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1 DOENÇAS DA ORELHA EXTERNA Gizelle Felinto ANATOMIA DA ORELHA EXTERNA ➢ A orelha externa é constituída por: • PAVILHÃO AURICULAR → constituído por um esqueleto fibrocartilaginoso ▪ O formato do pavilhão auricular permite a identificação da localização da fonte sonora ▪ É uma estrutura rica em cartilagem e pobre em tecido celular subcutâneo ▪ É uma ótima área doadora de cartilagem para cirurgias como reconstrução de nariz e de pálpebra, por exemplo ▪ Face externa do pavilhão auricular: ✓ Lóbulo → é a única região que é rica em tecido celular subcutâneo (assim, as outras regiões do pavilhão são pobremente irrigadas, pois a cartilagem se nutre por embebição do pericôndrio. Assim, a partir do momento em que se transfixa esse pericôndrio, a nutrição nessa região é perdida, podendo fazer com que a região possa necrosar, inflamar e infeccionar) ▪ Face interna do pavilhão auricular → a face interna está voltada para a apófise mastóide, limitando-se com a região mastóidea pelo sulco retroauricular • CONDUTO AUDITIVO EXTERNO (CAE): ▪ É um canal sinuoso que se prolonga da concha até a membrana timpânica ▪ No adulto é dividido em: o 1/3 externo cartilaginoso o 2/3 internos ósseos ▪ É constituído por 4 paredes: ✓ Parede Anterior → relaciona-se com a articulação temporomandibular ✓ Parede Posterior → corresponde à apófise mastóide ✓ Parede Superior → tem relação com a fossa cerebral média ✓ Parede Inferior → relaciona-se com a glândula parótida ▪ Medidas do CAE: ✓ Parede póstero-superior → 25mm ✓ Parede anteroinferior → 31mm ✓ Volume do CAE no adulto → 0,85ml ▪ 1/3 Externo do CAE (Porção Cartilaginosa): ✓ Fissuras de Santorini: o São 2 fissuras horizontais localizadas na região anteroinferior do cilindro cartilaginoso do 1/3 externo do CAE o Essas fissuras permitem a flexibilidade do canal o Atenção → essas fissuras são vias de infecção e disseminação de tumores do CAE para a Glândula Parótida ▪ 2/3 Internos do CAE (Porção Óssea) → composto ântero-inferiormente pela porção timpânica do osso temporal, superiormente pela porção escamosa e posteriormente pela porção mastóidea do osso temporal ➢ IRRIGAÇÃO ARTERIAL: • É realizada pelos ramos dos seguintes ramos da Artéria Carótida Externa: ▪ Arterial Temporal Superficial → emite 3 ramos (Superior, Médio e Inferior) ▪ Artéria Auricular Posterior → emite 3 a 5 ramos, que são superficiais e perfurantes, proporcionando uma rica vascularização (isso explica o surgimento do hematoma subpericondral) • Além desses ramos, o CAE também recebe a Artéria Auricular Profunda, ramo da artéria maxilar interna, que irriga o anel timpânico ➢ DRENAGEM VENOSA: • É realizada por 2 territórios: ▪ Anterior: ✓ As veias superficiais do território anterior drenam para o plexo subcutâneo da mandíbula ✓ As veias profundas drenam para a veia temporal, veias profundas da glândula parótida e veia facial posterior ▪ Posterior: ✓ Veias superficiais → se comunicam com as veias occipitais superficiais, pelas veias póstero- superiores que drenam para a veia temporal 2 DOENÇAS DA ORELHA EXTERNA Gizelle Felinto profunda, pelas veias medianas e inferiores que drenam para as veias profundas da glândula parótida ➢ INERVAÇÃO SENSITIVA: • Os Nervos Cranianos V (Trigêmeo), VII (Facial) e X (Vago) são os nervos que mais participam da inervação cutânea da orelha • Ramo Auricular do Plexo Cervical → inerva a parte póstero-inferior do pavilhão e do conduto • Nervo Auriculotemporal (Ramo do Nervo Trigêmeo - V) → inerva a parte interior do pavilhão auricular e pequena parte do conduto • Nervo Facial (VII) → inerva a concha e a parte inicial do conduto (zona de Ramsay Hunt) • Ramo Auricular do Nervo Vago - X (Nervo de Arnold) → inerva a parte profunda do conduto e o tímpano • CORRELAÇÕES CLÍNICAS: ▪ Paciente com Paralisia Facial → apresentará alterações de sensibilidade na orelha, da movimentação da cadeia ossicular (devido à platina do estribo que é movimentada pelo nervo para o músculo estapédio, ramo do nervo facial) ▪ Neuralgia Trigeminal → paciente pode apresentar- se apenas com queixa de otalgia, por exemplo ➢ DRENAGEM LINFÁTICA: • Geralmente segue a drenagem venosa para os linfonodos da glândula parótida, para os cervicais superficiais ao longo da veia jugular externa para os linfonodos póstero- auriculares ➢ FLORA: • Algumas características do Conduto Auditivo Externo (CAE) que propiciam um ambiente adequado para o crescimento de microrganismos: ▪ Calor ▪ Umidade ▪ Debris celulares (vestígios de células ou tecidos mortos ou danificados) ▪ Nutrientes • A Flora Normal do CAE é estável e não apresenta diferenças significativas quanto a sexo, clima, estação ou pacientes institucionalizados • Fungos → raramente são cultivados em CAEs normais • Importante → A manutenção da integridade da pele do CAE e da flora normal é a chave da prevenção da otite externa ➢ PELOS DO CONDUTO → formam uma barreira contra a entrada de corpos estranhos, mas também podem predispor à impactação de cerume ➢ CERUME: • É produto da mistura dos seguintes → Secreção produzida pelas glândulas sebáceas e ceruminosas + descamação epitelial + pelos + corpos estranhos • Existem 2 tipos de Cerume: ▪ Cerume Seco: ✓ “rice bran” (farelo de arroz) ✓ É comum na Ásia, principalmente em Japoneses ✓ Tem um maior conteúdo proteico que o cerume úmido, havendo maior quantidade de IgG e lisozima ▪ Cerume Úmido: ✓ É acastanhado e mole, conhecido como “honey wax” (cera de mel) ✓ Mais comum em brancos e negros • Composição do cerume: ▪ Lipídeos (46 a 73%) ▪ Proteínas ▪ Aminoácidos livres ▪ Íons minerais ▪ Substâncias antibacterianas (segundo estudos histoquímicos): ✓ Lisozima ✓ Imunoglobulinas ✓ Ácidos graxos poli-insaturados • Cerume de Diabéticos → é menos ácido que o normal, o que acaba favorecendo o crescimento bacteriano • Função do Cerume: ▪ Função protetora → se deve principalmente à sua característica hidrofóbica, o que impede que a água que penetra no CAE fique estagnada e provoque alterações epiteliais e maceração, o que iria predispor a infecções 3 DOENÇAS DA ORELHA EXTERNA Gizelle Felinto ➢ OUTRAS INFORMAÇÕES ANATÔMICAS IMPORTANTES: • Fossa Média → A proximidade das orelhas (externa, média e interna) com a base do crânio (fossa média) faz com que se tenha uma tendência a complicação intracranianas das doenças da orelha (externa, média ou interna) • Articulação Temporomandibular (ATM) → devido à proximidade das orelhas com a ATM, muitos pacientes chegam no consultório com queixas otológicas quando na verdade o problema se encontra na articulação temporomandibular ▪ Pacientes com disfunção na ATM podem apresentar: ✓ Tontura ✓ Sensação de surdez ✓ Zumbido ✓ Dor no ouvido • Loja Parotídea → devido a essa relação anatômica da parótida com as orelhas, pacientes com doença de parótida também podem procurar o otorrino com queixas de dor no ouvido, por exemplo ➢ Dor referida → Devido ao trajeto do nervo glossofaríngeo é muito comum pacientes com dor de garganta terem irradiação da dor para o ouvido e vice-versa FUNÇÕES DA ORELHA EXTERNA ➢ A orelha externa possui a função de coletar e encaminhar as ondas sonoras até a orelha média, amplificar o som, auxiliar na localização da fonte sonora e proteger a orelhas média e interna ➢ FUNÇÕES DA ORELHA EXTERNA: • PROTEÇÃO MECÂNICA: ▪ Principal função da orelha externa → Proteção da membrana do tímpano (ou seja, proteger a orelha média e a interna. Assim como a função da orelha média é proteger a orelha interna, o que mostra a grande importância e fragilidade da orelha interna, que apresenta duas estruturas paraprotege-la) ▪ Para evitar que a onda sonora atinja diretamente a membrana timpânica ▪ Proteger do livre acesso de corpo estranho → a sinuosidade do conduto auditivo externo ajuda na proteção da orelha externa e da membrana timpânica • MANUTENÇÃO DA TEMPERATURA E UMIDADE → realizada por pelos, glândulas ceruminosas produtoras de cerume e epitélio (migração epitelial da região interna para a externa) ▪ Essa manutenção é necessária para a preservação da elasticidade da membrana do tímpano, mantendo suas funções características vibratórias • LOCALIZAÇÃO DA FONTE SONORA: ▪ Meato acústico externo → auxilia na localização da fonte sonora, que consiste na impressão de volume sonoro causada pela aplicação de pressão sobre as orelhas ▪ Exemplo → paciente com rolha de cerume chega no consultório e afirma que tem dificuldade em saber de qual lado o estão chamando. Assim, por exemplo, quando chamam do lado direito ele olha para o lado esquerdo, pensando que a fonte sonora se localiza nesse lado • CONDUÇÃO E AMPLIFICAÇÃO DO SOM (10 a 25dB): ▪ Meato acústico externo → transfere e amplifica o som para a orelha média, principalmente em frequências de 2000 a 5000 Hz, sendo máxima entre 200 e 3000 Hz (aproximadamente 20dB) ▪ A orelha externa capta a onda sonora e a conduz diretamente para a membrana timpânica ▪ A amplificação do som é feita na orelha média através de 2 sistemas, como o Sistema de alavanca da cadeia ossicular, que é o principal sistema. Mas também é feita por meio da Reverberação da onda sonora pelas paredes do conduto auditivo ➢ A função do pavilhão auricular como captador de ondas sonoras é discutível, pois sua ausência é compatível com boa acuidade auditiva OTITES EXTERNAS CARACTERÍSTICAS GERAIS ➢ Otite externa = quadro inflamatório da orelha externa ➢ A maior parte das doenças da orelha externa são doenças inflamatórias Orelha Externa Orelha Média Orelha Interna Fossa Média ATM Loja Parotídea ATENÇÃO ❖ Lesões do Pavilhão Auricular, do Canal Auditivo Externo ou da Orelha Média (que impedem a transmissão do som do ambiente externo para a orelha interna) → causam perdas da audição de condução ❖ Lesões que bloqueiam a mecanotransdução na orelha interna ou a transmissão do sinal elétrico pelo nervo Vestibulococlear (VIII) ao cérebro → causam perda da audição neurossensorial 4 DOENÇAS DA ORELHA EXTERNA Gizelle Felinto ➢ Praticamente todas as doenças dermatológicas podem também ser encontradas na orelha externa, já que ela é uma estrutura predominantemente formada por pele firmemente aderida na cartilagem e com pouco tecido subcutâneo ➢ As principais causas de otite externa são predominantemente infecciosas, podendo comprometer qualquer um dos tecidos que compõem a estrutura da orelha externa (pele e anexos, tecido subcutâneo, pericôndrio, cartilagem e osso) ➢ Formas Clínicas: • Otite Externa Difusa Aguda (é a mais comum) • Otite Externa Localizada • Otite Externa Fúngica • Otite Externa Crônica • Otite Externa Necrosante ou Maligna OTITE EXTERNA DIFUSA AGUDA ➢ INTRODUÇÃO: • Também chamada de “Orelha de Nadador” (“Swimmer’s ear”/tropical ear) • É uma inflamação difusa da pele da orelha externa • Trata-se de uma celulite da pele e do tecido subcutâneo do Conduto Auditivo Externo (CAE) causada por uma quebra na barreira protetora natural do conduto e facilitada pela presença de umidade em seu interior. Também pode acometer o pavilhão auricular • É frequentemente associada a traumatismo local com hastes de algodão ou outra forma de manipulação do conduto • Uma condição importante para o seu aparecimento é o aumento do calor e da umidade → assim, pessoas que praticam esportes aquáticos são grupos preferenciais para o surgimento de otite externa difusa ➢ EPIDEMIOLOGIA: • Incidência global → 1 a 4 casos por cada 100 habitantes por ano • Maior incidência em regiões de clima tropical e nos meses de verão ▪ É muito comum a alta incidência de casos de otite externa difusa nas férias de verão, pois, por exemplo, é o período em que os indivíduos aproveitam para ir à praia, local que apresenta bastante calor e umidade ➢ ETIOPATOGENIA → os seguintes patógenos podem ocorrer de forma isolada ou concomitantemente • Pseudomonas aeruginosa → é o patógeno mais frequente em todos os estágios da doença • Staphylococcus epidermidis • Staphylococcus aureus → a pele é colonizada normalmente por essas bactérias, porém quando ocorre um desequilíbrio no pH da pele isso acaba causando o crescimento desses microrganismos • Geralmente, o exame microbiológico da secreção não é fundamental para a instauração do tratamento, mas pode ser necessário em casos reincidentes ➢ QUADRO CLÍNICO: • Principais sintomas: ▪ Otalgia ▪ Plenitude auricular (sensação de “ouvido entupido”) → ocorre devido ao edema do conduto ▪ Prurido • Como é um quadro inflamatório, o paciente apresenta os 4 sinais flogísticos (dor, edema/tumor, calor e rubor/hiperemia) • Clinicamente, a otite externa difusa é dividida em 3 fases principais: ▪ Fase Pré-Inflamatória → predominância do Prurido ✓ Como o prurido não gera tanto incomodo quanto a dor, geralmente os pacientes ignoram essa fase pré-inflamatória, que é a mais fácil de se tratar ▪ Fase Inflamatória Aguda → prurido aumenta + Otalgia intensa ✓ Normalmente, os pacientes procuram o médico nessa fase da doença, quando a dor se inicia e começa a incomodar ▪ Fase Crônica • Estágio pré-inflamatório (estágio clínico inicial) → caracteriza-se por: ▪ Prurido ▪ Edema ▪ Sensação de plenitude • Otalgia → é o sintoma mais característico do estágio inflamatório agudo ▪ Essa otalgia pode refletir-se em toda a região periauricular ▪ A dor manifesta-se quando se realiza a digitopressão do tragus ou durante a mastigação • Otorreia: ▪ Geralmente, é clara e inodora ▪ Em quadros mais graves → otorreia torna-se mais intensa, espessa e soropurulenta • Também podem ocorrer: ▪ Linfadenopatia Cervical ▪ Febre • Em casos graves há a intensificação dos sintomas • Casos com Resolução incompleta → podem progredir para o estágio inflamatório crônico com: ▪ Pouca dor ▪ Prurido intenso ▪ Secreção persistente Otite Externa Difusa Aguda 5 DOENÇAS DA ORELHA EXTERNA Gizelle Felinto ▪ Pele espessa ou hipertrofiada → levando à obliteração parcial ou total do conduto ▪ Em geral, não há mais produção de cerume ➢ DIAGNÓSTICO → o diagnóstico é clínico • ANAMNESE → como o diagnóstico é clínico, deve-se investigar os principais fatores predisponentes para o surgimento da otite externa difusa ▪ Fatores Predisponentes: ✓ Clima Quente e Úmido (Ex: passar muito tempo no mar, na piscina, na sauna...) ✓ Trauma local (Ex: pelo uso de cotonetes) ✓ Uso de Aparelho de Amplificação Sonora (AASI) → tanto o aparelho auditivo quanto o uso exacerbado de fones de ouvido ✓ pH alcalino (aumento do pH da orelha) → o pH alcalino é muito importante para a gênese da otite externa difusa aguda o Remoção de Cerume → ao se remover a cera em excesso (Ex: com o uso de cotonetes) acaba-se por perder a acidez, fazendo com que o pH se torne alcalino, aumentando o risco de infecções ❖ A orelha precisa de um pH ácido para manter o seu equilíbrio bacteriano e quem mantém o pH ácido é a cera. Assim, a cera acidifica o meio e previne o surgimento de infecções bacterianas e fúngicas com frequência o Imersão em água do mar e/ou piscinas (Ex: passar o dia inteiro no mar ou na piscina) → à medida em que se vai ficando muitas horas dentro da água a pele vai perdendo a cera que a recobre e suas camadas superficiais vão macerando/amolecendo, causando uma descamação da pele que ficará acumulada dentro do conduto auditivo, e sabe-se que restos celularessão meio de cultura para o crescimento bacteriano o Uso de sabonetes detergentes → o sabão/detergente ajuda a alterar o pH da pele, favorecendo o desenvolvimento de infecções na orelha externa. Além disso, o sabão diminui a tensão superficial da água, tornando-a mais fluida e favorecendo a entrada da água no ouvido e a manutenção da umidade no local • ACHADOS DO EXAME FÍSICO: ▪ Dor à mobilização do tragus e/ou pavilhão auricular ▪ Na otoscopia observa-se: ✓ Hiperemia da pele do conduto ✓ Edema difuso ✓ Otorreia → na maioria das vezes é escassa e espessa ➢ TRATAMENTO: • Analgesia → pois dói bastante, principalmente na fase inflamatória aguda • Limpeza meticulosa e frequente do CAE → é a medida isolada mais importante no manejo terapêutico da otite externa ▪ A otorreia e os debris celulares tornam o pH cada vez mais alcalino. Assim, é muito importante a remoção da otorreia e dos debris celulares, para que se melhore o pH do conduto auditivo ▪ Proteção auricular contra a água (Ex: colocar um algodão molhado em uma substancia oleosa, como vaselina, glicerina ou óleo, para fechar o conduto auditivo na hora do banho para evitar que gotículas de água entrem e perpetuem o processo inflamatório devido à umidade) ▪ Microssucção → é o método mais efetivo para a remoção de resíduos em paciente colaborativos de qualquer idade ▪ Edema intenso das paredes do conduto → em alguns casos, pode dificultar a instrumentação adequada de toda a extensão do CAE • Gota Tópica (Otológica ou Oftalmológica): ▪ Gotas Otológicas → são manipuladas em um veículo ácido, conferindo a acidez necessária para tratar a infecção ✓ Muito mais do que o uso de antibióticos, a acidez conferida pela gota otológica ao conduto auditivo é um dos fatores importantes para o tratamento ✓ Gotas Otológicas a base de Antibiótico com espectro para P. aeruginosa (meio ácido + antibiótico) → antibióticos: o Fluoroquinolonas → as gotas otológicas à base de quinolonas são as preferíveis CIPROFLOXACINO → age sobre P. aeruginosa e S. aureus o Aminoglicosídeos → são Ototoxicos potentes e alteram bastante o equilíbrio microbiótico da pele GARAMICINA NEOMICINA → altera bastante a microbiota local ▪ Gotas Oftalmológicas → não são ácidas ✓ Indicação → utiliza-se quando o paciente tem muita sensibilidade à dor, pois a gota otológica causa dor por ser ácida. Assim, no início do tratamento desse paciente pode-se fazer uso de gotas oftalmológicas e depois, quando o processo infeccioso for controlado, pode-se trocar pelas gotas otológicas • Solução de Ácido Bórico a 3% → pode ser indicado, sendo responsável por acidificar o conduto 6 DOENÇAS DA ORELHA EXTERNA Gizelle Felinto OTITE EXTERNA LOCALIZADA ➢ INTRODUÇÃO: • Sinônimos → Otite Externa Circunscrita ou Furunculose • Trata-se de uma Foliculite do 1/3 lateral do Conduto Auditivo Externo (CAE) • É uma inflamação cutânea circunscrita ao conjunto pilossebáceo causada por estafilococos • Como os folículos sebáceos ocorrem principalmente no 1/3 externo do conduto auditivo, as otites localizadas raramente são encontradas em algum folículo piloso no 1/3 interno • Podem envolver um folículo (furúnculo) ou mais folículos (carbúnculo) em fases iguais ou diferentes de evolução • Ao se realizar a “limpeza” do conduto auditivo com o cotonete também se faz uma remoção grosseira dos pelos, podendo causar uma foliculite devido à obstrução das unidades pilossebáceas ➢ ETIOPATOGENIA: • É causada principalmente por Staphylococcus aureus ➢ QUADRO CLÍNICO: • Principais sintomas: ▪ Otalgia intensa e aguda → o quadro principal é caracterizado pela otalgia ▪ Eventual hipoacusia (devida a obstrução do conduto) • Na inspeção observa-se: ▪ Tumefação na entrada do conduto auditivo ▪ Hiperemia ▪ Edema de pele ▪ Enfartamento de linfonodos regionais • No exame otoscópico observa-se: ▪ Tumefação circunscrita e membrana timpânica normal ▪ Durante o período de maturação → observa-se um ponto branco característico e presença de massa coletada mais ou menos flutuante, recoberta por pele aparentemente sã ➢ TRATAMENTO: • Trata-se tal qual um abscesso ▪ Ponto de flutuação → pega-se um instrumento chamado de estilete porta-algodão, montando-o como um pequeno cotonete. Com ele palpa-se o pequeno furúnculo e o ponto de flutuação é quando há aumento da necrose central e esse furúnculo fica amolecido • Com ponto de Flutuação: ▪ Drenagem Cirúrgica + Antibioticoterapia Sistêmica (contra S. aureus) ✓ CEFALOSPORINA DE 1ª GRAÇÃO: CEFALEXINA CEFADROXILA... ▪ Quinolonas → abrange o S. aureus, mas tem um espectro muito mais amplo do que a cefalosporina de 1ª geração. Assim, na otite externa localizada preocupa-se mais com o S. aureus, não havendo a necessidade de utilizar um antibiótico com um espectro maior • Sem ponto de Flutuação → uso de antibiótico com ação antiestafilocócica, como: ▪ Gota Tópica e/ou Antibioticoterapia Sistêmica ✓ CEFALOSPORINAS DE 1ª GERAÇÃO OTITE EXTERNA FÚNGICA OU OTOMICOSE ➢ INTRODUÇÃO: • É uma doença da orelha externa causada por fungos • Geralmente é causada pelo uso prolongado de algum agente antimicrobiano tópico (Ex: gota otológica a base de antibiótico) • Pode-se encontrar uma: ▪ Otite externa fúngica/micótica isolada (é pouco frequente de ocorrer) ▪ Otite externa fúngica sobreposta a infecção bacteriana (maioria dos casos) • Fatores desencadeantes para que se instale a otomicose: ▪ Fatores endógenos: ✓ Distúrbios hormonais ✓ Ausência de cerume ✓ Tampões epidérmicos ▪ Fatores exógenos: ✓ Umidade ✓ Calor ✓ Maceração da pele ✓ Exsudações • As otomicoses são muito frequentes: ▪ Nos casos de otorreia crônica ▪ Em orelhas que foram submetidas a mastoidectomias amplas, com grandes cavidades ➢ EPIDEMIOLOGIA: • É mais frequente nas regiões tropicais e nos meses mais úmidos e quentes ➢ ETIOPATOGENIA: • Fungos mais encontrados como patógenos na orelha externa: ▪ Gênero Aspergillus → mais comum ▪ Gênero Cândida Otite Externa Localizada Otite Externa Fúngica 7 DOENÇAS DA ORELHA EXTERNA Gizelle Felinto ➢ QUADRO CLÍNICO: • Sintomas mais comuns: ▪ Prurido Intenso ▪ Otorreia ▪ Zumbido ▪ Atenção → paciente com prurido e zumbido trata-se de uma Otite Externa Fúngica até que se prove o contrário • Otomicose Primária ou Isolada: ▪ Apresenta uma sintomatologia pobre, lenta e indolor no início, mas com prurido muitas vezes intenso • Otomicose Secundária ou Associada à Infecção Bacteriana: ▪ Tem uma sintomatologia mais exuberante, apresentando: ✓ Prurido ✓ Otalgia intensa ✓ Secreção abundante ✓ Grande desconforto, com Edema e hiperemia da pele do conduto, devido ao processo inflamatório ➢ DIAGNÓSTICO: • Otomicose isolada → o seu diagnóstico não apresenta maiores dificuldades, pois muitas vezes vê-se a presença de filamentos ou secreção cobrindo as paredes do conduto, com coloração variável de acordo com o agente fúngico • Otomicose associada à infecção bacteriana → na otoscopia, mesmo que cuidadosa, pode não ser evidenciada, sendo necessário exame micológico para a confirmação da suspeita diagnóstica ➢ TRATAMENTO: • Limpeza cuidadosa do CAE (limpeza mecânica) → para remoção do fungo/hifas e detritos acumulados, realizado através de aspiração sob visão microscópica ▪ Se não houver perfuração timpânica → a limpeza pode ser feita através da lavagem com água morna seguida por secagem completa do CAE com o uso de mechas de algodão e aplicação, anti-sépticos fungostáticos e antifúngicos líquidos e em creme como o nitrato de isoconasol • Acidificação local → por meio das gotas tópicas ácidas que irão tornar o pH mais ácido, ajudando no combate do fungo • Gota Tópicacontendo Antifúngico → existem algumas formulações a base de antifúngico que são ácidas Fungirox® → é à base de Ciclopirox de Olamina ✓ É bastante ácido e acaba dando a sensação de que está “queimando” o conduto quando é administrado OTITE EXTERNA CRÔNICA ➢ INTRODUÇÃO: • Inflamação crônica do CAE • Pode ocorrer da seguinte forma: ▪ Como fase crônica da otite externa difusa aguda ▪ Em pacientes com dermatite crônica (Ex: dermatite atópica, dermatite seborreica, dermatite aczematosa...) ▪ Em pacientes portadores de Psoríase • Exemplo: paciente que tem uma dermatite atópica e que tratou uma otite externa difusa com um antibiótico que não era o adequado. Isso tudo favorece a cronificação do processo inflamatório do conduto ➢ QUADRO CLÍNICO: • Sintomas Característicos: ▪ Prurido intenso ▪ Otorreia ▪ Hipoacusia • Normalmente, o paciente não tem dor • O grande problema é que com o trauma crônico causado pelo prurido faz com que a pele vá se tornando espessa, podendo levar o paciente a ter uma Estenose de Conduto e ser necessária a realização de uma cirurgia denominada Canaloplastia, que é uma plástica do conduto auditivo para tentar abrir o conduto. Com a estenose do conduto o paciente se queixa de perda auditiva do tipo condutivo ➢ TRATAMENTO: • Na Otite Externa Crônica não há flora bacteriana ativa, assim não é necessário o uso de antibiótico ▪ O uso de antibiótico na otite externa crônica favorece o surgimento de uma otomicose • O tratamento é local para que se restabeleça o ciclo de descamação da pele • Limpeza Local: ▪ Normalmente, pacientes com Otite Externa Crônica tem um conduto muito descamativo, acumulando bastante pele e formando o que se chama de Rolha Epidérmica • Gotas Acidificantes: ▪ Acidificar o local para evitar o crescimento bacteriano, tanto de Pseudomonas aeruginosa quanto de Staphylococcus aureus ▪ Ácido Salicílico → além de acidificar o meio ele também faz um “peeling” superficial, favorecendo a renovação celular da pele do paciente • Gota Tópica com Corticoide: ▪ O corticoide trata o processo inflamatório da otite e também ajuda a “afinar” a pele ▪ Deve ser utilizado com cuidado, pois corticoide também favorece o surgimento de Otomicoses • Normalmente, faz-se uso de uma gota de: ÁCIDO SALICILÍCO (para acidificar o meio) + BETAMETASONA (corticoide) IMPORTANTE Nas Otomicoses, ANTIFÚNGICOS ORAIS não são eficazes COMO DIFERENCIAR O PRURIDO ❖ Prurido da Rinite Alérgica → é um prurido posterior, na tuba auditiva (Ex: paciente tenta coçar movimentando a faringe) ❖ Prurido da dermatite → é um prurido mais externo 8 DOENÇAS DA ORELHA EXTERNA Gizelle Felinto OTITE EXTERNA NECROSANTE OU MALIGNA ➢ INTRODUÇÃO: • Não tem relação com lesão neoplásica • Trata-se de uma osteomielite do CAE que se estende à base do crânio • É uma doença de curso maligno, pois tem uma evolução rápida e ruim • É uma doença grave, de caráter infeccioso invasivo e necrotizante, que se inicia no conduto auditivo externo e que progride invadindo a região parotídea, mastóide, ouvido médio e base do crânio • A Otite Externa Necrosante, às vezes, pode passar despercebida, pois ela só manifesta as características inflamatórias na orelha externa depois que a osteomielite de base de crânio já está instituída. Por isso deve-se ter muito cuidado na hora de se examinar o paciente, para que ela seja diagnosticada precocemente • Há muita destruição de pele e óssea, com muito tecido de granulação • Atenção → O quadro clínico inicial da otite externa necrosante não é característico, começando frequentemente semelhante a uma otite externa difusa aguda, o que normalmente retarda o diagnóstico correto e a instituição de terapia adequada ➢ EPIDEMIOLOGIA: • Acomete principalmente: ▪ Diabéticos mal controlados ▪ Imunodeprimidos (Ex: Aids, quimioterapia...) → de qualquer idade, inclusive crianças e adolescentes ▪ Idosos → assim, sempre que aparecer um idoso no consultório de otorrino deve-se lembrar da Otite Externa Necrosante, principalmente se o paciente chegar com dor de ouvido e disser que é diabético, por exemplo • Com a maior eficácia dos tratamentos antipseudomonas atuais, o índice de mortalidade por Otite Externa Maligna diminuiu consideravelmente (antigamente girava em torno de 23 a 50%) ➢ ETIOPATOGENIA: • Pseudomonas aeruginosa: ▪ Produz exotoxinas que são responsáveis pela neurotoxicidade reversível e enzimas que provocam vasculites seletivas, trombose e necrose focal, havendo a destruição enzimática dos tecidos, determinando a evolução rápida e extremamente grave da doença ▪ A gravidade da Otite Externa Necrosante em relação às outras otites causadas por Pseudomonas é atribuída à imunidade do indivíduo, já que a otite externa necrosante é mais comum em indivíduos imunodeprimidos • Fatores que favorecem a instalação da Otite Externa Maligna em diabéticos idosos: ▪ Alterações anatomofisiológicas, como: ✓ Menor aporte sanguíneo local devido a arteriopatias → ocasiona alterações na cartilagem e pericôndrio do conduto ✓ Resposta leucocitária diminuída ✓ Fagocitose defeituosa ➢ QUADRO CLÍNICO: • Sintomas iniciais: ▪ Prurido → com o tempo, é seguindo de otalgia ▪ Supuração ▪ Otalgia intensa → é a principal característica e é uma otalgia que piora quando o paciente se deita ✓ Ex: paciente que chega no consultório queixando- se de dor muito intensa e que está dormindo praticamente sentado, pois ao se deitar a dor piora ▪ Hipoacusia • Sinais: ▪ Tecido de granulação na parede inferior do CAE ▪ Otorreia intensa ▪ Envolvimento de pares cranianos → Ex: paralisia facial, sintomas vagais, algias faciais... ✓ Pode evoluir com Paralisia Facial → o nervo facial (VII), geralmente, é o primeiro nervo a ser acometido ✓ Com a invasão progressiva podem ser acometidos outros nervos cranianos, como: o Glossofaríngeo o Trigêmeo o Vago o Hipoglosso • Complicações que podem surgir: ▪ Como ocorre principalmente em pacientes imunocomprometidos, pode-se ter infecções oportunistas associadas, como: ✓ Herpes Zoster Ótico/Oticus ✓ Herpes Zoster Facial ✓ Herpes Zoster Ocular ▪ Meningite ▪ Abscessos cerebrais ▪ Trombose do seio sigmóide ▪ Neurite óptica ▪ Artrite séptica da Articulação temporomandibular (ATM) ▪ Septicemia Otite Externa Necrosante ou Maligna 9 DOENÇAS DA ORELHA EXTERNA Gizelle Felinto ➢ DIAGNÓSTICO: • Quadro Clínico Sugestivo + Cintilografia: ▪ Cintilografia → é o exame de imagem que afirma com certeza que o quadro se trata de uma osteomielite da base do crânio. É feita com dois elementos marcados: ✓ Cintilografia com Tecnécio → é feita no momento do diagnóstico ✓ Cintilografia com Gálio → para avaliar o controle do tratamento ▪ Quando não se tem a Cintilografia disponível → realizar Tomografia de ossos temporais com contraste para avaliar a presença de lesões osteolíticas na base do crânio ➢ TRATAMENTO: • Internação Hospitalar • Controle da Glicemia e da Função Renal: ▪ Deve ser feito o controle da função renal para se avaliar a necessidade de reajustar a dose do antibiótico → faz esse ajuste de acordo com o Clearance do paciente ▪ Controle glicêmico → é um dado importante que direciona a uma boa resposta terapêutica ✓ Ex: paciente com glicemia de 500mg/dL que foi internado e iniciada a terapia medicamentosa adequada vai apresentando redução dos níveis glicêmicos. Isso é sinal de que a antibioticoterapia está adequada e obtendo boas respostas • Debridamento Diário: ▪ Limpeza local com retirada de áreas necróticas (pois encontra-se muitas áreas de necrose) • Antibioticoterapia Endovenosa direcionada para Pseudomonas aeruginosa: ▪ QUINOLONA → é a primeira escolha CIPROFLOXACINAendovenosa o Pode ser usada por via oral, em comprimido, de acordo com a situação do paciente (caso ele não tenha grandes riscos como a imunodepressão ou o diabetes descompensado, por exemplo) ▪ Caso não haja resposta com o uso da Quinolona, pode-se ampliar o espectro com: ✓ CEFALOSPORINA de 3ª geração com espectro antipseudomonas: CEFTAZIDIMA ✓ CEFALOSPORINA de 4ª ou 5ª geração (caso não responda à de 3ª geração) ✓ AMINOGLICOSÍDEO → é Ototóxico! Por isso que acaba deixando-se como última escolha AMICACINA ▪ Consegue-se ter uma resposta ao tratamento a partir de 48h da terapia ser instaurada ▪ Normalmente, independentemente de o paciente estar internado ou não, o tratamento para a otite externa necrosante é de no mínimo 6 a 8 semanas de antibioticoterapia • Cintilografia com Gálio a cada 3 semanas → para avaliar se o tratamento está funcionando OTITE EXTERNA GRANULOMATOSA ➢ INTRODUÇÃO: • É uma doença inflamatória do terço interno do CAE, incluindo a membrana timpânica • Essa inflamação é revestida por secreção purulenta, escassa e cremosa proveniente de tecido de granulação justa timpânicas. Esse tecido de granulação pode ocorrer como placas granulosas sésseis na superfície da membrana timpânica, ou como pequena massa pedunculada emergente de qualquer ponto circunferente às paredes do meato ósseo adjacente ao tímpano, podendo atingir parcial ou totalmente a Membrana Timpânica ➢ ETIOPATOGENIA: • A cultura da secreção mostra com maior frequência a presença de: ▪ Proteus sp ▪ Pseudomonas aeruginosa ➢ QUADRO CLÍNICO: • Sintomas predominantes: ▪ Hipoacusia ▪ Prurido não intenso ➢ TRATAMENTO: • Limpeza local → lavagem com água morna, seguida de secagem completa do conduto auditivo externo com mecha de algodão ▪ Cauterização do tecido de granulação com ÁCIDO TRICLOROACÉTICO 70% ▪ Antissepsia com: ✓ Aplicação de TIMEROSAL em solução aquosa ou MERBROMINO e curativo local com creme contendo antibiótico (GENTAMICINA) e Corticosteroide fluorado (BETAMETASONA) o Após 5 dias → se houver granulação residual deve-se repetir o mesmo curativo SÍNDROME DE RAMSAY HUNT (Herpes Zoster Oticus) ➢ Síndrome de Ramsay = Herpes zoster ótico + Paralisia facial periférica ➢ É uma das complicações da Otite Externa Necrosante ➢ Trata-se da principal complicação otológica da reativação do Vírus Varicela Zoster (VZV) ➢ Decorre da reativação do VZV latente no gânglio geniculado, com posterior disseminação da infecção para o nervo vestibulococlear (VIII) ➢ Raramente, pode ocorrer como um componente do envolvimento de múltiplos nervos cranianos, principalmente o Trigêmeo (V), o Glossofaríngeo (IX) e o Vago Granuloma do conduto + Otorreia 10 DOENÇAS DA ORELHA EXTERNA Gizelle Felinto ➢ Essa afecção caracteriza-se pela presença de otalgia e vesículas herpéticas associadas ou não a sintomas cocleovestibulares ➢ EPIDEMIOLOGIA: • Incidência anual → 5 casos a cada 100.000 pessoas • Mais comum de ocorrer após os 60 anos de idade • A síndrome de Ramsay Hunt é responsável por cerca de 2 a 10% dos casos de paralisia facial periférica aguda ➢ QUADRO CLÍNICO: • Após sintomas de pródromo viral, semelhante a infecções de via aérea superior, o quadro clínico, em mais da metade dos pacientes, inicia-se com otalgia de forte intensidade • Tipicamente, inclui a tríade: ▪ Paralisia Facial Ipsilateral: ✓ A paralisia facial na Síndrome de Ramsay Hunt é frequentemente mais grave do que a paralisia de Bell, com taxas aumentadas de denervação neural tardia e uma probabilidade diminuída de recuperação completa ▪ Dor de ouvido ▪ Vesículas e bolhas no canal auditivo ou na aurícula (lesões cutâneas herpéticas) → sua presença é determinante no diagnóstico do herpes zoster ótico ✓ Essas lesões herpéticas localizam-se, geralmente, no pavilhão auricular (concha), conduto auditivo exto, membrana timpânica e, devido às anastomoses entre as fibras sensoriais do nervo corda do tímpano e o nervo lingual, no palato e 2/3 anteriores da língua • Também podem ocorrer: ▪ Percepção alterada do paladar do mesmo lado da paralisia ▪ Lesões na língua ▪ Lacrimejamento ▪ Alterações no nervo Vestibulococlear (VIII) → é acometido em 40 a 50% dos casos. Assim, os pacientes podem desenvolver: ✓ Anormalidades auditivas: o Hipoacusia (perda auditiva neurossensorial) o Zumbido o Hiperacusia ✓ Distúrbios vestibulares: o Vertigem o Nistagmo ➢ TRATAMENTO: • Sem tratamento, a chance de recuperação completa é de apenas 20% → assim, o tratamento deve ser instaurado o mais precocemente possível, preferencialmente dentro das primeiras 72h • Com o tratamento, a taxa de recuperação completa da função do nervo facial é de 75% • Associa-se os seguintes: ▪ Terapia Antiviral → pode ser prescrita, mas ainda existem poucos dados sobre o manejo dessa síndrome VALACICLOVIR (1g, 3 vezes ao dia, por 14 dias) ▪ Corticosteroides: PREDNISONA (1mg/kg/dia, por 7 dias, seguida de retirada até 14 dias) • Outros objetivos do tratamento precoce: ▪ Diminuir o risco de desenvolvimento de neuralgia pós- herpética, que pode acometer até 50% dos pacientes ✓ Fatores de risco para o desenvolvimento de neuralgia pós-herpética: o Idade avançada o Gravidade das lesões cutâneas o Intensidade da dor na fase aguda ✓ Droga de escolha para o manejo da neuralgia pós- herpética: GABAPENTINA
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