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20A8 - Trabalho de Curso

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1 
 
UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP 
 
 
 
 
 
 
 
JACQUELINE SEABRA DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
LICITAÇÃO 
“CONTRATAÇÃO DIRETA SEM LICITAÇÕES” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2021 
 
2 
 
UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP 
 
 
 
 
 
 
 
JACQUELINE SEABRA DE OLIVEIRA 
RA: 4353684 FONE: (11) 9.6610-8391 E-MAIL: jack_seabra@hotmail.com 
 
 
 
 
 
 
LICITAÇÃO 
“CONTRATAÇÃO DIRETA SEM LICITAÇÕES” 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada à Banca 
Examinadora da Universidade Paulista 
UNIP, como exigência parcial para 
obtenção do título de Bacharel em Direito 
sob a orientação do Professor Arthur 
Bezerra de Souza Junior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2021 
 
 
 
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BANCA EXAMINADORA: 
 
 
 Professor Orientador: __________________________ 
 
Professor Arguidor: ____________________________ 
 
Professor Arguidor: ____________________________ 
 
 
 
 
 
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“Posso não concordar com nenhuma das palavras que você 
disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las” 
(Evelyn Beatrice Hall) 
 
 
 
 
 
5 
 
RESUMO 
 
Embora o procedimento licitatório seja regra conforme a Lei 8.666/93, possui 
exceções estando elencados aos artigos 24 e 25 da Lei de Licitações (dispensa de 
inexigibilidade). Dispensa de licitações tem fundamentação no artigo 24 da Lei de 
8.666/93, que são objetos licitáveis, ou seja, objetos que possam ser fornecidos por 
outras pessoas. Já a inexigibilidade, falta os pressupostos lógicos que consiste na 
pluralidade de ofertantes, está elencada no artigo 25 da Lei. Sendo assim a licitação 
é um procedimento formal de escolha da melhor proposta para a celebração de um 
contrato administrativo, mas possui exceções. 
 
Palavras-chave: Licitação, inexigibilidade e princípios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 Sumário 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 7 
1.1 Conceito .............................................................................................................................. 8 
1.2 Finalidade ........................................................................................................................... 10 
1.3 Objeto ...................................................................................................................................... 11 
1.4 Princípios da licitação ............................................................................................................ 11 
1.4.1 – Princípio da Igualdade .................................................................................................... 12 
1.4.2 – Princípio da Legalidade .................................................................................................. 12 
1.4.3 – Princípio da Impessoalidade ......................................................................................... 13 
1.4.4 – Princípio da Moralidade .................................................................................................. 13 
1.4.5 – Princípio da Probidade ................................................................................................... 14 
1.4.7 – Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório .............................................. 15 
1.4.8 – Princípio do Julgamento Objeto .................................................................................... 16 
1.4.9 – Princípio da Obrigatoriedade ......................................................................................... 17 
2. Obrigatoriedade de Licitação ............................................................................................. 19 
2.1 Competências para Legislar ............................................................................................ 20 
2.2 Obrigados a Licitar ............................................................................................................ 21 
2.3 Pressupostos da Licitação ............................................................................................... 21 
2.3.1 – Pressupostos Fáticos ................................................................................................. 21 
2.3.2 – Pressupostos Jurídicos .............................................................................................. 22 
2.3.3 – Pressuposto Lógico .................................................................................................... 22 
3. Contratação Direta Sem Licitação .................................................................................... 22 
3.1 Dispensa de Licitação ....................................................................................................... 23 
3.1.1 – Em Razão do Valor .................................................................................................... 27 
3.1.2 – Licitações Excepcionais ............................................................................................. 27 
3.1.3 – Em Razão do Objeto .................................................................................................. 29 
3.1.4 – Em Razão da Pessoa ................................................................................................ 30 
3.2 Inexigibilidade de Licitação .............................................................................................. 30 
3.2.1 – Fornecedor Exclusivo ................................................................................................. 31 
4. Atualização da Nova Lei de Licitações nº 14.133/2021................................................. 31 
4.1 - Principais Alterações: ..................................................................................................... 32 
4.1.1- Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) ................................................. 32 
4.1.2 - Sustentabilidade. ......................................................................................................... 33 
4.1.3 - Procedimento Licitatório. ............................................................................................ 34 
4.1.4 - Diálogo Competitivo .................................................................................................... 35 
4.1.5 - Deslocamento dos crimes para o Código Penal ..................................................... 35 
4.1.5 - Modos de Disputa. ....................................................................................................... 36 
CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 38 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 38 
7 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
A licitação é um procedimento obrigatório mediante o qual a Administração 
Pública seleciona proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse. Como 
procedimento, desenvolve-se através de uma sucessão ordenada de atos vinculantes 
para a Administração e para os licitantes. 
A Lei 8.666/93 foi criada para regulamentar essa obrigatoriedade, além de 
circular as normas gerais sobre licitações, o presente estudo tem como objetivo 
analisar o pregão como uma modalidade de licitação. O pregão, como as outras 
modalidades de licitação, busca obter melhor proposta à administração, aquela 
considerada a mais vantajosa para o ente administrativo que está interessado em 
contratar terceiros. 
Nesta linha, o estudo sobre dispensa e inexigibilidade de licitações públicas 
serão levados em conta os princípios que regem o direito administrativo, bemcomo 
os artigos 24 e 25 da Lei 8.666/93. 
Por fim, a última seção é dedicada a um estudo crítico do tema principal e 
considerações finais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
 
1. Licitações Públicas 
 Licitações públicas são utilizadas para celebrar contratos de prestações de 
serviços, levando sempre em consideração a melhor proposta, tanto no aspecto da 
qualidade, quanto a menos onerosa. 
 
1.1 Conceito 
 
 Licitação é um procedimento público organizado pelo Estado em suas 
contratações, oferecendo sempre igualdade entre os concorrentes, levando sempre 
em consideração os princípios do Direito Administrativo. Segundo Hely Lopes 
Meireles: “licitação é um procedimento administrativo mediante o qual a Administração 
Pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse”. 
 Ao contrário do particular, que dispõe de ampla liberdade na hora de adquirir, 
alienar, locar bens, contratar execução de obras e serviços, a Administração tem que 
obrigatoriamente seguir a Lei 8.666/93. 
 Ainda examinando o conceito de licitação, deparamos com o conceito de Maria 
Silvia Zanella Di Pietro: 
Pode-se definir licitação como o procedimento administrativo pelo qual 
um ente público, no exercício da função administrativa, abre a todos 
os interessados, que se sujeitem às condições fixadas no instrumento 
convocatório. Possibilidade de formularem propostas dentre as quais 
secionará e aceitará as mais convenientes para a celebração do 
contrato. 
 
 Os vínculos contratuais não nascem da licitação, mas são preparados por esta 
para a celebração do ajuste. O procedimento da licitação tem faxes e ator específicos; 
o contrato administrativo tem características próprias e cláusulas essenciais 
irrelegáveis pelas partes. 
 É um certame que as entidades governamentais devem promover e no qual 
abrem disputa entre os interessados em com elas travar determinadas relações de 
conteúdo patrimonial, para escolher a proposta mais vantajosa às conveniências 
públicas. Estriba-se na ideia de competição, a ser travada isonomicamente entre os 
que preencham os atributos e aptidões necessários ao bom cumprimento das 
obrigações que se propõem assumir. 
9 
 
 Donde, pressupõe como regra duas fases fundamentais; uma, a da 
demonstração de tais atributos, chamada habilitação, e outra, concernente à apuração 
da melhor proposta, que é o julgamento. 
 Esta é a definição de Celso Bandeira de Mello1: 
 
Define licitação como um certame que as entidades governamentais 
devem promover e no qual abrem disputa entre os interessados em 
com elas travar determinadas relações de conteúdo patrimonial, para 
escolher a proposta mais vantajosa às conveniências públicas”. 
 
 Há outras definições para o mesmo tema feitas por Miguel Seabra Fagundes2: 
 
A concorrência, licitação é, tipicamente, um procedimento 
administrativo, isto é, uma série de atos ligados entre si, como 
antecedentes e consequentes. Tem ela como um de seus objetivos 
limitar a discrição da autoridade que contrata. Na concorrência, a 
classificação dos concorrentes se dá sempre em função das 
vantagens por eles oferecidas. 
 
 Hely Lopes Meirelles3, no clássico Direito Administrativo Brasileiro, concebe a 
licitação como: 
Licitação é o procedimento administrativo mediante o qual a 
Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa para o 
contrato de seu interesse, inclusive o da promoção do 
desenvolvimento econômico sustentável e fortalecimento de cadeias 
produtivas de bens e serviços domésticos. Como procedimento, 
desenvolve-se através de uma sucessão ordenada de atos vinculantes 
para a Administração e para os licitantes, o que propicia igual 
oportunidade a todos os interessados e atua como fator de eficiência 
e moralidade nos negócios administrativos. 
 
 Hely Lopes Meireles em sua obra pressupõe que: 
 
o procedimento administrativo através do qual a pessoa a isso 
juridicamente obrigada leciona, em razão de critérios objetivos 
previamente estabelecidos, de interessados que tenham atendido à 
sua convocação, a proposta mais vantajosa para o contrato ou ato de 
seu interesse. 
 
 
1 MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administração, 26° ed. São Paulo, Malheiros Editores, 
2009, p .517. 
2FAGUNDES, Miguel Seabra, p. 236/429. 
3MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 37° ed., São Paulo: Malheiros, 2011, p. 283. 
10 
 
 Licitação é o procedimento administrativo que contrata serviços ou adquire 
produtos pela Administração Pública direta ou indireta. No Brasil, essas licitações são 
reguladas pela Lei n° 8.666/934. 
 O ordenamento jurídico em sua Constituição Federal em seu art. 37, XXI, 
determinou a obrigatoriedade da licitação para todas as aquisições de bens e 
contratações de serviços e obras, bem como para alienação de bens, realizada pela 
Administração no exercício de suas funções. 
Art. 37, XXI. Ressalvados os casos especificados na legislação, as 
obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante 
processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a 
todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de 
pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos 
da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica 
e econômica indispensável à garantia do cumprimento das 
obrigações. 
 
 No entanto, a doutrina conceitua licitação como um procedimento 
administrativo, de observância obrigatória pelas entidades governamentais, em que 
observada a igualdade entre os participantes, deve ser selecionada a melhor proposta 
dentre as apresentadas pelos interessados e com elas travam determinadas relações 
de conteúdo patrimonial, uma vez preenchido os requisitos mínimos necessários ao 
bom cumprimento das obrigações a que eles se propõem5. 
 
1.2 Finalidade 
 
 A finalidade da licitação é atender o interesse público por meio da proposta 
mais vantajosa e menos onerosa, observando os princípios constitucionais da 
legalidade, impessoalidade, moralidade, igualdade, publicidade, probidade 
administrativa, vinculação ao instrumento convocatório e julgamento objetivo. 
 A finalidade pode ser observada no artigo 3° da Lei 8.666/93: “a licitação 
destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção 
da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento 
nacional sustentável (...)” 
 
 
4Decreto-lei n° 8.666/93 de 21 de junho de 1993. 
5PAULO, Marcelo Alexandrino Vicente. Direito Administrativo. 19° ed., São Paulo: Método, 2011, p. 562. 
11 
 
1.3 Objeto 
 
 Existe na doutrina dois tipos de objetos, que são denominados de mediatos e 
imediatos: 
 I – Mediatos: é aquilo que administração pretende contratar; 
 II – Imediatos: é a proposta mais vantajosa 
 Conforme o artigo37, XXI, da Constituição Federal, salvos aos que a lei permite 
a contratação direta sem o procedimento licitatório que será objeto principal deste 
estudo. 
1.4 Princípios da licitação 
 
 Os princípios são, em sentido amplo, a origem das normas. É, segundo José 
Afonso da Silva6: “ordenações que se irradiam e imantam os sistemas de normas”. 
Miguel Reale7 arremata dizendo que: “(...) os princípios são verdadeiros fundamentos 
de um sistema de conhecimento, com tais admitidas, por serem evidentes ou por 
terem sido comprovadas, mas também por motivos de ordem prática de caráter 
operacional, isto é, como pressupostos exigidos pelas necessidades de pesquisa e de 
práxis”. 
 Como é comum aos procedimentos dos entes públicos, a licitação também 
segue os princípios gerais do regime jurídico-administrativo, porém é inegável que um 
procedimento licitatório tem outros princípios constitucionais os quais a licitação terá 
que seguir à risca para boa eficácia do procedimento licitatório. 
 A licitação segue procedimentos pautados uns após os outros, os quais 
vinculam a administração e os licitantesàs exigências de todo o trâmite licitatório, as 
administrações podem adequar o procedimento licitatório às peculiaridades de suas 
repartições, e geralmente, fazem através do caderno de obrigações ou de encargos, 
mas, uma vez fixadas as normas procedimentais, não podem afastar-se de suas 
prescrições, sob pena de invalidarem a licitação, este é o princípio da formalidade do 
procedimento, o qual domina toda licitação. Parelhando os que realizam e os que 
licitam aos mesmos preceitos procedimentais. 
 Daí o que faz valer o preceito do artigo 4° da Lei 8.666/93, de 1993, alude que 
os participantes de licitação têm direito público subjetivo à fiel observância do 
 
6 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 32° ed. São Paulo: Malheiros, 2009, 
p.92. 
7 REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 7° ed. São Paulo: Saraiva, 1980, p. 299. 
12 
 
pertinente procedimento, muito embora dirigido aos órgãos e entidades da 
Administração Federal, esse dispositivo enuncia uma norma geral. 
 Maria Sylvia Zanella Do Pietro, observa que: 
 
(...) a própria licitação constitui um princípio a que se vincula a 
Administração Pública. Essa é uma decorrência do princípio da 
indisponibilidade do interesse público e que se constitui em uma 
restrição à liberdade administrativa na escolha do contratante: 
administração terá que escolher aquele cuja proposta melhor atenda 
ao interesse público8. 
 
 O artigo 3°, do Decreto Lei n° 2300, de 21 de novembro de 1986, menciona que 
a licitação será julgada e processada em estrita conformidade com os princípios 
básicos da igualdade, da publicidade, da propriedade administrativa, da vinculação ao 
instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. 
Acrescenta-se ainda, conforme o artigo 3°, da Lei n° 8.666/93, os princípios da 
legalidade, impessoalidade e da moralidade (prevista no art. 37, caput, da 
Constituição). 
1.4.1 – Princípio da Igualdade 
 
 Este princípio visa assegurar igualdade de direitos a todos os interessados em 
contratar e permitir a melhor escolha à Administração. A Constituição Federal, no seu 
art. 5°, caput, estabelece que, sem distinção de qualquer natureza, todos são iguais 
perante a lei. Portanto, todos têm que ser tratado pela Administração Pública de forma 
igual. 
 O objetivo deste princípio é evitar privilégios por parte de alguns, esta igualdade 
não significa nivelamento econômico, mas sim de uma igualdade jurídica formal. 
 Todavia, Celso Antonio Bandeira de Mello dispõe sobre este princípio: “que o 
princípio da igualdade não deve ser entendido em termos absolutos de modo a se 
converter em obstáculo do bom e eficaz desempenho da atividade administrativa”9. 
 Dessa forma, para todos aqueles que desejam ser contratados pela 
Administração devem ter iguais chances de participação na licitação. 
1.4.2 – Princípio da Legalidade 
 
 
8 PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. Direito Administrativo. 24° ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 63. 
9 MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 22° ed., São Paulo: Malheiros, 
2007, p. 74. 
13 
 
 A Administração Pública tem que seguir os mandamentos da lei, não podendo 
se esquivar de segui-la, sob pena de invalidade do ato e responsabilidade de seu 
autor. O princípio não incide só sobre a atividade administrativa, mas também às 
demais atividades do Estado. 
 Portanto, a lei é quem define e rege os ditames da licitação, por isso é de 
grande importância no procedimento licitatório. Todas as fases da licitação estão 
elencadas na Lei 8.666/93, cujo artigo 4° estabelece que todos que participem de 
licitação promovida pelos órgãos ou entidades a que se refere o artigo 1° têm direito 
público subjetivo à fiel observância do pertinente procedimento estabelecido na lei10. 
 O princípio da legalidade determina que a atividade administrativa deverá ser 
executada na conformidade da lei. Enquanto o particular tem a liberdade de fazer tudo 
o que a lei não proíbe, a Administração Pública somente tem a permissão de fazer 
aquilo que a lei autoriza. 
1.4.3 – Princípio da Impessoalidade 
 
 Na impessoalidade, o ato administrativo não deve ser elaborado tendo como 
objetivo a pessoa de alguém, ou seja, a licitação não é feita pensando em uma pessoa 
específica, tem que servir a qualquer pessoa, é um ato impessoal. 
 Todos que participam da licitação devem ser tratados de forma igualitária em 
seus direitos e obrigações, devendo a Administração, em suas decisões não levar em 
conta as condições pessoais ou vantagens oferecidas pelos licitantes, salvo no 
instrumento convocatório. 
 O princípio da impessoalidade traz a ideia de que a conduta do agente público, 
no desempenho da atividade administrativa e na condição de gestor da coisa pública 
deve ser sempre objetiva e impessoal, tendo por único objetivo, a satisfação do 
interesse público. 
1.4.4 – Princípio da Moralidade 
 
 A moralidade administrativa esta ligada a boa-fé, a moral, os bons costumes, 
no qual o bom administrador usa de sua competência da melhor forma e mais útil para 
o interesse público. 
 
10 TANAKA, Sônia Yuriko Kanashiro. Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 287. 
14 
 
 A importância do princípio da moralidade administrativa já for ressaltada pelo 
Tribunal de Justiça de São Paulo (RDA 89:134) ao afirmar que a moralidade 
administrativa e o interesse coletivo integram a legalidade do ato administrativo. 
 Especificamente no âmbito das licitações e contratos administrativos, o 
princípio da probidade e moralidade administrativa tem o mesmo sentido, qual seja, o 
dever de agir com lealdade e boa-fé, ou seja, os agentes da Administração Pública 
nas suas ações devem preservar a lisura e licitude. É justamente em razão disto que 
ao optar pela dispensa e inexigibilidade de licitação, deve fazê-lo dentro dos limites e 
hipóteses fixadas na lei, pra que não haja lesão ao interesse público. 
 Está previsto nos arts. 44 e 45 da Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 
respectivamente, no julgamento das propostas, a Comissão levará em consideração 
os critérios objetivos definidos no edital ou no convite, os quais não devem contrariar 
as normas e princípios estabelecidos por esta lei. E que o julgamento das propostas 
será objetivo, devendo a Comissão de Licitação ou o responsável pelo convite realizá-
lo em conformidades com os tipos de licitação, os critérios previamente nele referidos, 
de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle. 
1.4.5 – Princípio da Probidade 
 
 O princípio da probidade está relacionado com o princípio da moralidade, em 
seu art. 37, §4°, da Constituição Federal, estabelece que: 
 
os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos 
direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos 
bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em 
lei, sem prejuízo da ação penal cabível. 
 
 Este princípio está relacionado a boa-fé, honestidade, moralidade dos 
administradores que leva a confiança dos cidadãos comuns. Evidentemente os 
administradores atuem com boa-fé para com administrados e a própria administração. 
 
1.4.6 – Princípio da Publicidade 
 O princípio da publicidade refere-se à garantia dada a qualquer interessado em 
contratar com o Estado em participar da licitação, bem como o conhecimento dos atos 
da Administração Pública praticados durante a licitação. 
 A licitação deve ser aberta aos interessados, assegurando aos mesmos o 
direito de fiscalizar todos os atos, decisórios ou não, emanados da Comissão de 
15 
 
Licitação, relativos à determinada licitação, devem ser publicados nos mesmos meios 
em que foi dada ciência do edital aos interessados, inclusive os de abertura da 
licitação e do respectivo contrato, se houver que podem ser publicados em resumo. 
 Todos os atos do processo de licitação podem ser conhecidos por todos 
quantosse interessarem pelo contrato, de modo a propiciar sua fiscalização, salvo o 
conteúdo dos envelopes que será de caráter sigiloso. Entretanto, com sua abertura 
em ato público, perde a característica sigilosa, assim podendo todos os interessados 
ter acesso ao conteúdo. 
 A publicidade deve ser tida como um dever de transparência em favor dos 
interessados e a divulgação oficial do ato para conhecimento público e início de seus 
efeitos externos, visando propiciar seu controle pelos interessados, desta forma, a Lei 
n° 8.666/93, em seu art. 3°, §3° estabelece: “que a licitação não será sigilosa, sendo 
públicos e acessíveis os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das 
propostas, até a respectiva abertura”. 
 A base legal também se encontra no art. 5, inc. LXXIII, da Constituição Federal 
que atribui legitimidade a qualquer pessoa para propositura da ação popular contra 
ato lesivo ao patrimônio público ou a moralidade administrativa, podemos citar 
também o art. 74, §2 da mesma, que é parte legítima também qualquer cidadão para 
denunciar irregularidade ou ilegalidade perante o TCU (Tribunal de Contas da União). 
1.4.7 – Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório 
 
 De acordo com Hely Lopes Meirelles11, a vinculação ao edital é princípio básico 
de toda licitação. Nem se compreenderia que a Administração fixasse no edital forma 
e o modo de participação dos licitantes e no decorrer do procedimento ou na 
realização do julgamento dos licitantes, caso se afastasse do estabelecido ou 
admitisse documentação e propostas em desacordo com o solicitado. O edital é a lei 
interna da licitação, e como tal, vincula aos seus termos tanto os licitantes como a 
Administração que o expediram, art. 41 da Lei 8.666/93. 
 Este princípio é essencial e caso não seja observado pode gerar nulidade do 
procedimento de licitação. Quanto a Administração, estabelece através de edital ou 
carta convite, as condições para participar da licitação e as cláusulas essenciais para 
o contrato apresentado os interessados, suas propostas conforme estabelecidas 
 
11 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 37° ed., São Paulo: Malheiros, 2011, p. 290. 
16 
 
essas condições, caso esse princípio for desrespeitado. Estarão os princípios em 
igualdade entre os licitantes. 
 Mediante o instrumento convocatório, leva-se ao conhecimento do público a 
abertura de licitação, nele sendo fixadas as condições de sua realização e aos 
convocados os interessados para apresentarem propostas12. 
 Entretanto, esse princípio não impede a Administração Pública de negociar com 
o licitante vencedor condições mais vantajosas para o interesse público. Lembra 
Antonio Carlos Cintra do Amaral13: 
nota-se que a vinculação ao instrumento convocatório não exclui a 
possibilidade de negociação. Pra que juridicamente possa esta ser 
fundamentada é necessário observar o seguinte: a) só pode haver 
negociação com o proponente vencedora; b) dela deve resultar uma 
melhoria na proposta apresentada; c) em consequência, a ordem de 
classificação não poderá ser alterada, e d) a negociação não pode 
acarretar uma alteração no instrumento convocatório, de sorte que 
alguém que não participou da licitação pudesse alegar que se 
soubesse que seria assim teria participado. 
 
 Diante do exposto, a Administração Pública tem liberdade para definir suas 
condições, concomitantemente, entretanto, estrutura-lhes de modo a restringir 
discricionariedade a certas etapas. 
1.4.8 – Princípio do Julgamento Objeto 
 
 De acordo com Hely Meirelles14, o julgamento objetivo é o que se baseia no 
critério indicado no edital e nos termos específicos das propostas. É princípio de toda 
licitação que seu julgamento apoie em fatores concretos pedidos pela Administração, 
em confronto com o ofertado pelos proponentes dentro do permitido no edital ou 
convite. Visa a afastar o discricionarismo na escolha das propostas, obrigando os 
julgadores a atentar-se ao critério prefixado pela Administração, como o que se reduz 
e se delimita a margem de valoração subjetiva, sempre presente em qualquer 
julgamento, arts. 44 e 45 da Lei. 
 Esse princípio significa que o administrador deve observar critérios objetivos 
definidos no ato convocatório para o julgamento das propostas. Afasta a possibilidade 
de o julgador utilizar-se de fatores subjetivos ou de critérios não previstos no ato 
convocatório, mesmo que em benefício da própria Administração. 
 
12 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 37° ed., São Paulo: Malheiros, 2011, p. 271. 
13 AMARAL, Antonio Carlos Cintra do. Licitação para serviços públicos, São Paulo: Malheiros, 1995, p. 19. 
14 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 37° ed., São Paulo: Malheiros, 2011, p. 291. 
17 
 
1.4.9 – Princípio da Obrigatoriedade 
 
 O dever de licitar está previsto expressamente na Constituição Federal, em seu 
art. 37, XXI, que exige a licitação para os contratos de obras, serviços compras e 
alienações bem como para a concessão e permissão de serviços públicos. 
Art. 37(...), XXI. Ressalvados os casos especificados na legislação, as 
obras, serviços, compras e licitações serão contratadas mediante 
processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a 
todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de 
pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos 
da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica 
e econômicas indispensáveis à garantia do cumprimento das 
obrigações. 
 
 Neste mesmo sentido, o mestre Hely Lopes Meirelles15 completa o entendendo 
com o seguinte comentário: somente a lei pode desobrigar Administração, quer 
autorizando a dispensa de licitação, quando exigível, quer permitindo a substituição 
de uma modalidade por outra. 
 Essa exigência de obrigatoriedade de licitação tem como objetivo obrigar a 
Administração a proceder à licitação sempre, compra ou alienação de maior vulto que 
possa ser realizado de uma só vez (limite R$ 80.000,00); 
 Nestes dois primeiros incisos podemos mencionar que o valor mínimo é 
dispensado a licitação. 
III – nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem; 
– Desde que seja pertinente a contratação e justifique a falta de licitação. 
IV – nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada 
urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer 
a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou 
particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação 
emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser 
concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e 
ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a 
prorrogação dos respectivos contratos; 
– Desde que caracterize urgência nas situações que comprometam a 
seguranças da nação. 
 
15 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 37° ed., São Paulo: Malheiros, 2011, p. 260. 
18 
 
V – Quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, 
não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, 
todas as condições pré-estabelecidas; 
– Também conhecida como deserta, quando não houver proposta oferecida. 
VI – Quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preço ou 
normalizar o abastecimento; 
VII– Entende-se que somente a União pode realizar tal intervenção, desse modo a 
Administração Pública dos Estados e municípios não valem as hipóteses de dispensa. 
VIII – para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens 
produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Administração 
Pública e que tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência 
desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com opraticado no mercado; 
– Para contratar com a própria Administração. 
XI – na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em 
consequência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação da 
licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, 
inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido; 
– Nesta situação deverá respeitar a ordem de classificação da licitação. 
XVII – para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira, 
necessários à manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica, 
junto o fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição de 
exclusividade for indispensável para a vigência da garantia. 
 – Quando a peça original seja indispensável para a manutenção do produto. 
 Também é dispensada a licitação para os casos previstos no §2° do artigo 17 
da Lei 8.666/93. 
 Em tese, de acordo com Celso Antonio Bandeira de Mello16, a dispensa 
contempla hipótese em que a licitação seria possível; entretanto, razões de tomo 
justificam que se deixe de efetuá-la em nome de outros interesses públicos que 
merecem ser acolhidas. 
 Os casos de inexigibilidade de licitação, o caso mais utilizado pela 
Administração é, na verdade, o previsto no art. 25, I, in verbis: 
 
 
16 Mello, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 22° ed., São Paulo: Malheiros, 
2007, p. 521. 
19 
 
I – Para aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros que só 
possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante 
comercial exclusivo, vedada a preferência por marca devendo a 
comprovação de exclusividade se feita através de atestado fornecido 
pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a 
licitação a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou 
Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes. 
 
2. Obrigatoriedade de Licitação 
 
 O procedimento licitatório para a contratação de serviços, obras, compras pela 
administração pública é considerada obrigatória. 
 Dessa forma, diz que, caso o Ministério Público realize contratação de terceiros 
sem previa licitação, estará desrespeito os princípios constitucional tais como: 
legalidade, igualdade, moralidade, vez que prevalecerá o favoritismo de determinadas 
empresas. 
 A Constituição Federal/88 foi a primeira a prever expressamente a licitação 
como procedimento obrigatório prévio que garante igualdade, respeitando assim os 
princípios constitucionais. É no art. XXI da Constituição Federal que se encontra este 
instituto, vejamos: 
 
Art. 37. A Administração Pública direta e indireta de qualquer dos 
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, 
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte (...): 
XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, 
serviços, compras e alienação serão contratados mediante processo 
de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os 
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de 
pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos 
da lei, a qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica 
e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das 
obrigações. 
 
 Conforme nossa Constituição Federal vigente, é imprescindível licitar, e a 
Administração Pública não tem escolha de licitar ou não, ela tem o dever. 
 Maria Zanella di Pietro explica que “a licitação é o procedimento administrativo 
pelo qual o ente político possibilita a todos os interessados, uma vez sujeitados às 
condições estabelecidas no instrumento convocatório, a possibilidade de formularem 
propostas, dentre as quais selecionará e aceitará a mais conveniente com a 
celebração do contrato”. 
 Nesta esteira, nossa Constituição Federal/88 em seu art. 175, também dispõe 
regras a luz deste tema, vejamos: “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, 
20 
 
diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, 
a prestação de serviços públicos”. 
 Para criar regras específicas e regulamentar melhor este tema, o art. 37 da 
Constituição Federal/88 foi editada a lei 8.666/93, dando forma a este procedimento, 
bem como garantindo a normatização específica. Encontramos a obrigatoriedade de 
licitar no art. 2° da lei específica: 
 
as obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, 
concessões, permissões e locações da Administração Pública, 
quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas 
de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei. 
 
 Sendo assim, é obrigatório o procedimento licitatório, todas as empresas 
privadas têm o direito de possuir contratos com a Administração Pública. 
 
2.1 Competências para legislar 
 
 Bastante controvertida é a discussão sobre a natureza da competência para 
criar leis sobre licitações. 
 O art. 22 XXVII, da Constituição Federal, aduz que compete privativamente à 
União legislar sobre: normas gerais da licitação e contratação, em todas as 
modalidades, para administrações públicas, autarquias e fundacionais da União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios. 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) XXVII – 
normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, 
para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da 
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no 
art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia 
mista, nos termos do art. 173, §1°, III. 
 
 Entretanto a doutrina observa que a Constituição Federal atribuiu à União a 
competência privativa para editar normas gerais sobre o tema. Nos demais incisos do 
mesmo art. 22, o constituinte definiu como federal a competência para legislar 
integralmente sobre diversos assuntos, sem reduzir a atribuição à expedição de 
normas gerais, ficou tal dúvida: se a união cria somente normas gerais porque as 
regras específicas competem às demais entidades federativas? 
21 
 
Para responder esta pergunta os doutrinadores chegaram à conclusão que se 
trata de competência concorrente, razão pela qual o inciso XXVII foi equivocadamente 
incluído art. 22, devendo então ter sido colocado no art. 24 dispõe este tema. 
 
2.2 Obrigados a Licitar 
 
 A obrigatoriedade de licitar incube a todas as entidades e órgãos públicos 
pertencentes à União, Estados, Distrito Federal e os Municípios. E o que ensina o art. 
37, caput e inciso XXI, da Constituição Federal. 
 Apesar de estar claramente demonstrada em nosso texto constitucional, a lei 
específica (8.666/93) aperfeiçoou tal regra, segundo o qual estão subordinadas ao 
dever de licitar: 
Art. 10. Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos 
administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, 
compras, alienações e locações no âmbito dos poderes da União, os 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
Parágrafo Único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos 
órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as 
fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de 
economia mista e demais entidades controladas direta ou 
indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 
 
 Sendo assim, o procedimento licitatório é obrigatório em qualquer um dos entes 
federativos e como regra em qualquer situação. 
 
2.3 Pressupostos da Licitação 
 
 Para Celso Antonio Bandeira de Mello (2010), é necessária a existência de 
pressupostos, pois sem eles não haveria o menor sentido, deixando de atender sua 
finalidade, pois são eles que viabilizam e permitem que alcançar suas finalidades e 
que o ato convocatório se destina. 
 
2.3.1 – Pressupostos Fáticos 
 
 Para Alexandre Mazza (2013), “é a exigência de comparecimento de 
interessados em participar da licitação. A ausência do pressupostofático implica a 
autorização para contratação direta por dispensa de licitação embasada na 
denominada licitação deserta”. Ou seja, esse pressuposto é as mais importantes, pois 
22 
 
sem ele não haverá competição partindo então para outro tema, que será o objeto 
principal deste estudo. 
 
2.3.2 – Pressupostos Jurídicos 
 
 Este pressuposto está diretamente ligado à conveniência e oportunidade, ou 
seja, na realização do procedimento, nele é analisado se o valor, por exemplo, é 
licitável conforme o art. 24 da lei específica, ele é analisado de plano no momento da 
abertura do edital, caso não seja atendido tal pressuposto pode ocorrer uma licitação 
prejudicada. 
 
2.3.3 – Pressuposto Lógico 
 
Este pressuposto está atrelado ao objeto a ser licitado, se é viável ou não abrir 
um edital para um objeto em que não há vários fabricantes, por exemplo. Caso não 
seja observado pode ocorrer uma licitação deserta. 
 
3. Contratação Direta Sem Licitação 
 
 Como já pontuado anteriormente, licitação é um procedimento com previsão 
legal em nossa Constituição, bem como demonstrado e especificado na Lei 8.666/93. 
Contudo, trata-se de uma regra, e toda regra possui suas exceções. Faz necessário 
salientar que o dever de licitar não é algo absoluto como demonstrado em nossa 
Constituição Federal, em seu art. 37 XXI, vejamos: 
 
Art. 37. A Administração Pública direta e indireta de qualquer dos 
poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte; 
XXI – Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, 
serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo 
de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os 
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de 
pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos 
da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica 
e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das 
obrigações. 
 
 Sendo assim, conseguimos visualizar suas exceções, observando as ressalvas 
no princípio da obrigatoriedade. 
23 
 
 Este trecho do diploma constitucional deixou aberta a possibilidade para a lei 
ordinária fixar hipóteses em que a licitação deixa de obrigatória, sempre que o caso 
não se compatibilize com o rito ou a demora do processo. 
 Essas hipóteses em que não há obrigação de licitar são chamadas de Dispensa 
e Inexigibilidade de licitações, previstas na Lei 8.666/93, em seus artigos 24 e 25. Tal 
situação são exceções, pois este procedimento é obrigatório como já demonstrado. 
 O procedimento licitatório não pode ser ignorado pela simples identificação no 
caso concreto, justificando como uma hipótese de incidência na lei. Deverá, portanto, 
observar os requisitos em que a lei autorize a contratação, levando em consideração 
todos os princípios que regem este certame, mas em especial o princípio da 
Legalidade. 
 Trata-se de um ato vinculado em que a lei tipifica, bem como objetiva 
claramente a situação em que a Administração Pública deverá dispensar ou 
considerar inexigível o procedimento licitatório. Tal exigência está muito bem expressa 
e elencada nos artigos 24 e 25, da lei 8.666/93, de forma inexistir qualquer margem a 
liberdade de escolha. 
 Sendo assim, confirma que se trata de um ato vinculado, pois a administração 
deve respeitar os limites que a lei estabelece. 
 Daí observamos que nem sempre é viável realizar o certame, pois irão surgir 
determinadas situações em que é impossível movimentar toda a máquina, por 
exemplo, em um caso de inexigibilidade (art. 25 da lei 8.666/93). 
 Esse é o entendimento de José dos Santos Carvalho Filho (2012, p.148): 
 
o procedimento da obrigatoriedade da licitação impõe que todos os 
destinatários ao estatuto façam realizar o procedimento antes de 
contratarem obras e serviços. Mas a lei não poderia deixar de 
ressalvar algumas hipóteses que pela sua particularidade não se 
compatibilizam com o rito e a demora ao processo licitatório. 
 
 Estas exceções elencadas na Lei Federal 8.666/93 são denominadas 
contratação diretas, possuindo duas hipóteses: art. 24 dispensa rol taxativo e as 
causas de inexigibilidade art. 25 rol exemplificativo. 
 
3.1 Dispensa de Licitação 
 
 A dispensa de licitação é a realização de um contrato de forma direta entre o 
particular e a Administração Pública, sem que haja um procedimento licitatório. Nestes 
24 
 
casos, existe a possibilidade de competição entre os licitantes, porém com base na 
conveniência ao interesse público, bem como por determinação legal é afastada a 
competição e então é realizada a contratação com terceiro interessado. 
 
Os casos enumerados pelo legislador são taxativos, não podendo, via 
de consequência, ser ampliados pelo administrador. Os casos legais, 
portanto, são os únicos cuja dispensa de licitação o legislador 
considerou mais conveniente ao interesse público (CARVALHO 
FILHO, 2012, p. 248); 
 
 Tais hipóteses estão elencadas no artigo 24 da lei 8.666/93, conforme segue: 
 
Art. 24. É dispensável a licitação: 
I – Para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por 
cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso I do artigo anterior, 
desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço 
ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local 
que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente; 
II – Para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) 
do limite previsto na alínea “a”, do inciso II do artigo anterior e para 
alienações, nos casos previstos nesta lei, desde que não se refiram a 
parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto 
que possa ser realizada de uma só vez; 
III – nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem; 
IV – nos caso de emergência ou de calamidade pública, quando 
caracterizada urgência de atendimento de situação que possa 
ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, 
serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e 
somente para os bens necessários ao atendimento da situação 
emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que 
possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias 
consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência 
ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos; 
V – Quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, 
justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a 
administração, mantidas, neste caso, todas as condições 
preestabelecidas; 
VI – Quando a União tiver que intervir no domínio econômico para 
regular preços ou normalizar o abastecimento; 
VII – quando as propostas apresentadas consignarem preços 
manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional, ou 
forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais 
competentes, casos em que, observado o parágrafo único do art. 48 
desta lei e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta 
dos bens ou serviços, por valor não superior ao constante do registro 
de preços ou dos serviços; 
VIII – para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, 
de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que 
integre a Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim 
específico em data anterior à vigência desta lei, desde que o preço 
contratado seja compatível com o praticado no mercado; 
25 
 
IX – Quando houver possibilidade de comprometimento da segurança 
nacional, nos casos estabelecidos em decreto do presidente da 
República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional; 
X – Para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento 
das finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de 
instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o 
preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliaçãoprévia; 
XI – na contratação de remanescente de obra, serviço ou 
fornecimento, em consequência de rescisão contratual, desde que 
atenda a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as 
mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto 
ao preço, devidamente corrigido; 
XII – nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros 
perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos 
licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no 
preço do dia; 
XIII – nas contratações de instituição brasileira incumbida regimental 
ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento 
institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, 
desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-
profissional e não tenha fins lucrativos; 
XIV – para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo 
internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando 
as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o 
Poder Público; 
XV – Para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos 
históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou 
inerentes às finalidades do órgão ou entidade; 
XVI – para a impressão dos diários oficiais, de formulários 
padronizados de uso da administração, e de edições técnicas oficiais, 
bem como para prestação de serviços de informática a pessoa jurídica 
de direito público interno, por órgãos ou entidades que integrem a 
Administração Pública, criados para esse fim específico; 
XVII – para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional 
ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos durante 
o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original desses 
equipamentos, quando tal condição de exclusividade for indispensável 
para a vigência da garantia; 
XVIII – nas compras ou contratações de serviços para o 
abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e 
seus meios de deslocamento quando em estada eventual de curta 
duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas 
sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento, 
quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a 
normalidade e os propósitos das operações e desde que seu valor não 
exceda ao limite previsto na alínea “a” do inciso II do art. 23 desta lei; 
XIX – para as compras de material de uso pelas forças armadas, com 
exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver 
necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de 
apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante 
parecer de comissão instituída por decreto; 
XX – Na contratação de associação de portadores de deficiência 
física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos ou 
entidades da Administração Pública, para a prestação de serviços ou 
26 
 
fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço contratado seja 
compatível com o praticado no mercado; 
XXI – para a aquisição ou contratação de produto para pesquisa e 
desenvolvimento, limitada, no caso de obras e serviços de engenharia, 
a 20% (vinte por cento) do valor de que trata a alínea “b” do inciso I do 
caput ao art. 23; 
XXII – na contratação de fornecimento ou suprimento de energia 
elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou 
autorizado, segundo as normas da legislação específica; 
XXIII – na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de 
economia mista com suas subsidiárias e controladas, para a aquisição 
ou alienação de bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que 
o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado; 
XXIV – para a celebração de contratos de prestação de serviços com 
as organizações sócias, qualificadas no âmbito das respectivas 
esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de 
gestão; 
XXV – na contratação realizada por instituição científica e tecnológica 
– ICT ou por agência de fomento para a transferência de tecnologia e 
para o licenciamento de direito de uso ou de exploração de criação 
protegida; 
XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da federação 
ou com entidade de sua administração indireta, para a prestação de 
serviços públicos de forma associada nos termos do autorizado em 
contrato de consórcio público ou convênio de cooperação; 
XXVII – na contratação da coleta, processamento e comercialização 
de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com 
sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou 
cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa 
renda reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais 
recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas 
técnicas, ambientais e de saúde pública; 
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou 
prestados no país, que envolvam, cumulativamente, alta 
complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de 
comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão; 
XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para atender 
aos contingentes militares das forças singulares brasileiras 
empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente 
justificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante 
e ratificadas pelo comandante da força; 
XXX – na contratação de instituição ou organização, pública ou 
privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de 
assistência técnica e extensão rural no âmbito do programa nacional 
de assistência técnica e extensão rural na agricultura familiar e na 
reforma agrária, instituído por lei federal; 
XXXI – nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos e 
20 da observados os princípios gerais de contratação dela constantes; 
XXXII – na contratação em que houver transferência de tecnologia de 
produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde – SUS, no 
âmbito da saúde pública, conforme elencados em ato da direção 
nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição destes produtos 
durante as etapas de absorção tecnológica; 
XXXIII – na contratação de entidades privadas sem fins lucrativos, 
para a implementação de cisternas ou outras tecnologias sociais de 
27 
 
acesso à água, para beneficiar as famílias rurais de baixa renda 
atingidas pela seca ou falta regular de água; 
XXXIV – para a aquisição por pessoa jurídica de direito público interno 
de insumos estratégicos para a saúde produzidos ou distribuídos por 
fundação que, regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade 
apoiar órgão da Administração Pública direta, sua autarquia ou 
fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão, 
desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e estímulo à 
inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à 
execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam 
transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema 
Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII deste artigo, e que 
tenha sido criada para esse fim específico em data anterior à vigência 
desta lei, desde que o preço contratado seja compatível com o 
praticado no mercado; 
§1° os percentuais referidos nos incisos I e II dos caputs deste artigo 
serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e serviços 
contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista, 
empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma 
da lei, como agências executivas. 
§2° o limite temporal de criação dos órgãos ou entidade que integre a 
Administração Pública estabelecido no inciso VIII do caput deste artigo 
não se aplica aos órgãos ou entidades que produzem produtos 
estratégicos para o SUS, no âmbito da saúde pública, conforme 
elencados em ato da direção nacional do SUS. 
§3° a hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do caput, quando 
aplicada a obras e serviços de engenharia, seguirá procedimentos 
especiais instituídos em regulamentação específica. 
§4° não seaplica a vedação prevista no inciso I do caput do art. 90 à 
hipótese prevista no inciso XXI do caput. 
 
3.1.1 – Em Razão do Valor 
 
 Conforme analisado no artigo 24 anteriormente colacionado, a lei 8.666/93 
estabelece mais de 30 hipóteses de dispensas de licitações, e umas das mais 
importantes é em razão do valor, vejamos: 
I – Contratos de até 10% do valor limite para o convite, ou seja: R$ 15 
mil para obras e serviços de engenharia; R$ 8 mil para compras e 
serviços; 
II – Contratos de até 20% do valor limite para o convite, se feitos por 
consórcios públicos, empresas estatais e agências executivas 
(parágrafo 1°, art. 24); 
Importante ressaltar que não é possível o fracionamento de 
contratações que possam ser feitas de uma só vez, para assegurar a 
finalidade da lei, ou seja, para que não haja violação. 
 
3.1.2 – Licitações Excepcionais 
 
 Em casos de urgência em que é impossível aguardar a morosidade do 
processo comum licitatório, a lei em seu artigo 24 estabelece situações em que tal 
28 
 
procedimento é dispensado, este grupo abrange incisos III, IV, V, VI, VII, IX, XI, XIV e 
XVIII do artigo 24 da lei 8.666/93. 
 
a) guerra ou grave perturbação da ordem (inciso III): nestes casos, 
ocorre uma confusão na administração pública, pois deverá ser 
analisado o grau de periculosidade, sendo assim, não é dispensado 
de plano. Segundo Carvalho Filho (2012, p. 250), “não basta qualquer 
comoção interna; é preciso que se caracterize como grave para 
justificar a dispensa”. Ainda neste sentido o doutrinador Hely Lopes 
Meirelles (2009) conceitua guerra como: “estado de beligerância entre 
Brasil e outras nações, declarado por ato do Presidente da República 
na forma constitucional”. Já grave perturbação da ordem, na visão de 
Diógenes Gasparini (2008, p. 526), “é a comoção interna geral ou 
particular de determinada região. É provocada por atos humanos, a 
exemplo da greve e da revolução. São, cremos, as situações que 
caracterizam o estado de defesa e o estado de sítio”. Sendo assim, 
não dependerá apenas da existência de guerra, mas também da 
decretação do Estado de Defesa e Estado de Sítio, onde a dispensa 
de licitação deverá ser utilizada para proteger a segurança nacional. 
b) Emergência ou calamidade pública (inciso IV): para melhor 
entendimento da matéria, são de grande valia os conceitos de 
emergência e calamidade pública de Hely Lopes Meirelles (2004, p. 
272 e 273): A emergência caracteriza-se pela urgência de atendimento 
de situação que possa ocasionar prejuízos ou comprometer a 
incolumidade ou a segurança de pessoas, obras, serviços, 
equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, exigindo 
rápidas providências da Administração para debelar ou minorar suas 
consequências lesivas à coletividade (...). Calamidade pública é a 
situação de perigo e de anormalidade social decorrente de fatos da 
natureza, tais como inundações devastadoras, vendavais 
destruidores, epidemias letais, secas assoladoras e outros eventos 
físicos flagelantes que afetem profundamente a segurança ou a saúde 
pública em geral. 
 
 Neste caso, o interesse público encontra-se em risco por isso os serviços de 
contratação de serviços, obras, entre outros objetos que servirão para atender ao 
interesse colocado em risco, deverão ser contratados por meio da dispensa de 
licitação, tendo em vista que o interesse público sempre deve estar em evidência, não 
esquecendo do prazo de 180 dias. 
c) Desinteresse pela licitação anterior – Licitação deserta (inciso V): 
caso não haja interesse à licitação e esta não possa ser repetida sem 
prejuízo, mantidas as condições do edital. Não podemos confundir a 
licitação deserta com a licitação fracassada; na última, aparecem 
interessados, mas esses são inabilitados ou desclassificados, não 
cabendo, portanto, dispensa, somente concessão de prazos para os 
licitantes apresentarem nova documentação. 
d) Intervenção da União no domínio econômico (inciso VI): quando a 
União tiver que intervir no poder econômico para regular preços ou 
normalizar o abastecimento. 
29 
 
e) Em casos de rescisão contratual, para conclusão dos 
remanescentes de obra; contrata-se o 2° mais bem classificado nas 
condições oferecidas pelo vencedor do certame (XI). 
 
3.1.3 – Em Razão do Objeto 
 
 A dispensa de licitação também pode ocorrer em razão do objeto que se busca 
obter, quando relacionados a bens de uso comum da Administração Pública os bens 
destinados a atender interesse público específico. São as hipóteses dos incisos X, XII, 
XV, XVII, XIX e XXI do mesmo art. 24. 
 
a) Compra ou locação de imóvel dirigido a fins precípuos da 
administração (inciso X): desta forma, as locações de imóvel que 
atenderem às necessidades da administração e preencherem os 
requisitos do dispositivo, poderão correr por dispensa de licitação. Em 
primeiro lugar, o imóvel a ser comprado ou locado deve ser destinado 
ao atendimento das finalidades precípuas da Administração. Deve-se, 
também, levar em consideração as características do imóvel, tais 
como a localização, dimensões, de edificação, destinação etc., 
fazendo com que se justifique que aquele imóvel é o mais adequado 
ao serviço que a Administração quer executar. Por último, o preço 
deve ser compatível com o valor de mercado, sendo assim definido 
através de uma avaliação prévia. 
b) Compra de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis 
(inciso XII): tendo em vista que se trata de produtos perecíveis, tem 
que ser dispensado de licitação, pois não suportará a estocagem, não 
havendo, portanto, prazo para que corra o procedimento licitatório 
normal. Deve ser observado que não se pode contabilizar o prejuízo 
que estas compras podem causar no erário, por isso deverá adquirir o 
produto com o preço do dia, atendendo ao interesse público. Todavia, 
é admissível a possibilidade de compra direta apenas no tempo 
necessário para que seja realizada a licitação, logo, não é 
permanente. 
c) Aquisição ou restauração de obras de arte ou objetos históricos 
(inciso XV): neste caso à aquisição ou restauração de obras de arte e 
objetos históricos, ressalta-se a necessidade de que os bens a serem 
adquiridos ou restaurados tenham certificado de autenticidade e que 
sejam compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade, 
para que, assim, possa ser permitida a contratação direta sem 
licitação. 
d) Aquisição de componentes durante o período de garantia técnica 
(inciso XVII): o caso do inciso XVII poderá proceder por meio de 
dispensa, devendo-se, para tanto, que o fornecedor do produto 
constitua manutenção de garantia técnica. Além disso, é necessário 
que tal medida seja vinculada a contrato de fornecimento anterior que 
exija a exclusividade da contratação para a vigência da garantia. 
e) Compras de material de uso pelas Forças Armadas (inciso XIX): 
analisando de plano, percebe-se, através de tal hipótese, uma 
inviabilidade de licitação que acarretaria um caso de inexigibilidade 
pelo fato de padronização levar a um único fornecedor. Contudo, 
quando houver uma pluralidade de possíveis fornecedores, se faz 
30 
 
necessário que o parecer da comissão que será instituída através de 
decreto justifique a opção, a viabilidade, a razoabilidade dos preços 
pretendidos e o atendimento das exigências legais. 
f) Aquisição de bens destinados exclusivamente à pesquisa científica 
e tecnológica (inciso XXI) 
g) Contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica – ICT 
ou por agência de fomento para a transferência de tecnologia (inciso 
XXV) 
h) Contratação visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3°, 4°, 
5° e 20 da Lei 10.973/2004 (inciso XXXI): tendo em vista que são 
autoexplicativos, dispensa explicações aprofundadas. 
 
3.1.4 – Em Razão da Pessoa 
 
I – Na contratação de instituição brasileira de pesquisa, ensino, 
desenvolvimento institucional ou recuperação de preso, com 
inquestionável reputação ético-profissional e sem fins lucrativos. 
II – Na contratação de serviços de organizaçõessociais para 
atividades contempladas no contrato de gestão. 
 
3.2 Inexigibilidade de Licitação 
 
 Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em 
especial: 
I – Para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só 
possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante 
comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a 
comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido 
pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a 
licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou 
Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes; 
II – Para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 
desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de 
notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de 
publicidade e divulgação; 
III – para contratação de profissional de qualquer setor artístico, 
diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que 
consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública. 
§1° Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa 
cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de 
desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, 
organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos 
relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é 
essencial e indiscutivelmente o mais adequando à plena satisfação do 
objeto do contrato. 
§2° Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se 
comprovado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano 
causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e 
o agente público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais 
cabíveis. 
31 
 
O artigo acima colacionado dispõe que a licitação é inexigível quando 
houver inviabilidade de competição. O mesmo dispositivo apresenta 
um rol exemplificativo em que existe tal situação. 
 
 
3.2.1 – Fornecedor Exclusivo 
 
 A lei traz a seguinte disposição sobre esse caso de inexigibilidade: “para 
aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros que só possam ser fornecidos por 
produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de 
maraca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado 
fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação 
ou a obra ou serviço, pelo sindicato, federação ou Confederação Patronal, ou ainda, 
pelas entidades equivalentes”. 
 Trata-se de situações em que a abertura do certame seria útil, pois não haveria 
competição, que é uma das principais características do procedimento licitatório. 
 No convite, considera-se como praça de comércio a localidade. Na tomada de 
preços, observando-se o registro cadastral, e na concorrência o país. 
 Observação: não se deve confundir o fornecedor exclusivo com preferências 
de marca. Essa não é permitida pela lei de licitações, que só abre exceção quando se 
trata de dispensa do certame para aquisição de equipamento para as Forças 
Armadas. 
 
4. Atualização da Nova Lei de Licitações nº 14.133/2021. 
 
 No decorrer do desenvolvimento deste trabalho foi sancionada a Nova Lei de 
Licitações nº 14.133/2021. No dia 1º de abril de 2021, foi sancionada e publicada no 
Diário Oficial da União, que unifica o regime jurídico sobre licitações e contratos 
administrativos no Brasil. A “Nova Lei de Licitações” inaugura e protagoniza uma era 
digital no âmbito das contratações públicas brasileiras, estabelecendo-se como um 
esperado paradigma normativo, sobretudo devido à defasagem sistêmica da Lei 
nº 8.666/93 e demais normas que historicamente regem as licitações e contratos 
administrativos. 
 
32 
 
4.1 - Principais Alterações: 
 
 Para que o trabalho não fique extenso irei apresentar as principais 
modificações no que se trata da nova Lei de Licitações nº 14.133/2021, aqui cabe 
ressaltar que a Lei nº 8.666/93 não foi revogada. Assim, nos primeiros dois anos 
teremos ainda a aplicação da lei nº 8.666/93, bem como a lei nº 14.133/21. Os órgãos 
terão a faculdade de continuar a utilizar a lei nº 8.666/93 ou a lei nº 14.133/21, devendo 
ser justificada a escolha no processo, sendo a vedada a combinação das duas leis. 
 
 Como objetivo de adaptar os mecanismos licitatórios e contratuais à realidade 
contemporânea, que é voltada ao universo de atividades em âmbito eletrônico, e 
visando, sobretudo, a acompanhar a dinâmica atual das relações contratuais da 
Administração, a Nova Lei de Licitações trouxe um grupo de novidades voltadas aos 
procedimentos eletrônicos e instrumentos digitais, como, por exemplo: 
 
4.1.1- Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) - Licitação em meio 
eletrônico. 
 
Além da necessidade de acompanhar o desenvolvimento tecnológico, um dos fios 
condutores do novo marco licitatório foi um visível esforço para que a Administração 
Pública se mantenha em consonância com as melhores práticas contemporâneas, 
seguindo o que atualmente está pacificado na jurisprudência e em normativas 
infralegais. Nesse sentido, foram inseridos diversos dispositivos na Lei nº 14.133/2021 
que têm por objetivo prestigiar a simplificação e o formalismo moderado nas 
contratações, racionalizando procedimentos e sedimentando práticas contratuais já 
existentes, mas que não possuíam, até então, previsão legal no regime ordinário. 
Nesse contexto, destacam-se as seguintes alterações: 
Incorporação, no novo diploma, de práticas e procedimentos não previstos nem 
regulamentados pela Lei nº 8.666/1993, como a contratação por credenciamento, a 
pré-qualificação do objeto ou de interessados, o procedimento de manifestação de 
interesse (PMI) e o registro cadastral unificado (art. 78 e ss.); 
 Protagonismo à etapa de planejamento das licitações públicas, com destaque 
para o estudo técnico preliminar (art. 18); 
 Maior flexibilização das hipóteses de dispensa de licitação, bem como a 
adequação dos exemplos de inexigibilidade (art. 75); 
33 
 
 Previsão de contratação de bens e de serviços exclusivos, indicando formas 
mais flexíveis para viabilizar a comprovação de exclusividade, além da suavização na 
comprovação da notória especialização (art 74); 
 Alteração do prazo e vigência de contratos de serviços ou fornecimentos 
contínuos, ou sob regime de fornecimento e prestação de serviço associado: de até 5 
anos, prorrogáveis por até 10 anos (art. 105 e ss.); 
 Antecipação dos efeitos do termo aditivo (art. 132); 
 Possibilidade de afastamento do dever de elaborar parecer jurídico em razão 
do valor, complexidade ou padronização das contratações (art. 53, § 5º); 
 Diretrizes em favor do saneamento de vícios e critérios para decisão sobre a 
preservação da avença ou declaração de nulidade do contrato (art. 12, III, art. 59, I e 
V, art. 71, III, e art. 147). 
 
4.1.2 - Sustentabilidade. 
 
 O novo diploma com a sustentabilidade, que teve sua importância majorada 
por meio de previsões específicas, como a contida no artigo 144 da Lei 
nº 14.133/2021, que permite o estabelecimento de remuneração variável vinculada ao 
desempenho do contratado, inclusive com base em critérios de sustentabilidade 
ambiental. O dever de integridade também ocupa posição de destaque no texto da 
nova lei, uma vez que passa a ser obrigatória a existência de programa de integridade 
pelo licitante no caso de contratações de obras, serviços e fornecimentos de grande 
vulto (superior a duzentos milhões de reais), conforme dispõe o art. 25, § 4º, além de 
ser utilizada como critério de desempate (art. 60) e atenuante de eventuais sanções 
impostas (art. 156, § 1º). Cumpre destacar, ainda, algumas novidades pontuais, como 
a criação da figura do “agente de contratação”, em substituição à comissão de 
licitação,e as alterações em matéria criminal, uma vez que a nova lei acrescentou 
doze tipos penais ao Código Penal. A propósito, a Lei nº 14.133/2021 revogou e 
substituiu, desde a sua publicação, os crimes previstos na Lei nº 8.666/93. 
Aplicação da Nova Lei de Licitações 
 A Nova Lei de Licitações entrou em vigor na data de sua publicação, porém 
permanece sendo de uso facultativo até o marco temporal de 1º de abril de 2023, 
quando serão oficialmente revogadas a Lei nº 8.666/93 (atual Lei Geral de Licitações), 
34 
 
a Lei nº 10.520/2002 (Lei do Pregão) e os arts. 1º a 47-A da Lei nº 12.462/2011 (que 
tratam do Regime Diferenciado de Contratações – RDC). 
 
4.1.3 - Procedimento Licitatório. 
 
 Posto isso, o processo licitatório, segundo a Lei nº 14.133/2021, possui novos 
critérios de julgamento, além daqueles previsto na legislação anterior, sendo eles, 
segundo artigo 33, o de maior desconto, melhor técnica ou conteúdo artístico e de 
maior retorno econômico, além daqueles da Lei 8.666/93: menor preço, técnica e 
preço e maior lance, este último no caso de leilão. 
 Merecem destaque dois desses novos critérios: o julgamento em caso de 
critério de maior desconto e o julgamento cujo critério seja o de maior retorno 
econômico. 
Segundo o artigo 34, §2º, da nova lei nº 14.133/2021, 
 
"o julgamento por maior desconto terá como referência o preço global 
fixado no edital de licitação, e o desconto será estendido aos eventuais 
termos aditivos". 
 
 No que tange ao critério de maior retorno econômico, o artigo 39 dispõe que 
será utilizado exclusivamente em casos de contrato de eficiência, considerando-se a 
maior economia para a Administração, sendo que "a remuneração deverá ser fixada 
em percentual que incidirá de forma proporcional à economia efetivamente obtida na 
execução do contrato". 
 Se os critérios de escolha acima elencados, que devem ser previamente 
definidos no edital, não forem suficientes para a seleção de uma única proposta 
vencedora, o artigo 60 da nova lei estabelece a ordem de critérios de desempate que 
devem ser observados sucessivamente — frisa-se, não alternativamente —, até o 
alcance daquele que irá desempatar o embate, são eles: 1) disputa final, em que os 
licitantes empatados poderão apresentar nova proposta; 2) avaliação do desempenho 
contratual prévio dos licitantes; 3) desenvolvimento pelo licitante de ações de 
equidade de gênero no ambiente de trabalho; e 4) desenvolvimento de programa de 
integridade (compliance). 
 Importante destacar que conforme o artigo 4º da Lei nº 14.133, aplicam-se às 
licitações a Lei Complementar nº 123/2006, que dispõe que "nas licitações será 
35 
 
assegurada, como critério de desempate, preferência de contratação para as 
microempresas e empresas de pequeno porte". 
 
4.1.4 - Diálogo Competitivo 
 
 Outra novidade da Lei 14.133/2021 foi a criação de modalidade 
denominada diálogo competitivo, no qual a Administração Pública realiza com 
eventuais interessados previamente selecionados, mediante critérios objetivos, 
diálogos com o intuito de desenvolver alternativa capaz de atender às suas 
necessidades: 
 
Art. 6º Para os fins desta Lei, consideram-se: 
(…) 
XLII – diálogo competitivo: modalidade de licitação para contratação 
de obras, serviços e compras em que a Administração Pública realiza 
diálogos com licitantes previamente selecionados mediante critérios 
objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou mais alternativas 
capazes de atender às suas necessidades, devendo os licitantes 
apresentar proposta final após o encerramento dos diálogos; 
 
 
 Tal modalidade de licitação visa ao estabelecimento de um canal de 
comunicação para que a Administração Pública e os interessados possam trocar 
informações relevantes sobre o objeto a ser licitado, com o alinhamento de 
expectativas e possibilidades, sempre no sentido do melhor atendimento às 
necessidades da Administração Pública. 
 Sua utilização ocorrerá em casos que envolvam inovação tecnológica ou 
técnica, a necessidade de adaptação de soluções disponíveis no mercado ou, ainda, 
diante da impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas com precisão 
suficiente pela Administração Pública. 
 
4.1.5 - Deslocamento dos crimes para o Código Penal 
 
 Diferentemente do que era previsto na Lei 8.666/93, os crimes envolvidos nas 
licitações não foram tratados em Título e/ou Capítulo da nova lei, sendo agora 
inseridos no Código Penal. 
Isso, naturalmente, favorece uma melhor sistematização do assunto. 
36 
 
 Ou seja, a nova lei incluiu no rol de condutas típicas algumas condutas que há 
muito vinham sendo processadas, apesar de não constarem expressamente como 
crimes de licitação. 
 Já o crime de contratação inidônea, que previa punição igual para a admissão, 
a participação e a contratação de empresa ou fornecedor inidôneo por meio de 
licitação, agora teve as condutas segregadas por lesividade. Assim, para a mera 
admissão ou participação em licitação, a pena será mais branda que para o caso de 
contratação, o que parece mais razoável à luz do princípio da culpabilidade no Direito 
Penal. A antiga redação colocava na mesma posição agentes que cometeram 
condutas com graus de lesividade diferentes e que, portanto, mereceriam uma pena 
diferente e proporcional à lesividade de suas condutas. 
 Embora alterem apenas a pena imposta e não a tipificação da conduta, outras 
modificações da lei acabam por gerar importantes consequências processuais que 
afetam o prazo prescricional, o rito em que tramitará eventual processo penal, a 
possibilidade de realizar acordos penais e de substituição da pena privativa de 
liberdade por restritiva de direitos. 
 É o caso, por exemplo, dos crimes de patrocínio de contração indevida e 
perturbação de processo licitatório, cuja pena máxima foi aumentada de dois para três 
anos, o que acaba por excluí-los do rol de crimes de menor potencial ofensivo, 
impossibilitando, consequentemente, os benefícios previstos na Lei nº 9.099/95, como 
a realização de transação penal. 
 4.1.5 - Modos de Disputa. 
 
 A Nova Lei de Licitações também trouxe pelo menos 4 modos de disputa para 
a etapa de julgamento da proposta. São eles: o modo aberto, o modo fechado, o modo 
aberto e fechado e o modo fechado e aberto. 
 No modo aberto, os licitantes deverão fazer a apresentação de suas 
propostas, cabendo a adoção de lances públicos e sucessivos, crescentes ou 
decrescentes. Todos os lances são públicos e sucessivos, com prorrogações que 
variam conforme o definido no edital. 
 No modo fechado, por outro lado, as propostas feitas ficarão em sigilo até a 
data e hora designadas para que sejam divulgadas. 
37 
 
No modo aberto e fechado, os licitantes, em um período fixo, dão os seus lances 
publicamente. Em seguida, há um outro período aleatório adicional sem prorrogação 
para que os licitantes ajustem suas propostas. 
 Nesse modo de disputa, a previsão de intervalo mínimo de diferença entre os 
valores ou percentuais entre os lances é facultativa no edital. Após o fim da etapa de 
lances, o sistema ordena os melhores valores por ordem de vantajosidade para que 
apresentem seus últimos lances finais fechados. 
 Ao fim do processo, as propostas fechadas são conhecidas, apurando-se qual 
delas é mais vantajosa para a administração. 
No modo fechado e aberto, por fim, acontece o contrário do modo aberto e fechado. 
Ou seja, há uma primeira etapa de envio de lances que é fechada, isto é, os lances 
não são públicos. 
 Essa etapa, por sua vez, é seguida por uma etapa aberta com os licitantes 
que ofereceram lances até 10% superiores ao menor lance tem a oportunidade de 
fazer ofertas de forma aberta, ou seja, publicamente. 
 
 
Foi apresentado

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