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CURSO DE PARASITOLOGIA CLÍNICA Material de apoio Primeira edição Liga Acadêmica de Doenças Parasitárias e Zoonoses (LADOP) Faculdade de Medicina Universidade Federal de Mato Grosso 2020 2 Universidade Federal de Mato Grosso Faculdade de Medicina Liga Acadêmica de Doenças Parasitárias e Zoonoses (LADOP) Editores Ana Julia Lehmkuhl Camila Vieira Gomes Dalton Cristofer De Campos Guilherme Affini Severian Vieira Samuel Newton Miguel Carvalho Campos Editores principais Michelle Igarashi Watanabe Mylena Martins Almeida Vitória Mayumi Takagi Contatos E-mail: ladopufmt@gmail.com Instagram: @ladopufmt Apostila de estudos desenvolvida por alunos ligantes da LADOP para utilização durante o Curso de Parasitologia Clínica online. Este material de apoio é um compilado de referências sobre a área de parasitologia e suas vertentes. Cuiabá – MT 2020 3 Sumário Malária ............................................................................................................... 4 Leishmaniose tegumentar ............................................................................... 8 Leishmaniose visceral ..................................................................................... 11 Doença de chagas ........................................................................................ 12 Toxoplasmose .................................................................................................. 15 Ancilostomose ................................................................................................. 18 Ascaridíase ...................................................................................................... 20 Enterobiose ...................................................................................................... 23 Bicho geográfico (Larva migrans cutânea) ................................................ 26 Toxocaríase (larva migrans visceral e larva migrans ocular) ..................... 28 Referências bibliográficas ............................................................................. 31 Quadro de abreviações ELISA: ensaio de imunoabsorção enzimática EV: endovenoso HAI: teste de hemaglutinação indireta IFI: teste de imunofluorescência indireta LMO: larva migrans ocular LMV: larva migrans visceral PCR: reação em cadeia da polimerase SNC: sistema nervoso central TTO: tratamento VO: via oral WB: Western Blot 4 Malária Introdução Também conhecida como paludismo, febre palustre, impaludismo, maleita ou sezão, foi primeiramente citada na era pré-cristã, sendo uma doença muito antiga. É uma enfermidade transmitida pelo mosquito do gênero Anopheles (inseto vetor), em regiões tropicais e de alta umidade. Quando ocorre a inoculação do parasito (Plasmodium) no homem, os esporozoítos infectantes podem adentrar células hospedeiras sem se desenvolver ou completar seu desenvolvimento parasitando um hepatócito e posteriormente infectar hemácias. • Principais agentes etiológicos: Plasmodium falciparum, P. vivax, P. malariae, P. ovale (ocorre apenas em áreas restritas do continente africano) • Vetor: mosquitos do gênero Anopheles (mosquito-prego) • Via de transmissão: picada do mosquito fêmea parasitado com esporozoítos e acidentalmente, por transfusão sanguínea, compartilhamento de seringas contaminadas e acidentes laboratoriais. Figura 1 – Vetor da malária Figura 2 – Plasmodium falciparum Fonte: Revista Exame Fonte: scientistsagainstmalaria Fisiopatologia A infecção malárica inicia-se quando esporozoítos infectantes são inoculados pelo inseto vetor em seus hospedeiros vertebrados. Cerca de uma hora após a infecção, já são observados esporozoítos no sangue ou vasos linfáticos. Os esporozoítos de Plasmodium podem entrar em células hospedeiras sem nelas se desenvolverem. Nesse sentido, somente nos hepatócitos se processa o desenvolvimento parasitário. A especificidade da célula-alvo sugere a participação de moléculas do parasito e de receptores específicos na superfície do hepatócito. Várias evidências 5 experimentais demonstram que a proteína CS participa ativamente deste processo. Após invadir o hepatócito, os esporozoítos se diferenciam até alcançarem a forma de merozoítos, que invadirão os eritrócitos. O desenvolvimento nas células do fígado requer aproximadamente uma semana para o P. falciparum e P. vivax e cerca de duas semanas para o P. malariae. Nas infecções por P. vivax e P. ovale, alguns esporozoítos dão origem, após invadir os hepatócitos, a formas dormentes denominadas hipnozoítos (do grego hypos, sono). Estes hipnozoítos são responsáveis pelas recaídas tardias da doença, que ocorrem após períodos variáveis de incubação, em geral dentro de 45 a 90 dias, podendo prolongar-se por seis ou mais meses. Na invasão aos eritrócitos, há consequente formação de merozoítos que invadirão novos eritrócitos. Depois de algumas gerações de merozoítos sanguíneos, ocorre a diferenciação em estágios sexuados, os gametócitos, que não mais se dividem e que seguirão o seu desenvolvimento no mosquito vetor, dando origem aos esporozoítos. O ciclo sanguíneo se repete sucessivas vezes. Período de incubação • P. falciparum de 9-14 dias; • P. vivax, 12-17 dias; • P. malariae, 18-40 dias; • P. ovale de 16-18 dias. Sinais e sintomas • Fase sintomática inicial: mal-estar, cefaleia, cansaço e mialgia, geralmente precede a clássica febre da malária. • Ataque paroxístico agudo (acesso malárico): período de calafrio e sudorese, que dura de 15 minutos à uma hora, seguido por uma fase febril, com temperatura corpórea podendo atingir 41°C ou mais. Após um período de duas a seis horas, ocorre defervescência da febre e o paciente apresenta sudorese profusa e fraqueza intensa. o Após a fase inicial, a febre assume um caráter intermitente relacionado com o tempo de ruptura de uma quantidade suficiente de hemácias. • Remissão: caracteriza-se pelo declínio da temperatura (fase de apirexia). Contudo, novos episódios de febre podem acontecer em um mesmo dia ou com intervalos variáveis. 6 • Malária grave: adultos não imunes, bem como crianças e gestantes, podem apresentar manifestações mais graves da infecção, podendo ser fatal. A hipoglicemia, o aparecimento de convulsões, vômitos repetidos, hiperpirexia, icterícia e distúrbios da consciência são indicadores de pior prognóstico e podem preceder as seguintes formas clínicas da malária grave e complicada: malária cerebral, insuficiência renal aguda, edema pulmonar agudo, hipoglicemia, icterícia, hemoglobinúria. Esses quadros estão relacionados com parasitemia elevada. • Característica do padrão de intervalo febril por espécie de plasmodium o Plasmodium falciparum, vivax e ovale– 48 h; o Plasmodium malariae – 72 h; • Recaídas: das espécies de Plasmodium que afetam o ser humano, apenas o P. vivax e o P. ovale têm hipnozoítos, a forma do parasito que se mantém dormente no fígado e é responsável pelas recaídas. Dessa maneira, uma única picada de mosquito infectado pode causar vários episódios de malária subsequentes. Diagnóstico O diagnóstico de certeza da infecção malárica só e possível pela demonstração do parasito, ou de antígenos relacionados, no sangue periférico do paciente. • Método do esfregaço: a detecção do P. falciparum é suspeitada quando apenas trofozoítos e gametócitos são visualizados. Em contrapartida, a visualização de todos os estágios de desenvolvimento de ciclo sanguíneo na gota espessa sugere P. vivax, P. malariae ou P. ovale. • PCR Tratamento medicamentoso • P. vivax e P. Ovale: O objetivo desse tratamentoé curar tanto a forma sanguínea quanto a forma hepática (cura radical), e assim prevenir recrudescência e recaída, respectivamente. Para isso usa- se a combinação de dois medicamentos: cloroquina e primaquina. Apenas a primaquina tem atividade contra os hipnozoítos no Brasil. o Cloroquina (10mg/kg no dia 1 e 7,5mg/kg nos dias 2 e 3) por 3 dias o Primaquina 0,5 mg/kg/dia, por 7 dias. 7 • P. malariae: O tratamento de P. malariae assemelha-se ao tratamento para P. vivax (apenas cloroquina por 3 dias), contudo sem a necessidade de uso da primaquina. • P. falciparum e infecções mistas: É recomendação da OMS o tratamento de P. falciparum com uma terapia combinada com algum derivado de artemisinina (ACT). A eficácia e segurança de artesunato/mefloquina e artemeter/lumefantrina são bastante semelhantes. Profilaxia • Medidas de proteção individual: evitar áreas de risco ao entardecer e logo ao amanhecer, utilizar repelentes, telar portas e janelas e dormir com mosquiteiros. • Medidas de proteção coletiva: uso de inseticidas e larvicidas, evitar a formação de criadouros de mosquitos e formular ações de educação em saúde para a população. 8 Leishmaniose tegumentar Introdução A Leishmaniose tegumentar é uma doença infecciosa cutâneo-mucosa, não contagiosa, causada por protozoários do gênero Leishmania, transmitida pela picada de insetos flebotomíneos. Muitos animais silvestres (marsupiais e roedores) e domésticos (canídeos, felídeo e equídeos) servem como reservatório da doença. Costuma ter como período de incubação de uma semana a dois anos. • Principais agentes etiológicos: Leishmania (Viannia) braziliensis e L. (Viannia) guyanensis. • Vetor: flebotomíneos do gênero Lutzomyia (mosquito-palha) • Via de transmissão: picada de flebotomíneo fêmea infectado Figura 3 – Vetor da leishmaniose tegumentar Fonte: James Gathany Sinais e sintomas As diversas formas de apresentação da leishmaniose estão ligadas ao estado imunológico do paciente e às espécies de Leishmania, variando de lesões autorresolutivas a lesões desfigurantes. • Leishmaniose cutânea: formação de úlceras únicas ou múltiplas, de base eritematosa, formato arredondado, fundo avermelhado e com granulações. Apresenta grande densidade de parasitas nos bordos da úlcera. • Leishmaniose cutaneomucosa: lesões ulceradas e que evoluem após meses ou anos para lesões destrutivas secundárias em mucosas e cartilagens. As regiões mais afetadas costumam ser nariz, faringe, boca e laringe, sendo comum a destruição do septo nasal, que pode culminar com desabamento nasal (nariz de tapir). • Leishmaniose cutânea difusa: pela formação de múltiplas lesões papulares ou nodulares não ulceradas por toda pele. Atinge principalmente extremidades e outras partes expostas. 9 Diagnóstico • Pesquisa do parasita: exame direto de esfregaço corado e exame histopatológico. • Pesquisa de DNA do parasita: PCR • Métodos para avaliação da resposta celular: teste de Montenegro • Métodos para avaliação da resposta humoral: reação de imunofluorescência indireta Tratamento medicamentoso Recomenda-se como droga de primeira escolha o antimonial pentavalente (N-metilglucamina), exceto para pacientes HIV positivo e gestantes. Profilaxia • Uso de mosquiteiro, telagem de portas e janelas e uso de repelente. 10 • Não se expor nos horários de atividade do vetor em ambientes onde ele pode ser encontrado. • Limpeza urbana e outras ações que diminuam o número de ambientes propícios para proliferação do vetor. • Uso de telas em canis. • Eutanásia a todos os animais com sorologia positiva ou parasitológico positivo. 11 Leishmaniose visceral Introdução A Leishmaniose visceral é uma doença infecciosa sistêmica grave, que evolui para óbito, se não tratada, em mais de 90% dos casos. Também é causada por protozoários do gênero Leishmania e transmitida pela picada de insetos flebotomíneos. Possui período de incubação de 10 dias a 24 meses. • Principais agentes etiológicos: Leishmania donovani; Leishmania infantum e Leishmania chagas. • Via de transmissão: picada do mosquito Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia cruzi infectado. Sinais e sintomas • Febre irregular de intensidade média e de longa duração; • Palidez das mucosas; • Esplenomegalia associada ou não a hepatomegalia; • Emagrecimento progressivo; • Icterícia e ascite; • Anemia, leucopenia, trombocitopenia e hipoalbunemia. Diagnóstico • Pesquisa de anticorpos: imunoflorescência indireta, testes rápidos imunocromatográficos e ensaio imunoenzimático (ELISA); • Pesquisa do parasita: consiste em análise de material biológico obtido preferencialmente da medula óssea. o Exame direto o Isolamento em meio de cultura Tratamento medicamentoso • Primeira escolha: antimonial pentavalente (N-metilglucamina), 3mg/kg/dia, durante 7 dias, ou 4mg/kg/dia, durante 5 dias em infusão venosa, em uma dose diária. • Em casos de contraindicação desse fármaco: anfotericina B, sendo a única opção no tratamento de gestantes e de pacientes que apresentam toxicidade ou refratariedade às drogas de primeira escolha. 12 Doença de chagas Introdução A doença de Chagas, também chamada de tripanossomíase americana, é uma doença cujo agente etiológico é o protozoário Trypanosoma cruzi. Tem triatomíneos hematófagos como vetores, conhecidos popularmente como barbeiros, chupões, chupanças, procotós, entre outros. Esses vetores, de acordo com a espécie, podem viver em meio silvestre, no peridomicílio ou no intradomicílio. Figura 4 – Vetor da doença de Chagas Figura 5 - Trypanosoma cruzi Fonte: www.icb.usp.br Fonte: CDC/Dr. Myron G. Schultz Formas de transmissão • Vetorial: durante ou logo após o repasto sanguíneo, pela penetração de protozoários eliminados nas fezes e/ou na urina de triatomíneos em pele lesada ou mucosas; • Oral: ingestão de alimentos contaminados com protozoários oriundos de triatomíneos infectados; • Transfusão de sangue ou transplante de órgãos; • Via materno-fetal; • Acidental: contato de material contaminado com pele ferida ou com mucosas. O período de incubação modifica-se conforme a forma de transmissão. Pelo vetor: 4 a 15 dias; por transfusão de sangue: 30 a 40 dias; oral: 3 a 22 dias; acidental: até cerca de 20 dias. Fases da doença Fase aguda: sintomática, assintomática ou oligossintomática, de acordo com o estado imunológico do hospedeiro. Pode iniciar por meio de manifestações locais, quando o T.cruzi penetra na conjuntiva, provocando o sinal de Romanã (edema bipalpebral unilateral), ou na 13 pele, causando o chagoma de inoculação (formação cutânea). Além disso, pode haver manifestações como febre, cefaleia, astenia, edema generalizado ou localizado em face ou membros inferiores, poliadenia, hepatomegalia, esplenomegalia, comprometimento cardíaco e do sistema nervoso central. Sintomas como diarreia, vômitos e epigastralgia podem ocorrer em casos de transmissão oral. Fase crônica • Indeterminada: ausência de sinais ou sintomas da doença, positividade de exames sorológicos e/ou parasitológicos, eletrocardiograma normal e coração, esôfago e cólon radiologicamente normais. Pode durar toda a vida ou evoluir para outras formas. • Cardíaca: alterações eletrocardiográficas (como bloqueio completo do ramo direito, hemibloqueio anterior esquerdo, bloqueio atrioventricular, extrassístoles ventriculares, sobrecarga de cavidades cardíacas, alterações da repolarização ventricular), insuficiência cardíaca, arritmias, fenômenos tromboembólicos, aneurisma de ventrículo esquerdo e morte súbita. Principaismanifestações: palpitações, edema, dor precordial, dispneia, tosse, tontura, síncope, sopro sistólico, desdobramento ou hipofonese de B2. Pode haver cardiomegalia na radiografia do tórax. • Digestiva: as formas mais comuns são o megaesôfago (com sintomas como disfagia, odinofagia, dor retroesternal, regurgitação, soluço, pirose, tosse, sialose) e o megacólon (sugerido por manifestações como constipação intestinal de instalação insidiosa, meteorismo, distensão abdominal). • Forma associada ou mista: quando o mesmo paciente apresenta duas formas da doença. • Forma congênita: a transmissão pode acontecer em qualquer período da gestação ou durante o parto. Os recém-nascidos podem ser assintomáticos ou apresentar baixo peso, hepatoesplenomegalia, febre, anemia, icterícia, tremores, convulsões, meningoencefalite. Também pode levar à abortamentos, partos prematuros e natimortalidade. Diagnóstico • Fase aguda: exame a fresco de tripanossomatídeos, exame de sangue a fresco, gota espessa, esfregaço sanguíneo, métodos de concentração (Strout, micro-hematócrito ou creme leucocitário). 14 • Fase crônica o Combinação de dois testes sorológicos baseados em princípios distintos ou com diferentes preparações antigênicas, por exemplo: ELISA, IFI, HAI, WB ou CLIA. o Teste rápido: resultado negativo descarta a doença; caso positivo, necessário realizar confirmação diagnóstica. Tratamento medicamentoso • Etiológico: há dois medicamentos principais, tanto na fase aguda, quanto crônica da doença: o Benznidazol: 5 mg/kg/dia, 1 a 3x ao dia, por 60 dias em adultos e 5 a 10 mg/kg/dia, 2x ao dia, por 60 dias, em crianças. o Nifurtimox: 10 mg/kg/dia, 3x ao dia, por 60 dias em adultos e 15 mg/kg/dia, 3x ao dia, por 60 dias, em crianças. • Sintomático: depende das manifestações clínicas. Na forma cardíaca são utilizadas as mesmas drogas que para outras cardiopatias. Nas formas digestivas, pode ser indicado tratamento conservador (dietas, laxativos, lavagens) ou cirúrgico, dependendo do estágio da doença. 15 Toxoplasmose Introdução O Toxoplasma gondii é um protozoário intracelular obrigatório encontrado nas fezes de gatos e outros felinos, que pode se hospedar em humanos e outros animais por possuir um ciclo de vida completo com dois hospedeiros, os felídeos, como hospedeiros definitivos, e o homem, mamíferos e aves, como hospedeiros intermediários. Existem três estágios principais de desenvolvimento do Toxoplasma gondii: → Taquizoítos: são os organismos de rápida multiplicação da infecção aguda. → Bradizoítos: são organismos de multiplicação lenta ou de repouso nos cistos do toxoplasma e durante a infecção crônica. → Esporozoítos: desenvolvem-se nos esporocistos, dentro de oocistos que são eliminados pelas fezes dos gatos. • Agente etiológico: Toxoplasma gondii. • Via de infecção: ingestão de água ou alimentos contaminados (via oral de contaminação) ou transmissão congênita de mãe para filho durante gestação. Figura 6 - Toxoplasma gondii Fonte: DPDx Image Library Sinais e sintomas • A maioria das pessoas infectadas pela primeira vez é assintomática e, por isso, não precisam de tratamentos específicos. • Toxoplasmose aguda: linfadenopatia bilateral, cervical, ou axilar discreta e autolimitada, leve síndrome gripal com febre, mal-estar, mialgia, hepatoesplenomegalia e, com menos frequência, faringite, que pode mimetizar a mononucleose infecciosa e apresentar linfadenite. 16 • Sinais da Infecção disseminada fora do olho e do SNC: pode apresentar pneumonite, miocardite, meningoencefalite, polimiosite, rash cutâneo maculopapular difuso, febre alta, calafrios e prostração. Infecções disseminadas, sem tratamento, são normalmente fatais. • Infecção congênita (mau prognóstico): 90% das crianças são assintomáticas e 10% sintomáticas. Dentre os sintomáticos, 1/3 desenvolve manifestações sistêmicas e 1/3 manifestações neurológicas e/ou oculares. Também pode haver perda auditiva neurossensorial. o Manifestações sistêmicas: hepatoesplenomegalia, icterícia, ascite, pericardite, pneumonite, hipotermia, exantema, púrpura, diarreia. o Manifestações neurológicas: hidrocefalia, calcificações cerebrais, convulsões, micro ou macrocefalia, hipotonia ou espasticidade. o Manifestações oculares: retinocoroidite extensa, nistagmo, catarata, microftalmia. • Pacientes imunodeprimidos o Toxoplasmose ocular: é uma coriorretinite necrosante que se apresenta com o sinal clássico do "farol no nevoeiro", que é um nidus de retinite necrotizante branca macia. A perda da acuidade visual pode ocorrer dependendo da localização da lesão e/ou do grau de comprometimento inflamatório. o Toxoplasmose cerebral: A manifestação no serviço de emergência mais comum é de déficit motor focal, geralmente hemiparesia ou hemi-hipoestesia associada à confusão mental, que se instala no decorrer de dias, ou ainda de forma súbita, com cefaleia, febre e ataxia. Diagnóstico O principal método diagnóstico é a identificação de anticorpos por exames imunoenzimáticos (ELISA) (detecção de IgG e IgM contra Toxoplasma gondii. Exames complementares Nos exames de sangue, paciente pode apresentar linfocitose atípica, anemia leve, leucopenia e enzimas hepáticas ligeiramente elevadas durante a fase aguda da doença. Tratamento medicamentoso • Evolução sem sequelas não precisa de tratamento específico. 17 • Cegueira, diminuição auditiva seguem tratamento específico e em sua maioria utilizam os medicamentos descritos na tabela abaixo: Causas Tratamento Toxoplasmose ganglionar Sulfadiazina 1g 6/6h + pirimetamina 25mg 24/24h + ácido folínico 10mg Toxoplasmose ocular Sulfadiazina 1g 6/6h + pirimetamina 25mg 24/24h + ácido folínico 10mg + prednisona 1mg/kg/dia Toxoplasmose em gestantes (TTO não confirmado) Espiramicina 1g 8/8h Toxoplasmose em gestantes (TTO confirmado) Espiramicina 1g 8/8h até 20 semanas de gestação. Sulfadiazina 1g 6/6h + pirimetamina 50mg 24/24h + ácido folínico 15mg a partir da 21 semana de gestação. Toxoplasmose em pacientes com AIDS Sulfadiazina 1g a 1,5g 6/6h + pirimetamina 50mg 24/24h + ácido folínico 15mg. Após 6 semanas, é recomendado manter 50% das doses até níveis adequados de CD4. 18 Ancilostomose Introdução Ancilostomose humana, popularmente conhecida como “amarelão” é uma doença parasitária de impacto mundial, mas ainda negligenciada, sobretudo por ser mais prevalente em áreas de pobreza e desigualdade social. É uma helmintíase causada por vermes nematódeos (nematodiose) que vivem no intestino delgado, sobretudo no duodeno. O ciclo biológico é direto, sem hospedeiros intermediários. A maioria dos infectados é assintomática e, entre os sintomáticos, desenvolvem-se quadros variáveis de anemia e desnutrição. Os sintomas em adultos têm menor gravidade que nas crianças. • Principais agentes etiológicos: Ancylostoma duodenale, Necator americanus e A. ceylanicum. • Vias de infecção: penetração direta na pele (todas as três espécies) ou pela ingestão da larva (apenas A. duodenale e A. ceylanicum). Figura 7 - Ancylostoma duodenale Figura 8 - Necator americanus Fonte: http://moblog.whmsoft.net/ Fonte: Science Photo Library Sinais e sintomas • Quadros assintomáticos na maioria dos infectados. • Perda sanguínea: anemia, palidez cutânea, tontura, cansaço fácil, sonolência, melena. • Desnutrição. • Náuseas, vômitos, anorexia, obstipação, diarreia. • Dor abdominal (que pode simular apendicite). • Acometimento do aparelho circulatório: dispneia de esforço, taquicardia, palpitações e dores anginosas. 19 • Casos avançados: anasarca,hipoproteinemia, cardiomegalia, insuficiência cardíaca, sopros cardíacos, dor no hipocôndrio direito e hepatomegalia. Diagnóstico O diagnóstico clínico não é diagnóstico de certeza. Pode-se presumir diagnóstico clínico em casos graves em zonas endêmicas. O diagnóstico de certeza se dá pelo exame microscópico das fezes, que demonstra os ovos ou larvas, mas não diferencia espécies. Exames complementares • Hemograma: anemia hipocrômica e microcítica pela perda de sangue. • Exames radiológicos: imagens de infiltrados localizados ou difusos, caracterizando uma pneumonite intersticial (síndrome de Loeffler). Tratamento medicamentoso Anti-helmíntico: • Mebendazol: 100 mg, 2x/dia, por 3 dias; ou 500 mg em dose única. • Albendazol: 400 mg em dose única (adultos e crianças acima de 2 anos); menores de 2 anos: 200 mg. • Pamoato de pirantel: 11 mg/kg/dia, por 3 dias (adultos e crianças acima de 2 anos); dose total não pode exceder 1 g. Tratamento da anemia: • Sulfato ferroso: 3 a 5 mg/kg/dia – 200 mg 3x/dia, por 3 meses ou mais. Profilaxia • Melhoria das condições sanitárias. • Educação sanitária continuada. • Uso de calçados (a fim de evitar a penetração direta pelo parasita). • Tratamento de indivíduos infectados. 20 Ascaridíase Introdução A ascaridíase é uma parasitose causada por helmintos nematoides denominados vulgarmente como “lombrigas”, sendo uma das helmintíases mais comuns e de distribuição geográfica ampla. A transmissão se dá via fecal-oral e o ciclo biológico é direto e sem hospedeiro intermediário, havendo dimorfismo sexual. Há infecção do tubo digestivo, além da possibilidade de migração de formas larvárias no interior do organismo humano (realizando uma etapa de seu ciclo no aparelho respiratório) e do deslocamento do verme adulto no trato gastro intestinal. As dimensões avantajadas do helminto podem ocasionar quadros obstrutivos. • Agente etiológico: Ascaris lumbricoides. • Via de transmissão: ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos contendo a larva. Figura 9 - Ascaris lumbricoides Fonte: blogparasitologia.wordpress.com Sinais e sintomas • Fase de invasão larvária: assintomática (quando há grande quantidade de larvas: hepatomegalia e icterícia). • Passagem de larvas pelos pulmões: tosse, dispneia, sibilância e dor retroesternal (síndrome de Loeffler). • Vermes adultos no tubo digestivo: anorexia, dor abdominal, distensão abdominal, cólicas, náuseas, vômitos e diarreia. Pode haver má-absorção de proteínas, lactose e vitaminas lipossolúveis (gerando sinais de desnutrição e déficit cognitivo em crianças). 21 • Pode haver oclusão ou suboclusão intestinal quando há grande número de helmintos (bolo de áscaris). Além disso, acontece intussuscepção intestinal e volvos em alguns casos. • Acometimento gástrico (grande número): regurgitação e posterior aspiração para árvore traqueobrônquica, obstruindo-a e gerando insuficiência respiratória aguda. • Acometimento de vias biliares: icterícia. • Acometimento pancreático: pancreatite aguda. • Acometimento hepático: abscesso hepático. Figura 10 - Segmento ressecado do intestino delgado contendo ascaris vivos e mortos durante laparotomia. Fonte: GMS German Medical Science Figura 11 - Massive hepatobiliary ascariasis at autopsy Fonte: BMJ Case Rep Diagnóstico O exame clínico não traz diagnóstico de certeza. O diagnóstico laboratorial diagnostica a doença a partir do encontro de ovos em material fecal (exame parasitológico de fezes), sendo estes encontrados com facilidade devido à grande quantidade de ovos liberada diariamente pela fêmea de A. lumbricoides (até 200 mil ovos/dia/fêmea). Tratamento medicamentoso • Levamisol: primeira escolha, 80 mg, dose única (crianças); 150 mg, dose única (adultos). Causa paralisia espástica nos vermes, facilitando sua eliminação. • Drogas helmínticas de espectro amplo: albendazol (400 mg, dose única) e mebendazol (100 mg, 2x/dia, por 3 dias ou 500 mg, dose única). Não podem ser usados de primeira escolha, uma vez que, 22 atuando em processos metabólicos do parasito e causando sua morte de forma lenta, podem propiciar complicações devido à mobilização dos vermes. • Quando há oclusão ou suboclusão intestinal por “bolo de áscaris”: piperazina (50 mg/kg, dose máxima de 3 g). Causa paralisia flácida nos vermes, facilitando a eliminação dos vermes por meio do peristaltismo estimulado por óleo mineral (50 mL), administrado simultaneamente. o Se insucesso, administrar mais metade da dose de piperazina e, se falhar novamente, remoção cirúrgica. Profilaxia • Melhoria das condições sanitárias; • Educação sanitária; • Diagnóstico e tratamento de indivíduos doentes; • Filtração da água para consumo e lavagem adequada dos alimentos e das mãos. 23 Enterobiose Introdução A enterobiose ou oxiurose é uma helmintose causada por um nematódeo popularmente conhecido por “oxiúros” e que tem grande capacidade de adesão e migração pelo tubo digestivo, possibilitando que o verme possa ser encontrado na região perianal do hospedeiro e visto a olho nu. É bastante prevalente e tem ampla distribuição mundial. O ciclo de vida é monoxênico, ou seja, de apenas um hospedeiro, e há dimorfismo sexual. O helminto localiza-se preferencialmente no ceco, no apêndice, no cólon e no reto, onde determina sua principal manifestação clínica, o prurido anal. • Agente etiológico: Enterobius vermicularis (ou Ascaris vermicularis, Oxyurus vermiculares, E. gregorii). Figura 12 - Enterobius vermicularis Fonte: edisciplinas.usp.br • Vias de transmissão: → Heteroinfecção: quando ovos presentes em alimentos, poeira ou outros fômites alcançam novo hospedeiro. → Indireta: quando ovos presentes em alimentos, poeira ou outros fômites alcançam o mesmo hospedeiro que os eliminou. → Autoinfecção externa ou direta: o indivíduo parasitado, após coçar região perianal, leva os ovos à boca. → Autoinfecção interna: larvas eclodem ainda dentro do reto e migram até o ceco, transformando-se em vermes adultos. → Retroinfecção: larvas eclodidas na região perianal do hospedeiro readentram o sistema digestivo pelo ânus, ascendem pelo intestino grosso até chegarem ao ceco, onde se transformam em vermes adultos. 24 Sinais e sintomas • Quadros assintomáticos (maioria). • Sintoma característico: prurido anal e vulvar, decorrente da presença de helmintos nas regiões anal, perianal e perineal. Exacerba-se à noite, podendo tornar-se intolerável, o que leva o paciente a coçar-se constante e intensamente. Isto resulta numa proctite e facilita a contaminação ânus-boca. • Sintomas digestivos: náuseas, vômitos e dores abdominais vagas (devido à fixação do verme à mucosa intestinal). • Quando as migrações erráticas atingem o aparelho genital feminino, pode haver sintomas como excitação sexual, onanismo, corrimento vaginal, salpingite, ooforite e granulomas peritoneais. Diagnóstico Quando há sintomatologia típica, o diagnóstico é bastante facilitado. Além disso, a visualização direta da presença do verme na região anal, perianal e perineal, além da superfície das fezes, também auxiliam muito o diagnóstico. Figura 13 – Visualização direta Fonte: Fonte: edisciplinas.usp.br Exames complementares Os ovos dos enteróbios raramente são encontrados nas fezes e, por isso, as técnicas habituais dão positividade de apenas 5%. A técnica utilizada para a demonstração dos ovos é a do swab anal, ou método da fita gomada, tendo positividade maior quando o material é coletado pela manhã, antes da higiene pessoal. 25 Tratamento • Pamoato de pirantel: 10 mg/kg, dose única, via oral. Nãodeve ser administrado em gestantes. • Mebendazol: 100 mg, 2x/dia, por 3 dias. Útil nos poliparasitados. • Albendazol: 10 mg/kg, dose única, via oral. • Nitazoxanida: 7,5 mg/kg, dividido em 2 tomadas durante 3 dias. • Ivermectina: 200 µg/kg, dose única. Quando associada a 400 mg de albendazol, eficácia maior. • Tratar todos os membros da família ou grupo comunitário simultaneamente, podendo ser necessárias várias séries de tratamento para erradicar a parasitose. Profilaxia • Tratamento dos indivíduos infectados; • Práticas de higiene pessoal, sobretudo a lavagem das mãos. 26 Bicho geográfico (Larva migrans cutânea) Introdução Alguns parasitos têm nos animais domésticos e silvestres seus hospedeiros definitivos. Desse modo, quando as larvas destes parasitos infectam um hospedeiro que não seja definitivo, não conseguem completar seu ciclo e migram através dos tecidos deste hospedeiro “anormal”, que muitas vezes é representado pelo homem. Isso é o que ocorre com a Larva migrans cutânea, ou doença do bicho geográfico. Ela também é chamada de dermatite serpiginosa e dermatite pruriginosa, sendo comum em regiões de cidades tropicais e subtropicais. • Principais agentes etiológicos: Ancylostoma caninum e Ancylostoma braziliense. • Via de infecção: penetração ativa de larvas na pele humana por deposição de fezes de animais contaminados em área de terra, areia ou grama. Sinais e sintomas • Eritema e prurido na penetração ativa (alguns casos) • Lesão eritemopapulosa que evolui para aspecto vesicular • Rastro saliente e pruriginoso • Infecção secundária (pelo ato de coçar) • Crostas (lesões mais antigas) • Doença autorresolutiva Figura 14 – Lesão da doença Figura 15 – Lesão da doença Fonte: mdsaude.com Fonte: mdsaude.com Diagnóstico O diagnóstico é dado através do exame clínico, devendo o médico analisar principalmente o aspecto dermatológico da lesão. Não é 27 necessário nenhum exame complementar para o diagnóstico dessa doença. Tratamento medicamentoso • Tratamento de escolha: Tiabendazol (pomada) com aplicação 4x/dia. • Em caso de infecções múltiplas: TTO de escolha + tiabendazol 25mg/kg via oral 2x/dia, durante 2 dias. • Infecções microbianas secundárias: anti- histamínicos + esteroides tópicos + antibacterianos tópicos ou VO. • Cloretila ou neve carbônica: matam a larva pelo frio. Profilaxia • Utilizar calçados em áreas de grama, areia ou terra; • Tratar cães e gatos com verminoses; • Impedir o acesso de cães e gatos a caixas de areia, parquinhos não cimentados e praias; • Substituir solos e áreas de terra por pisos de alvenaria. 28 Toxocaríase (larva migrans visceral e larva migrans ocular) Introdução A toxocaríase ou toxocarose é causada pela presença de larvas de parasitos comuns aos animais domésticos nas vísceras humanas ou no globo ocular. Essas larvas infectam o homem acidentalmente, migrando pelos órgãos e causando uma resposta inflamatória no ser humano, porém, não conseguem completar seu ciclo de vida e morrem após longa permanência no organismo. A toxocarose ocorre com maior prevalência em crianças, principalmente as que residem em zona de saneamento básico precário ou inexistente. Nesse sentido, crianças em prática de PICA ou geofagia têm grande possibilidade de contrair a doença. • Principal agente etiológico: Toxocara canis e Toxocara cati. • Via de infecção: ingestão de ovos presentes na água, no solo ou em alimentos contaminados ou mal cozidos. Sinais e sintomas • Assintomática na maioria dos pacientes adultos. • Sintomática nos pacientes pediátricos. • Larva migrans visceral o Hepatomegalia e linfadenite o Infiltrados pulmonares: tosse, dispneia o Anorexia e desconforto abdominal o Envolvimento do SNC: crises epilépticas, meningite e encefalite. o Resposta inflamatória dos órgãos acometidos. • Larva migrans ocular o Maioria das infecções é unilateral. o Pode ocorrer a perda da visão em casos mais graves. Diagnóstico Utiliza-se globalmente os testes sorológicos para o diagnóstico, como PCR, ELISA e WB. Além disso, pode-se utilizar a IgE específica anti- toxocara. 29 Exames complementares • Ao exame de sangue: leucocitose, hipereosinofilia (>2.000/uL) e hipergamaglobulinemia, podendo também ocorrer aumento da IgE total e específica. • Exames de imagem: hiperdensidade irregular na base pulmonar direita. A imaginologia não é patognomônica, porém, pode fornecer dados que apoiem o diagnóstico, estabelecendo uma relação da LMV com o componente pulmonar. • Exame oftalmológico: processo uniocular, aspectos morfológico e topográfico das lesões, tomografia ocular. Figura 16 - Fundoscopia ocular mostrando lesões brancas causadas pela migração das larvas de T. cati (setas). Fonte: Asian Pacific Journal of Tropical Biomedicine Figura 17 – Fígado de ave infectado por T. canis. Observam-se numerosos pontos esbranquiçados. Fonte: Nematode Infections - Neurological involvement and neurobiology Tratamento medicamentoso • LMV o Infecção usualmente autolimitante, portanto, na maioria das vezes o tratamento é dispensado. o Albendazol 5mg/kg 2X ao dia, durante 5 dias. o Ivermectina dose única 12mg VO. 30 o Tiabendazol 25mg/kg 2X ao dia, durante 3 dias. o Tratamento sintomático (oxigenoterapia, anti-histamínicos e corticoides). • LMO o Uso de corticoides nas fases iniciais ou corticoide periocular. o Fotocoagulação e vitrectomia em caso de granulomas. o Anti-helmínticos não apresentam muita eficácia porque não penetram o globo ocular. 31 Referências bibliográficas 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de vigilância em saúde. Vol 3. 1ª ed. Brasília-DF: Ministério da Saúde, 2017. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Doença de Chagas. Nº 397. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. 3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. 8. ed. rev. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 4. MARTINS, Mílton A. et al, (ed.). Clínica médica. 2. ed. rev. Barueri, SP: Manole, 2016. v. 7. 5. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia de tratamento da malária no Brasil – versão preliminar. 2019 6. NEVES, DP. Parasitologia humana. 13ª ed. São Paulo: Atheneu. 2016. 7. VERONESI, R; FOCACCIA, R. Tratado de Infectologia. 5 ed. São Paulo: Atheneu, 2015.
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