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Sífilis Adquirida e em Gestantes Infecção bacteriana, de evolução crônica. Sífilis recente - Primária, Secundária e Latente recente Sífilis tardia - Latente tardia e terciária Agente etiológico: Treponema pallidum; bactéria gram- negativa, do grupo espiroquetas, de alta patogenicidade Reservatório: unicamente, o homem Modo de transmissão: Sexual, vertical ou sanguínea Sítio de inoculação, em geral, órgãos genitais ou extragenitais (boca, língua e pele) A vertical pode implicar aborto, natimorto, morte neonatal, manifestações congênitas ou tardias A sanguínea se tornou rara, devido ao controle de testagem pelos hemocentros Período de incubação: de 10 a 90 dias, a partir do contato sexual infectante Período de incubação: - Transmissão vetorial – 4 a 15 dias. - Transmissão oral – de 3 a 22 dias. - Transmissão transfusional – 30 a 40 dias ou mais. - Transmissão por acidentes laboratoriais – até 20 dias após exposição. - Outras formas de transmissão – não existem períodos de incubação definidos. Período de transmissibilidade A transmissibilidade da sífilis adquirida requer a presença de lesões (cancro duro, condiloma plano, placas mucosas, lesões úmidas). Em decorrência da presença de treponemas nessas lesões, o contágio é maior nos estágios iniciais da infecção (sífilis primária e secundária), sendo reduzido gradativamente à medida que ocorre a progressão da doença. No entanto, essas lesões são pouco sintomáticas e passam despercebidas na maioria dos casos. A transmissão vertical ocorre em qualquer fase gestacional, sendo influenciada pelo estágio da infecção na mãe (maior nos estágios primário e secundário da doença) e pelo tempo que o feto foi exposto. Suscetibilidade, vulnerabilidade e imunidade A suscetibilidade à infecção é universal e os anticorpos produzidos em infecções anteriores não são protetores. A pessoa pode adquirir sífilis sempre que se expuser ao T. pallidum. O tratamento adequado dos casos diagnosticados promove a remissão dos sinais e sintomas em poucos dias. As lesões tardias já instaladas, a despeito da interrupção da evolução da infecção, não serão revertidas com a antibioticoterapia MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Sífilis primária: - úlcera rica em treponemas, geralmente única e indolor, com borda bem definida e regular, base endurecida e fundo limpo, que ocorre no local de entrada da bactéria, denominada de “cancro duro” - Linfadenopatia regional - Desaparecimento independe de tratamento Sífilis secundária: - 6 semanas a 6 meses após a cicatrização do cancro - Disseminação de treponemas pelo organismo - Pápulas palmoplantares, placas e condilomas planos - Lesões desaparecem independentemente de tratamento Sífilis latente - Período em que não se observa nenhum sinal ou sintoma - Latente recente: menos de dois anos de infecção - Latente tardia: mais de dois anos de infecção Laboratório de Habilidades - LH Aula 2 Alice Iris; 1p T15 Sífilis terciária - 15% a 25% das infecções não tratadas - Pode surgir entre um e 40 anos depois do início da infecção - Destruição tecidual - Gomas sifilíticas - Desfiguração, incapacidade e até morte DIAGNÓSTICO - Exame direto: microscopia de campo escuro; lesões primárias e secundárias - Pesquisa direta com material corado - Testes imunológicos: detectam igM e IgG - Quando há grande produção de anticorpos, especialmente na sífilis secundária, podem ocorrer resultados falso-negativos em decorrência do fenômeno de prozona. Diagnóstico diferencial • Sífilis primária – cancroide, herpes genital, linfogranuloma venéreo, donovanose, câncer, leishmaniose tegumentar, trauma. • Sífilis secundária – farmacodermias, doenças exantemáticas não vesiculosas, hanseníase, colagenoses, entre outros. • Sífilis terciária – tuberculose, leishmaniose tegumentar, esporotricose, aneurismas congênitos, tumor intracraniano, distúrbios psiquiátricos, entre outros. Sifilis Congenita Transmissão do Treponema pallidum presente na corrente sanguínea da gestante para o concepto via transplacentária ou, ocasionalmente, por meio de contato direto com a lesão sifilítica no momento do parto Modo de transmissão O T. pallidum, quando presente na corrente sanguínea da gestante, atravessa a barreira placentária e penetra na corrente sanguínea do feto. Ocasionalmente, há possibilidade de transmissão direta do T. pallidum por meio do contato da criança com o canal de parto ou períneo (transmissão perinatal), se houver lesões genitais maternas (cancro duro, condiloma plano). Período de transmissibilidade A transmissão vertical pode ocorrer em qualquer fase da gestação ou estágio clínico da infecção materna e durante o parto, se houver lesões genitais maternas. Frequentemente, ocorre devido à não realização do pré-natal ou tratamento inadequado da gestante MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Quadro clínico variável; depende da carga treponêmica, da virulência do treponema, do tratamento da infecção materna; imunodeficiência Sífilis congênita precoce - Sinais e sintomas surgem logo após o nascimento ou nos primeiros dois anos de vida - Mais da metade das crianças podem ser assintomáticas Hepatometagalia, esplenomegalia, lesões cutâneas, periostite, pneumonia, icterícia Sífilis congênita tardia -Sinais e sintomas surgem dois após os dois anos de idade da criança - Aparecimento de estigmas - Tíbia em ‘lâmina de sabre” - Nariz em “sela” - Dentes incisivos medianos superiores deformados - Perda auditiva sensorial Dengue, Chikungunya e Zika Dengue é a arbovirose urbana de maior relevância nas Américas - Transmitida por mosquito Aedes e agente etiológico o vírus dengue, com quatro sorotipos distintos Os vírus dengue (DENV), chikungunya (CHIKV) e Zika (ZIKV) são arbovírus (Arthropod-borne virus), ou seja, são vírus transmitidos por artrópodes Ciclo replicativo ocorre nos insetos Período de incubação: - Zika: 2 a 7 dias - Chikungunya: 1 a 12 dias - Dengue: 4 a 10 dias Os vírus dengue (DENV) e o Zika (ZIKV) são vírus de RNA do gênero Flavivirus, pertencente à família Flaviviridae, que inclui o vírus da febre amarela. O vírus chikungunya (CHIKV) pertence ao gênero Alphavirus, da família Togaviridae e possui quatro genótipos: Oeste Africano, Leste-Centro-Sul Africano (ECSA), Asiático e Oceano Índico (IOL).No Brasil, até o momento foram detectadas as linhagens asiática e ECSA. MODOS DE TRANSMISSÃO Os três arbovírus podem ser transmitidos ao homem por via vetorial, vertical e transfusional Vetorial: ocorre pela picada de fêmeas de Aedes aegypti infectadas, no ciclo humano-vetor-humano Transmissão vertical Além dessas três formas de transmissão, estudos apontam que o ZIKV pode ser transmitido por via sexual de uma pessoa infectada (sintomática ou não) para seus parceiros, durante meses após a infecção inicial. VETORES Mosquitos da família Culicidae, pertencentes ao gênero Aedes, do subgênero Stegomyia A espécie Aedes aegypti é a única comprovadamente responsável pela transmissão dessas arboviroses no Brasil, e também pode ser transmissora do vírus da febre amarela em áreas urbanas. Essa espécie está distribuída geralmente em regiões tropicais e subtropicais A suscetibilidade ao vírus da dengue (DENV) no indivíduo é universal; uma vez que haja infecção, a imunidade adquirida é permanente para um mesmo sorotipo (homóloga) DOENCA DE CHAGAS Antropozoonose de elevada prevalência e morbimortalidade Curso clínico bifásico - Fase aguda - Fase crônica: cardíaca, digestiva, cardiodigestiva Tripanossomíase americana Protozoário flagelado Trypanosoma cruzi Período de incubação - Transmissão vetorial – 4 a 15 dias. - Transmissão oral – de 3 a 22 dias. - Transmissão transfusional – 30 a 40 dias ou mais. - Transmissão por acidentes laboratoriais – até 20 dias após exposição.- Outras formas de transmissão – não existem períodos de incubação definidos. Reservatórios - Espécies de mamíferos (silvestres e domésticos) - Casas do meio rural e na periferia das cidades Vetores - Insetos da subfamília Triatominae (barbeiro) - Machos e fêmeas hematófagos - Não há transmissão vertical no vetor - Tiatoma brasiliensis, Panstrongylus negistus, Triatoma pseudomaculata e Triatoma sórdida Modo de transmissão O vetor (triatomíneo), ao se alimentar em mamíferos infectados com elevadas taxas de T. cruzi, pode se infectar e, ao se alimentar novamente, infecta outro mamífero, inclusive o homem - Vetorial: contato do homem suscetível com as excretas contaminadas dos triatomíneos, que, ao picarem os vertebrados, costumam defecar após o repasto, eliminando formas infectantes do parasito, que penetram pelo orifício da picada, mucosas ou por solução de continuidade deixada pelo ato de coçar - Vertical: ocorre, principalmente, pela via transplacentária e pode ocorrer em qualquer fase da doença (aguda ou crônica). A transmissão pode ocorrer durante a gestação ou no momento do parto. Há possibilidade de transmissão pelo leite, durante a fase aguda da doença. Já em nutrizes na fase crônica, a transmissão durante a amamentação pode ocorrer em casos de sangramento por fissura mamária e não propriamente pelo leite - Por via oral: quando há ingestão de alimentos contaminados acidentalmente com o parasito, seja o triatomíneo ou suas fezes. Também pode ocorrer por meio da ingestão de carne crua ou mal cozida de caça ou alimentos contaminados pela secreção das glândulas anais de marsupiais infectados. - Transfusional: principal forma de transmissão em países não endêmico - Por transplante de órgãos - Acidentes laboratoriais MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Fase aguda: Parasita em número elevado circulante na corrente sanguínea Febre alta, picos vespertinos ocasionais Sinal de Romaña Sintomatologia inespecífica – na maioria dos casos ocorre: - Prostração, diarreia, vômitos, inapetência, cefaleia, mialgias, aumento de linfonodos; - Exantema cutâneo de localização variável, com ou sem prurido e de aparecimento fugaz; - Irritação em crianças menores, que apresentam frequentemente choro fácil e copioso. - Sintomatologia específica – é caracterizada pela ocorrência, com incidência variável, de uma ou - Mais das seguintes manifestações: - Sinais e sintomas de miocardite difusa com vários graus de gravidade; - Sinais de pericardite, derrame pericárdico, tamponamento cardíaco; - Manifestações sindrômicas de insuficiência cardíaca, derrame pleural; - Edema de face, de membros inferiores ou generalizado; - Tosse, dispneia, dor torácica, palpitações, arritmias; - Hepatomegalia e/ou esplenomegalia, de leve a moderada intensidade Fase Crônica A parasitemia é baixa e intermitente. Inicialmente é assintomática e sem sinais de comprometimento cardíaco e/ou digestivo Forma indeterminada: paciente assintomático e sem sinais de comprometimento do aparelho circulatório; pode perdurar por toda a vida do indivíduo infectado ou pode evoluir tardiamente para a forma cardíaca, digestiva ou associada Forma cardíaca: miocardiopatia dilatada, insuficiência cardíaca congestiva (ICC) Forma digestiva Forma associada ou mista (cardiodigestiva) LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA Doença infecciosa, não contagiosa, causada por protozoário, de transmissão vetorial, que acomete pele e mucosas. Úlcera de Bauru, nariz de tapir, botão do Oriente Agente etiológico Período de incubação - No homem, em média de 2 meses, podendo apresentar períodos mais curtos (duas semanas) e mais longos (2 anos) Protozoário do gênero Leishmania. No Brasil, foram identificadas 7 espécies, sendo 6 do subgênero Viannia e uma do subgênero Leishmania. As 3 principais espécies são: Leishmania (Leishmania) amazonensis; Leishmania (Viannia) guyanensi; Leishmania (Viannia) braziliensis. Reservatórios - Animais silvestres, roedores e domésticos Vetores - Insetos flebotomíneos: mosquito palha Modo de transmissão: picada de fêmeas de flebotomíneos infectadas Suscetibilidade universal MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Leishmaniose cutânea e leishmaniose mucosa Atlas da Leishmaniose Tegumentar Americana Lesões indolores, formato arredondado ou ovalado, bordas bem delimitadas e elevadas, fundo avermelhado e granulações grosseiras Mucosa: lesões destrutivas LEISHMANIOSE VISCERAL Doença crônica e sistêmica, que, quando não tratada pode evoluir para óbito em mais de 90% dos casos Sinonímia: calazar, esplenomegalia tropical, febre dundun Agente etiológico: protozoários tripanosomatídeos do gênero Leishmania Período de incubação: No homem, é de 10 dias a 24 meses, com média entre 2 e 6 meses, e, no cão, varia de 3 meses a vários anos, com média de 3 a 7 meses. Reservatórios: cão; raposas; marsupiais Vetores: Lutzomyia longipalpis; Lutzomya cruzi Transmissão: picada dos vetores infectados Suscetibilidade e imunidade: crianças e idosos -Resposta humoral detectada através de anticorpos circulantes - Só uma pequena parcela de indivíduos infectados desenvolve sinais e sintomas da doença MANIFETAÇÕES CLÍNICAS É uma doença crônica, sistêmica, caracterizada por febre de longa duração, perda de peso, astenia, adinamia, hepatoesplenomegalia e anemia, dentre outras. Quando não tratada, pode evoluir para o óbito em mais de 90% dos casos Hemorragia e icterícia, quando presentes, indicam gravidade do caso