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Caderno Direito Internacional Publico e Privado - completa

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Caderno de Direito Internacional Publico e Privado – 3 Semestre – 2021 1 
 
Direito Internacional, Público e Privado - 
Caderno de Estudos 
 
 
Conteúdo a ser estudado: 
- Introdução ao Direito Internacional Público. 
- Estudo dos tratados internacionais. 
- Estudo da personalidade Internacional: 
Estado, Organizações Internacionais, 
- Coletividades não estatais, população, 
estrangeiros no sistema internacional. 
- Discussão sobre os meios de solução dos 
conflitos internacionais. 
- Introdução do Direito Internacional Privado 
brasileiro. 
- Estudo dos Contratos Internacionais. 
- Regras de conexão e de jurisdição 
internacional. 
___________________________________ 
Introdução ao Direito Internacional Público. 
Podemos definir o Direito Internacional Público 
como: 
O conjunto de normas jurídicas que rege a 
comunidade internacional,determina direitos e 
obrigações dos sujeitos, especialmente, nas 
relações mútuas dos Estados e, 
subsidiariamente, das demais pessoas 
internacionais, como determinadas 
organizações, bem como dos indivíduos. 
(ACCIOLY,2014, p. 28). 
- Os tratados acabaram auxiliando a reger 
essas relações. 
 
O Direito Internacional Público surgiu com a 
preocupação de reger as relações que 
envolviam os estados, sendo que, com o 
surgimento da Sociedade das Nações (ou Liga 
das Nações), em 1919, as organizações 
internacionais também passaram a ser objeto 
de especial interesse desse ramo da Ciência 
Jurídica. Isso se deu, em especial, pela 
importância que essas organizações, pouco a 
pouco, foram ganhando nas relações 
internacional, pois elas se tornaram um 
importante canal institucional para o trato de 
questões que envolvem interesses conjuntos 
dos estados. 
 
Definição Pela Doutrina: 
 
• Direito Internacional Privado : 
regula a relação entre os particulares e os seus 
interesses de ordem privada com características 
internacionais. 
 
• Direito Internacional Público: 
é o conjunto de princípios e normas, positivas e 
costumeiras,representativas dos direitos e 
deveres aplicáveis no âmbito da sociedade 
internacional. 
 
**** Obs: Nas doutrinas há um certo 
pensamento entre o reconhecimento da 
“pessoa” como sujeito do Direito Internacional 
Público, alguns doutrinadores acabam 
mencionando que o sujeito por ser pertencente 
ao Estado não fazem parte da representação 
individual do Direito Internacional Público. 
• Direito Interno 
O princiapl instrumento normativo que gera as 
relações é a “LEI”. 
O Direito Interno, vai se preocupar com a 
pacificação de conflitos que ocorrem dentro da 
sociedade. 
 
- Importância da Lei 
- Estado tem papel de pacificar conflitos 
- Poder Judiciário ( atuando na representação 
do Estado ) 
- Possibilidade do Estado impor condutas – 
USO DA FORÇA 
- Hierarquia das Normas - Verticalização 
 
O Direito Interno é marcado por uma 
hierarquia de normas (constituição,normas 
legais, normas infralegais etc.), as quais formam 
um sistema que se destaca pela sua 
verticalização. Já o Direito Internacional, 
caracteriza-se pela horizontalização de seu 
sistema normativo, sem que haja uma noção de 
subordinação, em uma verdadeira coordenação 
normativa; 
As condutas interestatais são reguladas 
difusamente por acordos negociados e firmados 
bilateral ou multilateralmente entre os sujeitos 
de Direito Internacional, bem como por outras 
fontes, em especial, os costumes e princípios 
gerais. Há, contudo, nas últimas décadas, uma 
particular situação na Europa com a criação de 
seu bloco regional (União Europeia), que, 
dentre outras características, desenvolveu um 
órgão legislativo comum (para algumas 
questões), o Parlamento Europeu. 
 
 
Caderno de Direito Internacional Publico e Privado – 3 Semestre – 2021 2 
 
• Direito Internacional: 
- Tem a necessidade de respeitar as sberanias 
dos Estados; 
- Organismos Internacionais: 
 * Não são um “poder central” 
 * Todos os Estados tem o mesmo poder de 
decisão 
- Negociação e a busca do consenso 
- Coordenação Normativa – horizontalização 
- Não existe imposição de vontade 
 
* A ONU não tem poder de impor decisões ao 
Estado, porque a própria carta da Onu 
estabelece que deve ser respeitada a soberânia 
daquele Estado, então é de suma importâncian 
buscar dentro do Direito Internacional um 
acordo, ou uma forma de consenso. 
• Fontes do Direito Internacional Público 
O Estatuto da Corte Internacional de Justiça 
(CIJ) estabelece, em seu artigo 38, quais fontes 
do Direito Internacional Público utilizará para 
resolver as controvérsias que a ela forem 
levadas. 
 
 - Dentro do “Estatuto da Corte Internacioanl de 
Justiça “ 
* Tratados Internacional 
* Costumes Internacionais ( tem grande 
importancia dentro do sistema normativo) 
 - Os costumes internacionais são práticas 
gerais aceitas como sendo um direito. São a 
segunda grande fonte formal e, historicamente, 
a mais antiga. Para a formação de um costume, 
é preciso dois elementos: o material, repetição 
generalizada de certos atos, e o psicológico, a 
convicção de que tais atos são praticados por 
obrigação. Os costumes devem ser provados 
para que tenham validade. 
 
* Principios Gerais do Direito - Os princípios 
gerais do Direito são fontes de difícil 
identificação e muitos já estão convertidos como 
tratados ou já são considerados como costume. 
Os princípios são normas que partem do Direito 
dos Estados, ou Direito Doméstico, e passam a 
ser aceitos na ordem Internacional. Podemos 
considerar, por exemplo, os princípios da boa-
fé, da proteção da confiança e do direito 
adquirido, como princípios gerais do Direito. 
 
* Doutrina (dos juristas mais qualificados) 
* Decisões Judiciais das Cortes Internacionais 
* Emprego da Equidade: 
 - é uma fonte auxiliar, onde ela é usada em 
situações bem especificas 
 - a busca de uma decisão mais justa. 
 
O Direito Internacional atravessa as fronteiras 
dos Estados, criando um sistema de normas 
jurídicas que regulamentam as atividades entre 
as nações. As fontes do Direito Internacional 
são o que determina de qual meio provêm ou 
podem provir as normas jurídicas, ou seja, o 
que compõe esse Direito. Para a maioria dos 
autores sobre o tema, as fontes se dividem em 
materiais e formais. 
As fontes materiais são o conteúdo de uma 
norma jurídica, elas determinam como uma 
norma jurídica será elaborada. Fatores 
sociológicos, econômicos, psicológicos e 
culturais levam a uma tomada de decisão que 
depois poderá ser formalizada nas outras fontes 
do Direito Internacional. As fontes materiais se 
referem essas decisões. 
As fontes formais são os métodos e processos 
de criação de normas jurídicas. Estão citadas 
no art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de 
Justiça: 
1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com 
o direito internacional as controvérsias que lhe 
forem submetidas, aplicará: 
a) as convenções internacionais, quer gerais, 
quer especiais, que estabeleçam regras 
expressamente reconhecidas pelos Estados 
litigantes; 
b) o costume internacional, como prova de 
uma prática geral aceita como sendo o 
direito; 
c) os princípios gerais de direito, reconhecidos 
pelas nações civilizadas; 
d) sob ressalva da disposição do artigo 59, as 
decisões judiciárias e a doutrina dos juristas 
mais qualificados das diferentes nações, 
como meio auxiliar para a determinação das 
regras de direito. 
2. A presente disposição não prejudicará a 
faculdade da Corte de decidir uma questão ex 
aequo et bono, se as partes com isto 
concordarem. 
O art. 38 não tem o objetivo de ser taxativo. 
Nele, estão apenas exemplificadas as possíveis 
fontes do Direito Internacional. Além disso, o 
Estatuto não estabelece um nível hierárquico 
entre as fontes, ou seja, não há grau hierárquico 
entre as fontes do Direito Internacional. Veja a 
Caderno de Direito Internacional Publico e Privado – 3 Semestre – 20213 
 
seguir quais são as fontes formais expressas no 
art. 38. 
• Tratados Internacionais: 
De maneira geral, os tratados internacionais são 
a principal fonte do Direito Internacional. Para a 
validação de um tratado, é necessária a 
participação direta e democrática dos Estados 
envolvidos. Eles são fonte direta, clara e de fácil 
comprovação pois é preciso a sua 
documentação escrita e ratificada (assinada) 
por todos os Estados que se comprometem a 
cumprir as suas normas. 
 
- Convenção de Viena: 
* 1969 – nesta convenção somente os Estados 
que poderiam participar da elaboração de 
tratados. 
* 1986 – nesta convenção é colocada 
expressamente que as organizações 
internacionais tambem podem participar da 
criação dos tratados. 
 
- Fundamentos: 
 * Boa-Fé 
 * Pacta sunt servanda: significa que os pactos 
devem ser cumpridos. 
 Ela representa o “principio da força 
obrigatória dos contratos”, que diz que: “ se 
as partes estiverem de acordo e desejarem se 
submeter a regras estabelecidas por elas 
próprias, o contrato obriga seu cumprimento 
como se fosse lei. 
 
 - Denominação: 
 * carta , estatuto, convenção, concordata (em 
alguns casos), e etc. 
 
- Condição de Validade dos Tratados: 
 * Capacidade das partes pactuantes 
 * agente habilitados – carta de plenos poderes 
 * Mutuo Consenso 
- Bilaterais 
- Multilaterais = 2/3 dos presentes votantes 
- Reservas – (podendo haver partes do tratado 
que os votantes podem ter discondância) 
* Objeto licito e juridicamente possível 
 
Para a validade do tratado internacional, é 
necessário atender as seguintes condições: 
haver consentimento mútuo entre os 
signatários, haver capacidade das partes (são 
capazes no âmbito internacional: os Estados, as 
Organizações Internacionais, a santa sé, 
conhecida popularmente como vaticano e a 
palestina), haver habilitação dos agentes 
signatários (estes são trazidos pela Carta Maior, 
ou seja, a Constituição de cada organismo; no 
caso do Brasil, a CF/88 prevê que o Presidente 
da República e o Ministro das Relações 
Exteriores são plenipotenciários plenos, ou seja, 
têm poderes plenos, enquanto o Chefe de 
Missão Diplomática e o Detentor de Carta de 
Plenos Poderes são plenipotenciários relativos, 
ou seja, podem atuar, mas têm poderes 
restringidos) e haver objeto lícito. 
 
Os tratados internacionais podem ter como 
objeto toda relação em que seja possível 
identificar um elemento internacional como 
vínculo da relação. 
Para um tratado internacional ser incorporado 
ao direito interno de um Estado, deve-se 
consultar seu ordenamento interno 
(Constituição) para identificar se este adota a 
teoria monista ou a dualista. A teoria monista 
entende que o direito nacional e o direito 
internacional são um só, portanto este pode ser 
incorporado automaticamente à aquele. Por 
outro lado, a teoria dualista, adotada pelo Brasil, 
preza pela soberania do Estado, devendo o 
direito internacional passar por um rigoroso 
processo de incorporação para poder se 
incorporado ao regimento interno do país. 
 
- Outras Medidas: 
 * Ratificação do tratado 
 * Registro e depósito na ONU 
 
- Sabemos que certos tratados podem ser 
aplicados internamente. 
Quando isso acontece, a regra em geral é que 
eles ingressem no sistema jurídico na mesma 
hierarquia das leis. 
- Mas quando estivermos falando de tratado dos 
Direitos Humanos, acaba sendo diferente. 
 
- Além das fontes primárias, o Direito 
Internacional também possui como fontes 
decisões judiciárias e as doutrinas 
publicistas. Elas são chamadas de “novas 
fontes” ou “meios auxiliares”. Podemos citar: 
jurisprudência – interpretações feitas pelos 
tribunais que acabam determinando uma 
norma. São consideradas como meio auxiliar 
pois dela não nascem novas normas, apenas 
são registradas formas de interpretação do 
direito. 
Caderno de Direito Internacional Publico e Privado – 3 Semestre – 2021 4 
 
doutrina dos publicistas – publicistas são 
aqueles que são versados em direito público. 
Como possuem conhecimento para tal, suas 
interpretações do direito também podem ser 
consideradas meios auxiliares assim como a 
jurisprudência. 
analogia e equidade – entram como meio 
auxiliar no caso da falta de norma jurídica para 
um determinado caso. Tem como objetivo 
chegar a decisão mais justa para conflitos de 
interesses. A analogia é a aplicação de uma 
norma jurídica feita para servir a um outro caso 
semelhante, enquanto a equidade ocorre 
quando não há norma jurídica capaz de 
abranger o caso determinado. 
erga omnes – obrigações impostas a todos, 
independentemente de aceitação. Tem por 
finalidade preservar valores fundamentais 
internacionais 
jus cogens – conjunto de normas que se 
sobrepõem à autonomia da vontade do 
Estados. São hierarquicamente superiores às 
normas convencionais e não podem ser 
revogadas nem por tratados ou por costumes. 
Dentre elas estão a proibição da agressão, do 
genocídio e da escravidão. 
 
***OBS: Os tratados de Direitos Humanos 
assinados pelo Brasil após 2004 passaram por 
um processo de ratificação, eles ingressaram no 
nosso sistema na mesma hierarquia da 
Constituição como uma Norma Constitucional. 
Já os tratados de Direitos Humanos que foram 
ratificados pelo Brasil e aplicados 
“Internacionalmente” antes da emenda (EC 
nº45/04), eles ingressaram no sistema juridico 
como Norma Supralegal, ou seja, acima da lei e 
abaixo da Constituição. 
 
• Classificação: 
a) Quanto à forma, os tratados podem ser 
classificados pelo número de partes (bilateral se 
houverem apenas dois signatários, ou 
multilateral se houverem três ou mais 
signatários) e pelo seu procedimento de criação 
(simplificado se o simples ato de assinar já 
passa a gerar efeitos, ou solene se necessita de 
um processo rigoroso de incorporação à ordem 
interna). 
*** Obs: A forma solene sempre prevalece 
sobre a norma simplificada, de forma que se 30 
sujeitos firmarem um tratado internacional, 29 
deles adotarem a forma simplificada e apenas 1 
adotar a forma solene, este tratado será solene. 
b) Quanto à natureza de normas os tratados 
podem ser classificados como contratos 
(obrigam apenas os signatários) ou normativos 
(criam normar que obrigam inclusive terceiros). 
c) Quanto à execução no tempo os tratados 
podem ser classificados como estáticos (geram 
efeitos uma única vez e param de gerar) ou 
dinâmicos (continuam gerando efeitos). 
d) Quanto à execução no espaço os tratados 
podem ser classificados como espaciais (têm 
incidência em todo o cenário internacional) ou 
restritos (apenas geram efeito em determinado 
local). 
____________________________________ 
 
Unidade 01 – Introdução ao Direito 
Internacional 
O Direito Internacional Público surgiu com a 
preocupação de reger as relações que 
envolviam os estados, sendo que, com o 
surgimento da Sociedade das Nações (ou Liga 
das Nações), em 1919, as organizações 
internacionais também passaram a ser objeto 
de especial interesse desse ramo da Ciência 
Jurídica. Isso se deu, em especial, pela 
importância que essas organizações, pouco a 
pouco, foram ganhando nas relações 
internacional, pois elas se tornaram um 
importante canal institucional para o trato de 
questões que envolvem interesses conjuntos 
dos estados. 
Embora as relações internacionais tragam 
importantes reflexos para a vida dos indivíduos, 
o Direito Internacional Público, originalmente, 
não reconhecia a pessoa humana como sujeito 
de direitos internacionais. Nessa visão, as 
pessoas integram os estados e esses é que 
podem ser sujeitos de obrigações das relações 
internacionais. 
Essa concepção começa a se modificar com a 
sucessão de situações decorrentes do término 
da Segunda Guerra Mundial, quando se viu a 
necessidade de que o Direito Internacional 
Público deixasse de ter como objeto somente as 
relações 
interestatais, passando a se preocupar com os 
indivíduos. 
Caderno de Direito Internacional Publico e Privado – 3 Semestre– 2021 5 
 
Nesse Direito Internacional da Pós-
Modernidade, o ser humano tem um crescente 
papel, especialmente, em razão da 
preocupação em se estabelecer e proteger 
direitos a ele inerentes, os quais devem ser 
universalmente observados. 
- Direito Interno e Direito Internacional 
Podemos afirmar que as relações jurídicas 
internas em nosso sistema são regidas, 
sobretudo, pela lei e pelo importante papel do 
Estado na pacificação dos conflitos. 
Precisamos entender que os conflitos são 
inevitáveis nas sociedades humanas,tendo o 
Estado o importante papel de resolvê-los 
aplicando o direito interno, o que, em muitos 
casos, acarreta a aplicação de sanções e a 
imposição de obrigações não desejadas pelas 
partes – mesmo que, para isso, seja necessário 
o uso da força. 
Nesse particular, é destacado o papel do Poder 
Judiciário que atua por meio de juízes e 
tribunais em diversas áreas. 
Na ordem internacional, contudo, os 
mecanismos são diferentes. Em primeiro 
lugar, precisamos destacar os seguintes 
elementos: 
• Nas relações internacionais sempre deve ser 
respeitada a soberania dos estados; 
• Os organismos internacionais não são um 
poder central. Eles não têm características que 
possibilitem que suas decisões sejam impostas, 
pois isso afetaria a soberania dos Estados 
envolvidos; 
• Nesses organismos internacionais, os estados 
possuem todos o mesmo poder de decisão. 
Dessa forma, por exemplo nas votações, o voto 
de um Estado possui o mesmo poder que o voto 
de qualquer outro Estado; 
• Os principais mecanismos de decisão estão 
voltados para a negociação e o consenso. 
No Direito Internacional, os tratados e outras 
fontes são importantes instrumentos para a 
solução de controvérsias, sendo que, em alguns 
casos, tambem podem ser utilizados tribunais. 
Muitos de nós têm uma grande dificuldade de 
entender o funcionamento da solução 
de controvérsias sem que haja uma “lei” para 
reger as relações envolvidas; mas não 
podemos confundir “lei” e “Direito”. Como 
veremos, o Direito Internacional possui 
outras fontes que podem e devem ser 
exploradas! 
Com isso, podemos afirmar que: 
• O Direito Interno é marcado por uma 
hierarquia de normas (constituição, normas 
legais, normas infralegais etc.), as quais formam 
um sistema que se destaca pela sua 
verticalização. Já o Direito Internacional, 
caracteriza-se pela horizontalização de seu 
sistema normativo, sem que haja uma noção de 
subordinação, em uma verdadeira coordenação 
normativa; 
• As condutas interestatais são reguladas 
difusamente por acordos negociados e firmados 
bilateral ou multilateralmente entre os sujeitos 
de Direito Internacional, bem como por outras 
fontes, em especial, os costumes e princípios 
gerais. Há, contudo, nas últimas décadas, uma 
particular situação na Europa com a criação de 
seu bloco regional (União Europeia), que, 
dentre outras características, desenvolveu um 
órgão legislativo comum (para algumas 
questões), o Parlamento Europeu. 
- O DIREITO INTERNACIONAL PODE 
INTERFERIR NODIREITO INTERNO DE CADA 
ESTADO ? 
Segundo a Carta das Nações Unidas: 
 
Carta das Nações Unidas 
Artigo 2º. A Organização e seus Membros, para 
a realização dos 
propósitos mencionados no Artigo 1º, agirão de 
acordo com os seguintes 
princípios: 
[...] 
7. nenhum dispositivo da presente Carta 
autorizará as Nações Unidas a 
intervirem em assuntos que dependam 
essencialmente da jurisdição de qualquer 
Estado ou obrigará os Membros a submeterem 
tais assuntos a uma 
solução, nos termos da presente Carta; este 
princípio, porém, não prejudicará 
a aplicação das medidas coercitivas constantes 
do Capitulo VII. 
Dessa forma, qualquer medida de Direito 
Internacional deve respeitar a ordem interna 
de cada Estado, ou seja, a soberania de cada 
Estado, mesmo que, com isso, ele esteja 
Caderno de Direito Internacional Publico e Privado – 3 Semestre – 2021 6 
 
sujeito a sanções estabelecidas em tratados 
e acordos internacionais. 
- Fontes do Direito Internacional 
As fontes do direito Internacional estabelecem 
padrões de comportamentos (direitos e 
deveres), servindo, em várias situações, como 
importante elemento nas decisões de 
controvérsias. O principal órgão judiciário da 
Organização das Nações Unidas (ONU) é a 
Corte Internacional de Justiça (CIJ)3, cujo 
estatuto está anexo à Carta da ONU4. Nele, 
especificamente em seu artigo 38, 
encontraremos quais são as principais fontes do 
Direito Internacional. 
Estatuto da Corte Internacional de Justiça 
Artigo 38. 1. A Corte, cuja função é decidir 
de acordo com o direito internacional as 
controvérsias que lhe forem submetidas, 
aplicará: 
a) as convenções internacionais, quer gerais, 
quer especiais, que estabeleçam regras 
expressamente reconhecidas pelos estados 
litigantes; 
b) o costume internacional, como prova de uma 
prática geral aceita como sendo o direito; 
c) os princípios gerais de direito reconhecidos 
pelas nações civilizadas; 
d) sob ressalva da disposição do art. 59, as 
decisões judiciárias e a doutrina dos publicistas 
mais qualificados das diferentes nações, como 
meio auxiliar para a determinação das regras de 
direito. 
2. A presente disposição não prejudicará a 
faculdade da Corte de decidir sobre uma 
questão ex aeque et bano, se as partes com 
isso concordarem. 
Simplificando, podemos afirmar que essas 
fontes são as seguintes: 
• Tratados e convenções internacionais; 
• Costume internacional; 
• Princípios gerais do direito; 
• Decisões judiciais das cortes 
internacionais; 
• Doutrina dos juristas de maior competência 
de todas as nações. 
Nessa listagem, devemos destacar que as duas 
últimas fontes são, na verdade, meios auxiliares 
para a determinação das regras de direito, ou 
seja, são fontes auxiliares. 
Também deve ser destacado que o artigo 38.2 
do estatuto permite que a Corte decida em uma 
questão ex aeque et bano, ou seja, “segundo a 
equidade e o bem” (SILVA, 1998), mas desde 
que as partes com isso concordem. 
Também deve ser destacado que o artigo 38.2 
do estatuto permite que a Corte decida em uma 
questão ex aeque et bano, ou seja, “segundo 
a equidade e o bem” (SILVA, 1998), mas 
desde que as partes com isso concordem. 
- Tratados Internacionais : 
Em 1969, foi firmada a Convenção de Viena 
sobre o Direito dos Tratados, sendo que essa 
norma somente reconhecia o direito de 
participação dos estados na formulação desse 
instrumento. Essa convenção, em razão de sua 
importância para disciplinar essa fonte 
elementar do Direito Internacional, é conhecida 
como Lei dos Tratados, Código dos Tratados ou 
Tratado dos Tratados. 
Em 1986, foi realizada uma segunda convenção 
na mesma cidade de Viena, que, 
complementando a primeira, expressamente, 
reconheceu a possibilidade de participação de 
organizações internacionais na formulação dos 
tratados. Também ficou estabelecida a 
possibilidade de que tratados sejam criados 
tendo por signatários 
somente organizações internacionais. 
A grande vantagem dos tratados em relação às 
outras fontes é que eles possuem maior 
estabilidade e segurança. Isso porque 
pressupõem uma participação mais ativa e 
consensual dos pactuantes (em razão da 
oportunidade de ampla negociação e exercício 
da vontade livre), além de constituírem normas 
escritas (que permitem maior facilidade de 
comprovação de seu conteúdo). 
Podemos apontar três fundamentos para a 
formação dos tratados. 
Esses três fundamentos são apresentados 
expressamente no preâmbulo da Convenção 
de Viena de 1969: 
• Princípio do Livre Consentimento; 
• Princípio da Boa-fé; 
Caderno de Direito Internacional Publico e Privado – 3 Semestre – 2021 7 
 
• A regra pacta sunt servanda. 
Deve ser destacado que a definição de tratado 
apresentada por essa convenção, em sua parte 
final, utiliza a expressão“qualquer que seja a 
sua denominação específica”, indicando que a 
denominação tratado é um termo genérico. 
Esse gênero possui diversas espécies, com 
variadas denominações usualmente 
empregadas; contudo, não há muita precisão 
técnica na escolha desses nomes: 
• A expressão Carta indica os tratados mais 
relevantes, tais como a Carta das Nações 
Unidas; 
• Já a expressão Estatuto acabou sendo 
utilizada para denominar as normas de regência 
da Corte Internacional de Justiça; 
• Tem sido bastante comum o uso da 
denominação Convenção em tratados 
multilaterais, em especial aqueles que 
estabelecem codificações; 
• Já a expressão Concordata é utilizada em 
tratados assinados pela Santa Sé com estados 
que possuem população católica. 
- Condições de Validade: 
As condições de validade dos tratados 
internacionais são as seguintes: 
• Capacidade das partes pactuantes; 
• Os agentes que participam de sua elaboração 
devem estar habilitados; 
• Consentimento; 
• Objeto lícito e juridicamente possível. 
- Conssentimento 
Nos tratados bilaterais, o consentimento dos 
Estados e das organizações internacionais 
participantes é essencial para a formulação e 
adoção de um tratado. 
Dessa forma, todos aqueles que participam de 
sua elaboração devem consentir seus termos. 
Já se o tratado é formulado em uma conferência 
mundial (tratado multilateral), a adoção de seu 
texto se faz se houver o consentimento pela 
maioria de dois terços dos estados presentes e 
votantes. 
- Costume Internacional 
O costume é uma prática geral e constante, 
aceita como sendo de direito, adotada em 
determinada situação de fato pelos sujeitos de 
Direito Internacional em razão da convicção de 
sua obrigatoriedade. O costume apresenta dois 
elementos constitutivos: 
• Elemento material (ou externo): são 
procedimentos repetidos, ou seja, realizados 
reiteradamente pela sociedade ao longo do 
tempo. O costume é mais amplo que o mero 
uso (que é um de seus elementos constitutivos) 
e tem natureza obrigatória, pois é prática 
consagrada de longa data nas relações 
internacionais; 
• Elemento subjetivo (ou psicológico): a 
opinio juris vel necessitatis, ou seja, a convicção 
de que tal prática funciona como lei, sendo 
jurídica e justa. 
- Principios Gerais Do Direito 
A doutrina e a jurisprudência internacional 
atuais consideram os princípios gerais do 
direito elemento importante para a 
interpretação dos tratados e a aplicação dos 
costumes. Particularmente no Direito brasileiro, 
o artigo 4º da Constituição Federal brasileira 
consagra os princípios que devem nortear as 
relações internacionais do Brasil. Apesar de 
serem considerados como fonte interna, o 
conteúdo desses princípios acabam por nortear 
as nossas relações internacionais. 
Constituição Federal 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se 
nas suas relações 
internacionais pelos seguintes princípios: 
I - independência nacional; 
II - prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - não-intervenção; 
V - igualdade entre os Estados; 
VI - defesa da paz; 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - cooperação entre os povos para o 
progresso da humanidade; 
X - concessão de asilo político. 
Caderno de Direito Internacional Publico e Privado – 3 Semestre – 2021 8 
 
Parágrafo único. A República Federativa do 
Brasil buscará a integração econômica, política, 
social e cultural dos povos da América Latina, 
visando à formação de uma comunidade latino-
americana de nações. 
Unidade 02 – Personalidade do Direito 
Internacional 
A personalidade jurídica internacional, de 
acordo com a definição da Corte Internacional 
de Justiça, “trata-se da capacidade de ser titular 
de direitos e obrigações internacionais, 
dependendo esses direitos e obrigações dos 
objetivos e funções atribuídos à organização, 
sejam eles enunciados ou implicados por seu 
ato constitutivo ou desenvolvidos na prática”. Na 
União Européia, a Comunidade Européia da 
Energia Atômica (Euratom) e a Comunidade 
Econômica Européia, que compõem a 
organização internacional, até a redação do 
Tratado de Lisboa, em dezembro de 2007, 
tinham personalidades jurídicas próprias, 
enquanto a personalidade jurídica da União 
Européia em si era questionável. 
Uma das grandes mudanças trazidas por este 
tratado é, então, o esclarecimento quanto à 
personalidade jurídica da organização – que 
agora passaria a ser única –, como uma 
resposta à exigência de mudanças trazida pelos 
desafios da integração, tendo em vista, 
principalmente, o grande aumento do número 
de Estados-membros. Esta pesquisa objetiva a 
análise da importância prática desta 
modificação na representação internacional da 
organização. 
Através da análise da situação européia, 
pretende-se demonstrar a relevância de os 
tratados constitutivos das organizações 
internacionais especificarem, ou não, a vontade 
de seus países-membros de constituir uma 
personalidade jurídica internacional para a 
organização. No entanto, isto não parece ser o 
suficiente para que as organizações tenham 
representação internacional de forma igualitária. 
Por isso, estudaremos a participação da União 
Européia na Conferência de Haia e os esforços 
possíveis de serem realizados para que o 
Mercosul também possa participar, tendo em 
vista que este possui personalidade jurídica já 
formalizada desde o advento do Protocolo de 
Ouro Preto, em 1994. 
Extinção e sucessão de estados 
O desaparecimento de qualquer dos elementos 
constitutivos do Estado ocasiona a sua extinção 
total ou parcial. Será total, quando decorrente 
da fusão, anexação total ou desaparecimento 
do território, e parcial, quando estiver 
caracterizada, de qualquer forma, a restrição de 
sua soberania. 
A Convenção de Viena sobre Sucessão de 
Estados em Matéria de Tratados (1978) dispõe 
que a “sucessão de estados significa a 
substituição de um Estado por outro na 
responsabilidade das relações internacionais de 
um território”, 
ou seja, há uma transferência de direitos e 
obrigações do Estado extinto para outro Estado 
– anteriormente existente ou formado nesse ato. 
As principais modalidades de sucessão de 
estados são: 
• Emancipação: é a aquisição da 
independência de uma colônia em relação ao 
estado controlador. Ex.: Brasil, em relação a 
Portugal; 
• Fusão: é a união de dois ou mais Estados 
para formar um terceiro, com nova 
personalidade jurídica internacional. Ex.: 
Unificações alemã e italiana; 
• Anexação total: ocorre quando um Estado é 
absorvido (anexado) plenamente por outro, 
extinguindo-se a personalidade internacional do 
primeiro. Ex.: Etiópia, quando anexada à Itália 
de Mussolini; 
• Anexação parcial: ocorre quando um Estado 
perde parcela de seu território em favor de 
outro. Ex.: transferências de territórios depois 
das guerras mundiais. 
- ONU – Organização Das Nações Unidas 
A Organização das Nações Unidas foi fundada 
oficialmente em 24 de outubro de 1945, em São 
Francisco, Estados Unidos, por 51 países, logo 
após o fim da Segunda Guerra Mundial, sendo 
que a sua primeira Assembleia Geral foi 
realizada em 10 de janeiro de 1946 no 
Westminster Central Hall, localizado em 
Londres. 
Em 1952, foi inaugurada a sua atual sede, na 
cidade de Nova York, devendo ser destacado 
que entre as pessoas envolvidas na elaboração 
do projeto de suas instalações estava o 
brasileiro Oscar Niemayer. 
Caderno de Direito Internacional Publico e Privado – 3 Semestre – 2021 9 
 
Seu principal documento de regência é a Carta 
das Nações Unidas que, dentre outros vários 
assuntos, indica seus propósitos. 
- Membros 
Atualmente a ONU é composta por 193 
estados-membros, que participaram de sua 
criação ou que, posteriormente, solicitaram a 
sua filiação nos termos do artigo 4 da Carta 
Para ser admitido na ONU, um Estado deve, 
inicialmente,apresentar um pedido para o 
Secretário Geral atestando que se compromete 
com os princípios da Carta e solicita a sua 
admissão. Essa solicitação é encaminhada ao 
Conselho de Segurança (CS), onde precisa ser 
aprovado. Em seguida, esse requerimento é 
remetido para a Assembleia Geral (AG), na 
qual, novamente, precisa obter a aprovação. 
Os principais órgãos da estrutura da ONU 
são: 
• Assembleia Geral; 
• Conselho de Segurança; 
• Conselho Econômico e Social; 
• Secretariado; 
• Conselho de Tutela; 
• Corte Internacional de Justiça. 
- Assembléia Geral 
É o mais importante órgão deliberativo da ONU, 
sendo constituído por todos os membros dessa 
organização que se reúnem em sessões anuais 
(iniciadas em setembro de cada ano). Nela, 
cada membro tem um voto e não existe, tal 
como ocorre no Conselho de Segurança, o 
direito a veto. 
 
Em cada sessão, é eleito um presidente desse 
órgão. Além das sessões anuais regulares, 
podem ocorrer sessões especiais, as quais 
podem ser convocadas, nos termos do artigo 20 
da Carta da ONU, a pedido: 
• do Secretário Geral; 
• do Conselho de Segurança; 
• da maioria dos Membros das Nações Unidas. 
Há duas formas de os assuntos serem 
decididos: 
• Nas chamadas questões importantes, a 
decisão se dá pela maioria de dois terços dos 
membros presentes e votantes. As questões 
importantes são as seguintes: recomendações 
relativas à manutenção da paz e da segurança 
internacionais; eleição dos Membros não 
permanentes do Conselho de Segurança; 
eleição dos membros do Conselho Econômico e 
Social; eleição dos Membros do Conselho de 
Tutela; admissão de novos Membros das 
Nações Unidas; suspensão dos direitos e 
privilégios de Membros; expulsão dos Membros; 
questões referentes ao funcionamento do 
sistema de tutela e questões orçamentárias; 
• Nas demais questões apreciadas pela 
Assembleia Geral, a decisão se dá por maioria 
de votos dos países presentes e votantes. 
Muito embora tenha sido estabelecido o quórum 
de aprovação das suas deliberações, o costume 
desse órgão é que se busque, ao máximo, a 
formação de consenso para as questões de sua 
competência, assim sempre se persegue o ideal 
de que as decisões sejam unânimes, muito 
embora nem sempre isso seja possível. 
No que concerne às suas funções, a 
Assembleia deve discutir e fazer 
recomendações sobre temas relacionados às 
competências da ONU; discutir e fazer 
recomendações relativas sobre desarmamento 
e regulamentação de armamentos; 
considerar os princípios gerais de cooperação 
na manutenção da paz e da segurança 
internacionais” e fazer recomendações relativas 
a tais princípios (artigo 11); fazer estudos e 
recomendações sobre cooperação 
internacional, nos 
diferentes domínios econômicos, culturais e 
sociais, codificação e desenvolvimento do 
Direito Internacional e fazer recomendações 
para a solução pacífica de qualquer situação 
internacional. 
- Conselho de Segurança 
O Conselho de Segurança (CS) é órgão 
permanente da ONU, vale dizer, e permanece 
em funcionamento ao longo do ano. Não 
obstante, embora se reuna ordinariamente na 
sede da ONU, em Nova Iorque, nada impede 
que o Conselho realize encontros em outras 
localidades. 
 
É formado por quinze membros, sendo: 
Caderno de Direito Internacional Publico e Privado – 3 Semestre – 2021 10 
 
• Cinco Membros Permanentes: 
- China; 
- Estados Unidos; 
- Rússia; 
- França; e 
- Reino Unido. 
• Dez Membros Não Permanentes: que são 
escolhidos pela Assembleia Geral (AG) para um 
mandato de dois anos. 
Os Cinco Membros Permanentes ou Cinco 
Grandes são os cinco Grandes Vitoriosos da 
Segunda Guerra Mundial que, nessa qualidade 
de protagonistas, angariaram privilégios e 
poderes diferenciados dos demais estados. 
Vale ressaltar que os membros permanentes 
possuem o poder de veto. 
Na eleição dos Dez Membros Não 
Permanentes, devem ser considerados os 
seguintes elementos descritos no artigo 23.1 da 
Carta da ONU: 
• a contribuição dos Membros das Nações 
Unidas para a manutenção da paz e da 
segurança internacionais e para os outros 
propósitos da Organização; 
• a distribuição geográfica equitativa. 
Os membros do Conselho de Segurança 
(permanentes e não permanentes) se alternam 
na presidência desse órgão, sendo que a troca 
ocorre mensalmente, considerando para tanto a 
ordem alfabética (em inglês) do nome dos 
estados que fazem parte dele. 
 
Os membros do Conselho de Segurança 
(permanentes e não permanentes) se alternam 
na presidência desse órgão, sendo que a troca 
ocorre mensalmente, considerando para tanto a 
ordem alfabética (em inglês) do nome dos 
estados que fazem parte dele. 
Pautando-se pelos princípios orientadores da 
ONU, o Conselho de Segurança deve buscar, 
precipuamente, uma solução pacífica para 
conflitos. Em casos extremos, ele pode impor as 
seguintes sanções: 
• A interrupção completa ou parcial das relações 
econômicas, dos meios de comunicação 
ferroviários, marítimos, aéreos, postais, 
telegráficos, radiofônicos, ou de qualquer outra 
espécie e o rompimento das relações 
diplomáticas (art. 41); 
• Se infrutíferas as sanções do art. 41, poderá 
levar a efeito, por meio de forças aéreas, navais 
ou terrestres, a ação que julgar necessária para 
manter ou restabelecer a paz e a segurança 
internacionais. Tal ação poderá compreender 
demonstrações, bloqueios e outras operações 
por parte das forças aéreas, navais ou 
terrestres dos Membros das Nações Unidas 
(art. 42). 
Na verdade, a imposição das sanções pelo 
Conselho de Segurança ou outro órgão da ONU 
representa uma forma de trazer o Estado em 
litígio para negociação, buscando prevenir a 
eclosão de conflitos armados ou a sua 
interrupção. 
Para que uma matéria seja aprovada pelo 
Conselho de Segurança, deve haver a 
concordância de, pelo menos, nove de seus 
quinze membros. Nesse particular, os votos 
dos Membros Permanentes e dos Membros 
Não Permanentes se equivalem. 
Contudo, para a aprovação, também é 
necessário que nenhum dos Membros 
Permanentes se utilize do poder de veto. Se 
algum ou alguns deles apresentar veto para a 
questão, não se considera aprovada a 
deliberação, muito embora tenham 
sido colhidos nove ou mais votos dos demais 
membros. 
Também é possível que um Membro 
Permanente se abstenha de participar da 
deliberação, situação em que não haverá 
qualquer prejuízo para a aprovação da questão 
em votação, sendo somente necessário que se 
atinja o quórum mínimo de deliberação – 
nove votos. 
- Secretariado 
É um órgão permanente composto pelo 
Secretário Geral e pelo pessoal necessário à 
gestão administrativa da Organização. Nos 
termos do artigo 97 da Carta da ONU, o 
Secretário Geral é o principal funcionário 
administrativo da Organização, sendo que 
nessa qualidade atuará em todas as reuniões 
da Assembleia Geral, do Conselho de 
Segurança e do Conselho Econômico e Social. 
O Secretário Geral, no desempenho de suas 
funções, poderá chamar a atenção do Conselho 
de Segurança para qualquer assunto que, em 
sua opinião, possa ameaçar a manutenção da 
Caderno de Direito Internacional Publico e Privado – 3 Semestre – 2021 11 
 
paz e da segurança internacionais. Além disso, 
fazem parte de suas atribuições: 
• exercer tarefas conferidas pela Assembleia 
Geral, Conselho de Segurança, de Tutela, 
Econômico e Social; 
• fazer relatórios à Assembleia Geral sobre os 
trabalhos da Organização; 
• nomear os demais integrantes do 
Secretariado, seguindo o regramento 
estabelecido pela Assembleia Geral; 
• atuar na fase inicial de ameaças à paz. 
Como exemplos de agências especializadas 
que fazem parte da família das Nações 
Unidas, temos as seguintes: 
• FAO (Food and Agriculture Organization of the 
United Nations) – Organização das Nações 
Unidas para Alimentação e Agricultura; 
• ICAO (International Civil Aviation Organization) 
– Organização da Aviação 
Civil Internacional;• IFAD (International Fund for Agricultural 
Development) – Fundo Internacional de 
Desenvolvimento Agrícola; 
• ILO (International Labour Organization) – 
Organização Internacional do Trabalho; 
• IMF (International Monetary Fund) – Fundo 
Monetário Internacional; 
• IMO (International Maritime Organization) – 
Organização Marítima Internacional; 
• ITU (International Telecommunication Union) – 
União Internacional de Telecomunicações; 
• UNESCO (United Nations Educational, 
Scientific and Cultural Organization) 
– Organização das Nações Unidas para a 
Educação, a Ciência e a Cultura; 
• UNIDO (United Nations Industrial Development 
Organization) – Organização das Nações 
Unidas para o Desenvolvimento Industrial; 
• UNWTO (World Tourism Organization) – 
Organização Mundial de Turismo; 
• UPU (Universal Postal Union) – União Postal 
Universal; 
• WHO (World Health Organization) – 
Organização Mundial da Saúde; 
• WIPO (World Intellectual Property 
Organization) – Organização Mundial da 
Propriedade Intelectual; 
• WMO (World Meteorological Organization) – 
Organização Meteorológica Mundial; 
• WORLD BANK GROUP – Banco Mundial; 
• WTO (World Trade Organization) – 
Organização Mundial do Comércio. 
• As agências especializadas se ligam ao 
Conselho Econômico e Social e à 
Assembleia Geral. Há, contudo, duas 
agências que reportam suas atividades para 
o Conselho de Segurança e para a 
Assembleia Geral, são elas: 
• IAEA (International Atomic Energy Agency) - 
Agência Internacional de Energia Atómica; 
• OPCW (Organization for the Prohibition of 
Chemical Weapons) – Organização para a 
Proibição de Armas Químicas. 
- Conselho de Tutela 
Ao final da Segunda Guerra Mundial ainda 
existiam no mundo onze territórios aos quais a 
Carta das Nações Unidas se referia como: 
territórios cujos povos não tenham atingido a 
plena capacidade de se governarem a si 
mesmos (artigo 
73). Eles eram constituídos, em geral, de ex-
colônias de estados europeus. 
Para resolver a essa situação, a ONU 
estabeleceu o sistema de tutela, com o objetivo 
de dar aos povos desses territórios condições 
estruturais para que pudessem criar novos 
estados. Para tanto, foram designados sete 
estados-membros 
para que, nos termos do Capítulo XII da Carta 
da ONU, realizassem juntamente com o 
Conselho de Tutela essa transição. 
Atingido o seu objetivo, o Conselho de Tutela 
suspendeu suas atividades em novembro de 
1994, mas poderá se reunir quando necessário: 
• por decisão de seu Presidente; 
• a pedido da maioria de seus membros; 
• por decisão da Assembleia Geral ou do 
Conselho de Segurança. 
Parte de suas competências, contudo, foi 
destinada ao Quarto Comitê da Assembleia 
Caderno de Direito Internacional Publico e Privado – 3 Semestre – 2021 12 
 
Geral, que foi encarregado de tratar da política 
de descolonização das Nações Unidas. 
- Mercosul – Mercado Comum do Sul 
O Mercosul foi formatado a partir dos 
seguintes tratados: 
• Tratado de Assunção – 26/03/91 – Carta 
Constitutiva do Mercosul; 
• Protocolo de Brasília – 17/12/91 – 
Regulamentou a resolução de controvérsias no 
âmbito do Mercosul e instaurou procedimentos 
de negociação, conciliação e arbitragem; 
• Protocolo de Ouro Preto – 16/12/94 – 
Conferiu ao bloco personalidade jurídica 
internacional, elegeu fontes e estruturou os 
órgãos; 
• Protocolo de Olivos – 18/02/02 – Criou o 
Tribunal Arbitral Permanente de Revisão do 
Mercosul. Objetivou solucionar e minimizar 
conflitos entre os países-membros. 
O Mercosul foi concebido com o objetivo de 
consolidar a integração política, econômica e 
social entre os países que o integram com 
vistas a criar um mercado comum. 
Seus membros originários são: Brasil, 
Argentina, Paraguai e Uruguai. 
Seu principal marco regulatório é o Tratado de 
Assunção, concluído na cidade de Assunção, 
no Paraguai, em 26 de março de 1991. 
O Mercosul tem personalidade jurídica 
internacional e funciona como uma união 
aduaneira. Ainda como propósitos do Mercosul, 
podemos apontar: a adoção de uma política 
comercial comum em relação a terceiros 
estados; a coordenação de políticas setoriais e 
macroeconômicas e a harmonização legislativa. 
Outra função atribuída ao Mercosul cinge-se à 
mediação de conflitos entre seus membros, 
razão pela qual essa organização internacional 
possui instrumentos para dirimir controvérsias 
afetas às suas competências. 
Em 2012, a Venezuela passou a integrar o 
Mercosul como membro efetivo. 
Desde de 2012, a Bolívia está em processo de 
adesão. 
Os demais estados da América do Sul (Chile, 
Peru, Colômbia, Equador, Guiana e Suriname) 
são Estados Associados ao Mercosul. 
Unidade 03 - Relações Diplomáticas e 
Consulares 
Uma das bases das relações diplomáticas é o 
direito de legação, que é o direito de enviar e de 
receber diplomatas, o qual somente é 
reconhecido aos sujeitos de direito 
internacional. Especificando-o, temos os direitos 
de legação: 
• Ativa – que se realiza quando há a remessa 
de missões diplomáticas para outro Estado; 
• Passiva – que se refere ao direito de receber, 
em seu território, missões diplomáticas 
enviadas por outro Estado. 
Entre dois sujeitos de Direito Internacional, o 
exercício do direito de legação parte do 
pressuposto de que ambos aceitam a existência 
soberana um do outro e que desejam 
estabelecer relações diplomáticas, sendo que 
essas são realizadas pelas missões 
diplomáticas. 
Há uma nomenclatura específica, utilizada para 
identificar o Estado que exerce o seu direito de 
legação ativa ou passiva; dessa forma, temos o 
Estado de: 
• Origem ou acreditante – é aquele que, no 
exercício de seu direito de legação ativa, envia 
uma missão diplomática para representá-lo; 
• Acolhimento ou acreditado – é quem, no 
exercício de seu direito de legação passiva, 
recebe uma missão diplomática em seu 
território para que esta, em nome do Estado 
acreditante, mantenha relações diplomáticas. 
- Chefe de Estado 
Muito embora a doutrina aponte outras 
possibilidades, em geral, os Estados Modernos 
adotam dois tipos básicos de formas de 
governo, a saber: 
• República; 
• Monarquia constitucional. 
• Decorre dessa classificação a possibilidade de 
dois tipos de sistemas de governo: 
• Presidencialismo; 
• Parlamentarismo. 
Combinando-se as formas e os sistemas de 
governo, temos, basicamente, três 
possibilidades mais comuns, ou seja, as 
monarquias parlamentaristas, as repúblicas 
Caderno de Direito Internacional Publico e Privado – 3 Semestre – 2021 13 
 
presidencialistas e as repúblicas 
parlamentaristas. 
 
Nas monarquias e repúblicas parlamentaristas 
há duas funções distintas: 
• Chefe de Estado é uma função 
desempenhada pelo rei – imperador ou outro 
tipo de denominação semelhante –, ou pelo 
presidente da República, de modo que se 
caracteriza, em especial, pela responsabilidade 
de manter relações diplomáticas com outros 
Estados e com as organizações internacionais; 
• Chefe de Governo, função desempenhada 
pelo primeiro ministro – ou denominação 
semelhante –, que é o encarregado de realizar 
a gestão interna do país. 
 
Já nas repúblicas presidencialistas essas duas 
funções são realizadas por uma pessoa no 
desempenho do cargo de presidente da 
República. 
É certo, contudo, que essa consagrada 
classificação apresenta certas dificuldades 
quando verificamos o que ocorre nos Estados 
Modernos, pois: 
• Cabe ao direito interno estabelecer a exata 
distribuição de tarefas entre os chefes de 
Estado e de Governo, razão pela qual, em 
muitos casos, essa divisão de funções se dá, 
exatamente, da forma acima indicada; 
• Em muitos Estados, sobretudo naqueles que 
adotam a monarquia como forma de governo, o 
rei – ou equivalente – desempenha funções 
mais limitadas, tanto interna como 
externamente, o que acarreta maiores 
atribuições, inclusive no âmbito internacional, 
parao primeiro ministro – chefe de Governo. 
- As Relações Internacionais na Constituição 
Federal Brasileira 
Nossa Constituição Federal estabelece os 
princípios norteadores de nossas relações 
internacionais, a saber: 
Constituição Federal 
Art. 4º – A República Federativa do Brasil rege-
se nas suas relações internacionais pelos 
seguintes princípios: 
I – independência nacional; 
II – prevalência dos direitos humanos; 
III – autodeterminação dos povos; 
IV – não intervenção; 
V – igualdade entre os Estados; 
VI – defesa da paz; 
VII – solução pacífica dos conflitos; 
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX – cooperação entre os povos para o 
progresso da humanidade; 
X – concessão de asilo político. 
Parágrafo único – A República Federativa do 
Brasil buscará a integração econômica, política, 
social e cultural dos povos da América Latina, 
visando à formação de uma comunidade latino-
americana de nações. 
Esses princípios mostram, em resumo, que 
nosso país busca o pleno respeito dos direitos 
humanos e a cooperação entre diversos 
Estados Nacionais. 
Outra disposição constitucional importante se 
refere à exigência de que os integrantes da 
carreira diplomática sejam brasileiros natos: 
Constituição Federal 
Art. 12 [...] 
§ 3º – São privativos de brasileiro nato os 
cargos: 
[...] 
V – da carreira diplomática; 
Dentro da estrutura dos poderes da República, 
estabelece a Constituição Federal que cabe ao 
presidente da República: 
• A nomeação dos chefes de missões 
diplomáticas de caráter permanente; contudo, 
essa nomeação deve ser precedida de 
autorização do Senado Federal (Art. 52, Inc. IV); 
• Manter relações com Estados estrangeiros e 
acreditar seus representantes diplomáticos (Art. 
84, Inc. VII); 
Caderno de Direito Internacional Publico e Privado – 3 Semestre – 2021 14 
 
• Celebrar tratados, convenções e atos 
internacionais, sujeitos a referendo do 
Congresso Nacional (Art. 84, Inc. VIII). 
- Relações Entre Sujeitos de Direito 
Internacional 
Em geral, podemos afirmar que as relações 
entre os sujeitos de Direito Internacional se 
desenvolvem de duas formas, as chamadas 
relações diplomáticas e consulares, as quais 
possuem como principal fundamento o 
consentimento mútuo entre os evolvidos. 
As relações diplomáticas cuidam dos interesses 
políticos dos sujeitos de Direito Internacional – 
relações Estado-Estado ou Estado-Organização 
Internacional. Para normatizar essas relações, o 
mais importante instrumento é a Convenção de 
Viena sobre Relações Diplomáticas (CVRD), 
assinada em 18 de abril de 1961 e incorporada 
ao nosso ordenamento interno pelo Decreto n.º 
56.435/65. 
Já as relações consulares abrangem temas 
significativamente variados, em especial 
aqueles ligados à promoção comercial e à 
prática de atos administrativos – notariais. 
Essas relações possuem como principal norma 
reitora a Convenção de Viena sobre Relações 
Consulares (CVRC), assinada em 24 de abril de 
1963. Em nosso país, essa norma foi 
internalizada pelo Decreto n.º 61.078/67. 
- Relações Diplomáticas 
O início da missão diplomática se dá com a 
nomeação do diplomata chefe da missão, sendo 
que, para que não haja constrangimentos, essa 
nomeação é precedida de uma consulta ao 
Estado acreditado, denominada de pedido de 
agrément, ou de agréation. Não havendo 
qualquer discordância, ocorrerá a nomeação. 
O chefe da missão permanente é nomeado pelo 
presidente da República, sendo que essa 
nomeação é precedida de aprovação do 
Senado Federal – como já foi visto. 
Com a nomeação, o diplomata recebe as 
credenciais, ou seja, uma carta de 
apresentação, assinada pelo chefe de Estado e 
referendada pelo ministro das relações 
exteriores, que o acredita perante aquele 
Estado que o receberá. 
O início dos trabalhos do chefe da missão 
diplomática se dá após a acreditação, ou seja, 
do ato formal pelo qual o Estado de acolhimento 
recebe as credenciais do diplomata enviado 
pelo Estado de origem e o reconhece como 
representante deste. 
Segundo a CVRD, a acreditação também 
poderá ocorrer com a comunicação da chegada 
do chefe da missão diplomática ao Estado de 
acolhimento e a apresentação de cópia de suas 
credenciais ao Ministério das Relações 
Exteriores (Art. 13). 
 
A CVRD apresenta, em seu Artigo 1º, algumas 
importantes definições que acabam por ser 
importantes elementos para a compreensão de 
suas disposições. 
A saber: 
• Chefe de missão é a pessoa encarregada 
pelo Estado acreditante de agir nessa 
qualidade; 
• Membros da missão são o chefe da missão e 
os elementos do pessoal dessa; 
• Membros do pessoal da missão são os 
elementos do pessoal diplomático, 
administrativo e técnico e do pessoal de serviço 
da missão; 
• Membros do pessoal diplomático são os 
elementos do pessoal da missão que tiverem a 
qualidade de diplomata; 
• Agente diplomático é o chefe da missão ou 
um membro do pessoal diplomático da missão; 
• Membros do pessoal administrativo e 
técnico são os elementos do pessoal da 
missão empregados no serviço administrativo e 
técnico dessa; 
• Membros do pessoal de serviço são os 
elementos do pessoal da missão empregados 
no serviço doméstico dessa; 
• Criado particular é a pessoa do serviço 
doméstico de um membro da missão que não 
seja empregado do Estado acreditante; 
• Locais da missão são os edifícios, ou parte 
desses, e terrenos anexos, seja quem for o seu 
proprietário, utilizados para as finalidades da 
missão, inclusive a residência do chefe da 
missão. 
A missão diplomática é formada pelo conjunto 
de diplomatas que representam um Estado 
perante outro sujeito de Direito Internacional – 
Estado ou organização internacional. 
Caderno de Direito Internacional Publico e Privado – 3 Semestre – 2021 15 
 
- Missão Permanente 
• Embaixadas – responsáveis pela 
representação política; 
• Consulados – praticam atos voltados à 
representação comercial e atos administrativos 
notariais; 
• Delegações, missões ou escritórios – 
realizam, de forma mais reduzida, alguns dos 
trabalhos que seriam próprios de embaixadas 
e/ou consulados. 
- Missão Temporária ou Especial 
É enviada a um Estado ou organização 
internacional com o objetivo de realizar tarefa 
determinada ou para participar de negociação 
específica. 
Como exemplos desse tipo de missão, temos 
aquelas formadas especificamente para 
prestigiar a cerimônia de posse de um chefe de 
Estado ou de Governo de um Estado com quem 
se mantém relações diplomáticas, ou ainda para 
participar de convenção internacional que 
discute a formação de um novo tratado 
multilateral. 
- Relações Consulares 
As relações consulares possuem objeto próprio 
e forma de tratamento similar para o pessoal 
consular e aos locais consulares, porém, com 
menos extensão de algumas práticas e 
imunidades. 
Unidade 04 – Introdução ao Direito 
Internacional Privado 
O Direito Internacional público, conhecido 
também e historicamente como direito das 
gentes, compreende o conjunto de regras e 
princípios internacionais destinados a reger os 
direitos e deveres, envolvendo Estados, 
organizações internacionais, coletividades não 
estatais e indivíduos. 
Por sua vez, o Direito Internacional privado 
se preocupa com situações particulares, mas de 
conteúdo internacional, sendo utilizado para 
tratar da aplicação de leis civis, comerciais ou 
penais estrangeiras em relações privadas de 
caráter internacional. 
O Direito Internacional privado estabelecerá 
quais regras de direito interno devem ser 
utilizadas na solução do litígio. 
 
• Esse ramo do Direito não trata de relações 
entre sujeitos de Direito Internacional – Estados 
e organizações internacionais –, mas de 
relações privadas de cunho internacional; 
• As relações jurídicas de interesse do Direito 
Internacional privado devem ter por 
característica o contato com o ordenamento 
jurídico de maisde um país; 
• Apesar de tratar de relações particulares, o 
Direito Internacional privado é um ramo do 
Direito Público interno, pois não trata 
diretamente dessas relações, mas sobre a 
definição da legislação e da jurisdição aplicadas 
na solução das questões que lhe são 
apresentadas. 
O Direito Internacional privado deve ser 
considerado um sobredireito, pois tem como 
objetivo indicar o direito aplicável para a solução 
do litígio, sem, propriamente, incidir sobre a sua 
solução. 
Dessa forma, os objetivos mais relevantes 
dessa disciplina correspondem a resolver o 
conflito de: 
• Leis; 
• Jurisdições. 
O conflito de leis investiga as relações 
humanas ligadas a dois ou mais sistemas 
jurídicos cujas regras materiais não são 
concordantes, assim como o direito aplicável a 
uma ou diversas relações jurídicas de Direito 
Privado com conexão internacional. 
O conflito de jurisdições analisa a 
competência do Poder Judiciário – nacional ou 
de outro Estado – na solução de situações que 
envolvem pessoas, coisas ou interesses que 
Caderno de Direito Internacional Publico e Privado – 3 Semestre – 2021 16 
 
extravasam o limite de uma soberania, 
observando o reconhecimento e a execução de 
sentenças proferidas no estrangeiro. 
Além dessas questões, como vimos, o Direito 
Internacional privado também tem como 
objetivos: 
• Definir a nacionalidade; 
• Estabelecer regras sobre a condição jurídica 
do estrangeiro. 
- Fontes do Direito Internacional Privado 
No Internacional Privado preponderam as 
regras das fontes internas, quais sejam, pela 
ordem de importância: 
1. Lei 
É a fonte principal do Direito Internacional 
privado, sendo que em nosso país,as principais 
regras estão dispostas do Artigo 7º ao 17 da Lei 
de introdução às normas do Direito brasileiro. 
2. Tratados 
São acordos internacionais que materializam os 
interesses e objetivos dos entes participantes – 
Estados e organizações internacionais –, 
buscando a convergência de seus interesses e 
garantindo o equilíbrio nas relações 
internacionais. 
 
3. Jurisprudência 
É uma fonte de extrema importância, pois a 
reiteração de interpretações dadas pelos 
tribunais indica, em situações fáticas, a forma 
como, em geral, determinadas questões 
específicas da Disciplina são resolvidas. 
 
4. Doutrina 
[...] interpreta as decisões judiciais em matéria 
de Direito Internacional privado, e com base nas 
mesmas elabora princípios da matéria; por outro 
lado, a Doutrina serve de orientação para os 
tribunais, que, muito mais do que nas outras 
áreas, recorrem à lição dos doutrinadores para 
decidir questões de Direito Internacional privado 
(DOLINGER, 2012, p. 221). 
 
5. Costumes 
Correspondem a uma importante fonte do 
Direito Internacional privado, sendo 
caracterizados pela presença de dois 
elementos: 
• Objetivo – o costume se estabelece pela 
prática reiterada de determinada conduta; 
• Subjetivo – é a convicção da obrigatoriedade 
dessa prática, pois é correta e deve ser 
respeitada. 
- Método do Direito Internacional Privado 
A regra é que o direito de um país somente 
pode ser aplicado a fatos ocorridos no seu 
território. A isso chamamos de 
territorialidade. No entanto,há algumas 
situações em que o direito de um país pode ser 
aplicado para fatos havidos fora de seu 
território, no que chamamos de 
extraterritorialidade. 
Essas várias relações jurídicas podem gerar um 
conflito de leis que ocorre em razão de um 
elemento estrangeiro, chamado de elemento de 
conexão. 
Assim, o papel do Direito Internacional privado é 
o de estabelecer, em razão do elemento de 
conexão, regras e princípios para a aplicação 
do direito interno ou do direito estrangeiro – 
sendo este último caso decorrente da 
extraterritorialidade. 
- Conflitos no Direito Internacional Privado 
Parte da doutrina entende que os conflitos de 
normas de Direito Internacional privado devem 
ser resolvidos da mesma forma como se 
resolvem os conflitos espaciais entre leis civis, 
comerciais, processuais etc. 
Isso ocorre em razão desses conflitos 
possuírem uma mesma natureza, afinal,no 
fundo e na realidade, tratam-se de conflitos 
entre as leis do foro e estrangeira. 
Dessa forma, as questões relacionadas a esses 
conflitos devem ser solucionadas com justiça e 
equidade, sem prevenções discriminatórias 
contra o direito estrangeiro. 
Ademais, tais conflitos no espaço decorrem de 
dois fatores: 
• Diversidade legislativa, ou seja, cada 
sistema jurídico, autônomo e soberano dá 
tratamento diferente a aspectos sociais; 
• Existência de uma sociedade transnacional 
que se caracteriza por proporcionar relações 
entre indivíduos vinculados a distintos sistemas 
jurídicos. 
Em regra, deve prevalecer o direito pátrio, 
sendo que a aplicação do direito estrangeiro 
somente pode ocorrer quando houver 
Caderno de Direito Internacional Publico e Privado – 3 Semestre – 2021 17 
 
expressa determinação da legislação 
interna. 
Unidade 05 – Regras de Conexão e de 
Jurisdição Internacional 
Inicialmente, devemos destacar que o Direito 
Internacional Privado tem por objetivo maior 
estabelecer, em razão do elemento de conexão, 
as regras e os princípios para a 
extraterritorialidade da Lei, razão pela qual ele 
irá definir, em diversas situações, se a 
Legislação a ser aplicada em determinada 
relação jurídica é a nacional ou a estrangeira. 
Nas situações em que as regras e os princípios 
do Direito Internacional Privado determinarem a 
aplicação do Direito estrangeiro, caberá ao juiz 
apurar sua existência, seu conteúdo e sua 
vigência. Contudo ele poderá determinar que 
essa tarefa seja realizada pela parte que alegar 
a necessidade de aplicação dessa norma - 
artigo 376 do Código de Processo Civil. 
Código de Processo Civil 
Art. 376. A parte que alegar direito municipal, 
estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-
lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz 
determinar. 
Para a prova da existência e da validade do 
Direito estrangeiro, pode ser utilizada a forma 
apresentada pelo Código de Bustamante, em 
seus Artigos 408 a 411. 
 
Código de Bustamante 
REGRAS ESPECIAIS SOBRE A PROVA DE 
LEIS ESTRANGEIRAS 
Art. 408. Os juízes e tribunais de cada Estado 
contratante aplicarão de ofício, quando for o 
caso, as Leis dos demais, sem prejuízo dos 
meiosprobatórios a que este capítulo se refere. 
Art. 409. A parte que invoque a aplicação do 
direito de qualquer Estado contratante em um 
dos outros, ou dela divirja, poderá justificar o 
texto legal, sua vigência e sentido mediante 
certidão, devidamente legalizada,de dois 
advogados em exercício no país de cuja 
legislação se trate. 
Art. 410. Na falta de prova ou se, por qualquer 
motivo, o juiz ou o tribunal a julgar insuficiente, 
um ou outro poderá solicitar de ofício pelavia 
diplomática, antes de decidir, que o Estado, de 
cuja legislação se trate, forneça um relatório 
sobre o texto, vigência e sentido do direito 
aplicável. 
Art. 411. Cada Estado contratante se obriga a 
ministrar aos outros, no mais breve prazo 
possível, a informação a que o Artigo anterior se 
refere e que deverá proceder de seu mais alto 
tribunal, ou de qualquer de suas câmaras ou 
seções, ou da procuradoria-geral ou da 
Secretaria ou Ministério da Justiça. 
Uma vez estabelecida a incidência do Direito 
estrangeiro, essa aplicação é obrigatória, não 
havendo para o juiz a faculdade de optar por ele 
ou pelo Direito nacional. 
Essa impossibilidade de escolha decorre, em 
especial, das normas internas do Direito 
Internacional Privado, tal como a Lei de 
Introdução às Normas do Direito Brasileiro 
(LINDB). 
- Regras de Conexão 
 
 
- Outras Regras de Conexão na Lei de 
Introdução às Normas do Direito Brasileiro 
Há diversas outras regras de conexão previstos 
na nossa Lei de Introdução às Normas do 
Direito Brasileiro. Assim, vamos conhecer um 
pouco mais sobre as prescriçõessobre o 
estatuto pessoal (que utilizamos acima, no 
primeiro exemplo) e aquelas relativas a 
impedimentos e formalidades para o 
casamento. 
- Estatuto Pessoal 
Uma expressão muito utilizada no Direito 
Internacional Privado é Estatuto Pessoal (ou Lei 
Pessoal), que se refere às normas e princípios 
que regem o estado e a capacidade civil da 
pessoa. 
Entre as questões atinentes ao estado da 
pessoa, podemos mencionar o nome da 
pessoa, seu local de nascimento, sua filiação e 
seu estado civil. 
Caderno de Direito Internacional Publico e Privado – 3 Semestre – 2021 18 
 
Já a capacidade civil se refere à aptidão da 
pessoa natural de exercer direitos e de contrair 
obrigações. 
Em nosso Direito Internacional Privado esse 
assunto é tratado pelo Artigo 7º, caput, da 
LINDB, cuja redação é a seguinte: 
Lei de Introdução às Normas do Direito 
Brasileiro 
Art. 7º - A Lei do país em que domiciliada a 
pessoa determina as regras sobre o começo e o 
fim da personalidade, o nome, a capacidade e 
os direitos de família. 
Considerando essa disposição, podemos 
afirmar que o estatuto pessoal em nossa 
Legislação é regido pela Lei do país de 
domicílio da pessoa natural – Lex Loci 
Domicili. 
 
Em outros Estados, é comum que a Legislação 
estabeleça que o estatuto pessoal é a Lei de 
nacionalidade da pessoa – Lex Patriae. 
Também são regulados pela Lei de seu 
domicílio os deveres relativos ao Direito de 
Família, tais como aqueles relativos ao dever de 
prestar alimentos a certos parentes e os 
deveres dos pais em relação a seus filhos. 
- Formalidades e Impedimentos para o 
Casamento 
Se um brasileiro quiser se casar com uma 
estrangeira em nosso país, qual Lei deve ser 
utilizada para as formalidades para esse ato e 
quais seus impedimentos? 
Nesse caso, é aplicado o § 1º do Artigo 7º da 
LINDB. 
Lei de Introdução às Normas do Direito 
Brasileiro 
Art. 7º (...) 
§ 1º Realizando-se o casamento no Brasil, será 
aplicada a Lei brasileira quanto aos 
impedimentos dirimentes e às formalidades da 
celebração. 
Note que essa mesma disposição irá ser 
aplicada se dois estrangeiros quiserem se casar 
em nosso país. 
 
Observe, também, esta outra situação que 
envolve o casamento: 
Se dois brasileiros que residem em um Estado 
estrangeiro quiserem se casar, poderá ser 
aplicada a Lei brasileira? 
Perceba que há a possibilidade de utilizar a 
Legislação brasileira se o casamento ocorrer 
perante autoridade consular brasileira. Observe, 
ainda, que essas autoridades também podem 
firmar separações e divórcios consensuais e 
realizar o registro de filhos de brasileiros. 
Lei de Introdução às Normas do Direito 
Brasileiro 
Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são 
competentes as autoridades consulares 
brasileiras para lhes celebrar o casamento e os 
mais atos de Registro Civil e de tabelionato, 
inclusive o registro de nascimento e de óbito 
dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no 
país da sede do Consulado. 
§ 1º As autoridades consulares brasileiras 
também poderão celebrar a separação 
consensual e o divórcio consensual de 
brasileiros, não havendo filhos menores ou 
incapazes do casal e observados os requisitos 
legais quanto aos prazos, devendo constar da 
respectiva escritura pública as disposições 
relativas à descrição e à partilha dos bens 
comuns e à pensão alimentícia e,ainda, ao 
acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu 
nome de solteiro ou à manutenção do nome 
adotado quando se deu o casamento. 
§ 2º É indispensável a assistência de advogado, 
devidamente constituído, que se dará mediante 
a subscrição de petição, juntamente com ambas 
as partes, ou com apenas uma delas, caso a 
outra constitua advogado próprio, não se 
fazendo necessário que a assinatura do 
advogado conste da escritura pública. 
- Jurisdição 
JURISDIÇÃO é uma das funções estatais, que 
decorre de sua soberania, “mediante a qual os 
juízes estatais examinam as pretensões e 
resolvem os conflitos” (CINTRA; GRINOVER; 
DINAMARCO, 2012, p. 31). 
 
Como decorrência da jurisdição, o Estado pode 
decidir imperativamente as pretensões a ele 
apresentadas, bem como impor suas decisões 
às partes que estão em conflito. 
Dessa maneira, cabe ao Estado resolver todos 
os litígios que lhe são apresentados; contudo, 
Caderno de Direito Internacional Publico e Privado – 3 Semestre – 2021 19 
 
nem sempre isso ocorre, pois há limitações à 
sua atuação. Particularmente, interessam-nos 
os limites internacionais, os quais são ditados 
pela necessidade de convivência 
dos diversos Estados, bem como por critérios 
de conveniência e viabilidade. 
Essas limitações são impostas pelas normas 
internas de cada Estado, pois não há grande 
interesse em aumentar exageradamente a área 
de abrangência de sua jurisdição para fora de 
seu território. 
O legislador brasileiro estabeleceu os limites 
internacionais da jurisdição brasileira no Artigo 
12 da LINDB, que dispõe que podem ser 
propostas ações judiciais em nosso país: 
• Quando o réu for domiciliado no Brasil; 
• Se a obrigação tiver de ser cumprida em 
nosso país; 
• Se o litígio tiver por objeto imóvel aqui situado. 
- Carta Rogatória 
Quando uma autoridade judiciária estrangeira 
necessita colher prova ou praticar algum outro 
ato processual em outro país, ela solicita essa 
providência por meio de um instrumento 
denominado Carta Rogatória. 
É o que ocorre, por exemplo, se um juiz de 
Portugal necessitar intimar um brasileiro, que 
aqui tem domicílio, de uma decisão penal que 
estipulou uma pena de multa em seu desfavor. 
Unidade 06 – A Nacionalidade Brasileira e a 
Situação dos Estrangeiros 
Cada Estado, em seu Direito interno, tem o 
poder de estabelecer os critérios que irá adotar 
para definir quem são as pessoas que, em 
razão do nascimento ou por escolha, gozam de 
especial relação com ele. 
Da mesma forma, ele poderá estabelecer, 
respeitando compromissos que assumiu 
perante outros sujeitos de Direito Internacional, 
como se dará a entrada e a permanência de 
estrangeiros em seu território. 
Esses dois elementos decorrem da soberania 
que cada Estado possui, razão pela qual não 
pode haver a ingerência de outros sujeitos de 
Direito Internacional nesse processo de escolha 
e normatização. 
Em primeiro lugar, faz-se necessário definir o 
que é a nacionalidade, sendo que para isso 
vamos buscar o conceito apresentado por José 
Afonso da Silva, que se reporta a Pontes de 
Miranda: 
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político de 
Direito Público interno, que faz da pessoa um 
dos elementos componentes da dimensão 
pessoal do Estado (2000, p. 322). 
Levando-se em consideração a nacionalidade 
ostentada por cada pessoa, podemos encontrar 
as seguintes situações: 
• Aqueles que possuem uma nacionalidade 
originária (ou primária) são os chamados 
natos. A nacionalidade originária decorre do 
nascimento; 
• Aqueles que possuem uma nacionalidade 
secundária (ou adquirida) são os 
naturalizados. A nacionalidade secundária 
decorre de um ato de vontade, ou seja, de uma 
opção criada pela Legislação; 
• Aqueles que não se encaixam em critérios 
de definição de nacionalidade de nenhum 
Estado são chamados de apátridas ou 
heimatlos; 
• Aqueles que possuem mais de uma 
nacionalidade são os polipátridas, também 
chamados de pessoas com dupla ou tripla 
nacionalidade. 
Precisamos destacar que o direito a uma 
nacionalidade e o direito de mudar de 
nacionalidade são Direitos Humanos 
Fundamentais, reconhecidos na Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, adotada e 
proclamada pela Resolução 217 A (III), da 
Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10 
de dezembro de 1948. 
 
Precisamos destacar que: 
• Cada país, em razão de sua soberania, define 
os critérios de reconhecimento de nacionalidade 
(originária ou secundária); 
• Apesar do reconhecimento do direito a uma 
nacionalidade, há pessoas que não se 
encaixamnos critérios de definição de 
nacionalidade de nenhum dos países; 
contudo, isso não significa que elas não possam 
cumprir certos requisitos para adquirir uma 
nacionalidade; 
Caderno de Direito Internacional Publico e Privado – 3 Semestre – 2021 20 
 
• Em regra, cada pessoa somente pode ostentar 
uma nacionalidade; entretanto, há aquelas que 
cumprem os requisitos para que sejam 
reconhecidas como nacionais de mais de um 
Estado. Isso normalmente ocorre quando 
alguém se enquadra nos critérios de 
nacionalidade originária de mais de um Estado; 
contudo, há exceções a essa situação. 
Definição da Nacionalidade Brasileira 
Em nosso sistema jurídico, os critérios de 
definição da nacionalidade originária são dados 
apenas pela Constituição Federal. Já em 
relação à nacionalidade derivada, além de 
preceitos constitucionais, há algumas situações 
definidas na Lei de Migração – Lei n.º 
13.445/17. 
Brasileiros natos 
Em geral, os países adotam dois critérios para a 
definição da nacionalidade originária: o jus 
sanguinis e o jus solis. 
• O jus sanguinis estabelece que os filhos, ao 
nascerem, obtêm a nacionalidade dos pais, não 
importando o local onde ocorreu o nascimento; 
• Já no jus solis, o importante é saber o local 
onde ocorreu o nascimento,pouco importando a 
nacionalidade dos pais. 
Nosso sistema jurídico, apesar de dar ampla 
preferência ao jus solis, também adota o jus 
sanguinis, desde que acompanhado de outros 
requisitos. Dessa forma, temos as 
possibilidades identificadas a seguir de alguém 
ser considerado brasileiro nato. 
Aos nascidos no território brasileiro, a única 
exceção se refere aos filhos de estrangeiros – 
pai e mãe estrangeiros que estejam a serviço 
de seus países. 
Há, nesse caso, uma alinhada aplicação do jus 
solis, sendo esse o principal critério definidor da 
nacionalidade originária brasileira. 
Outra situação existente é , se o nascimento 
não ocorreu no território nacional, há três 
possibilidades de alguém ser considerado 
brasileiro nato, conforme o estipulado em nossa 
Constituição Federal. 
Essas situações são as seguintes: 
• Se o pai ou a mãe estiver a serviço da 
República Federativa do Brasil: é o que 
ocorre se os pais (ou qualquer um dos dois) 
estiver a serviço da União, dos Estados, dos 
municípios brasileiros ou de qualquer órgão ou 
pessoa jurídica da Administração Direta ou 
Indireta. Isso se dá, por exemplo, com 
funcionários brasileiros de Embaixadas que 
estão a serviço de nosso país no exterior e que 
venham a ter seus filhos fora do território 
nacional; 
• Se o pai ou a mãe brasileira registrar o 
nascimento em uma repartição brasileira 
(Consulados e Embaixadas); 
• Se o filho de brasileiro ou de brasileira vier 
a residir no território nacional e, a qualquer 
tempo, depois de atingida a maioridade, 
optar pela nacionalidade brasileira. 
Como pode ser observado, nessas três 
situações não há aplicação do jus 
solis;somente do jus sanguinis (sempre 
deverá ser filho de brasileiro ou de 
brasileira)aliado a outros requisitos. 
- Perda da Nacionalidade Brasileira 
A perda da nacionalidade brasileira somente 
ocorrerá em duas situações excepcionais, 
previstas na Constituição Federal, no § 4º do 
Artigo 12. 
No caso do brasileiro que perde a nacionalidade 
brasileira na forma estabelecida no inciso II do § 
4º do Artigo 12 da Constituição Federal poderá 
ocorrer a reaquisição dessa nacionalidade. 
- Aquisição Voluntária de outra 
Nacionalidade 
Essa hipótese é aplicável tanto para brasileiros 
natos como para naturalizados, e para a sua 
ocorrência exige que haja a voluntária aquisição 
de outra nacionalidade. 
Há, contudo, duas situações em que a 
aquisição de outra nacionalidade não acarreta a 
perda da nacionalidade brasileira: 
• Reconhecimento de nacionalidade originária 
pela Lei estrangeira: é o que ocorre, por 
exemplo, com brasileiros filhos de italianos – 
para eles o reconhecimentoda nacionalidade 
italiana não acarreta a perda da nacionalidade 
brasileira; 
• Imposição da naturalização para que o 
brasileiro: 
» Permaneça no território daquele país; 
Caderno de Direito Internacional Publico e Privado – 3 Semestre – 2021 21 
 
» Exerça algum direito civil, tal como o 
casamento. 
Essas situações acarretam que determinados 
brasileiros sejam, na verdade, polipátridas,pois 
conservam a nossa nacionalidade e adquirem, 
conjuntamente, outra. 
Retirada Compulsória 
Além da extradição, há outras situações que 
podem acarretar a saída forçada dealguém do 
território nacional. 
A Lei de Migração as classifica como hipóteses 
de retirada compulsória, sendo elas a 
repatriação, a deportação e a expulsão.

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