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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
 
 
Módulo de 
Metodologia de Investigação Educacional 
 
 
UNIVERSIDADE 
EDUARDO MONDLANE 
 
 
 
Índice 
Visão geral 
Bem vindo ao módulo de Metodologia de Investigação Educacional ............................. 5 
Objectivos do módulo ...................................................................................................... 5 
Recomendações para o estudo .......................................................................................... 6 
Unidade nº 1 7 
Questões Gerais sobre a Investigação em Educação ........................................................ 7 
Introdução ................................................................................................................ 7 
Objectivos..………………………………………………………………………………7 
Questões Gerais sobre a Investigação em Educação ……………………………………8 
O conhecimento científico ………………………………………………………………8 
Actividades ..................................................................................................................... 12 
Auto- avaliação ............................................................................................................... 12 
Chave de correcção ......................................................................................................... 13 
Bibliografia da Unidade .................................................................................................. 14 
 
Unidade nº 2 15 
Dimensões epistemológica, teórica, e técnica da investigação ....................................... 15 
Introdução .............................................................................................................. 15 
Objectivo……………………………………………………………………………….15 
Dimensões epistemológica, teórica, e técnica da investigação…………………………16 
Os paradigmas na investigação…………………………………………………………16 
O paradigma qualitativo e quantitativo ..………………………………………………17 
Actividades ..................................................................................................................... 19 
Auto- avaliação ............................................................................................................... 19 
Chave de correcção ......................................................................................................... 20 
Bibliografia da Unidade .................................................................................................. 21 
 
Unidade nº 3 22 
Pressupostos teóricos e metodológicos da investigação educacional ............................. 22 
Introdução .............................................................................................................. 22 
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
 
Objectivo……………………………………………………………………………….22 
Pressupostos teóricos e metodológicos da investigação educacional…………………..23 
Fundamentação teórica…………………………………………………………………23 
Metodologia……………………………………………………………………………26 
Posições dos paradigmas quanto a algumas questões chave…………………………...26 
Actividades ..................................................................................................................... 28 
Auto- avaliação ............................................................................................................... 28 
Chave de correcção ......................................................................................................... 29 
Bibliografia da Unidade .................................................................................................. 29 
 
Unidade nº 4 30 
Pesquisa qualitativa e quantitativa .................................................................................. 30 
Introdução .............................................................................................................. 30 
Objectivos………………………………………………………………………………30 
Pesquisa qualitativa e quantitativa ……………………………………………………..31 
A pesquisa qualitativa…………………………………………………………………..31 
Princípios de recolha de dados qualitativos…………………………………………….35 
A pesquisa quantitativa…………………………………………………………………36 
Amostra: Características e modos de selecção…………………………………………38 
Amostras probabilísticas………………………………………………………………..40 
Amostras não probabilísticas...…………………………………………………………42 
Técnicas e instrumentos de recolha de dados.…………………………………………42 
Ética na investigação: Responsabilidade social e ética do investigador.………………51 
Estrutura do relatório de pesquisa.……………………………………………………..54 
Actividades ..................................................................................................................... 57 
Auto- avaliação ............................................................................................................... 58 
Chave de correcção ......................................................................................................... 58 
Bibliografia da Unidade .................................................................................................. 59 
 
 
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
 
Introdução 
Bem vindo ao módulo de 
Metodologia de Investigação 
Educacional 
 
Metodologia de Educação Educacional é um módulo que se ocupa das 
variadas formas de investigação aplicadas aos fenómenos e realidades 
educacionais. Os métodos e técnicas de investigação na área da educação 
são aplicados com o intuito de conhecer a realidade educacional. 
Seleccionados e manejados adequadamente, estes métodos e técnicas 
possibilitam o esclarecimento rigoroso e cauteloso do objecto em estudo, 
oferecendo uma compreensão global e uma interpretação apurada de 
situação educacionais. O módulo é composto por 4 unidades didácticas. 
Assim, 
Na primeira unidade vamos discutir as questões gerais sobre a 
investigação em educação. 
Na segunda unidade vamos apresentar a dimensão epistemológica, teórica 
e técnica da investigação. 
Na terceira unidade falaremos dos pressupostos teórico e metodológicos 
da investigação educacional. 
Na quarta unidade abordaremos a natureza da pesquisa qualitativa e 
quantitativa e seus procedimentos. 
É importante que saiba que este módulo está integrado no curso de 
licenciatura em Organização e Gestão da Educação ministrado na 
Faculdade de Educação da Universidade Eduardo Mondlane. 
Objectivos do módulo 
Caro estudante, quando terminar o estudo do módulo de Metodologia de 
Investigação Educacional deverá ser capaz de: 
 
 
 
 Identificar, aplicar e discutir alguns métodos e técnicas comummente 
usadas na investigação social, em particular no âmbito da realidade 
educacional; 
 Planificar, conceber e implementar um projecto de investigação na 
área da educação à sua escolha. 
 
6 
 
 
Recomendações para o estudo 
Para alcançar com sucesso os objectivos de aprendizagem do 
módulo, recomendamos que você faça o planeamento minucioso do 
seu tempo de estudo. O ensino deste módulo na modalidade à 
distância não exige a sua presença física num espaço físico em que 
terá que interagir face-à-face com o professor e outros estudantes 
que estão inscritos no módulo à semelhança do que preconiza o 
ensino presencial, no entanto disponibilizamos um rol de tarefas 
por concretizar. É importante que perceba que estas tarefas estão 
programadas e calendarizadas de modo a materializarmos as metas 
de aprendizagem dos conteúdos nos diferentes momentos. Por se 
tratar de um módulo à distância, apelamos que faça do computador 
seu braço direito e seu melhor amigo, uma vez que será 
fundamentalmente à sua ferramenta de trabalho e o meio através do 
qual dialogará com o professor e os seus colegas de turma. Por via 
do computador terá também acesso aos conteúdos dos módulos e 
aos mais variados recursos de aprendizagem. Durante a leitura dos 
materiais recomendados e complementares é imprescindível que 
você tome notas ou que elabore fichas de leitura de modo a reter as 
ideias chaves apresentadas ediscutidas pelos autores. 
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
 
 
Unidade Didáctica nº1 
Questões Gerais sobre a Investigação em Educação 
Introdução 
Na primeira unidade, num primeiro momento, vamos introduzi-lo 
às características do conhecimento científico, de seguida vamos 
falar brevemente sobre os componentes do processo de 
investigação e por fim falaremos sobre a estrutura de um artigo 
científico. O estudo desta unidade é importante porque permite que 
o estudante aprenda a distinguir o conhecimento científico de 
qualquer outro tipo de conhecimento a partir das suas 
características. É também importante porque o estudante aprende 
os passos da investigação e como pode apresentar os resultados de 
uma investigação. 
 
 
Objectivos 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
 
 
 
 Identificar os principais traços que caracterizam o 
conhecimento científico; 
 Descrever na essência cada uma das características do 
conhecimento científico; 
 Descrever as características da investigação e os procedimentos 
e/ou componentes de um processo de investigação; 
 
 
 
 
8 
 
 
 
 Fontes de Informação 
e Recursos de 
Aprendizagem 
 
Para você se familiarizar com as questões gerais da investigação 
educacional importa em primeiro lugar conhecer as características 
do conhecimento científico. A seguir apresentamos três quadros 
resumo sobre as características da investigação; o processo de 
investigação e a estrutura do artigo científico. 
Assim, recomendamos que leia o texto de BUNGE, M. (s.d). La 
ciência, seu método. In Um outro olhar sobre o mundo, Pp. 215-
217 e Gomes, A. A. (2001). Considerações sobre a pesquisa 
científica: Em busca de caminhos para a pesquisa científica. 
Revista da Toledo, Vol. 5, Pp. 61-81. 
 
QUESTÕES GERAIS SOBRE A INVESTIGAÇÃO 
EDUCACIONAL 
 
I. O Conhecimento Científico 
 
A ciência é explicativa: tenta explicar os factos em termos de leis e 
as leis em termos de princípios. Os cientistas não se conformam 
com descrições pormenorizadas; além de inquirir como são as 
coisas, procuram responder ao porquê: porque é que ocorrem os 
factos tal como ocorrem e não de outra maneira. A ciência deduz as 
proposições relativas aos factos singulares a partir de leis gerais, e 
deduz as leis a partir de princípios ainda mais gerais. 
 
A ciência é aberta: não reconhece barreiras a prior, que limitem o 
conhecimento: Se o conhecimento fáctico não é refutável em 
princípio, então não pertence à ciência, mas a algum outro campo. 
As noções acerca do nosso meio natural ou social, ou acerca do 
nosso eu, não são finais; estão todas em movimento e são falíveis. 
Sempre é possível que possa surgir uma nova situação (novas 
informações ou novos trabalhos teóricos) em que as nossas ideias, 
por firmemente estabelecidas que pareçam, se revelem inadequadas 
em algum sentido. 
 
A ciência carece de axiomas evidentes; inclusive, os princípios 
mais gerais e seguros são postulados que podem ser corrigidos ou 
substituídos. Portanto, a ciência é aberta como sistema - porque é 
falível – e por conseguinte é capaz de progredir. 
 
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
 
 
 
 
A investigação científica é especializada: uma consequência da 
focagem científica dos problemas é a especialização. Não obstante 
a unidade do método científico, a sua aplicação depende, em 
grande medida, do assunto; isto explica a multiplicidade de técnicas 
e a relativa independência dos diversos sectores da ciência (...). 
Porém, a especialização não impede a formação de campos 
interdisciplinares como a biofísica, a bioquímica, a psicofisiologia, 
a psicologia social, a teoria da informação, a cibernética ou a 
investigação operacional. Contudo, a especialização tende a 
estreitar a visão do cientista individual (...). 
 
A investigação científica é metódica: não acontece casualmente, é 
planeada. Os investigadores não tateiam na obscuridade; sabem o 
que buscam e como o encontrar. A planificação da investigação não 
exclui o azar, pois, ao deixar lugar para acontecimentos 
imprevistos, é possível aproveitar a interferência do azar e a 
novidade inesperada (...). 
 
Todo o trabalho de investigação se baseia no conhecimento anterior e, em 
particular, nas conjecturas melhor confirmadas. Mais ainda, a 
investigação procede de acordo com regras e técnicas que se revelaram 
eficazes no passado, mas que são aperfeiçoadas continuamente, não só à 
luz de novas experiências, mas também de resultados do exame 
matemático e filosófico. 
 
O conhecimento científico é fáctico: Parte dos factos, respeita-os 
até certo ponto e sempre retorna a eles. A ciência procura descobrir 
os factos tais como são, independentemente do seu valor emocional 
ou comercial: a ciência não poetiza os factos. Em todos os campos, 
a ciência começa por estabelecer os factos: isto requer curiosidade 
impessoal, desconfiança pela opinião prevalecente e sensibilidade à 
novidade (...). 
 
O conhecimento científico é claro, preciso e comunicável: os 
seus problemas são distintos, os seus resultados são claros. A 
ciência torna preciso o que o senso comum conhece de maneira 
nebulosa. O conhecimento científico é comunicável porque não é 
inefável, mas expressável; não é privado, mas público. O que é 
inefável pode ser próprio da poesia ou da música, não da ciência, 
cuja linguagem é informativa e não expressiva ou imperativa. (...). 
Portanto, a linguagem mas científica comunica informações a quem 
quer que tenha sido preparado para as entender (...). 
 
O conhecimento científico é verificável: deve passar pelo exame 
da experiência. Para explicar um conjunto de fenómenos, o 
cientista inventa conjecturas fundadas de algum modo no saber 
adquirido. As suas suposições podem ser cautelosas ou ousadas, 
simples ou complexas; em todo o caso, devem pôr-se à prova. O 
10 
 
teste das hipóteses fáticas é empírico, isto é, observável ou 
experimental (...). No entanto, nem todas as ciências podem 
experimentar e em certas áreas da astronomia e da economia, 
alcança-se uma grande exatidão sem ajuda da experimentação (...). 
 
Nem sempre é possível, tão pouco desejável, respeitar inteiramente 
os factos quando se analisam e não há ciência sem análise, mesmo 
quando a análise é apenas um meio para a reconstrução final do 
todo. Por ex. o físico perturba o átomo que deseja espiar; o biólogo 
modifica e pode inclusive matar o ser vivo que analisa; o 
antropólogo, empenhado no seu estudo de campo de uma 
comunidade, provoca nele certas modificações. Nenhum deles 
apreende o seu objecto tal como é, mas tal como fica modificado 
pelas suas próprias operações. (...). O conhecimento científico 
transcende os factos: põe de lado os factos, produz factos novos e 
explica-os. 
 
O conhecimento científico é sistemático: uma ciência não é um 
agregado de informações desconexas, mas um sistema de ideias 
ligadas logicamente entre si. Todo o sistema de ideias, 
caracterizado por um certo conjunto básico (mas refutável) de 
hipóteses peculiares, e que procura adequar-se a uma classe de 
factos, é uma teoria. (...). O carácter matemático do conhecimento 
científico - isto é, o facto de ser fundado, ordenado e coerente - é 
que o torna racional. A racionalidade permite que o progresso 
científico se efectue não só pela acumulação gradual de resultados, 
mas também por revoluções (...). 
 
O conhecimento científico é geral: situa os factos singulares em 
hipóteses gerais, os enunciados particulares em esquemas amplos. 
O cientista ocupa-se do facto singular na medida em que este é 
membro de uma classe, ou caso de uma lei; mais ainda, pressupõe 
que todo o facto é classificável, o que ignora o facto isolado. Por 
isso, a ciência não se serve dos dados empíricos - que sempre são 
singulares - como tais; estes são mudos enquanto não se manipulam 
e convertem em peças de estrutura teóricas (...). 
 
O conhecimentocientífico é legislador: busca leis (da natureza e 
da cultura) e aplica-as. O conhecimento científico insere os factos 
singulares em regras gerais chamadas "leis naturais" ou "leis 
sociais". Por detrás da fluência ou da desordem das aparências, a 
ciência factual descobre os elementos regulares da estrutura e do 
processo do ser e do devir (...). 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
 
O conhecimento científico é preditivo: transcende a massa dos 
factos de experiência, imaginando como pode ter sido o passado e 
como poderá ser o futuro. A previsão é, em primeiro lugar, uma 
maneira eficaz de pôr à prova as hipóteses; mas também é a chave 
do controlo ou ainda da modificação do curso dos acontecimentos. 
A previsão científica, em contraste com a profecia, funda-se em leis 
e em informações específicas fidedignas, relativas ao estado de 
coisas actual ou passado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
Tarefas 
 
 
 
 
 
 
 
Depois de ter lido os conteúdos apresentados na secção anterior, 
sugerimos a seguinte tarefa: 
 Procure na internet (Google académico) ou numa revista 
científica um artigo sobre educação e descreva-o na íntegra 
tendo em conta os elementos que estruturam um artigo 
científico. 
Auto- avaliação 
 
 
Auto-avaliação 
 
Gostaríamos agora que respondesses as seguintes questões: 
1. Uma das características da ciência é o facto de ela ser aberta. 
Diga qual é a implicação para nós, do facto de a ciência ser 
aberta. 
2. Diga qual é o elemento catalisador de qualquer pesquisa 
científica? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
 
Chave de correcção 
 
 
Chave de correcção 
 
 
 
 
Para responder corretamente a primeira questão apresentada na secção 
anterior, deve considerar a explicação prévia decorrente desta 
característica da ciência e comentar sobre a validade do conhecimento 
produzido pelo cientista. 
 
Em relação à segunda questão colocada, poderia pensar o que é que faz 
com que uma pessoa se decida a levar a cabo uma pesquisa científica. 
A seguir apresentam-se as respostas às perguntas colocadas acima. 
1. Uma grande implicação do facto da ciência ser aberta é o facto é 
o facto de o conhecimento produzido sobre um determinado 
fenómeno ser válido apenas enquanto não surgirem novos 
conhecimentos que melhor dão conta/explicam a ocorrência ou 
manifestação do fenómeno. 
 
2. O elemento catalizador de qualquer pesquisa científica é a 
identificação ou descoberta de um problema que nos impele a 
buscar a sua solução. 
14 
 
Bibliografia Complementar 
 
Para consolidar o que aprendeu sobre as características da ciência poderá 
consultar a seguinte obra: 
1. Lakatos, E. M. & Marconi, M. A. (1988). Metodologia científica, São 
Paulo, Editora Atlas S.A.. Pp. 17-24. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
 
Unidade Didáctica nº2 
Dimensões epistemológica, teórica e técnica da 
investigação 
Introdução 
Nesta unidade pretendemos falar sobre os paradigmas da 
investigação. Referimo-nos especificamente ao paradigma 
quantitativo e ao paradigma qualitativo de investigação. O estudo 
desta unidade é importante porque ajuda o investigador a ter noção 
de como este se deve posicionar e qual deve ser a sua relação com 
o seu objecto de estudo. 
 
 
Objectivos 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
 
 
 Caracterizar os pressupostos ontológico, epistemológico, 
axiológico, retórico e metodológico dos paradigmas qualitativo 
e quantitativo; 
 Identificar os critérios para a selecção de um ou outro 
paradigma de investigação. 
 
 
 
 
16 
 
 
 
 Fontes de 
Informação e 
Recursos de 
Aprendizagem 
 
Nesta unidade vamos falar sobre as dimensões epistemológica, 
teórica e técnica da investigação. Inicialmente concentraremos a 
nossa discussão à volta dos paradigmas qualitativo e quantitativo da 
investigação. 
Para conheceres os pressupostos dos paradigmas qualitativo e 
quantitativo, assim como as razões que nos levam a optar por um ou 
por outra leia a obra de Creswell. J. W. (1994). Research Design: 
Qualitative and quantitative approaches. California, Sage 
Publication, Pp. 1-16 e Gomes, A. A. (2001). Considerações sobre a 
pesquisa científica: Em busca de caminhos para a pesquisa científica. 
Revista da Toledo, Vol. 5, Pp. 61-81. 
 
DIMENSÕES EPISTEMOLÓGICA, TEÓRICA E TÉCNICA 
DA INVESTIGAÇÃO 
 
I. Os Paradigmas na Investigação 
O trabalho do pesquisador reflecte invariavelmente a sua visão de 
mundo, isto é, a sua experiência de vida, bem como os pressupostos 
teóricos e metodológicos que o orientam. Deste modo, diferentes 
pesquisadores possuem diferentes visões de mundo, isto é, diferentes 
paradigmas epistemológicos (Gomes, 2001). 
 
O desenho de um estudo começa com a selecção do tópico e do 
paradigma. Os paradigmas nas Ciências Humanas e Sociais ajudam-
nos a compreender um fenómeno. Eles fornecem suposições sobre o 
mundo social; como a ciência pode ser conduzida; e quais constituem 
os problemas, soluções, e critérios legítimos de “prova” (Fiestone, 
1978; Gioia & Pitre, 1990; Kuhn, 1970 citados por Creswell, 1994: 
1). Tais paradigmas são constituídos por teorias e métodos. 
 
O estudo qualitativo é desenhado para ser consistente com os 
pressupostos do paradigma qualitativo. Este estudo é definido como 
um processo de pesquisa de compreensão dos problemas sociais ou 
humanos, baseados na construção de uma imagem complexa, 
holística, formada com discursos, relato detalhado dos pontos de 
vista dos informantes, e conduzido num ambiente/contexto natural. 
 
Contrariamente, um estudo quantitativo, consistente com o 
paradigma quantitativo, é uma investigação sobre um problema 
social ou humano, baseado no teste de uma teoria composta por 
variáveis, medida por números, e analisada com procedimentos 
estatísticos, de modo a determinar se a generalização preditiva de 
uma teoria contém verdade. 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
 
 II. O Paradigma Qualitativo e Quantitativo 
 
Tabela 1: Pressupostos do Paradigma Quantitativo e Qualitativo 
 
Pressuposto Questão Quantitativo Qualitativo 
Ontológico 
(Natureza e 
essência dos 
fenómenos 
investigados) 
Qual é a 
natureza da 
realidade? 
A realidade é objectiva e 
singular, separada do 
pesquisador 
A realidade é subjectiva e 
múltipla como vista pelos 
participantes no estudo 
Epistemológic
o 
(Natureza e 
formas de 
conhecimento, 
sua construção 
e 
comunicação) 
Qual é a 
relação do 
pesquisado
r com o 
objecto de 
pesquisa? 
O investigador é 
independente do que está a 
ser investigado 
O investigador interage com o 
objecto de pesquisa 
Axiológico 
(Natureza dos 
valores e 
juízos 
valorativos) 
Qual é o 
papel dos 
valores 
(morais) 
Livre de valores e imparcial 
(sem preconceitos) 
Carregado de valores e parcial 
(preconceituoso) 
Retórico 
(Natureza da 
comunicação) 
Qual é a 
língua do 
investigad
or 
 Formal; 
 Baseada em 
definições; 
 Voz impessoal; 
 Uso de 
vocabulário/termo
s quantitativos 
reconhecidos 
 Informal; 
 Elaboração de 
decisões; 
 Voz pessoal; 
 Vocabulário/termos 
qualitativos 
reconhecidos; 
Metodológico Qual é o 
processo 
da 
pesquisa 
 Processo 
dedutivo; 
 Causa e efeito; 
 Modelo estático-
Categorias 
isoladas antes do 
estudo; 
 Livre de contexto 
 Generalizações 
influenciadas por 
predições, 
explicações, e 
compreensões; 
 Preciso e certo 
através da 
validade e 
segurança. 
 
 Processo indutivo; 
 Formação de factores; 
 Modelo Criado - 
Categorias 
identificadas durante o 
processo de pesquisa 
 Limitado ao contexto; 
 Modelos, teorias 
desenvolvidas por 
compreensão; 
 Preciso e certo através 
da verificação 
Fonte: Creswell (1994:5) 
 
 
18 
 
 Tabela 2: Critérios de selecção de um Paradigma 
 
Critério Paradigma Quantitativo Paradigma Qualitativo 
Visão de 
mundo do 
investigador 
Conforto do investigador 
com os pressupostos do 
paradigma quantitativo: 
ontológico, epistemológico, 
axiológico, retórico, e 
metodológico 
Conforto do investigador 
com os pressupostos do 
paradigma qualitativo: 
ontológico, epistemológico, 
axiológico, retórico, e 
metodológico 
 
Formação e 
experiência do 
investigador 
Habilidades técnicas de 
escrita, estatística por 
computador, biblioteca 
Habilidades de escrita 
literária, análise de texto por 
computador, biblioteca 
 
Atributos 
psicológicos do 
investigador 
Conforto com as regras e 
princípios para conduzir a 
pesquisa, baixa tolerância 
para ambiguidade, tempo 
para estudos de curta 
duração 
Conforto com a falta de 
regras específicas e 
procedimentos para 
conduzir a pesquisa; alta 
tolerância para 
ambiguidade; tempo para 
estudos longos 
 
Natureza do 
problema 
Previamente estudado por 
outros investigadores, pelo 
que existe um corpo de 
literatura; variáveis 
conhecidas, e teorias 
existentes 
Pesquisa exploratória, 
variáveis desconhecidas, 
contexto importante, pode 
carecer de uma base teórica 
para o estudo 
 
Audiência do 
estudo (ex. 
Editor de 
jornal e 
leitores, 
comunidade 
académica) 
Indivíduos 
acostumados/apoiantes de 
estudos quantitativos 
Indivíduos 
acostumados/apoiantes de 
estudos qualitativos 
Fonte: Creswell (1994: 9) 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
 
Tarefas 
 
 
 
 
 
 
 
Agora convidamos-te a pensar cuidadosamente no tópico da tua 
investigação. Registe numa folha de papel e de seguida procure 
enquadrá-lo num dos paradigmas qualitativo ou quantitativo 
apresentados na secção prévia. 
 
Auto- avaliação 
 
 
Auto-avaliação 
 
Agora responda as seguintes questões: 
1. Qual o papel dos paradigmas na investigação em ciências sociais 
e humanas? 
2. Em que medida o estudo qualitativo se distingue do estudo 
quantitativo? 
3. Que aspectos o investigador normalmente tem em consideração 
na escolha de um e de outro paradigma? 
 
 
20 
 
Chave de correcção 
 
Chave de correcção 
 
 
 
 
Para responder a primeira pergunta pense na utilidade da seleção de um 
paradigma para o pesquisador. 
 
A segunda questão pode ser facilmente respondida ao se ter em conta o 
tipo de dados ou informação e a forma como o pesquisador é convidado a 
apresentar o resultado da sua análise, ou seja, através de números ou 
texto. 
 
A questão três pode ser corretamente respondida ao se olhar para os 
critérios que dizem respeito ao próprio investigador, ao problema a ser 
investigado e a audiência do próprio estudo. 
A seguir são apresentadas as respostas às questões colocadas acima. 
1. O papel dos paradigmas na investigação em ciências sociais e 
humanas é o de facilitar a compreensão dos fenómenos. Os 
paradigmas na investigação fornecem suposições sobre o 
mundo social; como a ciência pode ser conduzida; e quais 
podem ser os problemas, soluções, e critérios legítimos de 
“prova”. 
2. O estudo qualitativo se distingue do estudo quantitativo na 
medida em que o primeiro busca a compreensão dos 
problemas sociais ou humanos, baseando-se na construção 
de uma imagem complexa e holística formada com 
discursos, relato dos pontos de vista individuais e é 
conduzido num ambiente/contexto natural, enquanto que o 
segundo é uma investigação sobre um problema social ou 
humano com base no teste de uma teoria composta por 
variáveis, medida por números, e analisada com 
procedimentos estatísticos, de modo a determinar se a 
generalização preditiva de uma teoria contém verdade. 
3. Para escolher o paradigma quantitativo ou qualitativo o 
investigador deve ter em conta a sua visão de mundo, a sua 
formação e experiência, os seus atributos psicológicos, a 
natureza do problema de investigação e a audiência do seu 
estudo (ex. editor de jornal e leitores, comunidade 
académica). 
 
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
 
Bibliografia Complementar 
 
Para complementar e consolidar os conteúdos sobre os paradigmas 
qualitativo e quantitativo de investigação sugerimos as seguintes 
obras: 
1. Neuman, W. L. (2006). Social research methods: Qualitative and 
quantitative approaches. 6th Ed. Boston, Pearson A and B. Pp. 151-
178. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
Unidade Didáctica nº3 
Pressupostos teóricos e metodológicos da 
investigação educacional 
Introdução 
Nesta unidade pretende-se abordar os pressupostos que dão suporte 
as diferentes abordagens da pesquisa. O estudo desta unidade é de 
crucial importância porque nenhuma pesquisa que clame ser 
científica poder sê-lo se não for fundamentada teórica e 
metodologicamente. Assim, o estudante é munido de habilidades 
que o irão orientar durante processo de investigação e na seleção de 
conceitos, hipóteses, técnicas de recolha e tratamento de dados 
 
 
Objectivos 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
 
 
 
 Descrever a importância do Quadro Teórico da Pesquisa; 
 Distinguir as dimensões “subjectiva” e “objectiva” da concepção da 
realidade, 
 Identificar os paradigmas mais usados na investigação científica. 
 
 
 
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
 
 
 Fontes de 
Informação e 
Recursos de 
Aprendizagem 
 
Aqui nesta unidade vamos falar sobre os pressupostos teóricos e 
metodológicos da investigação educacional, partindo da fundamentação 
teórica, seguido da metodologia, terminando no posicionamento dos 
paradigmas relativamente à algumas questões chaves (natureza e 
essência dos fenómenos; natureza e formas de conhecimento). 
Para que entendas os conteúdos discutidos nesta unidade é 
imprescindível que leias Gomes, A. A. (2001). Considerações sobre a 
pesquisa científica: Em busca de caminhos para a pesquisa científica. 
Revista da Toledo, Vol. 5. Pp. 61-81 e, Mutumucuio, I. V. (2008). 
Módulo: Métodos de Investigação. Maputo, CDA-UEM/Cooperação 
Italiana. Pp. 23-25. 
 
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA 
INVESTIGAÇÃO EDUCACIONAL 
 
I. Fundamentação Teórica 
Toda a pesquisa é fundamentada sob uma base teórica. A partir dela, 
elaboram-se os pressupostos que darão suporte à abordagem da pesquisa; 
e destacam-se os itens a serem desenvolvidos, como por exemplo, a 
contextualização do problema por meio de pesquisa bibliográfica. 
Questões relativas ao tipo de realidade a ser pesquisada e o quadro 
teórico da pesquisa são importantes. 
 
A teoria científica é constituída por leis, hipóteses, e conceitos. As 
teorias têm um caráter explicativo ainda mais geral que as leis, e também 
um carácter conjuntural, sendo passível de correção e aperfeiçoamento, 
podendo ser substituída por outra que explique melhor os fatos. Uma 
teoria científica refere-se a objetos e mecanismos ocultos e 
desconhecidos (Gomes, 2001). 
 
Na tabela a seguir são apresentadas as dimensões subjectiva e objectiva 
da concepção da realidade. 
 
Tabela 1: Análise das dimensões “Subjectiva” e “Objectiva” da 
concepção da Realidade (Mutumucuio, 2008) 
 
 
24 
 
 Abordagem Subjectiva 
(pró-ciências sociais) 
 Abordagem Objectiva 
(pró-ciências naturais) 
- Realidade é 
resultado da 
cognição 
individual. 
Portanto é 
subjectiva. 
- Criação da 
mente: a 
realidade 
social é algo 
que é 
construído e 
interpretado 
por pessoas e 
reforçada 
durante a 
interacção 
interpessoal. 
- Objectos 
do 
pensamento 
são palavras 
e seus 
significados. 
Nominalis
mo 
← Ontologia 
(natureza e 
essência de 
fenómenos 
investigados) 
→ Realismo - Realidade 
externa ao 
indivíduo. 
- Mundo de 
fenómenos 
naturais é real 
e externo ao 
indivíduo. 
- Existência 
independnte 
da 
consciência 
do 
conhecedor 
- 
Conheciment
o é 
subjectivo.- 
Conheciment
o baseado 
essencialmen
te numa 
experiência 
pessoal. 
- 
Investigador 
envolve-se 
com os 
sujeitos 
investigados 
 
Anti-
positivismo 
← Epistemologi
a 
(natureza e 
formas de 
conhecimento
, 
sua
construç
ão e 
comunicação) 
→ Positivis
mo 
- 
Conheciment
o é adquirido 
através de 
métodos 
adequados. 
- Todo o 
conhecimento 
genuíno está 
baseado na 
experiência 
sensorial e 
pode somente 
ser obtido por 
meio de 
observação e 
experimentaç
ão. 
Investigador é 
observador 
das 
regularidades 
da natureza 
 
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
 
 
 
Abordagem Subjectiva (pró-
ciências sociais) 
 Abordagem Objectiva 
(pró-ciências naturais) 
- Sujeito é 
objecto do seu 
estudo. 
- Criador e 
controlador do 
seu ambiente 
- Iniciador de 
suas acções 
Voluntaris
mo 
← Relação 
Homem-
Ambient
e 
(modelo 
do 
investigad
or) 
→ Determinis
mo 
-Eventos têm 
causas. Eles 
são 
determinados 
por outras 
circunstância
s. 
- A ciência 
progride na 
crença de 
que as 
ligações 
causais 
poderão ser 
descobertas e 
compreendid
as. 
- Eventos 
tanto são 
explicáveis 
em termos 
dos seus 
antecedentes, 
como 
também 
existe 
regularidade 
sobre o modo 
como são 
determinados 
-Observação 
participativa 
- Entrevistas 
-Análise e 
compreensão do 
modo como o 
homem cria, 
modifica e 
interpreta o 
mundo à sua 
volta 
- Compreender e 
explicar o o que 
é único ou 
particular ao 
indivíduo/comun
idade 
Ideográfico 
(métodos 
desenhados 
para 
compreende
r 
comportam
ento 
individual) 
← Metodolo
gia 
→ Nomotétic
o 
(métodos 
desenhado
s para 
descobrir 
leis gerais) 
-
Experiências 
- Censos 
- Análise de 
relações e 
regularidades 
entre 
variáveis/fact
ores 
-Investigação 
quantitativa 
-Descobrir 
modos de 
expressar 
relações e 
regularidades 
- Procura de 
leis 
universais 
que explicam 
e governam a 
realidade em 
estudo 
 
26 
 
 
 
 
 
II. A metodologia 
Gomes (2001: 4) define metodologia como sendo “o estudo analítico e crítico 
dos métodos de investigação e de prova”. A metodologia é um instrumento que 
nos permite selecionar opções teóricas mais claras e seguras. Tem como tarefa 
fundamental, avaliar os recursos metodológicos, assinalar suas limitações e, 
explicitar seus pressupostos e as consequências de seu emprego. 
O conhecimento só poderá ultrapassar a fronteira do senso comum, desde que 
seja sistematizado através de uma metodologia científica. A metodologia deve 
apoiar-se na Epistemologia. 
 
A metodologia científica é entendida como sendo uma disciplina relacionada à 
filosofia da ciência, com o objectivo de analisar os métodos científicos, avaliar 
suas capacidades, potencialidades, limitações ou distorções e criticar os 
pressupostos ou as implicações de sua utilização, permitindo deste modo a 
superação do conhecimento acrítico e imediatista (senso comum) e a ideologia, 
e a obtenção de um conhecimento sistematizado, coerente e crítico. 
 
No que se refere à sua aplicação, a metodologia lida com a avaliação de 
técnicas de pesquisa e com a geração ou a experimentação de novos métodos 
que permitam captar e processar informações e resolver diversas categorias de 
problemas teóricos e práticas de pesquisa. 
 
Além de estudar os métodos, a metodologia é também uma forma de fazer 
pesquisa, ou seja, como conhecimento geral e habilidade que orientam o 
pesquisador no processo de investigação, tomada de decisões oportunas, 
seleção de conceitos, hipóteses, técnicas e dados adequados. 
 
III. Posições dos paradigmas quanto a algumas questões chave 
 
Cada paradigma assume uma posição ou postura diferente quanto às questões 
sobre o objectivo investigativo, a natureza do conhecimento, o acúmulo de 
conhecimento, os critérios de qualidade, os valores, a ética, a voz (postura do 
investigador). 
 
A tabela que se segue apresenta as crenças básicas dos paradigmas mais usados 
na investigação. 
 
Tabela 2: Crenças básicas de alguns paradigmas mais usados na investigação 
(Mutumucuio, 2008) 
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
 
 
 
Questões Positivismo Teoria 
Crítica 
Construtivismo Participativo 
(Pós-positiva, 
Pós-
criticalista) 
Ontologia 
(natureza e 
essência de 
fenómenos 
investigados) 
Realismo: 
realidade ‘real’ e 
objectiva, mas 
inteligível 
Realismo 
histórico: 
realidade 
virtual 
influenciada 
por valores 
sociais, 
políticos, 
económicos, 
étnicos, de 
género 
cristalizados 
ao longo do 
tempo. 
Relactivismo: local e 
realidades construídas 
pela mente humana 
Realidade 
participativa: 
a realidade é 
subjectiva-
objectiva, co-
criada pela 
mente e por 
dado cosmos 
Epistemologia 
(natureza e 
formas de 
conhecimento, 
sua construção 
e 
comunicação) 
Objectivista: 
descobertas 
verdadeiras, 
saber 
experimental 
Subjectiva Subjectivista, 
descobertas criadas 
por mentes 
verdadeiras 
Subjectividade 
crítica na 
transacção 
participativa 
com o cosmos 
Metodologia Experimental, 
manipuladora, 
quantitativa: 
- Experiências 
- Censos 
- Análise de 
relações e 
regularidades 
entre 
variáveis/factores 
- Investigação 
quantitativa 
-Descobrir 
modos de 
expressar 
relações e 
regularidades 
- Procura de leis 
universais que 
explicam e 
governam a 
realidade 
Hipóteses, 
perguntas 
de pesquisa, 
métodos 
baseados no 
contexto 
Hipóteses, perguntas 
de pesquisa, métodos 
baseados no contexto: 
- Observação 
participativa 
- Entrevistas 
-Análise e 
compreensão do 
modo como o homem 
cria, modifica e 
interpreta o mundo à 
sua volta 
Compreender e 
explicar o que é único 
ou particular ao 
indivíduo/comunidade 
Participação 
política na 
verificação 
das hipóteses, 
métodos 
qualitativos. 
 
28 
 
Tarefas 
 
 
 
 
 
 
 
Reveja atentamente a tabela 1, e procure ver em qual das dimensões de 
concepção da realidade você se encaixa como investigador e argumente a 
sua escolha. 
 
Auto- avaliação 
 
 
Auto-avaliação 
 
Gostaríamos agora que respondesse as seguintes questões: 
 
1. Para que serve a teoria ou quadro teórico? 
2. Que elementos fazem parte de uma teoria que seja 
científica? 
3. Em qual das dimensões (subjectiva ou objectiva) podemos 
encaixar a realidade educacional? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
 
Chave de correcção 
 
 
Chave de correcção 
 
 
 
 
A resposta à primeira questão pode ser encontrada se pensar naquela que 
é a função principal da teoria na investigação. 
Para responder a segunda questão reflicta em possíveis fenómenos 
educacionais, sua origem e a forma como se pode gerar conhecimento 
sobre esses fenómenos. 
A seguir são apresentadas as respostas as questões formuladas acima. 
1. A teoria ou o quadro teórico são úteis pois ajudam-nos a 
elaborar os pressupostos (teses e/ou argumentos) que darão 
suporte à abordagem da nossa pesquisa e na contextualização 
do problema de pesquisa por via da pesquisa bibliográfica. 
2. Uma teoria que seja científica deve conter os seguintes 
elementos, nomeadamente, as leis, as hipóteses e os conceitos. 
 
 
Bibliografia Complementar 
 
Sugerimos alguma bibliografia adicional para complementares a 
aprendizagem sobre os pressupostos teóricos da investigação 
educacional. 
1. Neuman, W. L. (2006). Social research methods: Qualitative and 
quantitative approaches. Boston, Pearson A and B. Pp. 49-78. 
30 
 
 
 
Unidade Didáctica nº4 
Pesquisa Qualitativa e Quantitativa 
Introdução 
Nesta unidade vamos falar sobre a natureza da pesquisa qualitativa 
e quantitativa e procedimentos para levar a cabo tanto um como 
outro tipo de pesquisa. O estudo desta unidade é importante porque 
possibilitará que desenvolva habilidades de pesquisa que o tornarão 
um bom investigador.Objectivos 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
 
 
 
 Identificar os aspectos que caracterizam a pesquisa qualitativa 
e a pesquisa quantitativa; 
 Elaborar um problema de investigação; 
 Desenhar e seleccionar a amostra de um estudo; 
 Identificar as ttécnicas e instrumentos de recolha de dados; 
 Identificar a rresponsabilidade social e ética do investigador; 
 Analisar os dados colectados durante a investigação e 
apresentar os resultados do estudo; 
 Escrever devidamente as referências bibliográficas citadas ao 
longo do estudo; 
 Redigir um Relatório de Pesquisa. 
 
 
 
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
 
 
 
 Fontes de Informação 
e Recursos de 
Aprendizagem 
 
Nesta unidade iremos falar da natureza das pesquisas qualitativa e 
quantitativa de modo a prepará-lo para adoptar qualquer um dos modelos 
na sua investigação ou combiná-los. Para tal leia as obras de Punch, K. F. 
(2005). Introduction to social research. Quantitative and qualitative 
approaches. London, SAGE Publications. Pp. 276-279; Maree, K. (Ed.) 
(2007). First steps in research. Pretoria, Van Schaik Publishers. Pp. 172-
181; Cohen, L., Manio, L. & Morrison, K (2000). Research methods in 
education. 5th Ed. London, Routledge Falmer. Pp. 245-292, 306-316; e 
Mutumucuio, I. V. (2008). Módulo: Métodos de Investigação. Maputo, 
CDA-UEM/Cooperação Italiana. Pp. 76-77. 
 
PESQUISA QUALITATIVA E QUANTITATIVA 
I. A Pesquisa Qualitativa 
 
Modelos de Pesquisa Qualitativa 
Na abordagem qualitativa, os investigadores procuram entender com 
profundidade as características da pesquisa que desenvolvem de modo a 
obter uma compreensão profunda sobre como as coisas são, porque é que 
são desta forma, e como é que os participantes no contexto as percebem. 
 
A escolha do modelo de pesquisa é baseada na pretensão do investigador, 
nas suas habilidades para investigação, nas práticas de pesquisa que 
influencia a forma como este irá recolher os dados. Existe uma variedade 
de modelos de pesquisa que um investigador pode selecionar para gerar o 
tipo de dados requeridos para responder as perguntas de pesquisa 
previamente colocadas. 
 
São seis os modelos de pesquisa qualitativa discutidos na literatura sobre 
investigação, nomeadamente, 
 estudos conceituais; 
 investigação histórica; 
 investigação acção; 
 estudo de caso; 
 etnografia; e 
 teorização. 
 
Na tabela a seguir apresentamos detalhadamente os modelos de pesquisa 
qualitativa referidos anteriormente. 
 
Tabela 1: Modelos de Pesquisa Qualitativa 
32 
 
 Modelo de 
Pesquisa 
Descrição 
Estudos 
Conceituais 
 
O estudo conceptual tem como finalidade gerar conhecimento 
a partir da análise crítica de conceitos e sua compreensão. Os 
conceitos são centrais para a busca de conhecimento, na 
medida em que constituem a base sobre a qual as teorias são 
construídas. 
 
Exemplo: 
Contribuição ao estudo de um modelo conceitual de sistema 
de informação de Gestão Estratégica. 
O investigador pretende propor um modelo conceitual de 
sistema de informação específico para dar suporte ao processo 
de gestão estratégica das organizações. Para tal apresentará 
discussões sobre o conceito a partir da literatura, revisões 
bibliográficas. O modelo conceitual basear-se-á na percepção 
e experiências do investigador. 
 
Investigação 
Acção 
 
É usada pelos investigadores para procurar soluções para os 
seus próprios problemas. O objetivo é ajudar o investigador a 
mudar ou a melhorar as suas práticas ou a compreender os 
seus próprios problemas. 
 
Exemplo: 
Como é que eu lido com linguagem inapropriada (rude) 
usada pelos meus alunos da 8ªclasse? 
O problema é a linguagem rude; o professor pode procurar 
identificar as razões por detrás do comportamento dos alunos 
e delinear estratégias para remediar o problema e ajudá-los a 
melhorar. 
 
Investigação 
Histórica 
 
A investigação histórica envolve o estudo, a compreensão e a 
interpretação de eventos passados. O foco principal são 
pessoas singulares influentes (representantes da memória 
coletiva, institucional ou da comunidade), assuntos sociais 
importantes (ex. a degradação de valores morais), e ligações 
entre o novo e o velho (ex. comparação de métodos 
tradicionais e contemporâneos de ensino: aulas expositivas; 
aulas seminariais). 
 
Exemplo: 
Tendências do ensino de leitura na escola primária entre 
1980 e 2000. 
O foco temporal é o período 1980-2000, e o do conteúdo é a 
leitura na escola primária. Aqui se podem examinar os livros 
de leitura, os movimentos educacionais, e os resultados do 
desempenho dos alunos. 
 
 
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
 
 Modelo de 
Pesquisa 
Descrição 
Estudo de 
Caso 
 
O estudo de caso é uma investigação sistemática sobre um 
evento ou um conjunto de eventos relacionados, com o 
objectivo de descrever e explicar o fenómeno de interesse. 
O estudo de caso oferece múltiplas perspectivas de análise, 
a dos participantes na situação, mas também a visão de 
outros grupos de actores relevantes, permitindo assim 
chegar a uma compreensão profunda das dinâmicas da 
situação. O caso pode ser um indivíduo, ou um pequeno 
grupo, ou uma organização, ou uma comunidade, ou uma 
nação. As unidades de análise podem ser: atributos dos 
indivíduos, acções e interacções, resíduos e artefactos de 
comportamentos, locais, incidentes e eventos. 
Exemplo: 
Exame das condições de vida de um aluno repetente da 
2ª classe. 
O investigador procura compreender o ambiente positivo 
ou negativo que circunda o aluno e que de algum modo 
possam influenciar o seu desempenho. Por exemplo, o nível 
sócio-económico, escolaridade dos pais, profissão dos pais, 
visão dos pais sobre a educação, etc. 
 
Avaliação da estrutura de funcionamento das 
instituições de ensino superior em Maputo. 
O estudo começa com uma pergunta e o investigador 
deverá definir as unidades de análise a prior. Aqui se 
podem comparar as similaridades e diferenças na estrutura 
de funcionamento (administração, gestão, RH, serviços, 
etc.) de duas ou mais instituições de ensino superior que se 
encontra em Maputo. 
Etnografia 
 
É o estudo do sistema social e cultural de uma comunidade 
ou grupo no seu ambiente natural. Normalmente, o 
etnógrafo passa muito tempo no local de pesquisa, pois só 
assim pode estudar a vida das pessoas a partir do seu 
ambiente natural. O objectivo é descrever a cultura ou 
modo de vida dos participantes a partir da perspectiva dos 
sujeitos investigados dando sentido aos seus gestos, 
símbolos, músicas, relatos e tudo o que possui algum 
significado implícito ou tácito nessa cultura. 
Exemplo: 
O estudo da cultura de estudantes hispânicos num colégio 
comunitário urbano. 
O estudo começa com uma pergunta geral, e o local da 
pesquisa num colégio comunitário com estudantes 
hispânicos. O investigador deverá ter acesso ao colégio 
escolhido e estabelecer empatia com os participantes do 
estudo. O investigador deverá simultaneamente recolher e 
interpretar os dados recolhidos de forma a estar sempre em 
concordância com a pergunta enunciada. Normalmente 
usam-se observações e entrevistas. 
 
 
34 
 
 Modelo de 
Pesquisa 
Descrição 
 
Teorização É um método, uma perspectiva, uma estratégia de pesquisa 
cujo propósito é gerar uma teoria a partir da imersão nos 
dados, isto é, a partir da análise de vários estágios de 
recolha e interpretação de dados. O objectivo do 
investigador é identificar temas, padrões, e categorias a 
partir de dados ou tópicos qualitativos. O investigador 
começa com um tópico geral e recolhe informação a esse 
respeito e sobre os participantes. 
 
Exemplo: 
Em que medida é que os directores de faculdade 
valorizam as pesquisas levadas à cabo pelas faculdades? 
Entrevistando os chefes de departamento é possível 
desenvolver-se uma teoria relacionando categorias sobre 
influência da direcçãono desempenho da faculdade na área 
de investigação. 
 
 
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
 
 I.I Princípios da Recolha de Dados Qualitativos 
 
1. A pesquisa qualitativa é naturalistica 
A pesquisa qualitativa é baseada numa perspectiva naturalística que 
procura compreender o fenómeno no contexto da sua 
ocorrência/manifestação e o investigador não manipula o fenómeno. Por 
outras palavras, a pesquisa é levada à cabo em situações da vida real e 
não em situações experimentais. Consequentemente, técnicas como 
observação e entrevistas são dominantes no paradigma naturalístico 
(interpretativo). 
 
2. O papel do investigador 
A pesquisa qualitativa aceita a subjetividade do investigador como algo 
que não pode ser eliminado e vê o investigador como um “instrumento de 
pesquisa” no processo de recolha de dados. 
 
3. Amostragem 
A pesquisa qualitativa é geralmente baseada na amostragem por 
conveniência e não-probabilística, o que significa que os participantes são 
selecionados porque possuem alguma característica que os faz detentores 
dos dados requeridos para o estudo. A decisão sobre a amostragem por 
conveniência não se restringe à selecção dos participantes, mas também 
envolve os locais, eventos e actividades, e incidentes a serem incluídos na 
recolha de dados. 
 
4. Validade e Fidelidade 
Na pesquisa qualitativa o investigador é o instrumento de recolha de 
dados. Deste modo, quando o investigador fala sobre validade e 
fiabilidade da pesquisa, ele está se referindo à uma pesquisa que é 
credível e fiável. O uso de múltiplos métodos de recolha de dados, tais 
como observação, entrevistas e análise documental, e o envolvimento de 
vários investigadores na interpretação dos dados vai de encontro a estes 2 
conceitos. 
 
5. Cristalização 
A realidade que emerge resulta das várias técnicas de recolha e análise de 
dados e representa a nossa compreensão reinterpretada dos fenómenos. 
Analisar os fenómenos profundamente e vê-los numa variedade de 
formas, dimensões e ângulos permite a cristalização da nossa 
compreensão profunda dos mesmos. 
 
36 
 
 II. A Pesquisa Quantitativa 
Definição: Pesquisa quantitativa é um processo que é sistemático e 
objectivo na sua forma de usar dados numéricos a partir apenas de um 
subgrupo selecionado do universo (população) para generalizar os 
resultados para esse universo considerado. 
Conceitos fundamentais: 
 População 
 Amostra 
 Variáveis (ex. medições ou observações feitas numa unidade da 
amostra) 
 Validade (mede o que é suposto medir) 
 Fiabilidade (tem a ver com a consistência de uma medição ao longo 
do tempo) 
 
Tipo de dados: 
Dados normalmente vêm de 4 escalas de medição (à escala de aumento 
quantitativo de informação): 
 Nominal – ex. o género de um indivíduo (M ou F), a cor de um carro 
(branco, azul,…) 
 Ordinal – ex. o tamanho de uma peça de vestuário (S, L, XL), a 
classe de uma pessoa (10ª) 
 Intervalar – ex. a temperatura: a diferença entre10ºC e 20ºC 
 Rácio – ex. o tempo, a altura, o volume, o peso, têm ponto zero de 
onde começam a contar. 
 
Os modelos de pesquisa quantitativa comumente apresentada na literatura 
são: 
 Pesquisa Experimental 
 Pesquisa Quasi-Experimental 
 Pesquisa Não-Experimental (Correlacional ou Ex-Post-Fact) 
 Pesquisa de Opinião (Senso) 
 Pesquisa Não-Reactiva 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
 
 Tabela: Modelos de Pesquisa Quantitativa 
 
Modelo de Pesquisa Descrição 
Pesquisa Experimental 
 
Ex: Medir o nível de 
conhecimento dos alunos 
relativamente as operações 
matemáticas.. 
É a forma mais pura de pesquisa 
quantitativa, usada nas Ciências 
Naturais (Química e Física) e nas 
ciências aplicadas (Agricultura, 
Engenharia, e Medicina). 
A lógica que guia o experimento 
sobre o crescimento das plantas 
em Biologia ou o teste do metal 
em Engenharia, em laboratório 
sob condições controladas, é 
aplicada em experimentos sobre o 
comportamento social humano. 
Embora seja largamente usado em 
Psicologia, os experimentos são 
feitos em Educação, Justiça 
Criminal, Jornalismo, Marketing, 
Enfermagem, Ciências Políticas, 
Trabalho Social e Sociologia. 
Na pesquisa experimental o 
pesquisador começa com uma 
hipótese, de seguida modifica 
algo na situação, e por ultimo 
comprara o resultado com e sem a 
modificação. 
A pesquisa experimental é robusta 
para testar relações causais 
porque as três condições para 
causalidade (ordem temporal, 
associação, e ausência de uma 
explicação alternativa) são 
verificadas no experimento. 
Pesquisa Quasi-Experimental 
 
É uma variação do modelo 
experimental clássico. Ajuda o 
pesquisador a testar relações 
causais numa variedade de 
situações em que o experimento 
clássico e difícil ou inapropriado. 
 
 
38 
 
 Pesquisa Não-
Experimental 
Equivalente a pesquisa correlacional 
onde o pesquisador tem pouco controle 
sobre o tempo de medição da variável 
dependente em relação a exposição a 
variável independente. A variação da 
variável independente ocorre 
naturalmente. 
Pesquisa de Opinião 
(Senso) 
 
É a técnica de colecta de dados mais 
usada nas Ciências Sociais e noutras 
ciências aplicadas. 
Os inquéritos produzem informação de 
natureza estatística. Pergunta-se a 
muitas pessoas (respondentes) sobre as 
suas crenças, opiniões, características, e 
comportamentos passados ou presentes. 
Os pesquisadores perguntam sobre 
muitas coisas de uma só vez, medem 
várias variáveis com múltiplos 
indicadores, e testam muitas hipóteses 
num mesmo inquérito. 
O censo inclui informação sobre as 
características de uma população inteira 
num território. Baseia-se no que as 
pessoas dizem aos pesquisadores ou no 
que os pesquisadores observam. 
Pesquisa Não-Reactiva 
 
Ex: Comportamento dos 
automobilistas perante os 
sinais de transito. 
As pessoas que fazem parte da pesquisa 
não estão cientes de que estão sendo 
estudadas e, entretanto, naturalmente 
mostram evidências dos seus 
comportamentos sociais ou acções. 
Começa quando o pesquisador nota algo 
que indica uma variável de interesse. O 
pesquisador observador faz inferências a 
partir das evidências do comportamento 
ou atitudes sem importunar os que estão 
sendo estudados. 
III. Amostra: Características e modos de selecção 
 
Quatro decisões a tomar acerca de factores-chave na amostragem: 
1. O tamanho da amostra 
2. A representatividade e os parâmetros da amostra 
3. O acesso à amostra 
4. A estratégia da amostragem a ser usada 
 
1. O tamanho da amostra 
Para amostragem aleatória o tamanho da amostra depende: 
- do tamanho da população e do grau de heterogeneidade desta população 
- do tipo de pesquisa (inquérito, etnografia). 
 
 
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2. A representatividade 
Ex. Uma afirmação do tipo: “Uma em cada duas pessoas sofre de dores 
de coluna” revela quão uma amostragem pode ser pobre, não 
representativa e irrelevante para um investigador. 
Ex. Uma Neste exemplo algumas variáveis ou parâmetros de representatividade 
de devem ser tomados em conta, nomeadamente: 
-o clima (a pesquisa pode ter ocorrido numa zona húmida ou enevoada, 
propensa de ter índices altos da doença) 
-a idade dos sujeitos (numa zona de população maioritariamente velha) 
-a sua ocupação (numa zona industrial em que muitas pessoas trabalham 
tanto) 
-o facto reportado (os dados referem-se a uma pesquisa efectuada com 
apenas 2 médicos) 
 
3. O acesso à amostra 
Exemplos de amostra impraticáveis e/ou inacessíveis: 
 
-“Investigação das causas de existência de muitos vagabundos/vadios e 
faltosos numa escola!” 
-“Acesso a áreas sensíveis ou problemáticasem termos legais como 
vítimas de abuso sexual de menores, violadores de menores, fumadores 
de drogas, activistas de aconselhamento de HIV/SIDA, etc” 
-“Médicos e professores em serviço” 
-“Pessoas que tenham feito uma descoberta mas que pretendem proteger 
o seu produto” 
-“Propriedades intelectuais” 
- Etc. 
 
Considere todos estes casos na planificação da sua pesquisa porque o 
acesso lhe pode ser negado! Mais: nem sempre o acesso às fontes é 
suficiente; precisa ter o acesso à informação! 
 
4. A estratégia ou modo de selecção 
Duas estratégicas básicas: 
Probabilística (também conhecida como aleatória) – onde as chances dos 
membros da população de serem escolhidos para a amostra são 
conhecidas; todos os membros têm mesmas possibilidades de serem 
inclusas na amostra. Ser ou não incluso é apenas uma questão de chance. 
Não-probabilística (objectiva, deliberada) – onde as chances não são 
conhecidas. Alguns membros da população terão, definitivamente, de ser 
excluídos e outros terão que ser inclusos na amostra. 
40 
 
 III.I Amostras Probabilísticas 
 
1. Amostragem aleatória simples 
Cada unidade de população tem a mesma chance de ser seleccionada para 
a amostra. Não se selecciona a amostra com base no nosso juízo; cada 
unidade da população tem a mesma probabilidade de ser seleccionada. 
 
Existem 2 métodos de selecção aleatória simples: 
a) O método da lotaria: a cada unidade da população N atribui-se 
um número, por ex. de 1 a N. Cada número escreve-se num 
pedaço de papel. Todos os pedaços de papel são idênticos em 
tamanho, cor, forma, etc. A seguir retira-se a amostra n. 
Ex. Seja dada uma escola com 70 professores. Retire dela uma 
amostra de 13 professores para o seu estudo. 
 
b) O método de números aleatórios: Suponha que você esteja para 
iniciar uma investigação numa escola com 3500 alunos. Neste 
caso, usa-se uma tabela (a tabela MINITAB) para seleccionar 
uma amostra de 250 alunos. 
Faça o exercício; nesta tarefa é suficiente escolher apenas 25 
alunos. 
 
2. Amostragem aleatória sistemática 
Ex. Suponha que na região entro de Moçambique existem 5000 
escolas do ensino primário. Como seleccionar 500 escolas para o seu 
estudo? 
 
Usando a tabela MINITAB (Appendix 2: Table of random digits): 
a) Determine primeiro o intervalo de amostragem: k = 5000/500 = 
10. 
b) Entre na tabela MINITAB (de números aleatórios) numa página e 
coluna escolhidos ao acaso. Nessa coluna, escolha qualquer 
posição (número numa posição) entre 1 e k = 10. Seja esta 
posição 4, isto é, 4587, pois fica na quarta posição da segunda 
coluna da tabela MINITAB. Este é o primeiro número da sua 
amostra. 
c) Escolha sucessivamente os outros números até 500 do seguinte 
modo: 
Posição r + k, posição r + 2k, posição r + 3k, posição r + 4k, etc. 
 
N.B. Para este exercício 10 números são suficientes. Salte, ou seja, não 
conte os números superiores a 5000, pois não pertencem à sua 
população. 
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 3. Amostragem estratificada 
É utilizada quando a população é constituída por vários subgrupos como, 
por ex., homens, mulheres, idades, grupos étnicos, grupos de interesse, 
camadas sociais, etc. Cada subgrupo chama-se estrato. 
Considere a tabela seguinte da população de Taiwan em 2003. 
Idade Total Homens Mulheres 
0-4 1 602 000 830 000 772 000 
5-9 1 950 000 1 005 000 945 000 
10-14 1 975 000 1 016 000 958 000 
15-19 1 814 000 929 000 885 000 
20-24 1 916 000 982 000 934 000 
25-29 1 972 000 1 001 000 961 000 
30-34 1 843 000 941 000 902 000 
35-39 1 604 000 818 000 785 000 
40-44 1 020 000 521 000 499 000 
45-49 913 000 464 000 449 000 
50-54 825 000 415 000 410 000 
55-59 769 000 416 000 353 000 
60-64 708 000 415 000 293 000 
+ de 64 1 197 000 636 000 562 000 
Total 20 107 000 10 399 000 9 709 000 
Existem 14 grupos etários em cada um dos sexos perfazendo um total de 
28 estratos. 
a) Suponha que queremos uma amostra total de 5000 pessoas entre as 
idades dos 0 aos 4 anos. Quantas pessoas do género masculino e quantas 
do género feminino devem entrar na amostra? 
Aloca-se proporcionalmente: 
 830 000/ 20 107 000 = 0.0413. Significa que temos 4,13% de homens 
 772 000/ 20 107 000 = 0.0384. Temos 3,84% de mulheres 
A seguir, usando a amostragem aleatória simples, escolhe-se (determina-
se) 4,13% de 5000 (homens) e 3,84% de 5000 (mulheres). 
 
b) suponha agora que queremos uma amostra de 5000 pessoas entre as 
idades de 40 a 44 anos. Quantas pessoas de ambos os sexos devem entrar 
na amostra? 
 
42 
 
 III.II Amostras Não-Probabilísticas 
 
Aqui, as chances de os sujeitos pertencerem à amostra não são 
conhecidas; alguns membros da população terão, definitivamente, de ser 
excluídos e outros terão que ser inclusos na amostra. 
 
1. Amostragem por quota 
Esta amostragem é semelhante à estratificada. A diferença reside no facto 
de que aqui, o investigador não escolhe uma amostra aleatória simples 
mas aceita quaisquer sujeitos/elementos/unidades acessíveis até à 
satisfação da amostra (quota) do subgrupo. Já não se usa o termo estrato, 
mas sim subgrupo. 
Ex. Pretende-se uma amostra de 5000 pessoas entre as idades de 35 a 39 
anos. Quantas pessoas do género feminino e quantas do género masculino 
entrariam na amostra? 
 
2. Amostragem por conveniência 
É um tipo de amostra em que os sujeitos são escolhidos pela sua 
particularidade de reunirem as características essenciais e únicas para 
pertencerem à amostra. 
 
3. Amostragem por clusters 
Cada cluster (grupo) contém todas as características da população 
(homens e mulheres de todas as idades, camadas sociais, níveis de 
escolaridade, etc.). Usa-se mais quando a população está dividida em 
regiões, localidades, estradas, etc. Depois de optar pelos clusters, aplica-
se uma amostragem aleatória simples. 
 
IV. Técnicas e Instrumentos de Recolha de Dados 
 
Os instrumentos comumente utilizados na pesquisa social e educacional 
são o questionário, a entrevista e a observação. 
 O investigador deve destacar que tipos de dados irá utilizar em sua 
pesquisa (dados primários e dados secundários). 
Dados primários são aqueles que o investigador recolhe em primeira 
mão, ou seja, aqueles que não foram antes recolhidos. 
Dados secundários são aqueles que já foram recolhidos por outros, já 
foram ordenados, processados, tabulados e às vezes até analisados, com 
outros propósitos (dados do censo). 
 
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 1. O Questionário 
É um conjunto de perguntas, feito para gerar dados necessários para se 
verificar se os objectivos de um projecto foram atingidos. A construção 
de um questionário é considerada uma “arte imperfeita”, pois não existem 
procedimentos exactos que garantam que os seus objectivos de medição 
sejam alcançados com boa qualidade (Aaker et al., 2001). No entanto, 
existe uma sequência de etapas lógicas que o pesquisador deve seguir 
para construir um questionário: 
1. Planificar o que vai ser mensurado; 
2. Formular perguntas para obter as informações necessárias; 
3. Definir o texto e a ordem das perguntas; 
4. Definir o aspecto visual do questionário; 
5. Testar em fase piloto o questionário, usando uma pequena 
amostra; 
6. Corrigir os problemas decorrentes da testagem piloto, se houver 
algum. 
Tabela 1: Alguns passos para a construção de um questionário 
Etapa Passos 
Planificar o que vai ser mensurado Evidenciar os objectivos da pesquisa 
Definir o assunto da pesquisa no seu questionário 
Obter informações adicionais sobre o assunto da 
pesquisa a partir de fontes de dados secundárias e 
pesquisa exploratória 
Determinar o que vai ser perguntado sobre o assunto da 
pesquisa 
Formular as perguntas Para cada assunto, determinar o conteúdo de cada 
pergunta 
Decidir sobre o formato de cada pergunta 
Definir o texto na formulação das 
perguntas 
Determinar como as perguntas serão redigidas 
Avaliar cada uma das perguntasem termos de sua 
facilidade de compreensão, conhecimentos e 
habilidades exigidos, e disposição dos respondentes. 
Decisões sobre sequência e aparência Dispor as perguntas numa ordem adequada 
Agrupar todas as perguntas de cada sub-tópico em 
sequência lógica para obter um único questionário 
Fazer uma apresentação de qualidade e atractiva das 
perguntas para elevar o índice de respostas 
Testagem Piloto e Correção de erros Ler o questionário inteiro para verificar se faz sentido, e 
se consegue mensurar, o que está previsto ser 
mensurado. 
Verificar possíveis erros no questionário 
Fazer testagem piloto do questionário 
Corrigir os problemas detectados 
 
44 
 
 1.1. Formulação das perguntas 
O investigador deve conhecer bem o assunto que vai pesquisar para poder 
traduzi-lo em conceitos, ou seja, para poder elaborar uma lista de 
conceitos que se relacionam com o assunto, e para cada um deles extrair 
duas a três perguntas. Estes conceitos devem estar alinhados com os 
objectivos, perguntas de pesquisa ou hipóteses. 
 
Com relação ao conteúdo das perguntas, pode-se tentar verificar factos, 
crenças, sentimentos, opiniões, padrões de acção e de comportamento. 
 
O investigador poderá reflectir sobre se: 
 A pergunta é realmente necessária? 
 Qual a sua utilidade? 
 A pergunta é suficientemente clara e específica? 
 Várias perguntas são necessárias para explorar o assunto desta 
pergunta ou uma é o suficiente? 
 Todos os aspectos importantes sobre o assunto serão obtidos da 
forma como foi elaborada a pergunta? 
 As pessoas têm informação necessária para responder a pergunta? 
 Os respondentes estarão dispostos a dar informação? 
 Que objecções alguém poderia ter para responder esta pergunta? 
 O tema abordado é muito íntimo, perturbador ou expõe 
socialmente as pessoas, de forma a causar resistências e respostas 
falsas? 
 O tema é embaraçoso para o respondente por colocar em perigo o 
seu prestígio, caso seja contrário a ideias socialmente aceites? 
 A pergunta é neutra? 
 Pessoas com opiniões contrárias sobre o assunto não a 
considerarão tendenciosa? 
 A pergunta contém opiniões ou julgamentos relacionados com o 
assunto? 
 
1.2. O formato das perguntas/respostas 
As perguntas podem ser: 
 
 Abertas – onde os respondentes ficam livres para responderem 
com suas próprias palavras, sem se limitarem à escolha entre um 
rol de alternativas. 
 Múltipla Escolha – onde os respondentes optarão por uma das 
alternativas, ou por determinado número permitido de opções. 
 Dicotómicas – onde os respondentes têm apenas duas opções de 
respostas, de carácter bipolar, do tipo sim/não; concordo/não 
concordo; gosto/não gosto. Por vezes uma terceira alternativa é 
oferecida, indicando desconhecimento ou falta de opinião sobre o 
assunto. 
 
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 Tabela 2: Algumas vantagens de cada formato de respostas 
Tipo de 
Perguntas 
Vantagens 
Abertas 
 São úteis para a exploração de um determinado tema pois 
deixam o respondente mais livre e à vontade para 
responder usando uma linguagem própria; 
 Têm menor poder de influência nos respondentes do que as 
perguntas com alternativas previamente estabelecidas; 
 Exigem menor tempo de elaboração; 
 Proporcionam comentários, explicações e esclarecimentos 
significativos para se interpretar e analisar o assunto em 
estudo. 
Múltipla 
Escolha 
 Facilidade de aplicação, processamento e análise; 
 Facilidade e rapidez no acto de responder; 
 Apresentam pouca possibilidade de erros de interpretação 
de respostas; 
 Diferentemente das dicotómicas, trabalham com diversas 
alternativas; 
 Resultados facilmente compilados. 
Dicotómicas 
 Rapidez e facilidade de aplicação, processamento e análise; 
 Facilidade e rapidez no acto de responder; 
 Apresentam pouca possibilidade de erros; 
 São altamente objectivas. 
 
1.3. Alguns Exemplos 
 
1.3.1. Perguntas Abertas 
i) Qual é a sua opinião quanto aos factores que influenciam o 
desempenho do aluno? 
ii) Na sua opinião, quais são as principais causas do insucesso escolar em 
Moçambique? 
 
1.3.2. Perguntas de Escolha Múltipla 
Algumas dicas: 
 Incluir em cada pergunta apenas uma ideia chave de modo claro, 
retirando o excesso de palavras nas opções; 
 Construir opções distraidoras comparáveis à resposta certa em 
termos de comprimento, complexidade cognitiva e forma 
gramatical; 
 Procurar não exceder quatro opções bem construídas em cada 
pergunta; 
 Incluir a opção “outra” no conjunto de respostas alternativas, 
caso tenha poucas opções; 
 Evitar a inclusão de frases ou introduções não funcionais (frases 
supérfluas). 
 
 
 
46 
 
 i) Numa avaliação objectiva, o termo “objectiva” refere-se ao método de: 
A. Identificação dos resultados da aprendizagem; 
B. Selecção do conteúdo do teste; 
C. Apresentação dos problemas; 
D. Correcção das respostas. 
 
ii) Que cor faz parte da bandeira de Moçambique? 
A. Azul 
B. Laranja 
C. Amarelo 
D. Cinzento 
 
iii) O calor é: 
A. a energia contida num corpo a qualquer temperatura 
B. a energia em transferência entre dois corpos a temperaturas 
diferentes 
C. a temperatura de um corpo a qualquer energia 
D. Outra. Qual?_____ 
 
1.3.3. Perguntas Dicotómicas 
i) Você é favorável ou contrário à prática da magia negra? 
A. Favorável _____ 
B. Contrário_____ 
 
ii) A presidência da associação de estudantes deve ou não recandidatar-se 
anualmente? 
A. Sim____ 
B. Não____ 
 
iii) Você é favorável ou contrário à prática da magia negra? 
A. Favorável _____ 
B. Contrário_____ 
C. Não sei____ 
 
1.3.4. Escalas 
A escala é usada quando se aplica um questionário fechado (múltipla 
escolha ou dicotómicas) para medir aspectos como, por exemplo, atitudes 
ou opiniões do público-alvo. A escala comumente usada é a escala de 
Likert. 
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 A escala de Likert apresenta uma séries de proposições, geralmente em 
número ímpar, das quais o respondente deve selecionar uma. Para tal, o 
investigador deverá: 
 Decidir se pretende usar opções pares ou ímpares (pretende forçar 
o respondente a tomar uma posição ou aceitar a sua 
indiferença/neutralidade?); 
 Dar a cada opção um significado claro e distinto do das restantes 
opções; 
 Evitar proposições/frases com formulação negativa. 
 
Exemplos: 
 
i) Os serviços do Banco Barclays são bons: 
A. Concordo muito 
B. Concordo 
C. Discordo 
D. Discordo muito 
 
ii) A Matemática é muito difícil: 
A. Concordo muito 
B. Concordo 
C. Não concordo e nem discordo 
D. Discordo 
E. Discordo muito 
 
iii) 
Avalie o seu grau de satisfação como profissional da educação no 
desempenho de algumas tarefas. Escolha um valor na escala de 1 (Muito 
satisfeito) a 5 (Muito insatisfeito). 
 1 
(Muito 
satisfeito) 
2 3 4 5 
(Muito 
insatisfeito) 
 
a. Leccionação 
 
 
b. Avaliação dos 
Estudantes 
 
c. Tarefas 
administrativas 
 
 
 
48 
 
 1.4. O texto na formulação das perguntas 
Na formulação das perguntas deve-se cuidar para que as mesmas tenham 
o mesmo significado tanto para o pesquisador como para o respondente, 
uma vez que a sua formulação tem efeito sobre as respostas. 
Portanto: 
 Use comunicação simples e palavras conhecidas; 
 Não utilizar palavras ambíguas; 
 Incluir somente uma ideia em cada pergunta; 
 Garantir que cada pergunta possa ser respondida por uma única 
opção. 
 
1.5. A sequência das perguntas 
A ordem na qual as perguntas são apresentadas pode ser crucial para o 
sucesso da pesquisa, pelo que Mattar (1994)1 recomenda: 
 Iniciar o questionário com uma pergunta aberta e interessante 
para deixar o respondente mais à vontade e assim ser mais 
espontâneo e sincero ao responder as restantes perguntas; 
 Usar temas e perguntas gerais no início do questionário, deixando 
as perguntas específicas para depois; 
 As perguntas mais pessoais, sensíveisou que possam ser 
embaraçosas devem ser feitas somente no final do questionário e 
alternadas com perguntas simples; 
 Adoptar uma ordem lógica de perguntas. 
 
1.6. Apresentação e Lay-out do questionário (características físicas) 
O investigador deverá decidir sobre: 
 O número de páginas; 
 Qualidade do papel e da impressão; 
 Tipos e tamanhos de letras; 
 Posicionamento e tamanho dos espaços entre perguntas; 
 Cores da tinta e do papel para as respostas; 
 Espaço para resposta de cada pergunta; 
 Impressão em frente e verso ou face única. 
 
1.7. Testagem piloto do questionário 
Depois de se conceber o questionário é importante fazer o teste piloto do 
questionário porque é provável que não se consiga prever todos os 
problemas e/ou dúvidas que possam surgir durante a aplicação do 
questionário. Só deste modo é que será possível conhecer as limitações 
dos instrumentos e proceder-se a sua revisão/alteração. 
O teste piloto do questionário pode ser feito administrando-o a um 
pequeno grupo de respondentes com as mesmas características da 
amostra. 
 
 
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 A análise do teste piloto deverá incidir sobre os seguintes erros: 
 Complexidade das questões; 
 Ambiguidade ou linguagem inacessível aos respondentes; 
 Perguntas supérfluas; 
 Perguntas que causem embaraço aos respondentes; 
 Excesso de perguntas sobre um assunto; 
 Etc. 
 
 
NB: O teste piloto serve para analisar se o questionário possui: 
i) Validade, isto é, se os dados recolhidos respondem às 
perguntas de pesquisa/hipóteses da pesquisa; 
ii) Fidedignidade/Consistência, isto é, se qualquer pessoa que o 
administre a outra amostra com as mesmas características 
obterá as mesmas respostas; 
iii) Operactividade, isto é, se o vocabulário é claro e acessível 
aos respondentes. 
 
 
2. A Entrevista 
 
Tenha preâmbulo 
 Toda a entrevista deve ter preâmbulo que lembre as pessoas sobre o 
acordado, e o objectivo da entrevista. Isto elimina incompreensões. 
Ex: “Na minha carta referi que estou interessado no uso pelos 
professores de avaliação informal. Por avaliação informal pretendo 
dizer que é a avaliação que não é registada ou transmitida para outra 
pessoa...”. 
 O preâmbulo pode parecer longo no papel, mas fale sobre ele em 
breve; não a leie e use contacto visual para se certificar de que o 
entrevistado está a lhe ouvir. 
 
Faça perguntas de incitação 
 Ajudam as pessoas a falar sobre o que sabem, mas que ainda não o 
mencionaram, mas não devem “colocar palavras nas bocas das 
pessoas”. 
 Elas se devem referir ao que as pessoas já disseram ou pretenderam 
dizer, para clarificar, mas não como regra para justificar ou defender 
suas posições. 
 Atenção: não faça perguntas de confrontação (deixe estas para os 
políticos ou entrevistadores de TV) e não coloque questões sobre 
vários assuntos na mesma pergunta. 
 
50 
 
 A primeira pergunta 
 A 1ª pergunta é importante. Deve servir para as pessoas notar em que 
ritmo irá falar. Não deve ser muito desafiadora e nem muito mais 
importante do que o resto da entrevista. 
 Comece por ex. assim: “Como eu disse, estou interessado em 
perseguição no seu local de trabalho. É alguma coisa que lhe afecta a 
si pessoalmente? Tem consciência dela aqui no seu serviço? É um 
problema para esta escola?”. 
 Deverá servir para aferir que tipo de entrevistado terá pela frente 
(nervoso, falador, opinativo, etc). 
 
Redacção das perguntas 
1. Use linguagem apropriada: evite por ex. dizer “curriculum efectivo na 
sala de aulas” quando quer dizer “bom ensino e aprendizagem” 
2. Use palavras claras: Evite perguntar: Dá TPC regularmente? Porque 
‘regularmente’ pode ter vários significados. 
3. Evite perguntas sugestivas: Ex. “Você acha que....” , “Você concorda 
que....”, etc. Também evite dar poucas oportunidades. Ex. “Você prefere 
conduzir de manhã ou de tarde” – muitos lhe dirão que em ambos os 
períodos. 
4. Distinga factos da ficção: pergunte sobre o que as pessoas sabem antes 
de perguntar sobre o que pensam a respeito disso. 
 
Use tácticas verbais e não-verbais 
Tácticas verbais: Embora soem mal na gravação, elas são muito úteis para 
encorajar o entrevistado a falar. Ex: “Bom” “Certo”, “Exacto”, “Ok”, 
“Sim, isso é interessante”, etc. 
Tácticas não-verbais: 
O contacto visual: não se mantenha alheio ao seu entrevistado 
visualmente e nem permaneça constantemente fixo nos seus olhos; 
procure um equilíbrio. 
A dosagem do tempo: É descortês interromper o entrevistado porque quer 
passar para outra pergunta. No entanto, use com ligeireza sinais não 
verbais (pegar nos papéis, encostar-se à cadeira, desviar o olhar, etc.) para 
mostrar que está preparado para ouvir outro assunto. 
O tom da voz e velocidade do discurso: fale em breve para indicar que 
“isto é matéria factual para ser tratada em breve” ou mais devagar para 
sugerir que “isto precisa de um raciocínio e está preparado para esperar 
por uma resposta refletida”. 
 
Esteja preparado para catástrofes 
Algumas pessoas irão tentar colocar-lhe à prova pondo em risco o 
sucesso da sua entrevista; esteja preparado para enfrentar, com cortesia, 
perguntas como: 
 
 
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 Realmente não sabia que me ia entrevistar: com isto querem dizer 
que estão preocupados com a confidencialidade e anonimato ou 
sabem pouco sobre o assunto da entrevista. Procure convencê-los 
mostrando a importância dos seus pontos de vista. 
 Você concorda com isso? Ou O que você pensa? Diga simplesmente 
“não lhe posso responder agora durante a entrevista”. (Entretanto, não 
diga nada depois porque pode dizer a outras pessoas que ainda 
pretende entrevistar). 
 A quem mais entrevistou? Responda: “não posso dizê-lo. Lembre-se 
que a entrevista é anónima e nem vou dizer a ninguém que lhe 
entrevistei a si”. 
 O que é que as pessoas têm estado a dizer? Diga: “Até agora 
entrevistei poucas pessoas e ainda não há nenhum padrão claro de 
respostas”. 
 
A última pergunta 
 No fim da entrevista, faça uma pergunta bastante suave e aberta: 
“Haverá alguma coisa que gostaria de acrescentar acerca deste tema 
que não lhe tenha perguntado?” - Isto é feito por questões de cortesia, 
mas também porque durante a entrevista a discussão pode ter despertado 
ao entrevistador um pensamento mais profundo acerca do tema. 
 Para terminar pergunte: 
o “Há alguma coisa que gostaria de me perguntar?” (As pessoas 
poderão lhe perguntar como vai a sua pesquisa, o que tem encontrado, 
..etc. Seja comedido porque poderão dizer isto a pessoas que ainda vai 
entrevistar.) Naturalmente, por fim: “Muito obrigado pelo seu tempo e 
pela sua valiosa contribuição.” 
 
V: Ética na Investigação: Responsabilidade Social e Ética do 
Investigador 
 
Toda a pesquisa social envolve aspectos éticos, porque implica recolher 
informação das pessoas e sobre pessoas. A proposta de pesquisa deve 
antecipar as questões éticas que a pesquisa levanta e deverá mostrar como 
estas questões serão tratadas ou contornadas. 
 
Questões éticas podem surgir tanto na pesquisa quantitativa, como na 
pesquisa qualitativa, apesar de serem mais propensas a ocorrer no 
segundo modelo de pesquisa, uma vez que algumas pesquisas qualitativas 
lidam com assuntos muito sensíveis, íntimos e profundos das vidas das 
pessoas o que, inevitavelmente, faz com que as questões éticas 
acompanhem a recolha desta informação. 
 
52 
 
 A. Premissas básicas para uma investigação: 
 Uma pesquisa envolvendo pessoas é uma intrusão na vida dos 
respondentes, uma vez que estes são solicitados a revelar informação 
a um estranho. Por essa razão, a sua participação deverá ser 
voluntária; 
 Peça sempre permissão (por escrito e/ou gravado) para levar a cabo a 
sua investigação; 
 A pesquisa nunca deve prejudicar os respondentes que se voluntariem 
para participar dela;

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