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Curativos, lesões e coberturas Funcoes da pele Proteção: minimiza as lesões provocadas por agentes químicos, térmicos e ondas luminosas; Barreira: impede a invasão por microrganismos e perda de água e eletrólitos; Percepção: uma vasta superfície sensitiva que contem órgãos neurossensoriais finais para tato, dor, temperatura e pressão; Termorregulação: dissipação de calor pelas glândulas sudoríparas e o armazenamento de calor pelo isolamento subcutâneo; Comunicação: as emoções são expressas na linguagem de sinais e da postura corporal. Os mecanismos vasculares, como enrubescer ou empalidecer, também são sinais de estados emocionais; Recuperação de feridas: a pele é responsável pela substituição das células em feridas superficiais. Conceitos de feridas É toda e qualquer ruptura que afete a integridade de um órgão ou tecido; Lesão do tecido em decorrência de trauma mecânico, físico ou térmico ou que se desenvolva a partir de uma condição patológica ou fisiológica; Qualquer lesão que provoque a descontinuidade do tecido corpóreo, impedindo suas funções básicas, podendo ser intencional (cirúrgica) ou acidental (trauma). Classificacao de feridas Quanto a causa Cirúrgicas: provocadas intencionalmente; - Incisa: onde não há perda de tecido e as bordas são geralmente fechadas por sutura; - Excisão: onde há remoção de uma área da pele. Ex.: área dadora de enxerto; - Punção: procedimentos terapêuticodiagnósticos como cateterismo cardíaco, punção venosa e biopsia. Traumáticas: provocadas acidentalmente por agentes. - Mecânico: contenção, perfuração, corte; - Químico: iodo, cosméticos, ácido sulfúrico; - Físico: frio, calor, radiação. Patológicas: ocorre como consequência de uma patologia (ulcera de pressão, neoplasia, ulceras venosas: deficiência do sangue em retornar ao coração e artériasobstrução nas artérias, com consequente diminuição ou interrupção do fluxo sanguíneo). Iatrogênicas: resultantes de procedimentos ou tratamentos (radioterapia). Iatrogenia= alteração patológica provocada no paciente pela prática dos profissionais da saúde, seja ela certa ou errada, justificada ou não, mas da qual resultam consequências prejudiciais para a saúde do paciente. Quanto a evolução Aguda: feridas de fácil resolução, há ruptura da vascularização e desencadeamento imediato de hemostasia (cortes, escoriações, queimaduras); Crônica: feridas de longa duração (desvio do processo cicatricial fisiológico). Quanto a presença de infecção Limpas: nas feridas limpas, não drenadas, recomenda-se o uso de curativos nas primeiras 24 horas após a cirurgia. Se a incisão estiver seca, recomenda-se limpeza com água e sabão e secagem com gaze estéril. Infectadas: o processo de cicatrização só será iniciado quando o agente agressor for eliminado e o exsudato e os tecidos desvitalizados retirados. Fundamental nesta situação é a limpeza meticulosa. O excesso de exsudato deve ser removido, juntamente com exotoxinas e debris, pois a presença desses componentes pode retardar o crescimento celular e prolongar a fase inflamatória, o que prejudica a formação do tecido de granulação. Contaminadas: feridas cujo tempo de atendimento foi superior após o trauma O risco de infecção da ferida já atinge 10 a 17%. Quanto a cor do leito da ferida Vermelha: feridas com predomínio do tecido de granulação e novo epitélio, favorecendo o ambiente úmido, protegendo os tecidos e prevenindo a infecção, indica tecido de granulação saudável e limpo; Amarela: feridas que apresentam exsudato fibroso e seus tecidos são moles e desvitalizados, podendo estar colonizadas, o que favorece a instalação de infecção, indica presença de exsudato ou secreção e necessidade de limpeza. O exsudato pode ser amarelo claro, cremoso, esverdeado ou bege; Preta: apresentam necrose do tecido, com formação de escara espessa e necessitando remoção de tecido necrosado com a máxima rapidez e eficácia através do desbridamento, o tecido necrótico torna mais lento a cicatrização e proporciona um local para proliferação de microrganismos. Avaliacao das feridas Localização; Tamanho; Tempo de existência; Fase da cicatrização; Se há presença exsudato; Se há presença de odor; Pele ao redor; Se necessita de desbridamento; Tipo de cobertura a se usar; Infectada ou colonizada; Agente infectante; Tipo de ferida; Dor. Comprimento x Largura - Medir o eixo mais longo da ferida como comprimento; - Depois medir o eixo perpendicular mais largo como largura; - Medir em centímetros, C x L x P. Classificacao São categorizadas para indicar a extensão do dano tissular, podendo variar em estágio 1 ao estágio 4: Estágio 1: pele íntegra com eritema que não embranquecem, pele intacta; Estágio 2: perda parcial da pele, com exposição da derme; - O leito da ferida é viável, rosa ou vermelho, úmido e pode também apresentar-se como uma bolha intacta (preenchida com exsudato seroso) ou rompida. - Tecido de granulação, esfacelo e escara não estão presentes. Estágio 3: perda da pele em sua espessura total, na qual o tecido adiposo (gordura) é visível; - Esfacelo e/ou escara podem ser visíveis, podem também ocorrer deslocamento ou túneis; - Não há exposição de fáscia, músculo, tendão, ligamento, cartilagem e/ou osso. Estágio 4: perda total da pele e perda tissular; - Exposição ou palpação direta da fáscia, músculo, tendão, ligamento, cartilagem ou osso; - Esfacelo e/ou escara podem ser visíveis Lesão por pressão não classificável: perda da pele em sua espessura total e perda tissular não visível; - A extensão do dano não pode ser confirmada porque está encoberta por esfacelo ou escara; - Ao se remover esfacelo ou escara LPP estágio 3 ou 4 ficará aparente. Lesão p pressão tissular profunda: descoloração vermelho escura, marrom ou púrpura, persistente e que não embranquece. - Pele intacta ou não; - Lesão com leito escuro; - Bolha com exsudato sanguinolento. Escala de Braden Ferida asséptica: não contaminada. Ex.: ferida cirúrgica; Ferida séptica: contaminada. Ex.: feridas laceradas; Coberturas É o recurso utilizado para cobrir uma ferida, com o objetivo de favorecer o processo de cicatrização e protegê-la de agressões externas: Ideal: ferida com tecido de granulação e umidade adequada; Ferida seca: não permite irrigação, oxigenação, circulação e regeneração; Ferida com excesso de exsudato: favorece a infecção. Gaze umedecida com solução fisiológica a 0,9% - Composição: gaze estéril e soro fisiológico a 0,9%; - Mecanismo de ação: mantém a ferida úmida, favorece a formação do tecido de granulação, amolece os tecidos desvitalizados; - Indicação: manutenção da ferida úmida; - Tipos de feridas: feridas com cicatrização por segunda ou terceira intenção; - Contraindicação: feridas com cicatrização por primeira intenção e locais de inserção de drenos e cateteres; Modo de usar: - Limpar a ferida com soro fisiológico a 0,9% por irrigação; - Manter a gaze úmida em contato com todo leito da ferida; - Ocluir com curativo secundário seco estéril; - A troca será realizada de acordo com a saturação do curativo secundário ou a cada 24 horas; Observação: a solução de cloreto de sódio a 0,9% pode ser substituída por solução de Ringer simples, pois possui composição eletrolítica isotônica semelhante à do plasma sanguíneo. Hidrocoloide - Composição: derivado da celulose natural, contém partículas que formam uma placa elástica autoadesiva. Sua face externa contém uma película de poliuretano que proporciona uma barreira protetora contra bactérias e outros contaminantes externos; - Mecanismo de ação: as partículas de celulose expandem-se ao absorver líquidos e criam um ambiente úmido, que permite o desbridamento,estimula o crescimento de novos vasos e de tecido de granulação; - Indicação: em lesões não contaminadas, com pequena ou moderada quantidade de secreção e prevenção de lesão por pressão em pele íntegra; - Contraindicação: em casos de infecção ou necrose, de excessiva drenagem e em casos de exposição de músculos, ossos ou tendões; - Vantagens: protege o tecido de granulação de ressecamento e trauma, adere a superfícies irregulares do corpo e possui a capacidade de moldar-se. Não permite a entrada de água durante a higiene, fornecendo uma barreira efetiva contra bactérias; - Desvantagens: não permite a visualização da ferida, pode apresentar odor ruim na remoção, o adesivo pode causar sensibilidade, não absorve grande quantidade de secreção e o alto custo do tratamento; Modo de usar: - Escolher a placa com diâmetro que ultrapasse a borda da lesão; - Pressionar firmemente as bordas e massagear a placa para perfeita aderência; - Trocar a placa sempre que o gel extravasar, o curativo se deslocar e/ou, no máximo, a cada 7 dias Alginato de cálcio - Composição: é derivado de algumas algas e composto de cálcio. Realiza hemostasia, absorção de líquidos e retenção de bactérias na trama das fibras; - Mecanismo de ação: em contato com o exsudato da lesão, as fibras de alginato são transformadas em um gel não aderente, mantendo o meio úmido ideal para a cicatrização. Tem propriedade desbridante; - Indicação: lesões limpas ou infectadas, exsudativas ou com sangramento, feridas profundas e cavitarias; - Contraindicação: lesões com pouca quantidade de exsudato ou secas; - Vantagem: alta capacidade de absorção; - Desvantagem: potencialidade de macerar quando em contato com a pele sadia; Modo de usar: - A sua colocação, apenas no leito da ferida, deve ser feita de maneira frouxa, para possibilitar a expansão do gel; - Necessita de cobertura secundária; - As trocas devem ser mediante a saturação dos curativos ou, no máximo, a cada 7 dias. Se a ferida for contaminada, trocar diariamente. Carvão ativado com prata - Composição: possui uma cobertura contendo tecido de carvão ativado cuja superfície é impregnada com prata, exercendo atividade bactericida; - Mecanismo de ação: possui alto grau de absorção de exsudato, eliminação de odor das lesões e eliminação das bactérias; - Indicação: em úlceras exsudativas infectadas, com odor acentuado; - Contraindicação: em feridas limpas e/ou sem exsudato Modo de usar: - Remover o exsudato e tecido desvitalizado, se necessário; - Colocar o curativo de carvão ativado e usar cobertura secundária; - A troca deverá ser a cada 48 ou 72 horas. Observação: o curativo não deve ser cortado, porque as partículas soltas de carvão podem ser liberadas sobre a lesão e agir como um corpo estranho. Espuma de poliuretano com prata - Composição: cobertura composta por uma camada de espuma absorvente de poliuretano e uma matriz de alginato de prata; - Mecanismo de ação: absorve o exsudato da ferida e possui eficácia ação antimicrobiana; - Indicação: feridas contaminadas, com moderado a alto exsudato; - Contraindicação: em feridas limpas e/ou sem exsudato; Modo de usar: - Remover o exsudato e tecido desvitalizado, se necessário; - Colocar o curativo de espuma de poliuretano com a prata voltada para o leito da ferida e usar cobertura secundária; - A troca deverá ocorrer quando houver saturação da cobertura, não ultrapassando 7 dias após a aplicação; Colagenase - Composição: clostridiopeptidase-A e enzimas proteolíticas; - Mecanismo de ação: degradação seletiva do colágeno da ferida; - Indicação: desbridamentos em feridas com tecido desvitalizado, retirando ou dissolvendo, enzimaticamente, necroses e crostas; - Contraindicação: feridas com cicatrização por primeira intenção; Modo de usar: - Secar a pele ao redor; - Aplicar uma camada de pomada diretamente na área a ser tratada; - Utilizar gaze como cobertura secundária e ocluir com adesivo; - Trocar o curativo a cada 24 horas. Compressa com emulsão de Petrolatum - Composição: curativo estéril, não aderente, constituído por uma malha de celulose impregnada com uma emulsão de petrolatum; - Mecanismo de ação: é umectante, contribuindo para manutenção da hidratação de lesões e acelerando o processo de cicatrização; - Indicação: garantir umidade adequada para favorecer a cicatrização e evitar a aderência do curativo secundário ao leito de feridas limpas e com tecido de granulação; - Contraindicação: feridas muito exsudativas, contaminadas e com presença de necrose ou crosta; Modo de usar: - Lavar a ferida com soro fisiológico a 0,9%; - Secar a pele ao redor; - Aplicar a compressa com emulsão de Petrolatum; - Utilizar gaze como cobertura secundária e ocluir com adesivo; - Trocar o curativo a cada 24-72 horas. Ácidos Graxos Essenciais (AGEs) - Composição: originado de óleos vegetais, necessários para manter a integridade da pele e criar uma barreira contra perda de água; - Mecanismo de ação: promovem angiogênese, mantêm o meio úmido e aceleram o processo de granulação tecidual; - Indicação: prevenção de lesão por pressão em pele íntegra e em feridas limpas com tecido de granulação; Modo de usar: - Lavar a ferida com soro fisiológico a 0,9%; - Secar a pele ao redor; - Aplicar o AGE na pele ao redor da lesão ou no leito da ferida; - Utilizar gaze como cobertura secundária e ocluir com adesivo - trocar o curativo a cada 24 horas. Sulfadiazina de prata - Composição: sulfadiazina de prata a 1% (antibiótico); - Mecanismo de ação: tem ação bactericida e bacteriostática; - Indicação: em lesão contaminada e para tratamento de queimadura; - Contraindicação: hipersensibilidade ao produto Sulfadiazina de prata; Modo de usar: - Lavar a ferida; - Secar a pele ao redor; - Aplicar uma fina camada do creme sobre as gazes e aplicá-las por toda a extensão da lesão; - Utilizar gaze como cobertura secundária e ocluir com adesivo; - Trocar o curativo a cada 24 horas. Hidrogel - Composição: gel transparente, com alto teor de água, associado a alginato de cálcio; - Mecanismo de ação: promove desbridamento, mantém o meio úmido e facilita a reidratação celular; - Indicação: feridas com tecido necrótico ou crosta (remoção de tecidos desvitalizados); - Contraindicação: pele íntegra, incisões cirúrgicas fechadas, feridas contaminadas e com exsudato abundante; Modo de usar: - Lavar a ferida com soro fisiológico a 0,9%; - Secar a pele ao redor; - Aplicar uma camada de gel diretamente na área a ser tratada; - Utilizar gaze como cobertura secundária e ocluir com adesivo; - Trocar o curativo a cada 24 ou 72 horas. Objetivos - Promover e manter o ambiente úmido para cicatrização; - Remover o excesso de Exsudato; - Permitir trocas gasosa; - Ser impermeável às bactérias; - Estar livre de partículas contaminantes; - Permitir a retirada sem traumas. Cuidados - Higienizar as mãos antes e depois de qualquer procedimento; - Explicar ao paciente o procedimento que será realizado; - Garantir a sua privacidade, utilizar biombos; - Realizar a assepsia da bandeja que será utilizada; - Prepare a bandeja no posto de enfermagem com o material necessário para a execução da técnica; - Posicionar o paciente adequadamente; - Utilizar EPI’s necessários: gorro, máscara e óculos de proteção; - Garantir técnica estéril. Limpeza Deve ser feita da área menos contaminada para a área mais contaminada, evitando-se movimentos de vaivém; Nas feridas cirúrgicas, a área mais contaminada é o tecido perilesional (ao redor da ferida). Nas úlceras ou feridas infectadas a área mais contaminada é a do interior da lesão. Avaliação da ferida: - Formato, tamanho e profundidade da ferida; - Aspecto da peri-lesão (bordas); - Presença de túneis; - Localização e coloração; - Quantidade de exsudato; - Presençade dor e odor; - Avaliar a progressão/regressão ou qualquer mudança na ferida; - Definir os produtos necessários/apropriados para ferida. Realizacao do curativo 1° Limpar o carro de curativo; 2° Colocar somente o material necessário: solução fisiológica, gaze, esparadrapo hipoalergênico, fita adesiva, pinças, cobertura previamente escolhida, luvas de procedimento, bisturi descartável, recipiente para descarte de material perfuro cortante, recipiente para material contaminado, cesto de lixo; 3° Preparar todo material necessário; 4° Remover o curativo existente; 5° Proceder à limpeza com S.F 0,9%, sobre a lesão; 6° Remover todo tecido desvitalizado; 7° Aplicar novamente o jato de S.F. a 0,9%; 8° Secar toda a pele ao redor da lesão; 9° Aplicar cobertura indicada; 10° Ocluir. Cuidados Características de um curativo ideal: Manter a umidade no leito da ferida; Manter a temperatura em torno de 37o C no leito da ferida; Absorver o excesso de exsudato, mantendo uma umidade ideal; Prevenir a infecção, devendo ser impermeável a bactérias; Permitir sua remoção sem causar traumas no tecido neoformado; Não deixar resíduos no leito da ferida; Limitar a movimentação dos tecidos em torno da ferida; Proteger contra traumas mecânicos.
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