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Laísa Dinelli Schiaveto Doenças da Orelha Externa IMPACTAÇÃO DE CERÚMEN DEFINIÇÃO: é a doença mais comum, afetando cerca de 2-6% da população; ocorre quando o canal auditivo externo fica bloqueado por uma quantidade excessiva de cera, assim, essa funciona como uma corpo estranho. QUADRO CLÍNICO: • Pode ser assintomático ou sintomático; • Hipoacusia; • Plenitude auricular; • Prurido; • Otalgia; • Vertigem; • Zumbido. DIAGNÓSTICO: clínico (otoscopia). TRATAMENTO: remoção do cerúmen. • Lavagem; • Estiletes; • Curetas; • Aspiração; • Gotas solventes (ceruminolíticos). OBS.: Contraindicação de lavagem: membrana timpânica perfurada, otite externa, criança que não coopera e pós-operatório. COMPLICAÇÕES: • Perfuração de membrana timpânica; • Laceração do meato; • Otite externa; • Otalgia; • Surdez momentânea; • Vertigem; • Zumbido. CORPO ESTRANHO EM CANAL AUDITIVO EXTERNO QUADRO CLÍNICO: semelhante a impactação de cerúmen; quando o CE é vivo, o quadro caracteriza-se por sensação desagradável e dores lancinantes. DIAGNÓSTICO: história + clínica (otoscopia). TRATAMENTO: • REMOÇÃO SEM URGÊNCIA: - CE duros: lavagem. - CE hidrófilos (grãos ou sementes): pinças ou estiletes. - CE moles (papel ou algodão): pinças. - CE líquidos: lavagem ou aspiração. • REMOÇÃO COM URGÊNCIA: - CE vivos: introduzir substância oleosa e lavagem ou remoção com pinças. - CE cáusticos: lavagem ou aspiração. COMPLICAÇÕES: • Iatrogênicas; • Laceração de pele do CAE; • Perfuração de membrana timpânica; • Desarticulação da cadeia ossicular; • Lesão do labirinto; • Lesões do VIIº par craniano. OTITE EXTERNA DEFINIÇÃO: consiste na inflamação do canal auditivo externo e/ou do pavilhão auricular. PRINCIPAIS CAUSAS: infecciosas ou alérgicas. CLASSIFICAÇÃO: • OE aguda difusa; • OE aguda localizada; • OE crônica; • OE granulosa; • OE fúngica; • OE maligna; • OE herpética; • OE bolhosa; • Pericondrite e condricte; • Erisipela. Laísa Dinelli Schiaveto FATORES PREDISPONENTES: • Ausência de cerúmen: alterações do pH, que eliminam a barreira física. • Supurações de orelha média: dermatite. • Substâncias cáusticas: rompimento da barreira lipídica. • Lavagens repetidas: estagnação de água, remoção do filme lipídico e maceração da pele com quebra de barreira física. • Aumento de temperatura e umidade: favorece o crescimento de patógenos. • Oclusão do CAE: fones de ouvido. • Doenças Dermatológicas: psoríase e dermatite atópica. • Radiação: alterações isquêmicas do CAE, alterações de produção de cerúmen e migração epitelial. • Traumatismo: cotonete. • Queimaduras. • Presença de corpo estranho. OTITE EXTERNA AGUDA DIFUSA DEFINIÇÃO: processo inflamatório do CAE acometendo derme e epiderme. ETIOLOGIA: • P. aeruginosa (38%); • S. epidermidis (9,1%): • S. aureus (7,8%). FATORES DE RISCO: • Exposição a piscinas; • Manipulações frequentes do conduto com cotonete. QUADRO CLÍNICO: • Unilateral (90%); • Prurido (precede a dor); • Otalgia intensa; • Sensibilidade à palpação; • Plenitude auricular; • Hipoacusia: edema de mucosa do CAE. EXAME FÍSICO: • INSPEÇÃO: dor à palpação e manipulação da orelha. • OTOSCOPIA: eritema e edema de CAE, secreção serosa ou purulenta, restos epiteliais e obstrução parcial ou total do CAE. • QUADRO MAIS AVANÇADOS: febre, celulite auricular ou facial, adenopatia (pré e pós-auricular e/ou cervical posterior) e linfadenite cervical ou parotídea. EXAMES COMPLEMENTARES: • CULTURA DE SECREÇÃO: resposta e terapia empírica em 3 dias, imunossuprimidos e OE severa. • HEMOGRAMA + PCR + GLICEMIA: suspeita de complicação (OE maligna). COMPLICAÇÕES: • Abscesso periauricular; • Pericondrite; • OE maligna; • Parotidite; • OE aguda de repetição. TRATAMENTO: • LIMPEZA DO CAE: aspiração. • ANALGESIA: AINES e/ou corticoides sistêmicos (se dor e edema intensos). • ATB TÓPICA: neomicina; polimixina B; ciprofloxacino; cloranfenicol; gentamicina; 3 gotas/dia, por 7-10 dias • ATB SISTÊMICA: quadros mais avançados, portadores de DM e imunodeficiências; ciprofloxacino; clavulin; cefalexina. ORIENTAÇÕES: • Proteção com algodão e óleo durante o banho; • Não nadar; • Evitar uso de aparelho auditivo ou fones durante o quadro agudo; • Não usar cotonetes. Laísa Dinelli Schiaveto OTITE EXTERNA AGUDA LOCALIZADA (FURUNCULOSE) DEFINIÇÃO: inflamação da unidade pilossebáceas, limitada ao 1/3 externo do CAE. ETIOLOGIA: S. aureus. QUADRO CLÍNICO: • Dor localizada; • Adenopatia periauricular; • Hipoacusia: obstrução do CAE EXAME FÍSICO: • INSPEÇÃO: tumefação à entrada do CAE. • OTOSCOPIA: tumefação circunscrita, eritema, edema e ponto de flutuação. TRATAMENTO: • LIMPEZA LOCAL. • DRENAGEM DE PONTO DE FLUTUAÇÃO. • ANALGESIA: analgésicos simples; AINH; compressas mornas. • ATB TÓPICA: neomincina; cloranfenicol; gentamicina. • ATB SISTÊMICA: cefalexina/ciprofloxacino por 7-10 dias. OTITE EXTERNA FÚNGICA (OTOMICOSE) DEFINIÇÃO: afecção da orelha externa por fungos, sobretudo em países tropicais e regiões úmidas. ETIOLOGIA: • Cândida sp; • Aspergillus sp (saprófita). QUADRO CLÍNICO: • Prurido em CAE; • Otalgia; • Otorreia (infecção bacteriana secundária); • Hipoacusia; • Plenitude aural. EXAME FÍSICO: • OTOSCOPIA: - Colônias brancas e meato repleto de material cremoso branco = Candida sp. - Colônias enegrecidas e polvilhado com pó fino de carvão = Aspergillus sp. TRATAMENTO: • LIMPEZA DO CAE. • CORREÇÃO DE FATORES PREDISPONENTES. • ANTIFÚNGICO COM MEMBRANA TIMPÂNICA ÍNTEGRA: - Tópico: ciclopirox olamina (fungirox) ou clorfenesina (adermykon/otobetnovate). - Creme: clotrimazol (clotrimix/canesten/ clomazen/dermobene). • ANTIFÚNGICO COM MEMBRANA TIMPÂNICA PERFURADA: - Solução de Burrow (subactato de alumínio): não é ototóxica. ORIENTAÇÕES: • Proteção com algodão e óleo durante o banho; • Não nadar; • Evitar uso de aparelho auditivo ou fones durante o quadro agudo; • Não usar cotonetes. OTITE EXTERNA BOLHOSA OU MIRINGITE BOLHOSA DEFINIÇÃO: infecção que envolve a membrana timpânica e está associada a IVAS. ETIOLOGIA: • Desconhecida; • Viral; • Bacteriana: Mycoplasma pneumoniae. QUADRO CLÍNICO: • Otalgia intensa; • Plenitude auricular; Laísa Dinelli Schiaveto • Hipoacusia; • Zumbido; • Otorreia serossanguinolenta. EXAME FÍSICO: • OTOSCOPIA: vesículas ou bolhas hemorrágicas dolorosas na porção óssea do CAE ou membrana timpânica. TRATAMENTO: • ANALGESIA. • ATB TÓPICA. • ATB SISTÊMICA: eritromicina, VO, por 10 dias. OTITE EXTERNA MALIGNA OU OTITE EXTERNA NECROTIZANTE DEFINIÇÃO: infecção invasiva grave do CAE que pode se espalhar rapidamente, envolvendo os tecidos moles circundantes, espaços adjacentes do pescoço e base do crânio. ETIOLOGIA: P. aeruginosa (98%). FATORES DE RISCO: • DM; • Imunossupressão; • Idosos. QUADRO CLÍNICO: • Dor desproporcional para OE típica. COMPLICAÇÕES: • Osteomielite da base do crânio; • Empiema subdural; • Abscesso cerebral; • Meningite; • Paralisia do VIIº par (nervo facial); • Envolvimento da articulação temporomandibular; • Tromboflebite do seio cavernoso dural. EXAMES COMPLEMENTARES: • TC COM CONTRASTE: espessamento e reação dos tecidos moles; erosão do osso cortical na região do CAE com ou sem formação de flegmão/abscesso; coleção de realce de anel ósseo cartilaginoso com centro necrótico de baixa atenuação; alterações em estruturas adjacentes, como tecidos moles periauriculares, nasofaringe e espaço parafaríngeo; opacificação das células aéreas da mastoide e da OE por extensão direta; erosão da basedo crânio com disseminação intracraniana da infecção. TRATAMENTO: • ANALGESIA. • ATB SISTÊMICA: ciprofloxacino EV, seguido por VO, até normalização do VHS. OTOHEMATOMA DEFINIÇÃO: coleção sanguinolenta localizada entre o pericôndrio e a cartilagem do pavilhão, sendo mais comum no 1/3 superior. ETIOLOGIA: • Traumática: artes marciais. • Não traumática: discrasias sanguíneas. QUADRO CLÍNICO: • Perda de contorno; • Equimose; • Parestesia; • Dor local. COMPLICAÇÕES: • Pericondrite; • Reabsorção cartilaginosa. Laísa Dinelli Schiaveto TRATAMENTO: • INICISÃO E DRENAGEM: com retirada dos coágulos. • APROXIMAÇÃO DOS RETALHOS, CURATIVO COMPRESSIVO OU PONTOS CAPTONADOS. • ATB SISTÊMICA. PERICONDRITE DEFINIÇÃO: infecção da cartilagem do pavilhão auricular. ETIOLOGIA: • Pseudomonas aeruginosa; • S. aureus; • Proteus. CAUSAS: • Piercing; • Trauma; • Cirurgia; • Otohematomas; • Infecções secundárias; • Otites externas. QUADRO CLÍNICO: • Dor intensa; • Plenitude do CAE. EXAME FÍSICO: • INSPEÇÃO: eritematosa, endurecida, dolorosa à palpação, calor local e flutuação. COMPLICAÇÕES: • Destruição ou comprometimento da anti- hélix. EXAMES COMPLEMENTARES: • Cultura; • Antibiograma. TRATAMENTO: • ANALGESIA. • ATB SISTÊMICA. • DESBRIDAMENTO E DRENAGEM: drenos, curativos compressivos e pontos captonados. QUESTÕES 1. A otite externa necrotizante é uma infecção grave que começa no conduto auditivo externo (CAE) e se estende à base do crânio, sendo a Pseudomonas aeruginosa o agente causador em até 98% dos casos. Sobre as otites externas necrotizantes, assinale V ou F: (V) O início do quadro é como uma otite externa difusa aguda, o que pode retarda o diagnóstico. (V) Geralmente, há sinais sistêmicos como febre e taquicardia. (V) A membrana timpânica está usualmente intacta. (F) Um dos pontos cardinais diagnóstico é o envolvimento de pares cranianos. (V) A imagem por ressonância magnética é o exame mais importante para avaliar a extensão da doença, enquanto a tomografia computadorizada está indicada para a avaliação da evolução da doença.
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