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Resumo de PPE para P1

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PPE 
RESUMO PARA P1 
 
CAPÍTULO 1 – UMA ECONOMIA NACIONAL 
 
- O propósito de estudar escolhas coletivas decorre da necessidade de se incorporar 
na modelagem de política econômica aspectos centrais do processo político. Afinal, uma 
economia nacional pode sempre ser visualizada como a interação de agentes privados que 
operam nos mercados de bens e serviços e agentes públicos que estabelecem regulações 
que incidem sobre as variadas funções desempenhadas nesses mercados. 
- Fica claro que considerar o governo como um simples policy maker, um agente 
que busca promover o interesse geral maximizando uma função de bem-estar social, é 
uma simplificação por demais grosseira. A própria ênfase nos indicadores sumários (por 
exemplo, taxa de inflação) obscurece a extensão em que ocorrem intervenções 
governamentais. É preciso entender todas as relações e todo o processo decisório que está 
por trás dele. 
- Deve-se compreender que a interação de agentes públicos e privados é uma via de 
mão dupla. O processo decisório de fato tem suas decisões influenciadas pelos agentes 
privados, influência essa que pode ser via grupos de interesse e lobby, por exemplo. A 
contrapartida dessa relação é que as decisões do meio público são determinantes nas 
escolhas dos agentes privados. 
- Esta não-autonomia do agente privado, em suas escolhas nos mercados de bens e 
serviços, induz a que esse agente se confronte com a necessidade de desenvolver uma 
estratégia de atuação junto ao processo político, em complementação às suas estratégias 
convencionais de mercado. Cada agente privado, portanto, precisa coordenar dois tipo s 
de estratégias: (i) estratégia de mercado; e (ii) estratégia da ação coletiva (ou nonmarket 
strategy: tentativa de moldar uma determinada política pública segundo uma 
configuração mais próxima de suas preferências). 
 
GOVERNO NA ECONOMIA 
 
- O governo é muito mais do que um mero policy maker. É preciso incorporar, ao 
processo de decisão política, os diferentes entes federativos bem como as atividade dos 
agentes privados. Assim, nessa nova configuração institucional, ocorre um alongamento 
do processo decisório em que, entre a decisão política originária e a geração dos 
resultados finais da política, interpõem-se processos decisórios legislativos e gerenciais 
inerentes a esfera governamental, tanto quanto escolhas de agentes privados aos quais 
são delegados poderes, funções e recursos. 
- Decorre desse tipo de análise duas metáforas para tipificar essa face do governo: 
 Governo de Intermediários: noção intuitiva de conexão eleitoral, o eleito 
vota e o reflexo desse ato manifesta-se diretamente nos resultados do processo político. 
Cada político tem seu reduto eleitoral, a que deve atender visto que é de lá que angaria 
seus votos para a futura eleição. Assim, este governo alongado tem uma relação 
primordial com os agentes privados (de fato, o governo está longe de ser uma máquina 
maximizando funções de bem-estar). 
 Estado Oco: governo e setor privado estão densamente entranhado, de 
forma que, por trás de muitas ações governamentais estão entes privados. Muitas vezes, 
por trás do governo estão apenas interesses e instituições privadas. 
 
DETERMINANTES INSTITUCIONAIS E PADRÕES ECONÔMICOS 
 
- Embora seja reconhecido que do ponto de vista dos agentes privados o 
comprometimento do governo em relação a uma determinada política gera expectativas 
positivas nos investimentos, não se leva muito em conta o comprometimento institucional 
da mesma (a qualidade das regras das escolhas bem como sua credibilidade e 
estabilidade). Uma visão alternativa diz que as decisões de investimento das empresas 
privadas estão condicionadas pela qualidade do ambiente em que se definem as 
estratégias dos agentes públicos. 
- Assim, se torna necessário, por exemplo, entender as diferenças entre separação 
horizontal e vertical dos poderes, que é bastante relevante no estudo da geração de 
credibilidade das estratégias de política. 
 Separação horizontal: amplia o número de pontos de veto na trajetória de 
uma política pública. 
 Separação vertical: uma ou mais instâncias do poder executivo assumem 
poderes de formular ou operar uma política substantiva, ou seja, essa delegação vertical 
serve para realocar esses pontos de veto ou mesmo para reduzi-los. Por exemplo, quando 
se argumenta em prol da autonomia da autoridade monetária, esse novo status decisório 
tem o significado de realocar integralmente um ponto de veto. Ou seja, a separação 
vertical por meio da instalação de uma agência reguladora independente pode induzir a 
estabilidade da política monetária, uma vez que a tomada de decisão sai da área de 
influência eleitoral-partidária para a área técnico-burocrática. 
 
O JOGO DE POLÍTICA ECONÔMICA 
 
- Não apenas os agentes públicos interagem uns com os outros, mas também com 
agentes privados. Tal ambiente analítico sugere que se associe à formação de políticas a 
noção de jogo de estratégias. 
- Nesse tipo de jogo, são reconhecidos seis classes de participantes: (1) políticos-
legisladores: atuam nas decisões majoritárias e podem decidir quanto à mudança nas 
regras constitucionais; (2) Burocratas: distribuem-se por vários níveis de decisão, 
mantendo uma relação de monopólio bilateral com a legislatura; (3) Presidente da 
República: é sob sua autoridade que opera a burocracia governamental; (4) Juízes: fazem 
a revisão das decisões da legislatura, do presidente e da burocracia; (5) Grupos de 
interesse especiais; e (6) Cidadão: atuam como eleitores na representação legislativa e do 
presidente. 
- Na extensão em que as regras do jogo – as instituições políticas – afetam as 
escolhas de políticas, os agentes que participam desse jogo também têm preferências 
definidas no conjunto de instituições. 
- “Instituições e preferências se confundem inapelavelmente”. 
 
- Suponha a democracia constitucional em dois estágios. Primeiro, um jogo 
constitucional, e, depois, o jogo de política econômica propriamente dita (disso resultam 
os indicadores macroeconômicos). Quando no “jogo constitucional”, no qual se escolhe 
entre regras ou regimes de política alternativos, supõe-se que o político, por exemplo, é 
imparcial em sua escolha de estratégias, no sentido de que, ao escolher regras gerais (que 
definem a extensão de poder do governante, por exemplo) ele atua sob um véu de 
ignorância ou incerteza. 
- E por que ele assim o faria? Possivelmente porque está fazendo escolhas duráveis 
(regras constitucionais); nesse sentido, mesmo o agente motivado pelo auto-interesse 
percebe não apenas sua situação presente, mas como ela se desenrolará no futuro incerto. 
Assim, esse agente revela-se prudente em sua ação, como se ele não conhecesse sua 
posição corrente quando seleciona um código constitucional para coordenar e restringir o 
que são, de fato, indefinidas interações políticas, repetidas entre indivíduos como ele 
próprio. Pode-se, então, supor que, nesse estágio do jogo de políticas, os participantes 
cultivam a imparcialidade e optam por estratégias cooperativas. 
- Já no estágio do jogo de política econômica propriamente dita, escolhe-se entre 
resultados finais de política sob um conjunto de regras pré-acordadas. Aí prevalecem as 
escolhas majoritárias e mesmo a decisão gerencial dos formuladores de política. 
 
 
CAPÍTULO 2 – POLÍTICOS LEGISLADORES 
 
- A racionalidade do político é definida pelo critério de que eles têm interesse 
privado no resultado das escolhas públicas e, assim, atuam levando em conta o máximo 
de votos que tal resultado lhes possa trazer. As regras em sua decisão derivam-se de 
qualificações feitas à vigência da regra de maioria, e sua escolha de estratégias leva em 
conta os impactos distributivos das políticas públicas numa complexa “conexão 
eleitoral”, ou seja, as estratégias do político são diferenciadas segundo a visibilidade do 
benefício líquido dessaspolíticas em seus respectivos redutos eleitorais. 
- Esse jogo também pode ser caracterizado do ponto de vista dos partidos políticos. 
Por um lado, os partidos políticos provêm mecanismos de unificação de preferências e, 
desse modo, contribuem para reduzir os custos de transação para que se formem 
coalizões legislativas; por conseqüência, eles cumprem essencialmente uma função de 
resolver problemas de ação coletiva. 
- Por outro lado, eles operam como superagentes no jogo de política e, como tal, 
têm interesses próprios que podem divergir dos de seus eleitores-patrocinadores, o que 
pode ser muito danoso ao interesse geral, uma vez que, tendo os partidos assumido 
posições e tomado decisões em causa própria, eles podem arrastar consigo os políticos 
na mesma direção. Numa circunstância extrema, pode até ocorrer que, na mistura dos 
atendimentos provida pelo partido, parte do seu eleitorado acabe sendo prejudicada, 
contrariando o que esse segmento inicialmente reivindicava. 
- Considerando uma superdelegação política, a intermediação política pode 
deprimir a legitimidade das escolhas de governo representativo, na medida em que as 
intermediações criam outras conexões entre os entes envolvidos, suprimindo ou 
substituindo a relação do eleitor com o eleito. 
- Sabemos que os políticos e, conseqüentemente, os partidos políticos fazem 
política sempre se orientando pelo objetivo de vencer as eleições e, para isso, 
operacionalizam as suas políticas mais preferidas. Entretanto, políticos e partidos 
desempenham um papel muito mais complexo nas escolhas públicas no ambiente do 
governo representativo. 
- Primeiramente, a correspondência entre as ações do político e as preferências de 
seu eleitorado são ditadas por vários tipos de folga, como, por exemplo, as eleições que 
ocorrem a intervalos discretos e, assim sendo, os arrependimentos dos eleitores só 
poderão ser remediados na eleição seguinte. Com isso, a representação política será 
exercida com diferentes graus de folga, dependendo do quão próximo ou quão distante se 
esteja da uma data eleitoral – o que produz um ciclo na trajetória de políticas. 
Simplificadamente, existe uma convergência mais acentuada na direção de demandas e 
valores originados nos redutos eleitorais dos políticos. 
- Outro fator de folga é ditado por um atributo tecnológico: as políticas públicas são 
oferecidas em bloco, daí os políticos podem empreender muito mais o que seja do seu 
interesse, distanciando-se do interesse coletivo. Nessa situação, cada eleitor reconhece 
nessa oferta de políticas precisamente a parte que atende às suas preferências, mas essa 
oferta inclui muito mais do que ele demanda ou até mesmo políticas que ele nem se 
identifica. 
- As regras da escolha eleitoral (por exemplo, pluralidade, regra de maioria) 
induzem o político a necessariamente atender apenas uma parte da população, o seu 
reduto eleitoral. Essa conexão eleitoral faz com que o político opte por uma provisão de 
política pública em maior sintonia com os seus eleitores, principalmente (e muitas vezes 
apenas) quando ele percebe que o seu voto em determinada política envolve risco 
eleitoral. 
- Assim, os partidos políticos podem ser modelados como uma firma de 
corretagem. O objetivo desses intermediários é aumentar o seu valor para os políticos 
que atuam como seus clientes. Os partidos servem como árbitros que sinalizam para os 
políticos com as preferências dos cidadãos e, portanto, informam-lhes sobre como obter 
apoio político. Esse é um processo de acoplamento que reduz os custos da transação 
para que certos cidadãos possam entrar no processo político. 
- Esse papel desempenhado pelo partido político expande o conjunto de indivíduos 
que pensam que podem influenciar o governo, e, em conseqüência, o partido amplia a 
gama de interesses que encontra expressão através da ação governamental e expande o 
apoio político agregado disponível para os políticos [governo de intermediários]. A 
opção do partido político viabiliza que esses interesses não organizados de eleitores fora 
de grupos de interesses especiais encontrem expressão no processo político a um custo 
muito mais baixo. 
- De todo modo, os partidos detêm o importante papel de ser um mecanismo pelo 
qual os políticos podem fazer promessas com credibilidade aos diferentes segmentos da 
sociedade mais ou menos organizados. Essa relevância traduz-se pelo auxílio que os 
partidos prestam aumentando a durabilidade e a confiabilidade das barganhas que os 
grupos de interesses estabelecem com os políticos. Mesmo porque a filiação partidária 
oferece características de bem público, posto que o partido provê identificação 
ideológica e “marca” a seus membros, simplificando a articulação junto aos redutos 
eleitorais. Fora do partido político, tal processo torna-se oneroso e ineficiente. 
- E além dessa relação difusa entre partido e eleitor, deve-se levar em conta 
também toda a variedade de comportamentos que é ditada pela busca por obter ganhos 
decorrentes da atuação do governo em certos temas preferenciais, o que é conhecido 
como rent seeking. 
- Uma questão que também é muito discutida é a relação dos partidos com os 
legisladores, uma vez que os legisladores tem objetivos individuais que às vezes se 
contrapõem aos interesses do partido, e assim nada nos garante que determinado partido 
irá sempre refletir as preferências dos seus eleitores. Daí a idéia de que o partido pode 
ser visto também como uma coalizão de votos no plenário, que depende muito da 
lealdade dos deus legisladores. 
- A modelagem do jogo dos políticos vai além da simples escolha majoritária dos N 
representantes eleitos para incorporar elementos típicos da estrutura legislativa, como as 
jurisdições em comissões, a atuação de partidos políticos e suas lideranças. Entretanto, 
deve-se levar em conta algumas questões quanto a essa estrutura legislativa, que é o 
condicionamento da representatividade das decisões dos políticos, além da transferência 
do poder decisório para um menor número de representantes, o que gera ainda mais 
problemas nessa relação entre políticos e seus eleitores-patrocinadores como, por 
exemplo, o fato de que um menor número de representantes passa a ter maior controle 
sobre a agenda da legislatura, bem como facilita a atuação de grupos de interesse na 
tentativa de influenciar o processo decisório (lobby). 
 
LOGROLLING 
 
- As escolhas majoritárias dos legisladores são qualificadas por um importante 
mecanismo institucional: a troca de votos (logrolling). 
- Na democracia, os eleitores não exprimem a intensidade de suas preferências, mas 
somente a ordenação preferida. Em conseqüência, seja essa preferência forte ou fraca, o 
eleitor simplesmente dá o seu voto em favor de sua opção preferida. 
- A idéia é de que quando os eleitores-patrocinadores de um determinado legislador 
não se importam com um dado tema de política pública, os políticos racionais se dispõem 
a trocar o seu voto nesse tema por um voto naquilo em que seus eleitores estão 
interessados. Sem logrolling,(ie. voto estratégico ou sofisticado) cada uma dessas 
votações resultaria na derrota do projeto apresentando. Mas, com logrolling, a 
coletividade pode ser mais bem atendida, uma vez que teremos mais projetos sendo 
aprovados. 
- Repare que, com voto sincero, o votante ou eleitor age como ele agiria na 
ausência de qualquer outra influência consoante o seu melhor entendimento pessoal do 
problema sob consideração. Já no voto sofisticado ou estratégico, há oportunidades para 
que esse mesmo eleitor ajuste sua posição na votação de modo a torná-la mais compatível 
com suas convicções gerais, enquanto falseia suas convicções quanto a aspectos 
específicos do tema ou da proposta sob votação. O participante de uma escolha coletiva 
logo descobrirá que, apoiando um resultado final ou ponto de vista com o qual discorda, 
ele pode impedir que seus paresvenham a optar por algum outro resultado que ele 
acredita ser pior em sua perspectiva individual. 
- Portanto, uma vez que se permita aos legisladores trocar votos, eles se darão conta 
do custo de oportunidade de votar. Assim, eles poderão votar apenas nos casos em que 
tenham forte motivação a fazê-lo. Eles atuarão transferindo o seu voto em políticas 
menos preferidas para trocá-los por mais votos nas políticas de seus interesses. 
- O logrolling maximiza o bem-estar da coletividade. 
 
 
CAPÍTULO 3 – PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
 
- Uma dimensão muito especial do jogo dos políticos é a interação que se 
estabelece entre os legisladores e o presidente da República. Comparativamente aos 
legisladores, o presidente tem menor indução ao clientelismo e ao oportunismo eleitoral 
em decorrência de sua base de representação ser mais ampla e heterogênea, assim como 
de ter mandato eletivo limitado, e, portanto, sua motivação eleitoral tende a ser mais 
atenuada, sobretudo no segundo mandato. 
- O objetivo do presidente é, assim, legar um conjunto de realizações ao longo de 
sua limitada estada no poder. 
- As estratégias do presidente para tantopodem influenciar o resultado legislativo 
através de duas formas: 
 Informais: coattails ou efeitos de associação ao prestígio, à imagem e à 
popularidade do presidente; preenchimento de cargos na administração pública, etc. 
 Formais: iniciação do processo legislativo e a marcação da agenda da 
legislatura; poder de veto ex post às decisões da legislatura. 
- O mais típico desses instrumentos formais é o poder de veto do presidente, que 
caracteriza-se como uma espécie de direito de propriedade no processo legislativo. Além 
disso, por sua efetivação ser posterior à decisão da legislatura, ele acaba por incidir sobre 
a totalidade do processo de formação legislativa, ainda que formalizado em relação ao 
resultado final desse processo. De fato, o poder de veto tem um inequívoco sentido 
condicionante no conjunto de escolhas dos legisladores posto que a simples sinalização 
do presidente da República em vir a recorrer ao veto pode levara que os legisladores se 
inclinem a fazer escolhas de maior sintonia com as preferências do Executivo. Esse é o 
atributo dissuasório do veto presidencial. 
- Os poderes presidenciais, de acordo com a tipologia Shugart-Carey, podem ser 
distribuídos em duas classes: 
 Poderes legislativos: o veto presidencial (total e parcial), e com a 
possibilidade de sua apreciação pela legislatura, sob condições de votações 
especiais; a emissão de decretos com utilização em temas de política 
exclusivos; a iniciativa legislativa, isto é, sendo o first mover no jogo de 
políticas. 
 Poderes não-legislativos: sujeitos a influência que se admite que a 
legislatura possa ter em escolhas do executivo e nos questionamentos de 
decisões executivas, com a autonomia das comissões legislativas. 
- No caso do Brasil o poder presidencial vai muito mais além dessa composição, 
especialmente porque o presidente detém substancial capacidade emissora de leis 
(medidas provisórias) que, ao longos dos últimos anos, foi algo exagerado. Por outro 
lado, a interferência informal do executivo nas tarefas da legislatura assume formas 
variadas em decorrência do intenso logrolling que o presidente pode ativar em matérias 
que são do seu interesse ver ou não aprovadas. 
- Muito importante nessa relação entre presidente e legisladores é o sistema 
constitucional de separação de poderes que estabelece a margem de cooperação em que 
pode se sustentar uma política. Para tanto, esse sistema confere aos participantes desse 
jogo um poder de bloquear uma decisão, condicionando, assim, a estabilidade da política 
pública. A interação do presidente com a legislatura nesse sistema de separação de 
poderes é comparável a um monopólio bilateral: como decorrência do logrolling, as 
propostas de política aprovadas pelos legisladores tomam a característica de blocos de 
escolhas que pressionam o orçamento público, o que traduz, ademais, a variedade de 
interesses preferenciais que essas leis acomodam em seu texto. Em face da coerção que 
tal procedimento pode impor as preferências do executivo, o presidente lança mão de seu 
instrumento de uso exclusivo, o veto, quando lhe aprouver. 
- É relevante notar também que a vantagem que o presidente detém em suas relação 
com o congresso, por meio do uso do veto parcial, por exemplo, leva a que as 
preferências do presidente fiquem mais bem atendidas comparativamente às dos 
legisladores. Entretanto, não é necessário que esse antagonismo prevaleça, uma vez que a 
maioria dos legisladores poderá antecipar a reação presidencial ao conteúdo do projeto de 
lei encaminhado à sanção do presidente, o que dá margem a barganha entre congresso e 
presidente. 
- Nos últimos tempos no Brasil, a conexão eleitoral que aloca esses atendimentos 
federais tornou-se cada vez mais paroquial, em que poucos obtêm os benefícios, enquanto 
os encargos incidem sobre segmentos muito mais amplos. Esse é, portanto, um dilema da 
ação coletiva, uma vez que boa parte desses redutos eleitorais ficaria melhor recebendo 
menores benefícios e, ao mesmo tempo, menores níveis de encargos. Mas isso é algo que 
não existe, pois nenhum legislador apoiaria tal mudança sem ter a certeza que os demais 
políticos fariam o mesmo. Sendo o presidente, entre todos os políticos, o que representa o 
maior e mais heterogêneo reduto eleitoral e, ademais, sendo ele o único que tem limite de 
tempo de permanência no seu posto, uma outra saída para o dilema mostrado por 
Calabresi, é promover essa complexa distribuição do atendimento de políticas por meio 
da legislação emitida pelo executivo. 
 
UMA CONJECTURA PARA A HIPERTROFIA DO EXECUTIVO 
 
- Ao longos dos anos, seja devido às crises econômicas, seja pela visão de mundo 
dos que se alçaram aos postos de mando na formulação das políticas econômicas, o 
executivo passou a deter substancial poder decisório nas escolhas públicas sem que o 
Congresso dê efetiva demonstração de estar descontente com o atual status quo. Essa é 
uma situação que não apenas dissipa o sistema de separação de poderes, como vai mais 
além: o contraponto da legislatura, a responsabilização pelas escolhas públicas e o vigor 
das instituições do governo representativo ficam deteriorados por essa hipertrofia do 
executivo. Um envolvimento sistemático e equilibrado do Congresso em apreciar os atos 
do executivo minimizaria tais vícios. 
- Identifica-se um regime de catraca e tranca que dificulta qualquer tentativa de 
limitar o poder do Executivo: catraca porque, diante da deferência na revisão judicial, os 
burocratas encontram vasta área de flexibilidade para instrumentar as políticas públicas,, 
estabelecendo seguidamente novos patamares de atuação; e tranca porque as ameaças de 
veto e a emissão de MP prestam-se à fixação dessas políticas, levando a maioria 
legislativa a transigir. 
- Percebe-se que, em meio às freqüentes referências a reformas (tributária, 
trabalhista, política, etc) que seriam necessárias na economia brasileira, perde-se de vista 
a deterioração que a longa convivência com a hipertrofia do executivo nas escolhas 
públicas tem provocado nas instituições do governo. Entre os muitos déficits 
habitualmente mencionados nos dias de hoje, o de democracia talvez seja o que mais 
fundamentalmente necessita ser reduzido ou eliminado. 
 
AMBIENTES CONSTITUCIONAIS DAS ESCOLHAS PÚBLICAS 
 
- Inicialmente, o governo foi definido como um jogo majoritário de N 
representantes eleitos. O arranjo decisório dos legisladores pode ser unicameral ou 
bicameral, e com a ativação ou não do mecanismo de logrolling. Complementarmente, há 
a descentralização por jurisdições de comissões legislativas. 
- Agora, o presidente é incluído nesse jogo ora interagindo com uma legislatura 
unicameral ora na decisão tricameral que envolve o presidente e os processosmajoritários 
de deputados e senadores. A introdução do presidente nesse jogo cria novas 
possibilidades de solução, uma vez que o presidente detém o poder de veto à decisão dos 
legisladores, sendo que tal veto é posteriormente trazido a voto na Câmara dos Deputados 
e no Senado Federal. 
 
 
 
CAPÍTULO 7 – CIDADÃO ELEITOR 
 
- O envolvimento do cidadão nas escolhas públicas é definido pelos impactos de 
política pública na realidade socioeconômica e pelo decorrente uso do voto e de outros 
instrumentos de sua participação no processo político. Sua racionalidade é a minimização 
da coerção que ele percebe nesses impactos, isto é, no maior ou menos comprometimento 
dos níveis subjetivamente mais preferidos desses impactos. 
- Se P* é o nível preferido ou ideal da provisão de uma política, do ponto de vista 
de um cidadão, e P é o nível em que essa política lhe é provida, a diferença |P-P*| é 
conceitualmente o nível de coerção que ele percebe implícito nessa provisão. 
- As estratégias disponíveis ao cidadão podem ser classificadas em: 
 Diretamente orientadas para influenciar políticos e partidos políticos: 
votos, adesão a grupos de interesses especiais. 
 Outras estratégias: auto-regulação (controle da coerção através da restrição 
da exposição aos impactos das políticas públicas), provisão privada 
(transferência do atendimento pelo processo político para o atendimento via 
mercado). 
- Algumas dessas estratégias apresentam a característica peculiar de ter seu uso 
restrito a determinados pontos do tempo como, por exemplo, o voto, que só pode ser feito 
em períodos eleitorais. Mas as diferentes estratégias possuem custos variados: a opção 
mais barata é o voto e a mais cara é a atuação de grupos de interesses especiais. 
- O ponto é que pelo seu voto, pessoal e intransferível, e por sua eventual 
integração a uma coalizão majoritária que o cidadão eleitor pode materializar suas 
preferências por um grau menor de coerção na política econômica. 
- O paradoxo da votação: por que gastar tempo em votar se o resultado eleitoral não 
será afetado pelo voto individual? 
- Há que se ressaltar também que há uma certa gradação no conjunto dos cidadão 
eleitores, ou seja, pode-se separar os cidadãos eleitores em espécies de grupos, em que 
cada grupo é mais ou menos adepto à política pública, mais ou menos ativo, etc, e saber 
dessas características é bastante relevante para que os políticos e os partidos possam 
pensar nas suas estratégias de atuação. 
- Duas questões surgem dessa relação do político com o eleitor: 
 A expertise não-transferível do eleitor, ou seja, que algumas questões que 
podem estar ocorrendo de errado no meio público podem não ser prontamente 
reconhecidas pelo eleitor, que não tem o know-how necessário para fazer 
essas avaliações. 
 Voto aberto x voto secreto na decisão legislativa. 
- Essa última questão provoca uma intensa discussão entre os agentes. Antes de 
mais nada, é preciso comparar as vantagens dessa transparência decisória com os custos 
inerentes à abertura do processo de decisão política. 
 Um processo de escolhas públicas opaco pode levar a boas deliberações, 
enquanto, em troca, a abertura limita a margem de negociação com grupo de 
interesses. 
 A transparência tanto viabiliza a responsabilização do político perante 
seus eleitores-patrocinadores quanto facilita a sinalização que esse político 
pode direcionar a interesses desse grupos especiais. 
- Assim, temos que o eleitor dispõe de dois instrumentos de participação no 
processo político: (i) o voto individual; e (ii) a ação coletiva de lobby, financiamento de 
campanhas eleitorais e uso da mídia. 
- Para o política, essas duas vertentes têm implicações distintas na autonomia com 
que ele participa das votações no plenário. Em quase todas as votações puramente 
legislativas, o voto aberto é adotado por seu uma precondição para que se ponham em 
marcha acordos de troca de votos (logrolling) entre os legisladores. Com voto secreto, 
tais acordos só poderiam ir adiante em função do monitoramente do resultado final da 
votação. 
- Mas o voto aberto também precisa ser questionado, uma vez que por via de uso da 
mídia, o voto aberto pode condicionar publicamente o legislador às pressões de grupos de 
interesse, tornando o político muito menos autônomo em sua participação das escolhas 
majoritárias. 
- Portanto, não é correto pensar que o fenômeno da representação política é trivial, 
a ponto de que desvios verificados entre as preferências do político e de seus 
patrocinadores possam ser descontados ao comportamento pernicioso do político e que o 
antídoto para esse problema seja necessariamente o voto aberto. 
 
O ELEITOR COMPETENTE 
 
- O cidadão pode ser considerado competente em seu desempenho como eleitor, já 
que ele vota do mesmo modo que votaria caso tivesse tido toda a informação disponível 
sobre as conseqüências de políticas públicas decorrentes de sua decisão. 
- Deve-se considerar três fontes principais de provisão de informação para a 
tomada de decisão do cidadão eleitor. 
 A própria capacidade cognitiva do cidadão, ou seja, que o cidadão entende 
as possíveis conseqüências do resultado de sua decisão e, conseqüentemente, 
da eleição. 
 Políticos e burocratas também podem contribuir para aumentar a 
competência do cidadão caso aprimorem a estrutura de informação sob a qual 
o eleitor faz as suas escolhas. 
 A própria informação contida no documento do voto pode ser expandida 
com o propósito de aumentar a informação relevante na decisão do eleitor. 
 
UMA VEZ MAIS, A SOBREVIVÊNCIA ELEITORAL DO POLÍTICO 
 
- A racionalidade do político é ditada, em última instância, por sua sobrevivência 
eleitoral e, portanto, política como o aumento de impostos não são um comportamento 
observável próximo a uma eleição. Entretanto, essa dependência é substancialmente 
qualificada pelo ambiente institucional em que ela possa ocorrer.

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