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1 História do Brasil Brasil República REPÚBLICA VELHA (1889-1930) REPÚBLICA DA ESPADA (1889-1894) MARECHAL DEODORO DA FONSECA • Período de transição, através da Proclamação da República a 15 de Novembro de 1889, por Marechal Deodoro da Fonseca. Apesar das ligações com o imperador D. Pedro II, Deodoro foi incentivado pelos militares de orientação positivista a tomar a frente da situação. • O nome República da Espada se dá por ser um período militar, considerado também a primeira ditadura do Brasil. • Deodoro Da Fonseca governou provisoriamente até Fevereiro de 1891, pois depois, aprovada a primeira Constituição republicana, foi eleito pelo Congresso, e assim, ficou até Dezembro de 1891. GOVERNO PROVISÓRIO • De novembro de 1889 a fevereiro de 1891, Marechal Deodoro da Fonseca governou o Brasil provisoriamente. Esse período foi marcado pelas escolhas dos símbolos da República, como a bandeira e o brasão. ECONOMIA • Política do Encilhamento: Através do Ministro da Fazenda Ruy Barbosa, o Brasil passou a emitir papel moeda sem lastro ouro, como forma de conceder crédito para investimentos em um novo processo de industrialização. Porém, gerou inflação, agravando a crise econômica brasileira. CONSTITUIÇÃO DE 1891 • Devido a grande pressão de liberais e das oligarquias agrárias, que desejavam indenizações pelo fim da escravidão, foi promulgada a Constituição de 1891, que garantia o voto aberto e universal para homens de 21 anos ou mais, que fossem alfabetizados (não podem votar: mulheres, mendigos, soldados); a separação entre a Igreja e o Estado; a instituição do casamento civil e a adoção do regime presidencialista e da República Federativa, que dava alguma autonomia aos estados, como a possibilidade de realizar transações financeiras internacionais, formar as suas próprias forças militares e ter sistemas próprios de justiça. • República dos Estados Unidos do Brasil. @liviamssales 2 MANDATO CONSTITUCIONAL E CRISE • Após a promulgação da Constituição, Deodoro foi eleito como presidente pelo voto indireto (Congresso), e o vice foi o Marechal Floriano Peixoto. Porém o presidente buscou fortalecer o poder executivo com a tentativa de fechamento do Congresso, perdendo apoio das oligarquias, dos liberais e dos grupos militares ligados a Floriano Peixoto, resultando em sua renúncia em dezembro de 1891. • Ocorreu também a Primeira Revolta da Armada, em Novembro de 1891, quando a marinha, comandada pelo Almirante Custódio de Mello cercaram a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, ameaçando bombardear a cidade, que era a capital do país, caso o presidente não renunciasse. MARECHAL FLORIANO PEIXOTO GOVERNO • O Governo do Marechal Floriano Peixoto durou de 1891 a 1894, e foi marcado pela reafirmação do regime republicano, pela crise econômica causada pela política econômica do encilhamento, do governo anterior, e pelo punho forte com que o presidente tratou as revoltas de oposição, recebendo o apelido de Marechal de Ferro. • O governo do Marechal Floriano Peixoto começou de forma ilegal, pois com a renúncia do Marechal Deodoro da Fonseca, a Constituição de 1891 previa abertura de eleições, mas não foi isso que aconteceu, pois Floriano assumiu prometendo manter a ordem do país. Assim, inicialmente obteve apoio dos cafeicultores paulistas (Partido Republicano Paulista), que viam nele a possibilidade de conduzir a um futuro processo de eleições através do voto aberto (cabresto) e evitar com que os defensores do ex presidente Deodoro da Fonseca consigam retornar ao poder. Os governadores de estados que apoiavam o ex presidente foram demitidos de seus cargos. REVOLTAS • Em março de 1892, um grupo de treze militares publicaram um manifesto contestando a legalidade do governo de Floriano Peixoto, era o "Manifesto dos Treze Generais", que exigia a abertura imediata de eleições no Brasil. • O presidente reformou e prendeu os militares envolvidos. 3 • Segunda Revolta da Armada (1893-1894): A revolta da armada se deu principalmente pela ilegalidade e centralização de poder conduzida por Floriano Peixoto. Oficiais da Marinha, que já haviam se revoltado em 1891 contra o Marechal Deodoro da Fonseca, através da Primeira Revolta da Armada, exigiam melhores condições de trabalho, salários e a abertura de eleições. • Inicialmente se localizaram em Niterói, antiga capital do estado Rio de Janeiro, onde trocaram tiros com fortes do exército que apoiavam o presidente, depois, se locomoveram para a cidade de Desterro, no estado de Santa Catarina (Atual Florianópolis), onde tentaram se articular com outra revolta que ocorria no Rio Grande do Sul, a Revolução Federalista. Porém, com a força do exército brasileiro, o apoio do Partido Republicano Paulista e até de uma frota naval de mercenários dos EUA, Floriano reprimiu violentamente a revolta. • Revolução Federalista (1893-1895): No Rio Grande do Sul, o presidente (governador) do Rio Grande do Sul, Júlio de Castilhos, de orientação positivista, e seu partido, o Partido Republicano Rio-Grandense, apoiavam o governo centralizador de Floriano Peixoto, enquanto o Partido Federalista do Rio Grande do Sul, liderado por Gaspar da Silveira Martins se opunha ao presidente, apoiando um sistema parlamentarista, e exigindo com o que o federalismo seja colocado em prática, como previa a Constituição de 1891. • A revolução iniciou no Rio Grande do Sul, mas atingiu os estados de Santa Catarina e Paraná, onde obtiveram apoio da Segunda Revolta da Armada. Porém, as tropas do governo federal reprimiram violentamente os maragatos, e a paz só foi estabelecida em 1895, durante o governo do presidente Prudente de Morais. • Os apoiadores de Julio de Castilhos receberam o apelido de Pica-paus e ximangos, enquanto os apoiadores de Gaspar da Silveira Martins eram chamados de maragatos. CRISE DO GOVERNO • Ainda no plano político, o presidente Floriano Peixoto, em 1892 instituiu o estado de sítio, mantendo o Congresso Nacional fechado, visto que muitos membros da oposição eram atuantes do parlamento, como liberais, contrários a centralização do poder e federalistas, que buscavam maior autonomia dos estados. • Floriano Peixoto também perseguiu os defensores do Marechal Deodoro da Fonseca, demitindo todos os governadores dos estados que o apoiavam. • Em 1894, desgastado pelas crises do governo, Floriano Peixoto encerrou o seu mandato, sendo sucedido pelo primeiro presidente civil brasileiro, Prudente de Morais, e em 1895, faleceu, vítima de cirrose hepática. 4 REPÚBLICA OLIGUÁRQUICA (1894-1930) PRUDENTE DE MORAIS PROCESSO ELEITORAL • A Guerra de Canudos foi um conflito Paulista de Itu e formado em Direito, Prudente de Morais foi o primeiro presidente civil brasileiro, sendo eleito em 1894 pelo PRP (Partido Republicano Paulista), através do voto direto, atingindo a marca de 290.883 votos, enquanto o segundo colocado, Afonso Pena, havia conseguido 38.901 votos, e assim exerceu o seu mandato até 1898. INÍCIO EM CRISE • O governo de Prudente de Morais se iniciou em meio a uma crise política forte, pois ainda estava ocorrendo a Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul, que chegou ao fim em após um acordo de paz. Haviam também os florianistas, que defendiam o retorno do Marechal Floriano Peixoto ao poder, mas que se enfraqueceram após a morte do Marechal de Ferro em 1895, e os monarquistas, que não haviam aceitado a proclamação da república. RELAÇÕES INTERNACIONAIS • No plano internacional, foi no governo de Prudente de Morais que a Questão de Palmas encontrou solução. Tratava-se de uma região a oeste dos estados de Paraná e Santa Catarina, que havia sido dividida por Quintino Bocaiuva,ex ministro das relações internacionais do governo do Marechal Deodoro da Fonseca (1889-1891), mas que não havia agradado a República da Argentina. Com a mediação do presidente dos EUA Grover Cleveland, favorável ao Brasil, a região passou a fazer parte do território brasileiro de forma definida. • Ainda nas relações internacionais, Prudente de Morais retornou as relações diplomáticas com Portugal, que haviam sido rompidas durante o governo de Floriano Peixoto (1891- 1894), quando o Estado Português ofereceu abrigo e proteção a 525 participantes da Segunda Revolta da Armada. ECONOMIA • No plano econômico, o governo de Prudente de Morais também enfrentou dificuldades advindas da Política de Encilhamento da República da Espada. O seu governo foi marcado por forte inflação e desemprego. Assim, tentou resolver as mazelas econômicas através do Funding Loan, a negociação da dívida externa, principalmente com banqueiros ingleses e dos EUA, para evitar a moratória (Atraso no pagamento da dívida). Essa atitude passou a ser praticada no governo seguinte, de Campos Sales. GUERRA DE CANUDOS • Em 1896, foi declarada no sertão da Bahia, a Guerra de Canudos, sob a liderança do beato Antônio Conselheiro, criticando as péssimas condições de vida da região e o poder dos coronéis. Assim, foi formado o Arraial de Canudos. O governo declarou guerra a Canudos, alegando ser um movimento monarquista. 5 FIM DE SEU MANDATO • Prudente de Morais, por questões de saúde, em 1896, teve que se afastar do cargo de presidente. Em seu lugar, o vice-presidente Manuel Vitorino, assumiu de forma interina, mas conspirou contra o presidente para que não retornasse. Sabendo dessa situação, mesmo em precárias condições, Prudente de Morais reassume o seu cargo, e em meio a uma celebração na praça Mauá, no Rio de Janeiro, de dois batalhões que combateram em Canudos, sofreu um atentado do soldado Marcelino Bispo de Melo, mas que foi evitado pelo Ministro da Guerra Carlos Machado de Bittencourt, que faleceu durante a ação. O vice-presidente Manuel Vitorino foi indiciado pelo inquérito como mandante, mas sem a obtenção de provas, não foi condenado. Em 1898 o seu mandato chegou ao fim com a eleição de Campos Saltes. Prudente de Morais faleceu no ano de 1902, vítima de uma tuberculose. GUERRA DOS CANUDOS CONCEITO • A Guerra de Canudos foi um conflito armado ocorrido durante o governo do presidente Prudente de Morais (1894-1898), no sertão da Bahia, colocando em contradição os interesses populares com a luta por sobrevivência e os interesses das oligarquias da região com os interesses políticos republicanos. ARRAIAL DE CANUDOS • O Arraial de Canudos surgiu no século XVIII, mas com a chegada de Antonio Conselheiro em 1893, tomou proporções maiores, se tornando uma região autossuficiente, chegando a ter 25.000 habitantes. A presença de Canudos como alternativa a população pobre da região se tornou um problema para as oligarquias, que utilizavam da mão de obra através do apadrinhamento da população pobre, para a sua exploração. ANTÔNIO CONSELHEIRO • Antônio Conselheiro foi o comerciante, professor e advogado, nascido em Quixeramobim, no Ceará, até se tornar líder do movimento em Canudos. Trata-se de um líder messiânico, ou seja, que utilizava a palavra de Deus em suas práticas. Também tecia suas críticas a República, afirmando ser um projeto do anti-cristo. Esse posicionamento fui utilizado pelo governo brasileiro e pelo exército, de orientação positivista, para definir Canudos como uma ameaça, alegando ser um movimento monarquista, e justificando os ataques. O FIM DE CANUDOS • Apenas na quarta expedição, ocorrida na segunda metade de 1897, desgastado pelas outras expedições, que somoram quase 12 mil soldados, Canudos caiu sob a força militar advinda da capital, Rio de Janeiro. Antonio Conselheiro faleceu no dia 22 de Setembro, mas o arraial resistiu até o dia 5 de Outubro, totalizando cerca de 25 mil mortos. • O conflito foi relatado por jornalistas, médicos e poetas, incluindo Euclides da Cunha, que passou três semanas em 6 Canudos, cobrindo pelo jornal O Estado de São paulo, e que posteriormente, em 1902, publicou a obra Os Sertões, denunciando os abusos da autoridade durante o período. CAMPO SALES GOVERNO • Manuel Ferraz de Campos Salles nasceu em Campinas-SP, foi presidente do estado de São Paulo e enfim, presidente do Brasil entre os anos de 1898 a 1902, sendo eleito com 420 286, contra 38 929 votos do segundo colocado, Lauro José. O seu governo foi marcado pelo combate a crise econômica, iniciada nos governos anteriores e pelo início do poder das oligarquias cafeeiras no poder. ECONOMIA • Na questão econômica, Campos Salles, havia herdado uma crise econômica forte, com altos índices de inflação. Assim, começou a colocar em prática o Funding Loan, que foi o acordo do presidente anterior Prudente de Morais, com os banqueiros ingleses para o pagamento das dívidas do Brasil. • Através desse acordo, Campos Salles, o Brasil receberia um novo empréstimo de 10 milhões de libras esterlinas, além da suspensão da dívida existente por treze anos, que só começaria a ser paga no ano de 1911. Para isso, as alfândegas do Rio de Janeiro e de Santos ficariam hipotecadas aos banqueiros ingleses como garantia. • Através do Ministro da Fazenda Joaquim Murtinho, o governo procurou combater a inflação, com a retirada e a queima de moedas, além de conter gastos, parando obras e demitindo funcionários. A economia brasileira se equilibrou. Porém, a população mais carente ficou prejudicada com a falta de estrutura e de empregos. POLÍTICA • No plano político, Campos Salles buscou eliminar a concorrência direta dos militares que almejavam o retorno ao poder, através da inauguração da Política dos Governadores, um acordo entre os estados, liderados pelo Partido Republicano Paulista e pelo Partido Republicano Mineiro, que definia apoio nas candidaturas das oligarquias entre os coronéis, presidentes dos estados e enfim o presidente da república. Essa forma de se fazer política, colocou por anos mineiros e paulistas no poder, sendo caracterizada também como a Política do Café com Leite. POLÍTICA DOS GOVERNADORES FIM DO GOVERNO • O seu governo chegou ao fim em 1902 com a eleição do paulista Rodrigues Alves. Campos Salles faleceu em 1913, vítima de uma embolia cerebral. 7 RODRIGO ALVES GOVERNO • Paulista de Guaratinguetá, Rodrigues Alves foi presidente do Brasil de 1902 a 1906, vencendo as eleições com 592.039 votos, contra 42.542 votos do segundo colocado, Quintino Bocaiuva. TRATADO DE PETRÓPOLIS • Em 1903 foi formalizada a aquisição do Acre, com a importante participação do diplomata Barão do Rio Branco. Para isso, o Brasil teve de pagar 2 milhões de libras esterlinas a Bolívia, além de se comprometer a construir a estrada de ferro Madeira-Mamoré, para as trocas comerciais bolivianas pelo Rio Amazonas ECONOMIA • Economicamente, o governo de Rodrigues Alves manteve um momento de tranquilidade, devido ao ciclo da borracha, com a extração do látex da seringueira na região norte do país. O ciclo da borracha trouxe grande desenvolvimento econômico para a região, resultando em um processo de urbanização e europeização das principais capitais, como Manaus, Belém e Rio Branco. A borracha era fundamental para a fabricação de pneus, com a Revolução Industrial ocorrendo nos EUA e Europa, com o surgimento da indústria automobilística e consequentemente o fordismo REVOLTA DA VACINA • No ano de 1904, através do Ministro da Saúde, Osvaldo Cruz, o governo promoveu uma política sanitarista para combater a varíola, estabelecendo a campanha de vacinação obrigatória no Rio de Janeiro. Essa política causou a chamadaRevolta da Vacina, quando a população carente da capital se recusou a vacinar, temendo ser uma forma de extermínio. Os militares da Escola Militar da Praia Vermelha também aderiram ao movimento de resistência, e a escola foi fechada temporariamente pelo governo. Com a revolta, a população carente teve de deixar as suas casas, e o governo urbanizou a área. CONVÊNIO DE TAUBATÉ • Convênio de Taubaté: Em 1906 foi firmado um acordo entre o governador de São Paulo (Jorge Tibiriçá), o governador de Minas Gerais (Francisco Antônio de Sales), o governador do Rio de Janeiro (Nilo Peçanha) e os cafeicultores, que estabelecia ajuda entre as partes e intervenção do governo federal em caso de crise no comércio do café. O governo se comprometia a comprar o excedente por um preço mínimo, além de estimular o consumo no Brasil e no exterior através de propaganda. O convênio de Taubaté é uma medida adotada, que colocou em prática a Política dos Governadores. FIM DO MANDATO • Após o seu mandato terminado em 1906, Rodrigues Alves foi eleito presidente do estado de São Paulo, e em 1918 foi eleito novamente presidente do Brasil, mas contraiu gripe espanhola e não tomou posse, falecendo em 1919. 8 CICLO DA BORRACHA TRATADO DE PETRÓPOLIS • O Ciclo da Borracha no Brasil foi um Boom que durou do final do século XIX até 1912, em sua primeira fase, e depois, de forma ainda mais breve, durante a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente de 1942 a 1945. • A extração do látex dos seringais para a produção de artefatos já era utilizada pelas etnias indígenas da região norte, porém, com o advento da Segunda Revolução Industrial no século XIX na Europa e nos EUA, e posteriormente o Fordismo no século XX, a sua extração passou a ter objetivos industriais, visando a exportação para as grandes potências. • Em 1903 o Brasil adquiriu o Acre da Bolívia através de acordos feitos pelo então presidente Rodrigues Alves e o Ministro do Exterior Barão do Rio Branco. Estava assinado assim o Tratado de Petrópolis, quando o país aceitou em pagar 2 milhões de libras esterlinas para a Bolívia, além de se responsabilizar em construir a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, que ligaria as regiões da extração do látex e de outros produtos dos dois países, para os portos do Atlântico. BELLE ÉPOQUE • As cidades da região norte do Brasil passaram a receber grande investimento estrangeiro, principalmente Belém, capital do Pará, Manaus, capital do Amazonas e Porto Velho, capital de Rondônia. Teatros luxuosos foram criados, pavimentos, sistemas de esgoto, sistemas modernos de iluminação pública, além de sistemas de bondes elétricos. A região norte passava a ser das mais importantes do Brasil, tendo as capitais mais modernas e maiores representantes da Belle Époque. ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL • A estratificação social do ciclo da borracha se baseava nos interesses de uma elite exportadora, quando em seu auge, na primeira década do século XX, a borracha representava cerca de 40% das exportações brasileiras. A intermediação da compra e venda do látex vinha das Casas Aviadoras, que compravam a matéria prima dos seringais geralmente pagando com poucas libras e produtos de necessidades básicas. Os trabalhadores braçais que extraiam a matéria-prima eram pessoas pobres, geralmente advindas do sertão do nordeste, que viam no novo ciclo econômico uma condição de sobrevivência. CRISE DO CICLO • Em 1918, o ciclo começou a ruir devido a forte concorrência das seringueiras que eram cultivadas do sudeste asiático. Com sementes originárias da própria Amazônia levada por ingleses, conseguiam melhores preços e mão de obra mais barata do que existia no Brasil. Assim, a finalização da Estrada de Ferro Madeira Mamoré naquele mesmo ano, acabou sendo um investimento sem grandes retornos para o transporte do látex, porém, foi utilizada para carregar outras culturas. 9 TENTATIVA DE REERGUER • No ano de 1927, Henry Ford acordou com o governo brasileiro para a extração do látex da Amazônia, resultando na fundação do distrito de Fordlândia. o investimento de Ford supostamente criaria novos empregos na região em troca de isenção de impostos. Porém, com a morte do empresário o projeto foi abandonado pelo seu neto Henry Ford-II. SEGUNDA FASE DE EXTRAÇÃO • De 1942 a 1945 se inicia uma nova e rápida fase, conhecida como o Segundo Ciclo da Borracha ou a Batalha da Borracha. Com o advento da 2ª Guerra Mundial (1939-1945) e a chamada Política da Boa Vizinhança, que mantinha boas relações econômicas entre os EUA e os países da América Latina, o Brasil volta a exportar novamente o seu produto, principalmente após a invasão japonesa no sudeste asiático, onde as potências aliadas mantinham os seringais que abasteciam a indústria de guerra. DECLÍNIO DEFINITIVO • O governo de Getúlio Vargas passou a promover um novo ciclo migratório do nordeste para o norte, com promessas de bons pagamentos, registros em carteiras de trabalho e regime de previdência igual a dos combatentes brasileiros que estavam na guerra, sendo tratados como "Soldados da Borracha", tendo todas as glórias a que teriam direito. Porém, ao chegarem na região, ficavam dependentes dos aviadores que só lhes davam moradia precária e alimentação básica, se tornando escravos modernos. • O ciclo da borracha finalmente teve o seu fim devido a novas tecnologias como o petróleo, que possibilitava fabricar a borracha de forma mais prática. REVOLTA DA VACINA CONTEXTO • A Revolta da Vacina foi um movimento ocorrido entre os dias 10 e 16 de Novembro de 1904, no Rio de Janeiro, se manifestando contra a vacinação obrigatória propagada no governo do presidente Rodrigues Alves, do prefeito Pereira Passos e do médico sanitarista Oswaldo Cruz. • A cidade do Rio de Janeiro tinha sérios problemas de planejamento, sendo a capital desde a colônia, passando pelo império, mas que com o advento da república e a abolição da escravidão, a população pobre formada por muitos ex-escravizados, vivia em péssimas condições, na região central, além do surto de varíola, febre amarela, peste bubônica e tuberculose. O SANITARISMO • O sanitarismo proposto pelo governo não visava só o controle das doenças por meio das vacinas, mas também a reurbanização da cidade, o que gerou um conflito de classes. • O prefeito Pereira Passos havia tomado uma série de medidas arbitrárias para realizar a reurbanização, como a proibição de cães e vacas nas ruas, o recolhimento de mendigos, a proibição de hortas e vendedores ambulantes, além do projeto de revitalização do porto do Rio de Janeiro. AS MANIFESTAÇÕES • A população se incomodava com a arbitrariedade do governo, com o isolamento dos doentes, desinfecção das casas e principalmente com a obrigatoriedade da vacina, que não era acompanhada de um diálogo justificando a medida. • Vários abaixo-assinados foram enviados ao congresso contra a obrigatoriedade da 10 vacina, somando um total de 15 mil assinaturas, incluindo 78 militares, alunos da Escola Militar da Praia Vermelha. • O movimento tomou as ruas através de discursos, passeatas, formação de barricadas e até um grupo de 30 militares florianistas tentou se aproveitar do momento para realizar um golpe de Estado contra Rodrigues Alves. FIM DO MOVIMENTO • No dia 16 foi decretado estado de sítio e as forças do governo passaram a focar mais no controle do foco da revolta, resultando na detenção de 945 pessoas, dentre elas, 461 possuiam antecedentes criminais, sendo presas na Ilha das Cobras ou levadas para o Acre, para trabalharem nos seringais. AFONSO PENA ELEIÇÕES • Mineiro de Santa Bárbara, Afonso Pena foi eleito presidente do Brasil com 288.285 votos, contra 4.865 do segundo colocado, Lauro Sodré, governando de 1906a 1909. ECONOMIA • Na Economia, Afonso Pena buscou valorizar a produção do café, colocando em prática o Convênio de Taubaté, de 1906, comprando o excedente dos grandes cafeicultores, o que alavancou a venda e fez crescer o mercado. • A produção de café cresceu, e por isso, o presidente propôs uma política de incentivo a imigrantes para atender as demandas de mão de obra. Foi no ano de 1908 que teve o início da imigração japonesa para o Brasil. O governo exigia dos recém chegados exame médico e um curso prévio de português. POLÍTICA • Afonso Pena buscou ir além das políticas das oligarquias, buscando ligar o sudeste com outras regiões, como foi o caso da construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, que ligava Bauru-SP a Corumbá- MS. Também houve a extensão da rede telegráfica para a região norte. Para isso, foi fundamental o trabalho das expedições do Marechal Cândido Rondon. Afonso Pena • O presidente se preocupou em nomear ministros jovens, que segundo ele, respeitariam mais a sua autoridade. Essa política foi criticada pelas oligarquias, que apelidaram a sua base ministral de “jardim de infância”. • Através do seu ministro da guerra, o Marechal Hermes da Fonseca, tornou-se obrigatório o serviço militar da marinha e do exército. 11 FIM DO SEU MANDATO • No final do seu mandato, houve uma crise de sucessão presidencial. As oligarquias e os militares ligados ao Marechal Hermes da Fonseca, não aceitaram as suas indicações, por entenderem que a sua política se distanciou de seus interesses. Afonso pena acabou falecendo em 1909, antes de terminar o seu mandato, e o vice- presidente Nilo Peçanha, assumiu o governo. MIGRAÇÃO JAPONESA NO BRASIL CONTEXTO • A imigração japonesa é um dos fatos mais importantes da história do país, contribuindo com o desenvolvimento do Brasil no século XX. • O Brasil abriga a maior população de origem japonesa fora do Japão, com cerca de 1,5 milhão de pessoas. ANTECEDENTES • No ano de 1868 é realizada no Japão a Restauração Meiji, que colocou fim ao Xogunato Tokugawa, que era uma ditadura feudal, que havia durado mais de 200 anos. • O período Meiji iniciou no Japão um período de crescimento industrial e de expansão territorial. Era o chamado Império japonês, que durou de 1868 a 1945. Porém, a população mais carente, ainda passava necessidades com a forte concentração de renda nas mãos de pessoas ricas, que mantinham o controle das terras férteis. • No final do período imperial brasileiro (1822- 1889), o Brasil necessitava cada vez mais de mão da mão de obra de imigrantes assalariados, e assim, no ano de 1885, foi assinado o "Tratado de Amizade entre Brasil e o Japão", que estabelecia trocas comerciais entre os dois países, além da imigração de japoneses ao Brasil. A NECESSIDADE • Durante a República da Espada (1889-1894), imigrantes africanos e asiáticos foram proibidos de entrarem no Brasil, pois o país passava por um processo político conturbado, além da influência imperialista, com o Darwinismo Social e a ideia de "branqueamento de raças". Porém, passado esse tempo e com o crescimento da lavoura cafeeira e outros gêneros agrícolas, além do surto industrial na cidade de São Paulo, o governo do presidente do estado Jorge Tibiriçá, firmou um acordo de imigração com Ryu Mizuno, presidente da Kokoku Shokumin Kaisha (Companhia Imperial de Emigração). DURANTE A ERA VARGAS • Com a Era Vargas (1930-1945) e a busca pela construção da identidade nacional brasileira, foi promulgada a Constituição de 1934, que estabeleceu fortes restrições a migração de forma geral. A nova lei limitava uma cota de 2% para imigrantes de cada nacionalidade, utilizando como parâmetro o número de imigrantes dos últimos 50 anos. Como durante esse período, o Brasil havia recebido 142.457 japoneses, o permitido por ano agora seria de 2.849 imigrantes advindos do Japão. • Ainda na Era Vargas, mas agora no período da ditadura do Estado Novo (1937-1945), as restrições para os imigrantes se acentuaram. Assim, foi estabelecido o decreto nº 383 de 1938, que definia que estrangeiros não 12 poderiam participar de atividades políticas, manter fundações, entre outras coisas que restringiam a sua liberdade. A perseguição se tornou mais forte para italianos, alemães e japoneses, quando os seus países de origem passaram a compor uma aliança durante a Segunda Guerra Mundial (1939- 1945), e a declaração de guerra do Brasil ao eixo em agosto de 1942. • O tratado de Amizade entre Brasil e Japão, assinado em 1885 foi suspenso durante esse período. DURANTE A REPÚBLICA POPULISTA • Após a guerra, e com a consequente queda do Estado Novo e a promulgação da Constituição de 1946, o crescimento da chegada de imigrantes japoneses retornou, visto que a situação no Japão após a guerra era de extrema miséria. • Nesse período, foi criada por imigrantes japoneses de caráter nacionalista extremista a Shindo Renmei, que espalhavam a falsa notícia no Brasil, que o Japão não havia se rendido na guerra, e assim, realizavam ataques considerados terroristas pelo governo, a nipo-brasileiros que não acreditassem. Por volta de 23 pessoas foram assassinadas e outras 147 foram feridas nesse período. ATÉ OS DIAS ATUAIS • Na segunda metade do século XX, ocorreu um êxodo rural da população nipo-brasileira. Assim, muitos imigrantes e seus descendentes passaram a desenvolver atividades horti-fruti granjeiras-granjeiras em vendas e feiras nas cidades. • Na década de 1990, através de novos acordos de imigração entre os dois países, o Japão passou a reconhecer descendentes de nipo-brasileiros de segunda e terceira geração, para residirem no Japão pelo período de três anos. Assim, o fluxo de imigrantes se converteu, com brasileiros buscando a inserção no mercado de trabalho industrial japonês. NILO PEÇANHA CONTEXTO • Nilo Peçanha nasceu em Campos do Goytacazes no ano de 1867, foi presidente do Rio de Janeiro, senador, antes de se tornar vice-presidente do Brasil no ano de 1906 a 1909. Com a morte de seu antecessor, Afonso Pena, se tornou presidente de junho de 1909 a dezembro de 1910. Em seu discurso afirmou: "farei um governo de paz e amor". • Existem estudos que apontam que Nilo Peçanha tinha ascendência africana, e que as suas fotografias eram alteradas para esconder esse fato. POLÍTICA • Como presidente, aumentou de 12,4%% para 18,5%% os capitais investidos nas indústrias, incentivou a criação de escolas técnicas, reorganizou o ministério da agricultura, emancipando-o do antigo ministério da agricultura, pecuária e abastecimento. Nilo também criou o SPI (Serviço de Proteção ao Índio), um órgão que tinha por objetivo prestar assistência a população indígena, tendo como primeiro diretor o Marechal Cândido Rondon, • O SPI foi substituído em 1967 pela FUNAI (Fundação Nacional do Índio). FIM DO MANDATO • Com o fim de seu mandato, as eleições presidenciais se acirraram, pois havia um 13 conflito de sucessão entre os estados de Minas Gerais e São Paulo. • Nilo Peçanha passou a apoiar, junto aos mineiros a candidatura do Marechal Hermes da Fonseca, em oposição a São Paulo que apoiava a candidatura de Rui Barbosa, que tinha como principal bandeira o civilismo, que buscava eliminar a influência militar na política brasileira. • O seu mandato terminou em 1910 com a eleição de Hermes da Fonseca. Nilo Peçanha, após a presidência ainda de elegeu novamente presidente do Rio de Janeiro e Senador, falecendo no ano de 1924. HERMES DA FONSECA ELEIÇÕES • Marechal Hermes da Fonseca foi o 8º presidente do Brasil, governando de 1910 a 1914, sendo eleito com o apoio do seu antecessor Nilo Peçanha, adquirindo 403.867 votos, contra 222,822 de seu concorrente Rui Barbosa. • Pela primeiravez a campanha eleitoral esteve mais disputada, e isso se deve ao fato do rompimento político entre São Paulo e Minas Gerais, ou civilistas e hermistas. • Hermes da Fonseca foi o presidente que estabeleceu por decreto a utilização da faixa presidencial, sendo o primeiro presidente a passá-la para o seu sucessor, Veceslau Brás. REVOLTAS • Durante o seu governo, Hermes da Fonseca teve de lhe dar com duas importantes revoltas. Em 1910, eclodiu a Revolta da Chibata, no Rio de Janeiro, liderada por João Cândido, o Almirante Negro. Essa revolta tinha por objetivo reivindicar melhores condições de vida e trabalho, sendo contrária aos castigos corporais aplicados aos marinheiros, que era em maioria ex escravos. O governo negociou concedendo anistia aos participantes, mas não cumpriu com a palavra, expulsando marinheiros e prendendo os líderes. • No ano de 1912, iniciou a Guerra do Contestado, nos estados de Santa Catarina e Paraná, envolvendo posseiros e pequenos proprietários, contrários a instalação da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, idealizada pela Brazil Railway Company. Um fator importante da guerra foi a resistência da população local, que se dava através do messianismo, através dos monges João Maria e José Maria. A revolta só teve fim nos anos posteriores ao governo de Hermes da Fonseca, terminando no ano de 1916. POLÍTICA • Hermes da Fonseca procurou se aprofundar na política de seu antecessor Nilo Peçanha, lançando a "Política das Salvações", que consistia em derrubar as 14 oligarquias regionais, nomeando interventores civis ou militares ligados ao governo, se apoiando na justificativa de combater a corrupção e fraudes no sistema eleitoral aberto. Assim, ocorreu em 1912 o Bombardeio a cidade de Salvador, por encouraçados da marinha, a mando do governo. Tal atitude resultou na posse de Joaquim José Seabra, aliado do governo federal. • A Política de Salvação fracassou em nomear um interventor em São Paulo, mas obteve êxito em outros estados, como Pernambuco, Alagoas e Ceará. ECONOMIA • No plano econômico, foi aprovado o segundo Funding Loan, que se tratava de renegociar a dívida externa. O Brasil faria um novo empréstimo de 15 milhões de libras esterlinas, com juros de 5% e a suspensão de amortizações das dívidas anteriores, até o ano de 1927. • Em seu governo também ocorreu a finalização da estrada de ferro Madeira- Mamoré, como uma condição boliviana para a aquisição do Acre, feita em governos anteriores, mas que foi considerada tardia, pois nesse período, o ciclo da borracha no Brasil estava se esgotando devido a grande concorrência da borracha sintética. REVOLTA DA CHIBATA CONTEXTO • A Revolta da Chibata foi um movimento ocorrido entre os dias 22 a 26 de novembro, no Rio de Janeiro, por marinheiros, sendo resultado de reivindicações por melhores condições de vida, trabalho e contra os castigos corporais. • A maior parte dos oficiais de baixa patente era formada por trabalhadores negros, exescravizados ou descendentes de escravizados, em uma sociedade onde a abolição ainda era recente, e as desigualdades raciais caminhavam com as desigualdades sociais. A REVOLTA • Antes de iniciar a revolta, os integrantes haviam formado comitês para se prepararem para o motim, o que demonstra consciência da situação, eliminando a possibilidade de total espontaneidade do movimento, além de terem enviado previamente uma carta ao presidente Hermes da Fonseca exigindo o fim das chibatadas. • O estopim se deu após o marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes ferir com uma lâmina de barbear outro marinheiro. Como punição, tomou 250 chibatadas. • Ao longo da madrugada, sob a liderança de João Cândido, o Almirante Negro, os rebeldes que iniciaram tomando o navio Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Deodoro entre outros, apontando os canhões para a Bahia de Guanabara. CARTA DOS MARINHEIROS FIM DA REVOLTA • Através do deputado federal José Carlos de Carvalho, o congresso iniciou as negociações para o fim do motim, 15 sugerindo anistia aos marinheiros envolvidos e o fim dos castigos corporais. • Havia ainda uma disputa política entre militares ligados ao presidente Hermes da Fonseca, que queriam um confronto militar e o Congresso, que buscava uma solução pacífica e diplomática. • Ruy Barbosa, apoiava a causa dos marinheiros e fazia pressão para que o Congresso aprovasse uma lei que anistiasse os marinheiros. Assim, a anistia foi aprovada as pressas no dia 26 de Novembro. CONSEQUÊNCIAS • Cerca de 1200 marinheiros foram dispensados, 1000 deles receberam passagens para retornarem as suas terras de origem. • 600 marinheiros foram presos na Ilha de Cobras, e João Cândido, depois de relatos de alucinações, foi condenado a viver em um hospital psiquiátrico. GUERRA DO CONTESTADO CONTEXTO • Revolta ocorrida na região do Contestado, entre os estados do paraná e Santa Catarina, local rico em extração de madeira e erva mate que, no entanto, estava ocupada por famílias de posseiros, que utilizavam da terra para a sobrevivência. • O Estado brasileiro, em parceria com empresas estrangeiras, tinha interesse em potencializar a extração dos recursos naturais da região, além de construir a estrada de ferro norte-americana Brazil Raiway Company, ligando o estado do Rio Grande do Sul a São Paulo. MESSIANISMO • Ao longo das décadas, na região, surgiram líderes messiânicos, de origem pouco conhecida, como João Marian Agostini, João Maria de Jesus e enfim, durante o início da revolta, José Maria de Santo Agostinho. • Devido ao caráter messiânico, ocorreu a influência do Sebastianismo, movimento religioso português iniciado em 1578, com a morte de D. Sebastião I, rei de Portugal. • José Maria pregava amor e respeito ao próximo, aos animais e a natureza. A polícia da Vila de palmas, no Paraná, havia divulgado um laudo de que se tratava de um desertor do exército condenado por estupro. O MOVIMENTO • O movimento reuniu cerca de 40.000 pessoas que ocupavam as vilas da região, denominadas de Vilas Santas, se propondo a serem autossuficientes para resistirem as ações governamentais para a retirada das famílias da região. • As Vilas Santas levantavam a bandeira da “Monarquia Celeste” em oposição ao modelo republicano instaurado em 1889. • Durante o movimento, foi formado o Exército Encantado de São Sebastião, com cerca de 10.000 soldados. A REPRESSÃO • Após 4 anos de conflito, através do general Carlos Frederico de Mesquita, veterano na Guerra de Canudos e depois com o 16 marechal Setembrino de Carvalho, o exército brasileiro passou a cercar a região, evitando a passagem dos integrantes do movimento, tornando os recursos cada vez mais escassos, promovendo revoltas internas. • Já no governo do presidente Veceslau Brás, o movimento chegou ao fim, com cerca de 20.000 mortos e as residências destruídas. VELESCAU BRÁS ELEIÇÕES • Mineiro de Brasópolis, Veceslau Brás foi presidente do Brasil de 1914 a 1918, sendo eleito com532.107 votos, contra 47.782 votos de Rui Barbosa. • Veceslau também representou a reconciliação entre Minas Gerais e São Paulo, estabelecida pelo Pacto de Ouro Fino, de 1913. REVOLTAS • Foi durante o governo de Veceslau Brás que teve fim a Guerra do Contestado, que havia se iniciado em 1912, com as habitações destruídas e totalizando mais de 10.000 mortos. No ano de 1916 foi estabelecido o acordo de limites entre os estados do Paraná e Santa Catarina. • Em 1915, ocorreu no Rio de Janeiro a Revolta dos Sargentos; organizada por sargentos do exército, da polícia e dos bombeiros do Rio de Janeiro, tinham por objetivo estabelecer uma República Parlamentarista no Brasil. Porém, o governo reagiu rapidamente a tentativade golpe, prendendo e excluindo das respectivas forças militares, cerca de 256 sargentos. CÓDIGO CIVIL • Em 1916 foi escrito o primeiro Código Civil do país, sendo um conjunto de normas que definem os direitos e deveres das pessoas, seus bens, e de suas relações no âmbito privado. Esse código também foi o primeiro documento oficial a grafar o nome Brasil com a letra S. O BRASIL NA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL • Em 1914 eclodiu a "Grande Guerra", nome dado na época para definir a Primeira Guerra Mundial, durando até o ano de 1918. No ano de 1917, os navios brasileiros "Paraná“ e “Macau” foram torpedeados supostamente por submarinos alemães, forçando o Brasil a romper relações diplomáticas com a Alemanha. No mesmo ano, o navio Tijuca, também foi torpedeado perto da costa da França, e assim, o governo brasileiro confiscou cerca de 42 navios pertencentes a países que formavam a Tríplice Aliança, como a Alemanha, Áustria-Hungria e Império Turco-Otomano. • A participação do Brasil foi pequena devido a falta de recursos. O Brasil enviou oficiais do exército e da marinha para integrarem a Força Aérea Real Britânica, para batalharem na frente ocidental, um grupo de médicos, e uma frota naval para patrulhar a costa africana, evitando assim a ação de submarinos inimigos. (Batalha das Toninhas no Estreito de Gibraltar). • A guerra trouxe prejuízos econômicos para o Brasil, principalmente se tratando de seu 17 principal produto de exportação, o café, que reduziu drasticamente em relação ao mercado americano. Assim, Veceslau Brás tentou incentivar a indústria, exportando outros gêneros para os países da Tríplice Entente (EUA, Inglaterra e França), se preocupando pouco em abastecer o mercado interno, gerando o aumento do custo de vida e a alta dos preços no país. GREVE GERAL EM SÃO PAULO • No mesmo período, em São Paulo ocorreu a Greve Geral de 1917, que posteriormente atingiu o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul, oriunda de trabalhadores imigrantes italianos e espanhóis das recém criadas indústrias em crise econômica. A greve teve por característica a influência anarquista e marxista, sendo conduzida através do anarcossindicalismo. Ou seja, organizações autônomas que procuravam utilizar de sua estrutura para lutar pelos seus direitos e organizar a luta revolucionária. • Entre as reivindicações da greve estavam o aumento de salários, a abolição do trabalho para menores de 14 anos de idade, abolição do trabalho noturno para as mulheres, adoção da "semana inglesa", que estabelecia jornada de 8 horas diárias, de segunda a sexta, e 4 horas aos sábados, entre outros. GRIPE ESPANHOLA E O FIM DO MANDATO • Ainda durante o período da Primeira Guerra Mundial, ocorreu a Gripe Espanhola, uma pandemia que se espalhou por dois anos (1918 e 1919), causando cerca de 50 milhões de mortos no mundo todo. O Brasil também não escapou da doença, sendo inicialmente contraída por fuzileiros navais que patrulhavam a costa africana, resultando por volta de 35 mil mortes no país. • O governo de Veceslau Brás terminou no ano de 1918, sendo sucedido por outro mineiro, Delfim Moreira. • Veceslau faleceu em Itajubá no ano de 1966, aos 98 anos de idade. DELFIM MOREIRA ELEIÇÕES • Nascido em Cristina-MG, Delfim Moreira foi o 10º presidente do Brasil. Porém, chegou ao poder de forma não convencional, pois foi eleito vice-presidente, enquanto Rodrigues Alves tinha sido eleito presidente, mas faleceu devido à gripe espanhola. • Assim, Delfim assumiu de forma interina, governando de novembro de 1918 a julho de 1919, pois a constituição do período previa novas eleições em caso de vacância presidencial. GOVERNO • Devido a problemas de saúde, Delfim Moreira teve dificuldades para exercer o seu cargo, delegando a maior parte de suas tarefas ao ministro da viação e obras públicas Afrânio de Melo Franco. • Durante o seu governo, em 1919 o Brasil participou da Conferência de Paz em Paris, sendo representado pelo senador Epitácio Pessoa. A Conferência de Paz de Paris tinha por objetivo estabelecer uma política de paz após a 1ª Guerra Mundial, resultando no Tratado de Versalhes. O Brasil reivindicou e obteve êxito em indenizações por navios que transportavam café, que foram apreendidos pelos alemães durante a guerra 18 REPRESSÃO • O governo de Delfim Moreira também foi marcado por forte repressão a movimentos opositores, como a Chacina dos Nove, também conhecida como Chacina do Duro, por ocorrer em São João do Duro, antigo estado de Goiás, atual Tocantins. Por uma questão de irregularidades da herança de um coronel local, a polícia executou prisões arbitrárias, além de humilhações, amarrando nove suspeitos em troncos. O coronel Abílio Wolney reagiu enviando jagunços para combater as autoridades. Após a conclusão do inquérito, as irregularidades não foram solucionadas, porém, o evento demonstrou a insatisfação dos coronéis ao poder central do Brasil ECONOMIA • Devido a grande crise econômica causada pela guerra, o governo de Delfim Moreira teve de promover medidas impopulares, aumentando as tarifas alfandegárias e cortando gastos públicos. Tais atitudes geraram um aumento no custo de vida do país, potencializando greves que já estavam ocorrendo, e gerando outras, como no Rio de Janeiro e Niterói, com trabalhadores da indústria têxtil. O presidente reprimiu as greves, prendendo e expulsando do Brasil vários participantes, além de colocar na ilegalidade a UTR (União dos Trabalhadores do Rio de Janeiro). FIM DO MANDATO • O seu mandato terminou em julho de 1919 com a eleição de Epitácio Pessoa, e no ano de 1920, Delfim Moreira faleceu em Santa Rita do Sapucaí-MG. EPITÁCIO PESSOA ELEIÇÕES • Nascido em Umbunzeiro, na Paraíba, Epitácio Pessoa foi o 11º presidente do Brasil, governando de 1919 a 1922. sendo candidato enquanto ocupava o cargo de senador e estava representando o país na Conferência de Paz de Paris, vencendo as eleições com 286.373 votos, contra 116.414 votos do segundo colocado, Rui Barbosa. • A eleição de Epitácio Pessoa foi apoiada por Minas Gerais e por parte dos cafeicultores paulistas, mas ela representa uma derrota da política do café com leite, visto que o presidente não era de nenhum dos dois estados, e sim da Paraíba. SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922 • No plano cultural, entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922, ocorreu a Semana de Arte Moderna, no teatro Municipal em São Paulo, quando os artistas modernistas passaram a propor uma nova estética na arte brasileira, buscando se afastar do neoclassicismo europeu. A semana contou com os olhares duvidosos das oligarquias, que consideravam um insulto a essas novas concepções culturais. • Na Europa, A Belle Époque francesa, que influenciava grande parte dos países, foi destruída com a modernização da primeira guerra mundial (1914-1918). O futurismo de Filippo Marinetti era uma grande influência para os modernistas, que procuravam abandonar a estética pela praticidade. • A Semana de Arte Moderna não foi um evento popular, pois foi construído por intelectuais, que em muitos casos eram descendentes das oligarquias do Café com 19 Leite, tendo respaldo do governador Washington Luís. Porém, ainda assim conseguiam fazer críticas a estrutura aristocrática do país, com referências a obra literária Paulicéia desvairada, de Mário de Andrade, lançada naquele mesmo ano. • O Legado da semana de 1922 é importante para compreendermos o projeto de nação proposto até mesmo no cenário político dos anos posteriores. Destacamos O Manifesto antropofágico de Oswald de Andrade, escrito em 1928, que propunha o rompimento com a estética Europeia ao aprofundamento de uma arte tipicamente brasileira. • Também podemos destacar de Mário de Andrade, Macunaíma,escrito em 1928, o herói desprovido de qualquer moral, destacando a formação do Brasil por negros, brancos e índios, a busca pela arte tipicamente nacional também teve influência na formação do iphan (Instituto do patrimônio histórico e artístico nacional) em 1937. Mário de Andrade esteve presente em sua fundação. ECONOMIA • No plano econômico, o Brasil estava em crise, devido a carestia de alimentos causados pela 1ª Guerra Mundial e pelos empréstimos (funding loan) realizados pelos governos anteriores. Por isso, Epitácio buscou manter uma política de austeridade fiscal (controle de gastos), mas foi pressionado pelas oligarquias cafeicultores, e por isso arcou com um novo empréstimo de 9 milhões de libras, com a Inglaterra, e posteriormente também contou com mais financiamento dos EUA para a ampliação da Estrada de Ferro Central do Brasil, ligando os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. • A economia cafeeira conseguiu se reerguer em seu governo, pois com a proibição da venda de bebidas alcoólicas nos EUA em 1920 (Lei Seca), o café voltou a servalorizado e exportado. POLÍTICA • No plano político, o governo de Epitácio Pessoa foi perturbado por movimentos de diversas naturezas, como por exemplo a manutenção das greves operárias que estavam ocorrendo no país desde governos anteriores. • Epitácio pessoa promulgou a Lei Adolfo Gordo, que reprimia movimentos operários, deportando anarquistas que estivessem participando de greves. Porém, no ano de 1922, influenciados pela Revolução Russa de 1917 e pelo marxismo-leninismo, foi formado o PCB (Partido Comunista Brasileiro), trazendo uma nova forma de organização para os trabalhadores no Brasil. • Como forma de reduzir a oposição militar ao seu governo, Epitácio nomeou dois civis, Pandiá Calógeras e Raul Soares para pastas ministeriais militares, sendo a Marinha e o Ministério da Guerra. Tal atitude causou 20 agitação entre os militares, resultando na eclosão do Movimento Tenentista. CRISE POLÍTICA • O Em 1921, ocorreu a chamada Crise das Cartas Falsas, quando o jornal Correio da Manhã havia publicado cartas de Artur Bernardes, que era presidente de Minas Gerais e concorrente a presidência do Brasil, a Raul Soares, com insultos as Forças Armadas e ao Marechal Hermes da Fonseca, que tinha perspectivas de retornar a presidência. • Após o trabalho da perícia, foi provada a falsidade do conteúdo, que tinha por objetivo enfraquecer politicamente Artur Bernardes. Assim, o Clube Militar no Rio de Janeiro foi fechado e o Marechal Hermes da Fonseca foi preso. • Em Julho de 1922 ocorreu a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, quando dezessete militares e um civil organizaram o primeiro levante tenentista do Brasil, tendo por objetivo derrubar o presidente Epitácio Pessoa e impedir a posse de Artur Bernardes, que havia sido eleito presidente. • O número reduzido de oficiais se deu devido a desistência de outros membros, temendo uma retaliação do governo. Assim, dezesseis membros foram metralhados enquanto se encaminhavam para o Palácio do Catete, no Rio de Janeiro FIM DO MANDATO • Epitácio Pessoa terminou o seu mandato em 1922, sendo sucedido por Artur Bernardes, mas ainda ocupou o cargo de Ministro da Corte Permanente de Justiça Internacional, da Liga das Nações, e em 1942 faleceu, sendo vítima de Mal de Parkinson. TENENTISMO CONCEITO • O Tenentismo foi um movimento político e militar ocorrido nos anos 1920, durante a República Velha, que tinha como principal objetivo combater as mazelas e as desigualdades provocadas pelo coronelismo. ORIGEM O movimento tem a sua origem em insurreições populares, desde o ano de 1922, com a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, a Revolução Gaúcha de 1923 e a Revolução Paulista de 1924. Todos esses movimentos faziam críticas diretas as oligarquias que estavam no poder. A COLUNA PRESTES • A Coluna se inicia com a revolta dos tenentes no Rio Grande do Sul, na região das missões, em cidades como São Luís Gonzaga, São Borja, entre outros municípios, liderados por Luís Carlos Prestes e Juarez, partiram pelo Brasil, caminhando a pé 25.000 km, cerca de 1500 pessoas em busca de apoio as suas causas. • O objetivo da Coluna Prestes era colocar em xeque a República Oligárquica, acabar com o coronelismo e por fim as desigualdades sociais, mas também reivindicavam o voto secreto, a defesa do ensino público e a obrigatoriedade do ensino primário. 21 O ENFRAQUENCIMENTO DO MOVIMENTO • Em 1927, o movimento se viu desgastado, visto que o governo de Washington Luís se fazia presente e forte para combatê-los. Assim, em seu último estágio, passando pela região centro-oeste do país, se exilaram na Bolívia. • Apesar de não terem conseguido as mudanças que almejavam naquele período, a Coluna Prestes contribuiu para que parte da população carente do país passasse a enxergar perspectivas maiores em uma possível mudança de governo. Assim, Luís Carlos Prestes ficou conhecido como o "Cavaleiro da Esperança". CANGAÇO CONTEXTO • O Cangaço foi um fenômeno social ocorrido da segunda metade do século XIX, até 1940, sendo localizado principalmente no sertão do nordeste. • O nordeste havia perdido a sua força econômica durante a colônia, devido ao declínio da sociedade açucareira em 1654 e a descoberta de metais preciosos na região sul. Durante o império, no século XIX, e a República Velha (1889-1930) as atenções do Estado estavam mais voltadas para o cultivo do café no Vale do Paraíba e posteriormente no Oeste Paulista e Minas Gerais. • O poder no interior do país era exercido pelos coronéis, latifundiários que inicialmente haviam adquirido a patente na Guarda Nacional, formada em 1834. OS CANGACEIROS • Os cangaceiros formavam um estilo de vida bem peculiar, sendo grandes conhecedores da caatinga, e agindo de formas diversas. Podemos defini-los em três grupos distintos: • Os jagunços, que prestavam serviços para os latifundiários (coronéis), cobrando impostos da população local e realizando até ameaças em nome do contratante, os cangaceiros mercenários, que prestavam serviços a políticos locais e por fim, porém, mais conhecidos, os cangaceiros independentes, que agiam com autonomia pelo sertão. • Podemos compreender o cangaço como um fenômeno diretamente ligado a miséria do sertão do nordeste e inserido como oposição a concentração de renda nas mãos dos latifundiários. Porém, não se trata de um movimento organizado de forma homogênea, tendo vários bandos conectados a uma cultura, mas agindo de formas separadas. BANDITISMO SOCIAL • Os cangaceiros independentes não eram apadrinhados por coronéis ou políticos, e por isso eram o maior alvo de perseguição da volante (polícia encarregada de prender cangaceiros). Assim, atuavam conforme o planejamento do bando, sem residência fixa, passando as noites e se alimentando nas residências dos coiteiros (pessoas simpáticas a causa, que prestavam solidariedade), promovendo saques e violência principalmente a latifundiários e a defensores da ordem. Essa prática do cangaço ficou conhecida como "Banditismo Social". • Geralmente, os cangaceiros utilizavam roupas de couro, com enfeites, jóias e perfumes roubados de grandes fazendas. Também eram muito religiosos, tendo como hábito a doação de bens para igrejas locais, e as suas armas de fogo muitas vezes eram adquiridas de saques, como o revolver Colt, a Winchester e até mesmo, após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), 22 armas de fabricação alemã, como o fuzil Mauser. LAMPIÃO • O primeiro bando de cangaceiros agiu por volta de 1870, através da liderança de Gesuíno Brilhante, porém, o nome mais famoso é de Virgulino ferreira da Silva, o Lampião, e sua companheira, Maria Bonita, atuandodurante as décadas de 1920 e 1930 no sertão. • Lampião se tornou símbolo do banditismo social até ser perseguido até a sua morte em 1938 pela volante, durante o governo de Getúlio Vargas, que passou a exercer maior controle das forças para derrubar o cangaço e a influência dos coronéis na política, centralizando o poder em suas mãos. • Devoto, Lampião se encontrou com Padre Cícero em Juazeiro do Norte, no Ceará, no ano de 1926, quando foi aconselhado a abandonar o cangaço. Naquele momento, a Coluna Prestes, que estava promovendo um levante contra a República Velha, estava passando pela região, e foi prometido ao bando que ajudassem a combater o movimento se alistando nos Batalhões Patrióticos, em troca da anistia de seus crimes. Porém, com desconfiança sobre essa promessa, Virgulino não chegou a entrar em conflito com a Coluna Prestes. ARTHUR BERNARDES ELEIÇÕES • Nascido e Viçosa-MG, Artur Bernardes foi o 12º presidente do Brasil, sendo eleito em um processo eleitoral disputado e dividido, recebendo 466.877 votos, com apoio de Minas Gerais, São Paulo e outros estados, contra 317.714 votos do segundo colocado Nilo Peçanha, que tinha apoio do Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco e outros estados. GOVERNO • O seu governo iniciou com forte oposição de outros estados, que criticavam a política do café com leite, além dos militares, que fizeram grande pressão, devido ao evento "Crise das Cartas Falsas", ocorrida no governo anterior, quando Artur Bernardes supostamente havia escrito cartas debochando do Marechal Hermes da Fonseca. Por mais que as cartas tenham sido comprovadamente falsas, os tenentistas continuaram a sua oposição ao governo. REVOLUÇÃO GAÚCHA DE 1923 • O Rio Grande do Sul era governado por Borges de Medeiros do Partido Republicano Riograndense desde 1903, que se opunha ao presidente Artur Bernardes, e em 1922, havia decidido se candidatar pela 5ª vez, gerando oposição dos federalistas. • Assim, se instalou uma violenta guerra civil no estado; de um lado os Borgistas ou Ximangos, representados pelo lenço branco, e de outro, os federalistas ou maragatos. Em um processo eleitoral conturbado, Borges vence e toma posse, mas foi acusado de fraudar as eleições, assim, os conflitos continuam. 23 • O presidente do Brasil, Artur Bernardes teve de intervir no conflito exigindo a assinatura do Pacto de Paz de Pedras Altas, definindo que Borges de Medeiros poderia concluir o seu mandato em 1928, mas que não poderia se reeleger devido a reformulação da constituição que passava a proibir a reeleição. Assim, pelo Partido Republicano Riograndense, Getúlio Vargas foi eleito como presidente do estado. REVOLUÇÃO PAULISTA DE 1924 • A revolução Paulista, também conhecida como Revolução do Isidoro, por ter sido iniciada pelo general Isidoro Dias Lopes, com grande apoio dos tenentistas e de operários da cidade, pretendia depor o presidente Artur Bernardes, acabar com a política do café com leite e estabelecer o voto secreto no Brasil. • A revolta foi deflagrada em 5 de julho de 1924, com o bombardeio ao palácio de Campos Elísios, sede do governo da época, quando o então presidente do estado Carlos de Campos, teve de fugir. Porém, em outras cidades do interior, também ocorreram conflitos, com a tomada de prefeituras. • A reação do governo federal, com as forças legalistas foi imediata, através do "bombardeio terrificante", através de aviões, atingindo bairros operários e de classe média como o Brás e a Mooca e Perdizes. • Sem grande armamento bélico, os opositores ao governo saíram derrotados, e muitos tenentes fugiram para o sul, onde se juntaram a Luís Carlos Prestes, iniciando a Coluna Prestes, e outros foram presos e posteriormente anistiados por Getúlio Vargas em 1930. RELAÇÕES INTERNACIONAIS • Durante o governo de Artur Bernardes, em 1926 o Brasil se retirou da Ligas das Nações por disputas pela entidade. Considerado um dos fundadores e o sétimo financiador da Liga, o país lançou uma delegação com a Espanha para garantir uma vaga no Conselho da Organização, mas acabou se isolando devido a divergências políticas, como os Acordos de Locarno, que estabelecia entre outras coisas, a reorganização das fronteiras da Alemanha, e até uma cadeira na Liga das Nações. FIM DO MANDATO • Após o seu governo, Artur Bernardes foi eleito senador até 1930 e depois deputado federal até 1937, quando perdeu o seu mandato com o golpe do Estado Novo. Em 1945, filiado a UDN (União Democrática Nacional) foi eleito novamente deputado federal até a sua morte em 1955. WASHINGTON LUÍS ELEIÇÕES • Washington Luis foi o 13º e último presidente da República Velha. Nascido em Macaé, no Rio de Janeiro, teve a sua carreira política atrelada a São Paulo, quando viveu e 24 trabalhou junto aos cafeicultores em Batatais-SP. • A sua vida como presidente se iniciou com 688.528 votos, contra 1116 votos do segundo colocado, o general Joaquim Francisco de Assis Brasil, que representava o estado do Rio Grande do Sul. POLÍTICA • No plano político, o governo de Washington Luis herdou uma crise estabelecida nos governos anteriores, e apesar não ter renovado o estado de sítio decretado pelo ex presidente Artur Bernardes, e de haver prometido anistia aos condenados por manifestações populares como as greves operárias e a Coluna Prestes, não a concedeu, e assim, estabeleceu a Lei Celerada em 1927, que definia censura a imprensa, proibição de reuniões populares e a ilegalidade do PCB (Partido Comunista Brasileiro). • Ainda no plano político, em 1927 Washington Luís estabeleceu o Conselho da Defesa Nacional, um órgão chefiado pelo presidente da república e seus ministros, que tem por objetivo cuidar da defesa e segurança nacional, política externa e declarações de guerra. • Durante o seu governo, foi construída a estrada Rio-Petrópolis e a estrada Rio-São- Paulo, que posteriormente foi substituída em 1951 pela Via Dutra. • Devido ao grande fluxo de automóveis ligando as cidades e ao boom da indústria automobilística, foi criada a polícia rodoviária federal e o decreto nº 5.141, que estabelecia o Fundo Especial para Construção e Conservação de Estradas de Rodagem Federais, que recolhia impostos para a manutenção das vias públicas. • Em 1926 mais um decreto foi assinado pelo presidente, o decreto nº 5083, que estabelecia a lei de proteção aos menores, adotando medidas necessárias a guarda, tutela, educação, vigilância, entre outros. ECONOMIA • No plano econômico, em 1926, Washington Luís, através de seu ministro da fazenda, Getúlio Vargas, que exerceu o cargo de 1926 a 1927, realizou o decreto nº 5.108, que visava restabelecer o padrão lastro-ouro para a criação de uma nova moeda, o cruzeiro. Porém, o país não tinha ouro para dar valor inicial a moeda, e por isso foram feitos dois empréstimos; um com a família de banqueiros ingleses Rothschild, no valor de 9 milhões de libras esterlinas e outro com os EUA no valor de 40 milhões de dólares. • Com a crise econômica mundial de 1929, o café, que representava 70% das exportações brasileiras, entrou em crise, assim, os cafeicultores exigiram uma postura do governo com a concessão de empréstimos, mas não foram atendidos. Assim, o Convênio de Taubaté, de 1906 havia sido desfeito. SUCESSÃO PRESIDENCIAL • Nas eleições presidenciais de 1929, Washington Luís rompeu com a Política do Café com Leite, ao indicar o paulista Júlio Prestes para concorrer ao pleito, quando os mineiros almejavam a indicação de Antônio Carlos. Assim, Minas Gerais optou por compor a Aliança Liberal com o Rio Grande do Sul, que havia lançado o candidato Getúlio Vargas e a Paraíba, que havia lançado o vice João Pessoa. A Aliança Liberal também contou com apoio de setores militarescomo os tenentes. REVOLUÇÃO DE 1930 • O resultado das eleições foi divulgado com a vitória de Júlio Prestes, o que não foi aceito 25 pela Aliança Liberal, principalmente após o assassinato de João Pessoa. A alegação foi que o assassinato teve motivações políticas a mando de Washington Luís, principalmente por João Pessoa ser considerado na época um oposicionista as oligarquias locais. João Pessoa, a época governador da Paraíba, havia rompido com os coronéis no estado, promovendo reformas modernizadoras, o que gerou a revolta da Princesa, na cidade de Princesa Isabel, um movimento armado do coronel José Pereira contra a Polícia Militar • Assim, em 24 de outubro de 1930, um dia antes da posse de Júlio Prestes, Washington Luís foi deposto pelos ministros militares, assumindo o governo uma junta militar, até o dia 3 de novembro do mesmo ano, quando Getúlio Vargas iniciou o Governo Provisório (1930-1934). Esse evento ficou conhecido como a Revolução de 1930. APOIO A PRESIDÊNCIA • Após a presidência, Washington Luís se exilou nos EUA e na Europa, retornando ao Brasil em 1947 onde executou trabalhos de preservação material, falecendo em 1957. 26 ERA VARGAS (1930-1945) GOVERNO PROVISÓRIO CONCEITO • O governo Provisório de Getúlio Vargas se inicia com o golpe de Estado, a chamada Revolução de 1930, antes da posse de Júlio Prestes. Como características, essa fase inicial de Vargas tem compromisso o enfraquecimento das oligarquias, reformas ministeriais e a tentativa de crescimento econômico e industrial. • Com a ascensão do Governo Provisório, foi formado o chamado “gabinete negro”, liderado por Getúlio Vargas e formado por apoiadores civis e tenentes, ao qual tinha por objetivo dar continuidade a Revolução de 1930, e estava a frente da própria pasta ministerial. POLÍTICA • Já na fase provisória, Getúlio Vargas tomou medidas centralizadoras, visando combater o poder das oligarquias, por isso, dissolveu o Congresso nacional, as Assembleias Legislativas Estaduais e nomeou interventores militares para os governos dos estados. Tais medidas desagradaram os grandes proprietários de terras que detinham privilégios através da Constituição de 1891. • Tais medidas tinham também por objetivo retardar a elaboração de uma nova Constituição, e consequentemente um processo eleitoral. Assim, Vargas se manteria mais tempo no poder. • Durante seu governo, Getúlio Vargas também criou o Ministério da Saúde e Educação Pública e o Ministério da Indústria, Trabalho e Comércio. • Devido a grande pressão de setores da sociedade para a elaboração de uma nova Constituição e o consequente processo eleitoral, foi criado um novo Código Eleitoral em Fevereiro de 1932, que previa a criação da Justiça Eleitoral, o voto secreto, a obrigatoriedade do voto para maiores de 21 anos de idade e o direito ao voto das mulheres, que é uma conquista das mulheres ao longo dos anos. ECONOMIA • Em Dezembro de 1930, Vargas assinou o decreto n° 19.482 que restringia a entrada de imigrantes no país para combater o desemprego. O decreto também acompanhou a “lei dos 2/3” que obrigava com que as empresas tivesses 2/3 de trabalhadores brasileiros em seu quadro de funcionários. • Em 1931 foi regulamentada a formação de sindicatos patronais e operários pelo Ministério da indústria, Trabalho e Comércio. • Devido a Crise iniciada em 1929, em Julho de 1931 foi iniciada a queima de cerca de 80 milhões de sacas de café, principalmente na região do porto de Santos, tendo como objetivo eliminar estoques para promover a alta dos preços no mercado internacional. Porém, tal medida agravou o problema, pois a produção não parou de crescer e a dívidas dos cafeicultores só aumentaram. 27 REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932 • De 9 de Julho de 1932 a 2 de outubro daquele mesmo ano, eclodiu em São Paulo a Revolução Constitucionalista de 1932. Os paulistas acusavam Getúlio Vargas de ser um ditador por aplicar o golpe de Estado em 1932, por nomear interventores paulistas para os governos estaduais e por retardar a elaboração de uma nova Constituição. • O movimento teve o seu estopim após a morte de quatro estudantes por partidários de Vargas, sendo eles, Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo. Assim, o movimento foi intitulado de MMDC. • O movimento tomou as ruas da capital do estado e do interior, chegando a divisa com Minas Gerais, estado que apoiara Vargas desde 1929. Enfim, no dia 2 de Outubro, os Constitucionalistas foram derrotados militarmente, mas houve a conciliação com o governo, com a nomeação do médico Ademar Pereira Barros, ex-combatente paulista para o cargo de interventor. CONSTITUIÇÃO DE 1932 • Em Maio de 1933 foram realizadas eleições para a formação da Assembleia Nacional Constituinte, que foi instalada em Novembro daquele mesmo ano e promulgada em 16 de Julho de 1934. A Constituição recebeu críticas de Getúlio, que afirmava ser uma carta inflacionária em relação a economia, pois previa a nacionalização de bancos e minas, o que aumentaria os custos das empresas e do Estado. • A Constituição estabelecia mandatos presidenciais de quatro anos, sem reeleição, além da descentralização do poder executivo federal, com a garantia de autonomia dos estados para as suas próprias eleições. • No dia 17 de Julho de 1934, Getúlio Vargas foi eleito para iniciar seu mandato Constitucional através do voto indireto (Congresso) com 173 votos contra 59 votos de seu opositor Borges de Medeiros. GOVERNO CONSTITUCIONAL CONCEITO • O governo Constitucional durou de 20 de Julho de 1934 até 30 de Setembro de 1937, quando Getúlio Vargas aplicou um golpe de Estado, quando na verdade deveria governar constitucionalmente até o dia 3 de Maio de 1938. • Esse período foi marcado pelas eleições estaduais e pela presença de grupos antagônicos e radicais na conjuntura nacional. POLÍTICA • Em 4 de Abril de 1935 foi criada a lei nª 38, denominada de Lei de Segurança Nacional, que tinha por objetivo definir crimes contra a segurança nacional e estabelecer punições. Os crimes definidos estavam relacionados sobretudo a contribuição de organizações com inimigos externos, bem como aqueles que promoviam a luta de classes contra a ordem vigente. • Ainda em 1935 foi criado po programa de rádio “Hora Brasil”, que tinha por objetivo 28 noticiar de forma positiva os feitos do governo. • Em agosto de 1935 foi inaugurada em João Monevade-MG a Companhia Siderúrgica BelgoMineira, que surgiu da aquisição da Companhia Siderúrgica Mineira pelo grupo belgaluxemburguês ARBED em 1921. Hoje é intitulada como AcelorMittal. DISPUTA IDEOLÓGICA • ANL (Aliança Nacional Libertadora): Foi uma frente de esquerda, que continha grupos antifascistas, anti-imperialistas, antintegralistas e socialistas e comunistas, com a presença do PCB (Partido Comunista Brasileiro), fundado em 1922 e Luís Carlos Prestes, que se encontrava exilado na URSS, sendo considerado o presidente de honra da organização. • A ANL acreditava na luta internacional dos trabalhadores, ligados ao interesse da URSS, e defendiam a suspenção da dívida externa, a nacionalização das empresas privadas e a reforma agrária. • Intentona Comunista: Em 1935, Luís Carlos Prestes chega clandestino ao Brasil com sua esposa, a alemã Olga Benário, para iniciar o levante comunista. Assim, ocorreram levantes em Natal, Recife e no Rio de Janeiro, mas a repressão do Estado foi forte, calculando por volta de 100 mortos, a prisão dos líderes e a deportação de Olga Benário para a Alemanha Nazista. • AIB (Ação Integralista Brasileira): Fundada em 1932 pelo escritor e jornalista PlínioSalgado, a AIB tinha inspirações no fascismo italiano e no integralismo português, sendo conhecidos como “camisas verdes” e apelidados pelos opositores de “galinhas verdes”. • A organização tinha a sua inspiração na organização fascista, em busca da ordem e do nacionalismo político, com o slogam “União de todas as raças e todos os povos”, a utilização do sigma como símbolo e a palavra de ordem “Anauê”, que do tupi siginifica “Irmão”, apesar de alguns integrantes terem inspiração antissemita, se aproximando dos ideais nazistas. • A AIB combatia o Comunismo e o Liberalismo, acreditando no Estado forte, centralizado e nacional. PLANO COHEN E O GOLPE DE ESTADO • Em 30 de Setembro de 1937, foi denunciado um plano secreto comunista de golpe de Estado, o chamado plano Cohen, que na verdade era falso, elaborado pelo capitão do exército e integralista Olímpio Mourão Filho. O suposto golpe serviu de justificativa para que Getúlio Vargas fechasse o Congresso Nacional, cancelasse as eleições de 1938 e iniciasse uma ditadura civil em prol da segurança nacional. Estava assim estabelecido o Estado Novo. ESTADO NOVO CONCEITO • O Estado Novo foi o processo ditatorial aplicado através do Plano Cohen, do capitão Integralista Olímpio mourão Filho, que foi 29 utilizado como justificativa para que Getúlio Vargas burlasse a Constituição vigente e se tornasse ditador. • O Estado Novo foi caracterizado pelo autoritarismo e a centralização do presidente, promovendo ações anticomunistas, e uma política nacionalista. POLÍTICA • Durante o Estado Novo, o Congresso foi fechado e os partidos políticos foram extintos, demonstrando o caráter centralizador da ditadura. No dia 4 de Dezembro de 1937 foi realizada uma cerimônia cívica no Rio de Janeiro, com a queima das bandeiras dos estados, que a partir daquele momento eram proibidos de manterem seus símbolos e qualquer manifestação regional. CONSTITUIÇÃO DE 1937 • No dia 10 de Novembro de 1937, mesma data do golpe, foi outorgada a nova Carta Constitucional, que tinha como característica a concentração de poder, o estabelecimento de eleições indiretas com mandatos de 6 anos, a pena de morte, a nacionalização de recursos naturais e a extinção da Justiça Eleitoral e dos partidos políticos. • A Constituição de 1937 foi apelidada de “Polaca”, por ter sido inspirada na Constituição também centralizadora da Polônia, que era constituída aos moldes fascistas. DEPARTAMENTO DE IMPRENSA E PROPAGANDA • Em 1940 foi criado o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), responsável por elevar a imagem do presidente como grande herói da nação, organizar os serviços de turismo interno e externo através da propaganda, promover censura a meios de comunicação e a manifestações artísticas que perturbassem a ordem pública, incentivar obras artísticas como filmes educativos que valorizem o projeto nacional e promover cultos cívicos patrióticos. DIREITOS TRABALHISTAS • Foi criada em 1939 a Justiça do Trabalho, ao qual estabelecia o salário mínimo e a proteção aos trabalhadores. • Em 1943 foi criada a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), que consolidava o salário mínimo, mas também estabelecia a jornada de 8 horas diárias, a licença maternidade e o direito a férias remuneradas. • A CLT teve viés ideológico, mesmo sendo considerada uma conquista trabalhista, pois foi feita por decreto e inspirada na Carta del Lavoro, de Benito Mussolini, que garantia direitos aos trabalhadores ao mesmo tempo que controlava os sindicatos e inibia qualquer manifestação opositora ao governo. • Os sindicatos aparelhados pelo Estado, foram criticados pelos trabalhadores opositores, e apelidados de Pelegos, dai o conceito de Peleguismo na Era Vargas. POLÍTICA EXTERNA • O governo Vargas teve boas relações internacionais com os países vizinhos da América do Sul, intermediando conflitos entre a Bolívia e o Paraguai na Guerra do 30 Chaco (1933-1935). Porém, a mais notável ação se dá com as relações com os EUA, através da chamada “Política da Boa Vizinhança”, proposta pelo presidente norte- americano Franklin Delano Roosevelt durante a Conferência Panamericana no Uruguai em 1933. • A Política da Boa Vizinhança consistia em apoio político dos países da América Latina aos EUA, em troca de investimentos para o desenvolvimento econômico. • Dessa política, surgiram elementos culturais importantes, como a homenagem de Walt Disney ao Brasil, com a criação de Zé Carioca, e o sucesso de Carmem Miranda, cantora lusobrasileira, nos EUA. • No ponto de vista econômico, a Política da Boa Vizinhança tinha por objetivo também a exploração das riquezas nacionais para atender as demandas do mercado dos EUA, abalado pela crise de 1929, mas também representou no Brasil parte do investimento para a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), a Companhia Vale do Rio Doce, a Fábrica Nacional de Motores e a Hidrelétrica do Vale do São Francisco, através de um empréstimo de 20 milhões de dólares. • No ponto de vista político, representou a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial em 1942, ao lado dos Aliados, contra o Eixo. O BRASIL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL • Inicialmente, até 1939, a Alemanha era uma importante parceira comercial brasileira, sendo a segunda maior importadora do café e do algodão brasileiro, porém, devido aos acordos comerciais com os EUA, essa relação foi rompida em Fevereiro de 1942, quando submarinos alemães torpedearam embarcações brasileiras no Oceano Atlântico. • Em Agosto de 1942 o Brasil declara guerra ao Eixo, enviando em Julho de 1944 cerca de 25.000 combatentes da FEB (Força Expedicionária Brasileira), que havia sido criada para esse propósito em 1943 na Conferência de Potengi, através do acordo entre Getúlio Vargas e Franklin Delano Roosevelt. Essa conferência ocorreu a bordo do Destroyer Americano no Rio Potengi, no Rio Grande do Norte. • Desse acordo, além da FEB, o Brasil também se propôs a retomar a produção de borracha da Amazônia, além da construção da Base Naval e parnamirim Field, abrigando cerca de 10.000 soldados da Força Aérea Norte-Americana, em Natal. • Ocorreu também pressão popular para a entrada do Brasil na guerra, principalmente da população do nordeste, que continha os portos de onde navios mercantes brasileiros partiam para a Europa e eram afundados por submarinos alemães. A UNE (União Nacional dos Estudantes) também se 31 manifestou publicamente, pressionando o governo a decretar guerra ao Eixo. • Devido a declaração de guerra ao Eixo, imigrantes alemães, italianos e japoneses passaram a ter a vida mais difícil no Brasil, novos vistos foram negados, sofriam ataques e agressões públicas, além de serem proibidos de manter veículos de comunicação, como jornais e rádios em suas línguas locais. • Na questão prática da guerra, os navios brasileiros ajudaram a pratulhar a costa atlântica, para evitar ataques diretos ao continente, além dos soldados da FEB enviados a Itália e também o Primeiro Grupo de Aviação de Caça, com o slogam “Senta a púa”, que foi treinado no Panamá, e também se direcionou a Itália para combater o nazi-fascismo. • Além de contribuir com bombardeios e ataques a ferrovias e indústrias, além da captura de cerca de 20.000 soldados inimigos, a FEB comandou a tomada da cidade de Monte Castelo, com soldados treinados até mesmo para regiões gélidas e montanhosas, com clima desfavorável para o contexto dos soldados brasileiros. • O saldo do conflito para o Brasil gerou em torno de cerca de 500 soldados mortos e 12.000 feridos, um número baixo, porém, proporcional ao contingente enviado. FIM DA ERA VARGAS • Após da Segunda, as contradições em relação ao regime político brasileiro potencializaram, pois se tratava
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