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Direito das Sucessões - 1 unidade

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Sucessão Legítima
É a transmissão causa mortis deferida a pessoas indicadas na lei como herdeiros do autor da herança.
A indicação é feita através da chamada ordem de vocação hereditária, pelas quais identificam-se aqueles que serão convocados para adquirir a herança, uns na falta dos outros, ou em concorrência entre si.
As pessoas indicadas são classificadas em classes, sendo que a existência de um herdeiro em determinada classe exclui da herança os integrantes das demais.
Tipos de sucessão (sentido amplo)
1. Quando decorre de determinação legal (ex.: Lei n° 8.245/91, art. 12 – sucessão na locação pela esposa do locatário quando permanece no imóvel locado após a separação ou divórcio);
2. Quando ocorre por vontade dos titulares (ex.: compra e venda, doação);
3. Sucessão inter vivos;
4. Sucessão causa mortis.
A título universal: quando gera a transmissão da totalidade ou de fração ideal do patrimônio ao sucessor (induz sub-rogação abstrata na totalidade dos direitos ou em uma fração ideal deles).
A título singular: quando adstrita a uma coisa ou a um direito determinado (tem em vista sub-rogação concreta do novo sujeito em determinada relação de direito).
Sucessão hereditária ou causa mortis
Modo de adquirir, a título universal ou singular,bens e direitos que passam de um sujeito que morre aos que lhe sucedem, isto é, passam a ocupar a sua situação jurídica.
A causa da transmissão é o fenômeno da morte. Pode ser:
· Legítima: opera-se por força da lei.
· Testamentária: tem a participação da vontade do testador. O testamento é o instrumento da manifestação de vontade destinado a produzir consequências jurídicas com a morte da pessoa.
Obs.: Sucessão ab intestato – diz-se a de uma pessoa que falece sem deixar testamento ou “morre intestada”.
Sucessão legítima
Sempre será universal, transmitindo-se aos herdeiros a totalidade do patrimônio do de cujus, e a cada um deles uma quota ideal desse patrimônio.
Sucessão testamentária
Pode ser a título:
· Universal: quando o testador institui herdeiro, que lhe sucede em inteira analogia com o herdeiro legítimo.
· Singular: quando o testador deixa para alguém alguma coisa ou quantia certa (legado) e, neste caso, ao legatário se transmite aquele bem ou aquele direito individualmente.
Coexistência simultânea da legítima e testamentária: é livre ao testador dispor sobre parte de seus bens, aplicando-se ao remanescente as regras da sucessão legítimas (art. 1.786, CC).
princípio da liberdade de testar + respeito devido aos direitos dos parentes mais chegados
Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo. (e/ou revogado)
· Não havendo testamento, são chamados a suceder os herdeiros na ordem prevista em lei;
· Anulado o testamento, ou caducando, dar-se-á a sucessão como se nunca tivesse havido declaração de última vontade;
· Em relação aos bens não compreendidos no testamento, são chamados a suceder os herdeiros legítimos, ainda que tenham sido contemplados pelo testador;
· Sucedem os herdeiros legítimos nos bens que ultrapassem a parte considerada indisponível por lei (reserva dos herdeiros necessários).
Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança.
└ se esse limite for ultrapassado, anula-se a doação/disposição.
Obs.: Essa outra metade pode ser livremente disposta em vida ou por morte (doação ou testamento).
	conceitos fundamentais
autor da herança, sucedendo ou de cujus: é aquele por cuja morte se abre a sucessão (antecessor, morto, inventariado)
Designações vulgares: defunto, finado, falecido.
herdeiro ou sucessor: é quem recebe ou adquire os bens (materiais ou imateriais). Classifica-se como:
- Legítimo;
- Testamentário;
- Necessários ou reservatários: aqueles a quem a lei assegura uma quota certa (metade) do acervo hereditário, limitando, assim, a liberdade de dispor em testamento. São, de acordo com o direito brasileiro, os descendentes, os ascendentes e o cônjuge (art. 1.845, CC). + companheiro (a) (art. 1.790, CC)
legatário: é aquele a quem o testador deixa uma coisa ou quantia, certa determinada, individuada, a título de legado.
herança: é o conjunto patrimonial transmitido causa mortis.
Também chamada de acervo hereditário, monte-mor, monte partível, massa, patrimônio inventariado.
sucessão: é o direito por cuja força a transmissão se dá. Representa a passagem dos bens em razão do falecimento do seu titular.
inventário: é o processo judicial por meio do qual se efetua a descrição dos bens da herança, lavra-se o título de herdeiro, liquida-se o passivo do monte, paga-se o imposto de transmissão mortis causa, e realiza-se a partilha dos bens entre os herdeiros. Concluído, expede-se o “formal de partilha”, com a discriminação dos haveres que cabem no quinhão dos herdeiros e compõem os pagamentos.
quinhão hereditário: parcela da herança destinada ao sucessor. Também chamado de quota hereditária.
ordem de vocação hereditária: é a sequência de pessoas ligadas ao falecido por laços de parentesco ou familiares que, uns na falta dos outros, com exclusividade ou em conjunto quando da mesma classe, são eleitos pela lei como herdeiros (art. 1.829, CC).
Herança
Atualmente, o conteúdo da herança tem caráter eminentemente patrimonial ou econômico, sendo a universalidade das relações jurídicas do de cujus, com essa natureza, transmitira aos seus herdeiros.
São excluídas da herança as relações jurídicas não patrimoniais e as personalíssimas, mesmo com conteúdo econômico, como, por exemplo, o poder familiar, a tutela ou a curatela eventualmente exercidos pelo falecido, o contrato de trabalho etc.
O patrimônio objeto da sucessão tem sua abrangência estendida à integralidade não só dos bens, como dos direitos e obrigações pertencentes à pessoa no momento de seu falecimento.
Integram o acervo hereditário não só os bens imóveis, como móveis e qualquer outra relação jurídica de direitos e obrigações, como dinheiro, aplicações financeiras, ações ou quotas sociais, direitos possessórios etc.
· Positiva (inventário positivo): quando após verificados os bens e direitos, em confronto com as dívidas e obrigações, isolada eventual meação do cônjuge/companheiro sobrevivente, o saldo é positivo.
· Negativa (inventário negativo): verifica-se quando, na compensação entre o ativo e o passivo, apura-se um déficit. Neste caso, o processo apenas será utilizado para administrar o acervo, objetivando saldar as obrigações do falecido, e não para destinar bens aos sucessores.
Liberdade de testar
Art. 1.850. Para excluir da sucessão os herdeiros colaterais, basta que o testador disponha de seu patrimônio sem os contemplar.
Direito de preferência do coerdeiro
Art. 1.794. O coerdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à sucessão, se outro coerdeiro a quiser, tanto por tanto.
Art. 1.795. O coerdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até cento e oitenta dias após a transmissão.
Parágrafo único. Sendo vários os coerdeiros a exercer a preferência, entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias.
Da Sucessão em geral
Arts. 1.784 a 1.828, CC.
Fim da pessoa natural = morte (arts. 6° e 7°, CC).
Art. 6° A existência da pessoa natural termina com a morte [...] 		morte real
Abertura da sucessão: com a morte. 
A abertura da sucessão também é chamada de delação, devolução sucessória e delação hereditária.
Droit de Saisine (art. 1.784) 	imediatismo
A abertura da sucessão é o momento em que se verifica a transmissão do patrimônio do de cujus aos seus herdeiros.
Abertura se dá com a morte natural. Viventis nullas hereditas. O direito proíbe todo contrato tendo por objeto herança de pessoa viva.		└ exceção: sucessão dos bens do ausente* (mas não é uma sucessão mortis causa)
*Não sãoconsiderados como herança!
Não se reconhece direito adquirido à herança, senão depois da morte. Mera expectativa.
A transmissão ocorre de pleno direito. Faz-se automaticamente, no plano jurídico, sem qualquer outra formalidade; ainda que, no plano fático, os sucessores ignorem o falecimento. Independe de estarem presentes ou de qualquer ato.
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.
O art. 1.784 do CC consagra o princípio da saisine e estabelece que, logo que se abre a sucessão, investe-se o herdeiro na titularidade dos bens constantes do acervo hereditário. Em nenhum momento o patrimônio permanece acéfalo.
A transmissão se dá no momento da própria morte, mas não se confundem (uma é pressuposto da outra). 
· Efeitos:
a) Ocorrida a morte, no mesmo instante os sujeitos das relações jurídicas passam a ser os herdeiros;
b) O herdeiro tem a legitimatio ad causam para intentar ou continuar as ações contra quem quer traga moléstia à posse, ou pretenda impedir que os herdeiros nela se invistam.
Obs.: Ao herdeiro, embora somente tenha direito a uma fração da herança, é reconhecido o poder defensivo de todo o acervo. Se, porém, os bens integrantes de cada quinhão forem definidos em testamento, a defesa exercida pelo herdeiro se restringirá àquilo que concretamente lhe houver sido atribuído.
c) Se, após a abertura da sucessão, o herdeiro vem a falecer, transmite a titularidade da herança aos seus sucessores, ainda que não houvesse manifestado a sua aceitação ou praticado qualquer ato em relação a ela, ou mesmo que desconhecesse o pensamento do antecessor;
d) Embora os bens que a compõem ainda não estejam individualizados e discriminados no quinhão do herdeiro, constitui a herança, em si mesma, um valor patrimonial, e, como tal, pode ser transmitida inter vivos. Cessão (gratuita ou onerosa) = transmissão de toda a herança ou parte/todo o quinhão ou parte, por meio de escritura pública para que seja válida. Cede o direito à sucessão (o 3° não “vira” herdeiro). Se realizada antes da abertura da sucessão, seria pacto sucessório (contrato nulo de pleno direito).
Comoriência
Art. 8°. Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
Premoriência	exceção
Direito de representação dos descendentes.
Só há na sucessão legítima e apenas para descendentes/sobrinhos.
Disposições gerais
· Lugar da abertura da sucessão:				┌ ainda que os bens estejam em outro lugar
┌ ainda que o óbito se dê em local diverso
Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.
Obs.: Se o de cujus tiver mais de um domicílio, não se podendo determinar qual deles é o último, considera-se aberta a sucessão no lugar do óbito. Se este ocorrer em local diverso, qualquer dos domicílios pode ser considerado lugar de abertura da sucessão.
· Tipos de sucessão:
Art. 1.786. A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade.
· Legislação aplicável:
Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela.
Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo.
Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança. (parcela disponível)
Obs.: No que tange à elaboração do testamento, prevalece a lei do tempo em que este é feito. Assim, se a disposição for válida de acordo com a lei anterior, mas a lei vigente ao tempo da morte negar-lhe validade, dever-se-á considerar como não escrita a cláusula testamentária.
· Como a transmissão ocorre no mesmo momento da morte, requer-se a sobrevivência do sucessor, pela mínima fração que seja.
· Objeto:
Todo complexo de valores positivos e negativos passa aos sucessores. 
O direito de exigir reparação, decorrente de ato ilícito e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança (art. 943). O mesmo para quem causar lesão ao patrimônio público, no limite do valor da herança (art. 8° da Lei de Improbidade Administrativa). A existência de contrato preliminar, gerando a obrigação de celebrar o definitivo, obriga os herdeiros do devedor (negócio jurídico perfeito e acabado que dá origem a uma obligatio faciendi.
Extinguem-se com a morte: direitos de família puros, direitos políticos, direitos da personalidade (em regra), direito de preferência concedido ao vendedor (art. 520, CC).
A respeito do direito à indenização por dano moral sofrido pelo de cujus, existem acórdãos que adotam a intramissibilidade e também em sentido contrário. Doutrinariamente, prevalece a da transmissibilidade.
Obs.: Testamento caduco – inexigível por circunstâncias alheias à vontade do testador. Ex.: Morte do herdeiro antes da do testador.
Obs.: LINDB (DL 4.657/1942)
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.
§ 1° A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.
§ 2° A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.
Legitimação para suceder
Princípio cardeal do direito sucessório – transmissão imediata dos bens aos herdeiros legítimos e testamentários.
Esta transmissão subordina-se a quem tenha legitimação para suceder.
Não basta ao herdeiro invocar a sua vocação hereditária. É preciso, ainda, seja ele capaz e não indigno.
Obs.: Capacidade sucessória ≠ capacidade civil
Legitimação Sucessória
Aptidão da pessoa para receber os bens deixados pelo falecido. Uma pessoa pode ser incapaz para os atos da vida civil, e não lhe faltar capacidade (legitimação) para suceder; e vice-versa.
A incapacidade sucessória (falta de legitimação para suceder) identifica-se como impedimento legal para adir à herança.
Indaga-se acerca daqueles que não sofrem restrição à faculdade aquisitiva da herança. Neste passo, impera o princípio de sua definição segundo a lei vigente no momento em que se abre a sucessão.
· Apuração da legitimação sucessória
Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da sucessão.
Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder:
I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão;
II – as pessoas jurídicas;
III – as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação.
Regra: o chamado à sucessão deve existir (ter personalidade jurídica – ser pessoa física ou jurídica) ou já ter sido concebido no momento da abertura da sucessão.
Caducam as disposições testamentárias que beneficiarem pessoas já falecidas, pois a nomeação testamentária tem caráter pessoal (intuitu personae).
	┌ legitimação para suceder por testamento
Exceções: 
Direito do nascituro (arts. 2° e 1.798, CC)	herdeiro póstumo
Prole eventual (art. 1.799, I): o CC prevê a possibilidade de instituição como herdeira, através de disposições testamentárias, da chamada prole eventual de pessoas designadas e existentes ao se abrir a sucessão. Nesta situação, o direito sucessório é condicional, subordinando-se a sua aquisição ao evento futuro e incerto.
Obs.: Por prole entende-se só o filho imediato da pessoa viva designada – é o descendente direto.
!!! Adoção
Para parcela da doutrina, a capacidade eventual não se reserva à filiação biológica ou natural. Para Paulo Lôbo, não obstante a lei se refira a filho concebido, não há impedimento legal “para que o testador admita que a pessoa indicada, se não houver concepção biológica, possa adotar filho, dentro do prazo legal de dois anos, ou mesmoconstituir outro modo de filiação socioafetiva”.
	Nomeia-se curador (curador ao ventre).
- Prazo de espera: o CC, em seu art. 1.800, § 4°, estabelece em dois anos da abertura da sucessão o prazo de espera; após o que, se não concebido o herdeiro desejado, caducará a disposição, destinando-se os bens aos sucessores legítimos, ou a quem o falecido houver determinado.
Obs.: O testador pode estabelecer prazo inferior.
Obs.: Este prazo não é para o nascimento, mas para a concepção.
Se nascer morto, deve ser considerado como se nunca tivesse existido. Não recebe/transmite direitos.
Caso especial: morte da mãe no trabalho de parto/filho retirado da genitora falecida não se nega ao filho legitimação para suceder, embora não haja coexistido com a sua mãe.
- Regras procedimentais: art. 1.800, §§ 1°, 2° e 3°, CC.
Art. 1.800. [...] § 1° Salvo disposição testamentária em contrário, a curatela caberá à pessoa cujo filho o testador esperava ter por herdeiro, e, sucessivamente, às pessoas indicadas no art. 1.775.
§ 2° Os poderes, deveres e responsabilidades do curador, assim nomeado, regem-se pelas disposições concernentes à curatela dos incapazes, no que couber.
§ 3° Nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á deferida a sucessão, com os frutos e rendimentos relativos à deixa, a partir da morte do testador.
Se escoado o prazo sem que ocorra a concepção, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros legítimos (art. 1.800, § 4°).
Obs.: Caso especial – procriação artificial e sucessão legítima. Discussão doutrinária acerca da legitimação para suceder da pessoa havida por procriação assistida post mortem, ou seja, ainda não nascida nem concebida no útero materno no momento da abertura da sucessão.
Para uns, não há legitimação sucessória. Para outros, essas pessoas possuem, cabendo-lhes reivindicar sua parte por meio de ação de petição de herança, caso já efetivada a partilha ao tempo de seu nascimento.
Na hipótese de embriões excedentários, deve prevalecer o entendimento de que há legitimação, por estarem efetivamente concebidas ao tempo do óbito (incidência do art. 1.798 do CC).
Pessoa jurídica (art. 1.799, II e III): para a pessoa jurídica de direito público ou privado, como requisito à titularidade da herança, é verificada sua existência legal, representada pela inscrição de seu ato constitutivo no respectivo registro, no momento do falecimento.
Obs.: A pessoa jurídica herda exclusivamente por disposição testamentária (condição); à exceção do poder público, titular da herança jacente na sucessão legítima.
Obs.: Em situação especial, o direito civil admite a sucessão em favor de pessoa jurídica ainda não constituída no momento do falecimento. A hipótese é representada pela destinação do patrimônio a fundação projetada no próprio testamento (art. 1.799, III e 62, CC), a ser regularizada após a morte do testador.
	 └ é válida a criação de fundação por deixa testamentária
Não cabe a instituição hereditária de pessoa jurídica que não seja fundação, se não estiver já constituída. Tolera-se, todavia, a deixa a uma pessoa física para que se transmita os bens a um ente moral, sob a condição de se constituir regularmente.
Admite-se a instituição hereditária deferida a uma sociedade de fato (ainda não legalmente constituída), aguardando sua regularização (= momento da transmissão). É viável a assinação de um prazo.
Pessoa jurídica em liquidação não pode receber causa mortis (cessou direito a sua existência).
Não há que se falar em sucessão de qualquer espécie, em favor de coisa inanimada ou de irracional.
Vocação hereditária = convocação a suceder (chamamento do herdeiro): por disposição de última vontade ou lei.
Não podem ser nomeados 
Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários:
I – a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos;
II – as testemunhas do testamento;
III – o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos;
IV – o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento.
Exclusão dos herdeiros por indignidade
Representa a retirada do direito à herança de quem é sucessor capaz em virtude de atos de ingratidão.
Atinge os herdeiros legítimos, os testamentários e os legatários.
Causas de exclusão (art. 1.814, CC) = rol taxativo (restrição à direito).
É necessário o ajuizamento de ação no âmbito civil (possibilitar direito de defesa) – efeitos não automáticos
						└ “independência da responsabilidade civil” (art. 935)
No entanto, se já proferida sentença criminal condenatória, já se reconheceu o dolo/culpa, não pode ser reexaminada a questão no cível. A sentença criminal condenatória com trânsito em julgado faz coisa julgada no cível.
 (
seja
 o herdeiro/legatário incurso em um dos casos legais
não
 tenha sido reabilitado pelo 
de cujus
haja
 uma sentença declaratória da indignidade
) (
{
)
Pressupostos
Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:
I – que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente;
└ não se estende ao delito culposo
II – que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;
III – que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. (liberdade de testar)
Obs.: Segundo Caio Mario, embora não contemplada especificamente, é de se entender que a instigação ao suicídio deve equiparar-se ao homicídio, para efeito da indignidade.
Reputa-se não só o indigno que sofre a condenação, mas também o que comete o fato, apesar da absolvição pelo reconhecimento de excludente de criminalidade percutir no juízo cível.
A extinção da pena não ilide a exclusão do herdeiro.
A absolvição do ré na esfera penal em razão do reconhecimento da inexistência do fato ou da autoria afasta a pena de indignidade no cível, por força do art. 935. O mesmo vale para reconhecimento de legítima defesa, estado de necessidade e exercício regular de um direito.
No inciso II, “acusar” não é no sentido estrito do trâmite da ação penal, sendo necessária apenas a denunciação do fato delituoso em juízo. Nele, também, não é prevista a tentativa.
· Procedimento para obtenção da exclusão
A exclusão só se fará por sentença proferida em ação declaratória com esta finalidade (art. 1.815, CC).
			 └ não pode ser ato arbitrário!
Produção de efeitos = somente com o trânsito em julgado.
Ainda que exista a prévia condenação criminal confirmando a prática do ato delituoso, é indispensável a provocação da exclusão em meio a processo no juízo cível.
Legitimação para propor a ação: a qualquer interessado, assim considerados aqueles que obterão vantagem patrimonial com o afastamento do herdeiro (inclusive o Poder Público, que será titular da herança, na falta de outros beneficiários).
Exclui-se a iniciativa da ação declaratória de indignidade pelo próprio ofendido, tendo em vista que deve ser proposta após a abertura da sucessão. É reservado a ele o direito de deserdar o ofensor.
Momento para a propositura da ação: após o falecimento. Não pode ser proposta em vida.
Prazo decadencial: 4 anos, contado da abertura da sucessão.
Obs.: Morrendo o réu no curso do processo, extingue-se a ação e sua morte acarreta a transmissão dos bens herdados aos seus próprios sucessores, visto que a indignidade só produziria efeitos depois de declarada por sentença e tal pena não deve ir além da pessoa do criminoso.
· Efeitos do reconhecimento judicial da indignidade
A sentença declaratória da indignidade produz efeitos ex tunc (retroage à data de abertura da sucessão, retirando do sucessor a sua condição adquirida de imediato quando do falecimento do autor da herança).São pessoais os efeitos da exclusão, determinando o art. 1.816 do CC a substituição do indigno pelos seus descendentes, como se ele morto fosse. Assim, equipara a situação à premoriência, a herança que o indigno deixa de recolher devolve-se aos seus descendentes, que sucedem por direito de representação. Inexistindo sucessor do indigno, na linha reta descendente (filhos, netos, bisnetos), seu quinhão retorna ao monte, seguindo a destinação legítima ou testamentária, como se o herdeiro excluído não existisse.
A sentença não poderá prejudicar direitos de terceiros de boa-fé, respeitando atos praticados antes da prolação.
Obs.: Os coerdeiros podem demandar ao alienante o ressarcimento dos danos causados (art. 1.817).
Os bens que o indigno deixa de herdar (ereptícios) são devolvidos às pessoas que os herdariam como se ele já fosse falecido na data da abertura da sucessão (art. 1.816). 
único da sua classe defere-se aos da seguinte
não único coerdeiros da sua classe – direito de acrescer
		 └ exceto se houver descendentes, que herdarão por direito de representação
Como a sentença somente irá produzir efeitos após o trânsito em julgado, enquanto isso o indigno conserva a condição de sucessor e, como tal, a ele são legitimamente transmitidas a posse e a propriedade do acervo princípio da saisine ou em razão da própria partilha.
É titular do patrimônio, porém sob condição resolutiva, pois, verificada a exclusão, perde o direito de propriedade e posse sobre os bens que houvera recebido, ficando obrigado, ainda, a restituir os frutos e rendimentos eventualmente percebidos (art. 1.817, p.u., CC).
Considera-se como se nunca tivesse sido herdeiro, devendo restituir os frutos e rendimentos percebidos.
A exclusão do indigno é limitada à herança do ofendido. Assim, não será privado de reclamar por direito próprio, ou mesmo por representação, a sucessão de outros parentes que vierem a falecer após a morte do ofendido.
Obs.: Também não fica impedido de representar seu pai na sucessão de outro parente.
O excluído não terá direito ao usufruto e administração dos bens que passem aos filhos menores sob poder familiar (art. 1.816, p.u., CC). Se falecerem, sem descendentes, não pode recebê-los.
· Reabilitação do indigno (art. 1.818, CC)
O CC prevê a possibilidade de o indigno não sofrer a privação da herança, se perdoado pela ofensa praticada.
O perdão é ato exclusivo do ofendido (privativo). 
Deve haver documento próprio para esta finalidade (ato autêntico – escritura pública), ou no próprio testamento (formal). No testamento, pode ser expresso ou tácito.
Se o testamento caducar, não será uma declaração válida de vontade, na qual está o efeito remissivo.
Se for anulado, alguns entendem que poderá aproveitar-se como ato autêntico, se adotada a forma pública.
Se for nulo, a reabilitação é ineficaz (requer a forma prescrita).
Se for revogado, para alguns é irretratável, devendo a vontade prevalecer sobre os interesses dos coerdeiros. Para outros, implica em caducidade do perdão, se o novo não contiver a cláusula remissiva.
Uma vez concedido, o perdão é irretratável e impede qualquer discussão posterior pelos interessados. A divulgação do ato importa necessariamente em carência de ação. Se um deles for encontrado após a sentença condenatória, pode valer como requisito da legitimação para suceder e cancelamento da pena de exclusão, devendo requerer a prolação da sentença em ação rescisória (não opera automaticamente).
Legitimação para suceder ≠ indignidade
A falta de legitimação sucessória impede que nasça o direito de suceder, ao passo que a indignidade retira do herdeiro o seu direito de suceder.
A legitimação é inerente à pessoa do herdeiro; já a indignidade é uma pena a ele imposta em razão de conduta praticada contra o falecido.
Ausente a legitimação, o sujeito é considerado como se nunca tivesse existido, por isso não se beneficia pelo droit de saisine. Já o indigno chega a adquirir a herança em um primeiro momento, e dela vem a ser excluído por sentença, preservando a lei, inclusive, alguns atos de disposição dos bens herdados.
Como na falta de legitimação não se chega a adquirir a herança, o quinhão da pessoa impropriamente convocada devolve-se ao acervo comum; na indignidade, por se tratar de pena pessoal ao herdeiro, o quinhão dos excluídos transmite-se aos seus descendentes – só na falta destes é que aquela parte da herança devolve-se ao monte.
Deserdação ≠ indignidade
A indignidade enseja a possibilidade de interessados na sucessão pleitearem a exclusão do indigno, sucessor legítimo ou testamentário; já a deserdação é o ato privativo do autor da herança pelo qual promove a exclusão do herdeiro necessário unicamente através de testamento.
A conduta prevista para declaração de indignidade do herdeiro também permite a deserdação pelo ofendido; entretanto, esta última também pode ter fundamento em outras causas (arts. 1.962 e 1.963, CC).
A exclusão por indignidade obstaculiza a conservação da herança. O indigno adquire, até que passe em julgado a sentença que o exclui da sucessão. Se baseia numa circunstância subjetiva.
A falta de legitimação para suceder impede que surja o direito à sucessão. É uma ordem objetiva.
A deserdação funda-se na vontade expressa do testador.
Aceitação e renúncia
Aceitação:
Ao herdeiro é facultado aceitar ou não a herança, em razão do princípio de que ninguém é herdeiro contra a sua vontade.
O legado também precisa ser aceito, pois pode haver a imposição de encargos específicos ao legatário.
A aceitação da herança representa o ato jurídico unilateral e necessário pelo qual o herdeiro confirma sua intenção de receber o acervo que lhe foi transmitido desde a abertura da sucessão.
Aquisição é o fato jurídico do ingresso dos bens no patrimônio dos herdeiros em decorrência da manifestação de vontade destes em virtude da qual a herança já deferida é aceita. Efeito de atribuir ao herdeiro os bens que lhe pertenciam causa mortis, confirmando o direito que o óbito lhe ofereceu. 
└ Não se pode, porém, dizer que o ato aquisitivo é a aceitação, porque os direitos hereditários não nascem com ela
└ Efeito retrooperante: os direitos hereditários recuam à data da morte
A aceitação encerra a situação de pendência criada com a abertura da sucessão.
Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão.
· Características da aceitação
Ato unilateral de manifestação de vontade de receber a herança.
Efeitos retroativos à data da abertura da sucessão.
É ato exclusivo do herdeiro (salvo representação). Também é ato exigível do legatário.
É indivisível, não se admitindo a aceitação parcial (art. 1.808, CC).
É incondicional, não podendo ficar submetida a condição ou termo (art. 1.808, CC).
É ato jurídico irretratável – não pode renunciar a herança depois de havê-la aceito.
· Espécies de aceitação
Expressa: quando feita por declaração escrita (art. 1.805, CC), por termo nos autos, por escritura pública ou escrito particular. O herdeiro explicitamente externa o propósito de adir a herança.
Obs.: Segundo Caio Mario, não vale a mera declaração verbal, ainda que perante testemunhas.
Tácita: quando resultar da prática de atos próprios da qualidade de herdeiro (art. 1.805, 2ª parte), como a administração, alienação de bens que integram a herança. Ex.: Nomeação de advogado para intervir no inventário na defesa de seus direitos hereditários; posse nos bens do acervo.
Obs.: Não exprimem aceitação os atos meramente conservatórios. Ex.: Realização de benfeitorias necessárias.
Obs.: Não vale aceitação o pagamento de dívida da herança, porque é lícito pagar débito alheio.
Presumida: quando provocada por algum interessado (art. 1.807, CC). Requer ao juiz, depois de 20 dias da abertura da sucessão, que assine ao herdeiro prazo de até 30 dias para pronunciar-se. Decorrido o prazo, silêncio = aceitação.
Se não for intimado a manifestar-se em prazo certo, o herdeiro tem a faculdade de aceitar a todo tempo, até que se consume a prescriçãoda pretensão à herança.
Direta: provém do próprio herdeiro.
Indireta: alguém a faz por ele.
- Aceitação pelos sucessores: morrendo o herdeiro sem declarar se aceita ou não a herança, a faculdade passa aos seus sucessores, valendo a declaração destes, como se daquele partisse.
- Aceitação por mandatário e por gestor de negócios.
- Aceitação pelos credores: terá lugar quando o herdeiro prejudica os seus credores com a sua renúncia, quando podem requerer ao juiz que autorize-os a aceitá-la em nome do renunciante (art. 1.813); não podendo, porém, beneficiar-se além da marca dos créditos. O remanescente devolve-se àquele a quem o repúdio beneficia. Prazo de 30 dias para que se habilitem os credores, contado do conhecimento da renúncia.
Exceção:
Art. 1.808. [...] § 2° O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia.
└ assim sendo, o herdeiro legítimo, a quem o testador houver atribuído herança testamentária, poderá repudiar esta última, limitando sua aceitação ao que lhe for devolvido em virtude da própria lei; ou inversamente
· Anulação
Pode ser anulada a aceitação, quando após a sua ocorrência apura-se que o aceitante não é herdeiro. Ex.: Chama um ascendente e verifica-se ulteriormente a existência de descendente vivo.
Se já houver sido encerrado o inventário e homologada a partilha, só por ação de petição de herança.
Renúncia:
Através dela, o sucessor manifesta seu repúdio ao direito hereditário.
É ato jurídico unilateral e formal, pois se exige o expresso pronunciamento do sucessor, por meio de instrumento público ou termo judicial lançado nos autos do inventário (art. 1.806, CC).
É ato solene. Não se admite a renúncia tácita ou presumida.
É indivisível, incondicional e irretratável.
· Efeitos da renúncia
O renunciante considera-se como se não existisse na condição de herdeiro. Sua quota hereditária retorna ao monte partível. O monte é considerado em relação aos demais.
Rejeitado o quinhão pelo sucessor testamentário (herdeiro ou legatário), o retorno da parcela ao acervo só se dará se outro não for o destino deste quinhão estabelecido no testamento.
Os efeitos da renúncia retroagem à data do falecimento do autor da herança.
Não haverá direito de representação do herdeiro renunciante pelos seus descendentes.
Exceção:
A parte do repudiante passa automaticamente à dos outros herdeiros de mesma classe (direito de acrescer); se for o único desta, devolve-se aos da classe subsequente (art. 1.810, CC).
Se o renunciante vier a falecer, os seus herdeiros não herdam por estirpe, mas, sendo ele o único da sua classe, ou se os demais desta renunciarem também, podem seus filhos ser chamados a suceder (direito próprio).
O renunciante não será privado da administração e usufruto dos bens que, em razão da renúncia, venham a tocar seus filhos menores.
Aquele que renuncia à herança não está impedido de aceitar legado, ou vice-versa (diversificação das causas aquisitivas).
O renunciante não é computado no cálculo da quota disponível do autor da herança.
· Restrições à liberdade de renunciar
O agente deve ser capaz. Se for incapaz, não terá validade, ainda que efetuada por seu representante, pois este reúne os poderes de administração, não de alienação – falta-lhe liberdade para dispor deles por ato seu.
Tratando-se a sucessão aberta de bem imóvel (art. 80, II), renúncia à herança depende do consentimento do cônjuge, salvo se casando pelo regime de separação absoluta. A ausência de consentimento torna o ato anulável.
A renúncia não pode ser lesiva aos credores do renunciante (art. 1.813, CC). Para estes, a renúncia é tida como ineficaz. Sub-rogam-se no direito hereditário do renunciante, mas no limite do crédito. Quitada a dívida, o remanescente é devolvido ao monte.
Não pode ser feita antes de aberta a sucessão; e não vale depois de o herdeiro praticar qualquer ato equivalente à aceitação.
Não comporta condição ou termo.
· Anulação
Os credores prejudicados podem anular a renúncia, aceitando, mediante autorização judicial, a herança em nome do abdicante. Basta a demonstração do prejuízo aliada à prova de que já eram credores anteriormente ao repúdio da herança.
Pode também ser anulada por dolo ou coação.
Herança jacente e vacante
Herança jacente:
Considera-se jacente a herança quando não há herdeiro certo e determinado, ou não se sabe da existência dele, ou quando a herança é repudiada.
Os herdeiros não se conhecem, pois:
└ o falecido não deixou cônjuge, companheiro, descendente, ascendente ou colateral notoriamente conhecido;
└ em razão de renúncias;
└ na falta de uns e de outros, o defunto não deixou testamento, ou se deixou é caduco; ou o herdeiro instituído ou legatário é desconhecido, não existe ou repudia a herança/o legado;
└ quando, nos casos indicados, não há testamenteiro, ou o designado não existe, ou não aceita.
Representa uma fase transitória do patrimônio do falecido, na qual de imediato serão adotadas providências objetivando a guarda e administração do patrimônio deixado (mediante arrecadação dos bens).
A herança jacente é um estado provisório do patrimônio inventariado, quando ignorado herdeiro que a reclame, no qual se promove a preservação dos bens acompanhada da investigação sobre a existência de outros sucessores para, na falta destes, promover-se a destinação do acervo patrimonial ao Poder Público.
Declaração de vacância:
Superada a fase de investigação e habilitação de herdeiros, sendo aquela frustrada e esta rejeitada, a herança jacente tem seu fim com a declaração de vacância (art. 1.819, CC).
A declaração de vacância representa o reconhecimento judicial de que a herança não tem dono conhecido.
Apenas se dará passado um ano da primeira publicação do edital de convocação de herdeiros, e ainda se não estiverem pendentes de decisão eventuais habilitações (art. 1.157, CPC).
O pronunciamento judicial de vacância é uma sentença que encerra a herança jacente e transfere a titularidade do patrimônio do falecido ao Poder Público.
Obs.: Cabe ao Poder Público a obrigação de aplicar os recursos provenientes dos bens arrecadados em fundações destinadas ao desenvolvimento e fomento do ensino universitário, sob a fiscalização do MP (Decreto-lei n. 8.207/1945, art. 3°, p.u., c/c art. 63 do CC).
· Efeitos da sentença que declara vacância
Transfere a titularidade da herança ao Poder Público (Município, DF ou União, conforme o caso), conferindo-lhe, inicialmente, a propriedade resolúvel dos bens, para, após o prazo legal (5 anos), outorgar-lhe o domínio pleno sobre o acervo patrimonial.
Obs.: Dentro dos 5 anos seguintes à abertura da sucessão, o herdeiro que se sentir preterido pode reclamar a herança através de ação direta (art. 1.158, CPC).
Encerra a herança jacente, pondo fim à atuação do curador, dispensando-o dos deveres de guarda, conservação e administração do acervo hereditário.
Não mais se permite a habilitação de herdeiros ou credores, sendo que qualquer direito destes só poderá ser reclamado em ação direta (regida pelo CPC).
Ficam excluídos definitivamente da sucessão os colaterais.
Legitimação Testamentária
Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte.
§ 1° A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento.
§ 2° São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador somente a elas se tenha limitado.
Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo.
Art. 1.859. Extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade do testamento, contado o prazo da data do seu registro.
· Disposições testamentárias
Art. 1.897. A nomeação de herdeiro, ou legatário, pode fazer-se pura e simplesmente, sob condição, para certo fim ou modo, ou por certo motivo.
Art. 1.899. Quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observânciada vontade do testador.
Art. 1.900. É nula a disposição:
I - que institua herdeiro ou legatário sob a condição captatória de que este disponha, também por testamento, em benefício do testador, ou de terceiro;
II - que se refira a pessoa incerta, cuja identidade não se possa averiguar;
III - que favoreça a pessoa incerta, cometendo a determinação de sua identidade a terceiro;
IV - que deixe a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, fixar o valor do legado;
V - que favoreça as pessoas a que se referem os arts. 1.801 e 1.802.
Art. 1.901. Valerá a disposição:
I - em favor de pessoa incerta que deva ser determinada por terceiro, dentre duas ou mais pessoas mencionadas pelo testador, ou pertencentes a uma família, ou a um corpo coletivo, ou a um estabelecimento por ele designado;
II - em remuneração de serviços prestados ao testador, por ocasião da moléstia de que faleceu, ainda que fique ao arbítrio do herdeiro ou de outrem determinar o valor do legado.
Art. 1.903. O erro na designação da pessoa do herdeiro, do legatário, ou da coisa legada anula a disposição, salvo se, pelo contexto do testamento, por outros documentos, ou por fatos inequívocos, se puder identificar a pessoa ou coisa a que o testador queria referir-se.
Art. 1.904. Se o testamento nomear dois ou mais herdeiros, sem discriminar a parte de cada um, partilhar-se-á por igual, entre todos, a porção disponível do testador.
Art. 1.905. Se o testador nomear certos herdeiros individualmente e outros coletivamente, a herança será dividida em tantas quotas quantos forem os indivíduos e os grupos designados.
Art. 1.906. Se forem determinadas as quotas de cada herdeiro, e não absorverem toda a herança, o remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, segundo a ordem da vocação hereditária.
Art. 1.907. Se forem determinados os quinhões de uns e não os de outros herdeiros, distribuir-se-á por igual a estes últimos o que restar, depois de completas as porções hereditárias dos primeiros.
Art. 1.908. Dispondo o testador que não caiba ao herdeiro instituído certo e determinado objeto, dentre os da herança, tocará ele aos herdeiros legítimos.
Art. 1.909. São anuláveis as disposições testamentárias inquinadas de erro, dolo ou coação.
Parágrafo único. Extingue-se em quatro anos o direito de anular a disposição, contados de quando o interessado tiver conhecimento do vício.
Art. 1.910. A ineficácia de uma disposição testamentária importa a das outras que, sem aquela, não teriam sido determinadas pelo testador.
Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade.
Parágrafo único. No caso de desapropriação de bens clausulados, ou de sua alienação, por conveniência econômica do donatário ou do herdeiro, mediante autorização judicial, o produto da venda converter-se-á em outros bens, sobre os quais incidirão as restrições apostas aos primeiros.
Deserdação
Ocorre quando o herdeiro é excluído da sucessão, por meio de testamento, e com fundamento em um dos motivos previstos em lei.
Indiretamente, importa em beneficiar outro herdeiro – “excluir é dispor”.
Só pode ser ordenada por meio de testamento.
É ato de iniciativa do autor da herança.
O rol de motivos previstos em lei é taxativo.
As razões deverão estar claramente mencionadas no testamento.
· Requisitos para que se configure a deserdação
Existência de herdeiros necessários (só se fala em deserdação nesta hipótese).
Obs.: Para “excluir” da sucessão herdeiros que não sejam necessários, basta dispor dos bens sem contemplá-los, independentemente de formalidade ou declaração.
Testamento válido. Só poderá ser feita por testamento.
Ato de vontade expressa do testador (não se admite deserdação tácita).
Explicação da causa constitutiva e determinante da deserdação, para que o imputado possa ter possibilidade de defesa.
Obs.: Se todos forem coautores do fato determinante e o testador não distribuir os bens em legados, o Estado será o destinatário dos bens.
· Hipóteses de deserdação
Art. 1.814, CC (mesmas hipóteses da indignidade).
Art. 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos descendentes por seus ascendentes:
I - ofensa física; agressões, lesões corporais		dolosa
II - injúria grave; ataque ofensivo à honra, à dignidade, à fama, à reputação, à respeitabilidade da pessoa
III - relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto;
IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade.
Art. 1.963. Art. 1.963. Além das causas enumeradas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos ascendentes pelos descendentes:
I - ofensa física;
II - injúria grave;
III - relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto, ou com o marido ou companheiro da filha ou o da neta;
IV - desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave enfermidade.
· Ação e efeitos da deserdação
Ação de deserdação: deve ser ajuizada pelo novo herdeiro instituído para substituir o deserdado, ou por aquele a quem aproveitar a deserdação.
O interessado deve provar a veracidade da causa constante do testamento.
Caso não seja provada a causa da deserdação, a sentença tornará sem efeito a disposição testamentária.
Obs.: Se o interessado não ajuizar a ação que lhe compete, ao próprio deserdado assiste o direito de tomar a iniciativa, exigindo por meio da ação própria que o interessado prove o fundamento da deserdação.
Prazo decadencial de 4 anos para a propositura da ação ordinária de deserdação, contados da abertura do testamento (art. 1.965, p.u., CC).
Obs.: A doutrina tem entendido que a reconciliação do testador com o herdeiro não significa perdão, pois a última vontade do testador é aquela constante do testamento e deve ser cumprida. O perdão deve ser inequívoco, expresso.
O principal efeito da deserdação é a privação de toda a parte da herança que caberia ao deserdado.
A deserdação possui caráter pessoal, não afetando os descendentes do deserdado.
Prevalece o direito de representação quanto aos descendentes que sucederão o deserdado, como se ele morto fosse.
O pai que foi representado pelos filhos menores na sucessão em que foi deserdado não tem direito ao usufruto nem à administração dos bens (art. 1.693, IV).
· Cancelamento da deserdação
Como a pena é imposta em testamento, somente será relevada pela via da revogação testamentária.
Se revogado o testamento que continha a disposição, deixará esta de prevalecer e não servirá de fundamento à respectiva ação.
A simples reconciliação do testador com o deserdado não invalida a pena.

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