOS que interagem com o alvo, que neutralizam ou retardam a doença! PLANEJAMENTO MOLECULAR O planejamento molecular do protótipo pode ser conduzido a partir da estrutura química de seu substrato natural, inspirando novos análogos ativos, empregando-se estratégias de planejamento estrutural. Grupo farmacofórico Bioisosterismo Simplificação molecular Hibridação molecular Latenciação FARMACÓFORO Farmacóforo O farmacóforo pode ser considerado como a “parte” molecular do fármaco essencial à atividade desejada, que se modificado pode reduzir ou eliminar a atividade farmacológica do fármaco. FARMACÓFORO É um conjunto de características eletrônicas e estéricas Caracterizam um ou mais grupos funcionais ou subunidades estruturais São necessários para o reconhecimento molecular pelo receptor; É um conceito abstrato que representa as diferentes interações com o receptor. FARMACÓFORO Na química medicinal Os farmacóforos são usados para definir as características essenciais de uma ou mais moléculas com a mesma atividade biológica. BIOISOSTERISMO O bioisosterismo é uma estratégia de modificação molecular de um composto-protótipo baseada na troca de determinados fragmentos moleculares. Esta técnica pode ser aplicada visando melhorias Farmacocinética (absorção, distribuição, metabolismo e eliminação) Farmacodinâmica de ação de um composto bioativo. OTIMIZAÇÃO DOS COMPOSTOS BIOISOSTERISMO Melhorar as qualidades farmacocinéticas Melhorar a afinidade, a eficácia e especificidade Variar as propriedades físico- químicas SUBSTITUIÇÃO ISOSTÉRICA É a troca de um elemento ou grupamento por outro com configurações estéreas e eletrônicas semelhantes. Os isósteros possuem, em geral, volume molecular, número de átomos ou mesmo número de elétrons de valência. Resultado: Fármacos “me too” da cimetidina. Aumento da potência e maior seletividade pelo sub-tipo 2 de receptores histaminérgicos, alvo-terapêutico de ambos os fármacos anti-úlcera. BIOISOSTERISMO NÃO-CLÁSSICO Grupos que não obedecem as definições de distribuição eletrônica, forma e volume dos bioisósteros clássicos; Não possuem necessariamente o mesmo número de átomos do substituinte original. São, em geral, estruturalmente distintos produzem, em nível molecular, respostas agonistas ou antagonistas similares SIMPLIFICAÇÃO MOLECULAR SIMPLIFICAÇÃO MOLECULAR Consiste na síntese e ensaio sistemáticos de análogos cada vez mais simples do composto matriz Tais análogos são réplicas parciais ou do fármaco matriz ou protótipo. O fármaco matriz é geralmente um produto natural de estrutura química muito complexa. SIMPLIFICAÇÃO MOLECULAR Identificar e preservar as subunidades farmacofóricas é essencial ao sucesso do desenho dos novos padrões estruturais pretendidos. DEVEMOS MANTER O GRUPAMENTO FARMACOFÓRICO SIMPLIFICAÇÃO MOLECULAR Simplificação molecular da Morfina Morfina (5), alcalóide isolado de Papaver somniferum Foi o precursor dos analgésicos da classe da 4- fenilpiperidinas, representados pela petidina (6) SIMPLIFICAÇÃO MOLECULAR SIMPLIFICAÇÃO MOLECULAR E HIBRIDAÇÃO LATENCIAÇÃO LATENCIAÇÃO É uma modificação química de um composto biologicamente ativo para formar um novo composto que, através de reação química ou enzimática in vivo, irá liberar o fármaco ativo (desenho planejado de pró-fármacos); PRÓ-FÁRMACO É qualquer composto que sofre biotransformação antes de exibir seus efeitos farmacológicos. LATENCIAÇÃO Planejamento químico para transformar uma molécula ativa em clinicamente aceitável! APLICAÇÕES PRÁTICAS DA LATENCIAÇÃO DE FÁRMACOS Aumentar lipofilicidade, Aumentar duração dos efeitos farmacológicos, Aumentar especificidade, Diminuir toxicidade, Aperfeiçoar formulação farmacêutica. CONSIDERAÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DE PRÓ-FÁRMACOS: -Existência de grupos funcionais no fármaco capazes de sofrer derivatização; -Existência de mecanismos e/ou sistemas no organismo capazes de bioativar o pró-fármaco; -Facilidade e simplicidade de síntese e purificação do pró-fármaco; -Estabilidade química do pró-fármaco; -Regeneração in vivo da molécula do fármaco em quantidades ideais; PRÓ-FÁRMACOS: ENALAPRIL O maleato de enalapril é um pró-fármaco hidrolisado por esterases no fígado, produzindo o enalaprilato Alta polaridade = Baixa absorção A conversão deste grupo carboxílicoem seu derivado éster de etila resultou no enalapril, com melhor lipofilicidade em relação ao primeiro, e permitiu sua conveniente administração oral. TRIAGEM DOS PROTÓTIPOS Ensaios biológicos em nível molecular, celular, orgânico e de animais integrais para definir a atividade e a seletividade do futuro candidato a fármaco TESTES PRÉ-CLÍNICOS São checados os parâmetros de segurança e de eficácia por meio de estudos de toxicidade e de atividades in vitro e in vivo. Obtenção do maior conhecimento possível acerca das propriedades e dos efeitos adversos do fármaco em desenvolvimento. Farmacocinética TESTES IN VITRO Envolvem experimentos realizados fora de qualquer organismo vivo e permite acompanhar um processo bioquímico em um ambiente simplificado! Exemplo: Avaliação de atividade antimicrobiana TESTES IN VITRO Apesar de muito úteis, são limitados! Em organismos vivos complexos ocorrem inúmeros processos que podem interferir na ação da substância analisada TESTES IN VIVO Ensaios farmacológicos e toxicológicos são realizados em animais e posteriormente em HUMANOS Ensaios farmacológicos Determinação do modo e local de ação Farmacocinética Estudos comparativos com fármacos da mesma classe para estabelecer vantagens em relação àqueles. ARTIGO 52 DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE (CNS) Toda pesquisa que o ser humano for submetido a estudo (estudos clínicos), deve ser fundamentada em experimentação prévia realizada em animais, tornando-se indispensáveis os estudos pré- clínicos (CNS, 1988). EXIGÊNCIAS DA PESQUISA PRÉ-CLÍNICA 1. Os estudos devem ser planejados de maneira a obter o máximo de informações, utilizando-se o menor número possível de animais; 2. Todos os animais utilizados devem ser criados em biotérios que assegurem boa qualidade; 3. Os estudos pré-clínicos devem ser realizados em três espécies de mamíferos, sendo pelo menos uma não roedor; EXIGÊNCIAS DA PESQUISA PRÉ-CLÍNICA 4. Os animais devem pertencer a linhagens bem definidas, evitando-se cepas com características genéticas especiais; 5. Deve-se utilizar igual número de machos e fêmeas; 6. Para os estudos agudos deve-se utilizar pelo menos duas vias de administração; EXIGÊNCIAS DA PESQUISA PRÉ-CLÍNICA 7. A investigação toxicológica pré-clínica de um medicamento deve incluir estudos de toxicidade aguda, toxicidade de doses repetidas, toxicidade subcrônica e toxicidade crônica. ENSAIOS DE TOXICIDADE Ensaios de toxicidade Identificar a natureza das reações tóxicas dependentes da dose empregada Toxicidade aguda Toxicidade Subaguda Toxicidade crônica Carcinogênese Teratogênese TESTES IN VIVO Toxicidade aguda: Determinação da DL50 – Dose letal que mata 50% dos animais Toxicidade subaguda Observação dos efeitos decorrentes do uso de doses repetidas, mais altas e intermediárias em relação às utilizadas - Descobrir os órgãos afetados. Toxicidade crônica e carcinogênese Determinação da segurança à longo prazo, empregando doses consideradas seguras para os pacientes. O ensaio de carcinogenicidade é obrigatório para qualquer composto que apresente estrutura química parecida com carcinogênico e que seja usado por mais de 6 meses TESTES IN VIVO Teratogenicidade Determinar lesões em embriões ou fetos e o efeito geral na reprodução TESTES CLÍNICOS TESTES CLÍNICOS Fase I Os primeiros estudos a serem conduzidos em seres humanos, normalmente num número reduzido de voluntários saudáveis (20-80). Têm por objetivo avaliar a segurança, tolerabilidade e posologia segura do novo medicamento, bem como do perfil farmacocinético e farmacodinâmico. Normalmente são realizados em voluntários saudáveis, no entanto podem ser conduzidos em doentes com patologias graves tais como doença oncológica ou SIDA TESTES CLÍNICOS Fase II Ensaios Clínicos que têm por objetivo avaliar a eficácia terapêutica de um novo medicamento em doentes com a doença em estudo, avaliando simultaneamente a sua segurança. As doses estabelecidas nos estudos Fase I são utilizadas para orientar justificativas dos protocolos dos estudos de Fase II TESTES CLÍNICOS Fase II São de um modo geral realizados num número limitado de doentes (100-300). Através destes ensaios confirma-se se o novo medicamento tem um efeito terapêutico e avalia-se a toxicidade permitindo selecionar o regime terapêutico (a dose e a frequência de administração do novo medicamento) para os ensaios de Fase III. TESTES CLÍNICOS Fase III Destina-se a testar a eficácia e segurança por meio de um grande número de amostras Consiste no aumento da amostra Estudos comparativos, geralmente multicêntricos, necessários para demonstrar a segurança, eficácia e benefício terapêutico de um novo medicamento por comparação com um medicamento padrão e/ou placebo. Nestes ensaios são envolvidos entre centenas e milhares de doentes, podendo chegar a cerca de 20 mil indivíduos. TESTES CLÍNICOS Fase IV Destina-se a testar a eficácia e segurança por meio de um grande número de amostras Estudos realizados após a obtenção da Autorização de Introdução no Mercado e relacionados com a indicação aprovada. São importantes para a otimização do uso do medicamento, ou seja, para aprofundar conhecimentos sobre a sua utilização que incluem a avaliação de interações medicamentosas adicionais, avaliação de dose-resposta, detecção de reações adversas previamente desconhecidas ou inadequadamente quantificadas, entre outros. QUESTÕES A descoberta de novos agentes terapêuticos pela química medicinal tem quais objetivos? O que é latenciação? Quais os objetivos da latenciação? Qual o objetivo dessa modificação estrutural do enalapriato? O que é bioisosterismo e quais seus objetivos? Diferencie o clássico do não-clássico.