Prévia do material em texto
CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO CURSO: Engenharia de Produção DISCIPLINA: Administração Financeira CONTEUDISTA: Pítias Teodoro Abril de 2021 2 Curso: Engenharia de Produção Disciplina: Administração Financeira Conteudista: Pítias Teodoro AULA 8 - FLUXOS DE CAIXA RELEVANTES META Definir como estimar os fluxos de caixa relevantes para o processo de avaliação econômico- financeira de investimentos OBJETIVOS 1. Descrever o processo para estimar o fluxo de caixa inicial de uma proposta de investimento. 2. Descrever o processo para estimar os fluxos de caixa operacionais de uma proposta de investimento. 3. Descrever o processo para estimar o fluxo de caixa terminal de uma proposta de investimento. 4. Evidenciar quais são os fluxos de caixa relevantes para avaliação de uma proposta de investimento. 1 - INTRODUÇÃO Na análise econômico-financeira de uma proposta de investimento (gasto de capital), o gestor precisa determinar quais são os fluxos de caixa incrementais, também tratados como fluxos de caixa relevantes. Tratam-se dos fluxos de caixa adicionais – saídas e ou entradas – que deverão ocorrer como resultado de um gasto de capital. Na análise da viabilidade são considerados os fluxos de caixa, não os fluxos contábeis, porque são os fluxos de caixa que afetam diretamente a capacidade de pagamento da empresa. Os fluxos de caixa relevantes de qualquer proposta de investimento sob a forma de uma série convencional podem conter três componentes básicos: 1) Fluxo de caixa inicial; 2) Entradas de caixa operacionais e 3) Fluxo de caixa terminal. Todos os projetos (expansão, substituição, 3 renovação ou outra finalidade) possuem os dois primeiros componentes. Alguns projetos não possuem o terceiro componente, o fluxo de caixa terminal. Na Figura 8.1 é apresentada uma série de fluxos de caixa convencional em que o primeiro fluxo é negativo: há a saída do fluxo de caixa inicial, também chamado de investimento inicial de um projeto (FC0) e todos os outros fluxos de caixa são fluxos positivos, representados pelos fluxos de caixa operacionais, também chamados de entradas de caixa (FCop) e pelo fluxo de caixa terminal (FCt). FIGURA 8.1: Fluxos de caixa relevantes Fonte: Elaborado pelo autor, 2018 Início do Box explicativo O fluxo de caixa formado por uma saída no momento da decisão (investimento inicial) seguido por uma série de entradas (operacionais e terminal) é classificado como um fluxo de caixa convencional. Caso haja alguma saída intermediária após o investimento inicial, o fluxo de caixa é classificado como um fluxo de caixa não convencional. FIGURA: Fluxos de caixa convencional e fluxo de caixa não convencional Fonte: Elaborado pelo autor, 2018 Fim do Box explicativo A discussão nesta disciplina está circunscrita aos fluxos de caixa convencionais. Logo, o investimento considerado na análise é o que ocorre na data zero – início do projeto. Na Entradas operacionais de caixa Entradas de caixa Investimento inicial Fluxo de caixa terminal 1 2 3 4 5 Tempo 0 Entradas operacionais de caixa Fluxo de caixa terminal Investimento inicial Fluxo de caixa terminal Investimento inicial Investimento intermediário 4 determinação dos valores dos fluxos de caixa relevantes são necessários os cálculos de alguns valores intermediários: 1) Depreciação; 2) Valor contábil e 3) Imposto de renda, que foram apresentados em aula anterior. 2 – FLUXO DE CAIXA INICIAL O gasto para implantação de um projeto é tratado como o fluxo de caixa inicial (investimento inicial). É o gasto estimado para a aquisição do ativo que será considerado na análise de viabilidade. Para novas instalações, e ou expansões, é o valor do ativo acrescido das despesas com sua instalação e do capital de giro (se houver). Pode ser calculado a partir do esquema apresentado na Tabela 8.1. TABELA 8.1: Fluxos de caixa projetados com a aquisição do ativo novo Custo do ativo novo + Custos de instalação + ou – Capital de giro associado ao ativo novo Custo instalado do novo ativo Fonte: Adaptado de Gitman, 2004. Para o caso de substituição, o valor do investimento inicial é a diferença entre o valor do ativo que pode vir a ser instalado (ativo novo), acrescido das despesas com a instalação e da variação no capital de giro (se houver), e o valor da venda do ativo que está sendo substituído (ativo antigo), menos o imposto de renda sobre o valor da venda, mais a variação no capital de giro (se houver). Na substituição de um ativo, o cálculo dos fluxos de caixa projetados com a aquisição do ativo que poderá vir a ser instalado (ativo novo), pode ser calculado a partir do esquema apresentado na Tabela 8.1, enquanto que o cálculo dos fluxos projetados com a liquidação do ativo que deverá ser substituído (ativo antigo), pode ser calculado a partir do esquema apresentado na Tabela 8.2. TABELA 8.2: Fluxos de caixa projetados com a liquidação do ativo antigo Valor de venda do ativo antigo – Impostos sobre a venda do ativo antigo + ou – Capital de giro associado ao ativo antigo Recebimentos com a venda do ativo antigo Fonte: Adaptado de Gitman, 2004. 5 O fluxo de caixa relevante no momento da decisão de adquirir o ativo, que pode vir a ser instalado (ativo novo), e da liquidação do ativo que pode vir a ser substituído (ativo antigo, se for o caso), é o fluxo de caixa inicial (FC0), também tratado como investimento inicial. Pode ser calculado a partir do esquema apresentado na Tabela 8.3, que consolida os valores apurados por meio das Tabelas 8.1 e 8.2. TABELA 8.3: Fluxo de caixa relevante na decisão de realizar o investimento inicial Custo instalado do ativo novo – Recebimentos com a venda do ativo antigo = INVESTIMENTO INICIAL Fonte: Elaborado pelo autor, 2018. Atividade 1 (Objetivo 1) Calcular o fluxo de caixa relevante inicial de cada uma das alternativas de investimento da empresa ALIMENTA. A ALIMENTA é uma empresa produtora de um suplemento alimentar para pacientes em período pós-operatório com intolerâncias severas à alimentação regular, que foi notificada por órgão de fiscalização ambiental, acerca da necessidade da adequação de seu processo produtivo. Os sócios não irão mudar a localização da planta, pois a mesma foi instalada a dois anos, então, terão que realizar investimentos para atender às novas exigências ambientais que irão regular suas atividades. Um dos sócios quer, ao mesmo tempo, atender à nova legislação e expandir a capacidade de produção da empresa substituindo os equipamentos instalados por outros de maior porte. Alega que, dessa forma, os investimentos necessários para atender à nova legislação serão mais facilmente absorvidos pela empresa. O outro sócio quer fazer apenas os ajustes necessários para atender à legislação, modernizando a linha de produção com a substituição do equipamento instalado por um mais moderno, porém, de mesmo porte. Alega que os desembolsos já serão altos demais e que, se o mercado não absorver a oferta excedente, a empresa acabará por comprometer sua própria sobrevivência nesse momento de transição. Antes dos sócios decidirem pela substituição de um equipamento da linha de produção, passaram à atividade de verificar a viabilidade econômico-financeira de duas alternativas, visto que, a decisão final, está condicionada a um resultado financeiro positivo: 1) Modernização com manutenção da capacidade instalada e 2) Modernização com aumento da capacidade instalada. Tanto o equipamento que pode vir a ser substituído, quanto os novos, tem uma vida útil de 10 anos. Todos os equipamentos serão depreciados de acordo com a tabelalinear da Receita Federal (10% ao ano) e a empresa está enquadrada na alíquota de 40% do imposto de renda. O equipamento instalado tem dois anos de uso e pode ser vendido hoje por $1.320.000. Se for mantido poderá ser vendido daqui a 5 anos por $180.000. As informações de referência para determinar o valor do investimento inicial são apresentadas na tabela a seguir. 6 TABELA: Custo, gasto com instalação e capital de giro relacionados aos ativos considerados na análise Atual Modernização com manutenção da capacidade instalada Modernização com aumento da capacidade instalada Valor de aquisição do ativo 1.500.000 2.000.000 2.600.000 Custo de instalação 150.000 200.000 260.000 Capital de giro 180.000 340.000 412.000 Início da resposta comentada Antes de utilizar o formato básico para determinação do investimento inicial apresentado nas Tabelas 8.1, 8.2 e 8.3 é necessário que alguns valores intermediários sejam definidos: lembremo-nos que a máquina que está sendo substituída tem 2 anos de uso, logo, sua depreciação acumulada será igual a soma da depreciação de cada um desses anos. Como o valor do ativo instalado é $1.650.0000 = [$1.500.0000 + $150.0000] e a depreciação, de acordo com a tabela linear de depreciação da Receita Federal, de cada ano é de 10% para um ativo com vida útil de dez anos, temos, então, uma depreciação acumulada de $330.000 = [(0,10 + 0,10) x $1.650.000]. O valor contábil resultante da máquina atual é de $1.320.000 [$1.650.000 – $330.000]. Como o valor de venda é exatamente igual ao valor contábil não há tratamento tributário nesta venda. Inserindo as informações fornecidas e calculadas nas Tabelas 8.1, 8.2 e 8.3, podemos chegar ao valor do investimento inicial de cada uma das duas alternativas de investimento. TABELA: Cálculo do fluxo de caixa inicial projetado com o ativo novo Fluxos de caixa projetados Modernização com manutenção da capacidade instalada Modernização com aumento da capacidade instalada Custo do novo ativo + Custos de instalação + ou – Capital de giro associado ao ativo novo Custo instalado do novo ativo 2.000.000 + 200.0000 + 340.000 = 2.540.000 2.600.00 + 260.000 + 412.000 = 3.272.000 TABELA: Cálculo do fluxo de caixa inicial projetado com o ativo antigo Fluxos de caixa projetados Ativo antigo Valor de venda do ativo antigo – Impostos sobre a venda do ativo antigo + ou – Capital de giro associado ao ativo antigo Recebimentos com a venda do ativo antigo 1.320.000 - + 180.000 = 1.500.000 TABELA: Fluxo de caixa inicial relevante Fluxos de caixa projetados Modernização com manutenção da capacidade instalada Modernização com aumento da capacidade instalada Custo instalado do novo ativo – Recebimentos com a venda do ativo antigo = INVESTIMENTO INICIAL 2.540.000 – 1.500.000 = 1.040.000 3.272.000 – 1.500.000 = 1.772.000 O investimento inicial estimado para a proposta de modernização com manutenção da capacidade instalada é de $1.040.000 (Hum milhão e quarenta mil), já o investimento inicial 7 para a proposta de modernização com aumento da capacidade instalada e de $1.772.000 (Hum milhão e setecentos e setenta e dois mil). Fim da resposta comentada 3 – FLUXOS DE CAIXA OPERACIONAIS Os resultados de um projeto são tratados como fluxos de caixa operacionais (entradas de caixa). São os recebimentos e os pagamentos estimados relacionados ao ativo que será considerado na análise de viabilidade. Para determinar as entradas de caixa, deve-se descontar dos recebimentos todos os gastos: custos dos produtos vendidos, despesas operacionais, juros referentes a empréstimos, imposto de renda e então, teremos os fluxos de caixa operacionais. Para o cálculo das entradas operacionais será utilizada uma estrutura baseada na demonstração de resultado do exercício (DRE). Aplica-se, então, uma técnica contábil simples de conversão de lucro líquido após o imposto de renda em entrada de caixa: o cálculo consiste na adição da depreciação (e outras despesas não desembolsáveis: exaustão, amortização, por exemplo), deduzidas como despesas na DRE, ao lucro líquido após o imposto de renda. Pode ser calculado a partir do esquema apresentado na Tabela 8.4. TABELA 8.4: Fluxos de caixa operacionais projetados com o ativo novo ou com o ativo antigo 1 - Receita total Ano 1 Ano 2 Ano n 2 - Gastos variáveis (custos e despesas) 3 - Gastos fixos (custos e despesas) 4 - Depreciação 5 - Lucro antes IR (1 – 2 – 3 – 4) 6 - Impostos (40% de 5) 7 - Lucro líquido (5 – 6) 8 - Depreciação ( = 4) 9 - Fluxo de caixa operacional (7 + 8) Fonte: Adaptado de Brealey e Myers, 1992. Para novas instalações e ou ampliações, os fluxos de caixa operacionais relevantes são exatamente iguais aos valores apurados por meio do uso da estrutura apresentada na Tabela 8.4. Para o caso de substituição, é a diferença entre o total de entradas de caixa projetadas considerando a estrutura que poderá vir a ser instalada (ativo novo), caso o projeto em análise seja realizado, e o total de entradas de caixa projetadas considerando a estrutura que poderá vir a ser substituída (ativo antigo). Os fluxos de caixa operacionais relevantes durante o período de vida útil do ativo que poderá ser adquirido, podem ser calculados a partir do esquema apresentado na Tabela 8.5 que consolida os valores projetados para o ativo que pode vir a ser instalado (ativo novo), e os valores projetados para o ativo que pode vir a ser substituído (ativo antigo). 8 TABELA 8.5: Fluxos de caixa operacionais relevantes Entradas operacionais de caixa Ano Proposta (ativo novo) (1) Atual (ativo antigo) (2) Relevantes (Incrementais) (1 – 2) 1 2 3 4 N Fonte: Elaborado pelo autor, 2018. Atividade 2 (Objetivo 2) Calcular os fluxos de caixa operacionais relevantes de cada uma das alternativas de investimento da empresa ALIMENTA. Após os sócios definirem o investimento inicial, realizaram as projeções de entradas e saídas de caixa caso uma das alternativas fosse implantada. Os sócios contaram com o suporte da equipe de colaboradores, pois não há concordância sobre a possibilidade de alteração na demanda da empresa, o que iria influenciar na decisão. Como resultados dos estudos foram consolidadas as estimativas apresentadas nas tabelas que seguem: receitas, custos, despesas, depreciação e tributação, chegando aos fluxos operacionais. TABELA: Fluxos de caixa operacionais projetados com o ativo antigo Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano 10 1 - Receita total 2.640.000 2.640.000 2.640.000 2.640.000 2.640.000 2.640.000 2.640.000 2.640.000 2.640.000 2.640.000 2 - Gastos variáveis (custos e despesas) 1.680.000 1.680.000 1.680.000 1.680.000 1.680.000 1.680.000 1.680.000 1.680.000 1.680.000 1.680.000 3 - Gastos fixos (custos e despesas) 650.000 650.000 650.000 650.000 650.000 650.000 650.000 650.000 650.000 650.000 4 - Depreciação 165.000 165.000 165.000 165.000 165.000 165.000 165.000 165.000 0 0 5 - Lucro antes IR (1 – 2 – 3 – 4) 145.000 145.000 145.000 145.000 145.000 145.000 145.000 145.000 310.000 310.000 6 - Impostos (40% de 5) 58.000 58.000 58.000 58.000 58.000 58.000 58.000 58.000 124.000 124.000 7 - Lucro líquido (5 – 6) 87.000 87.000 87.000 87.000 87.000 87.000 87.000 87.0000 186.000 186.000 8 - Depreciação ( = 4) 165.000 165.000 165.000 165.000 165.000 165.000 165.000 165.000 0 0 9 - Fluxo de caixa operacional (7 + 8) 252.000 252.000 252.000 252.000 252.000 252.000 252.000 252.000 186.000 186.000 TABELA: Fluxos de caixa operacionais projetados com a modernização Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano 10 1 - Receita total 3.168.000 3.168.000 3.168.000 3.168.000 3.168.000 3.168.000 3.168.000 3.168.000 3.168.000 3.168.000 2 - Gastos variáveis(custos e despesas) 1.814.400 1.814.400 1.814.400 1.814.400 1.814.400 1.814.400 1.814.400 1.814.400 1.814.400 1.814.400 3 - Gastos fixos (custos e despesas) 600.000 600.000 600.000 600.000 600.000 600.000 600.000 600.000 600.000 600.000 4 - Depreciação 220.000 220.000 220.000 220.000 220.000 220.000 220.000 220.000 220.000 220.000 5 - Lucro antes IR (1 – 2 – 3 – 4) 533.600 533.600 533.600 533.600 533.600 533.600 533.600 533.600 533.600 533.600 6 - Impostos (40% de 5) 213.440 213.440 213.440 213.440 213.440 213.440 213.440 213.440 213.440 213.440 7 - Lucro líquido (5 – 6) 340.160 340.160 340.160 340.160 340.160 340.160 340.160 340.160 340.160 340.160 8 - Depreciação ( = 4) 220.000 220.000 220.000 220.000 220.000 220.000 220.000 220.000 220.000 220.000 9 - Fluxo de caixa operacional (7 + 8) 560.160 560.160 560.160 560.160 560.160 560.160 560.160 560.160 560.160 560.160 9 TABELA: Fluxos de caixa operacionais projetados com a modernização e expansão Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano 10 1 - Receita total 3.870.000 3.870.000 3.870.000 3.870.000 3.870.000 3.870.000 3.870.000 3.870.000 3.870.000 3.870.000 2 - Gastos variáveis (custos e despesas) 2.217.600 2.217.600 2.217.600 2.217.600 2.217.600 2.217.600 2.217.600 2.217.600 2.217.600 2.217.600 3 - Gastos fixos (custos e despesas) 650.000 650.000 650.000 650.000 650.000 650.000 650.000 650.000 650.000 650.000 4 – Depreciação 286.000 286.000 286.000 286.000 286.000 286.000 286.000 286.000 286.000 286.000 5 - Lucro antes IR (1 – 2 – 3 – 4) 716.400 716.400 716.400 716.400 716.400 716.400 716.400 716.400 716.400 716.400 6 - Impostos (40% de 5) 286.560 286.560 286.560 286.560 286.560 286.560 286.560 286.560 286.560 286.560 7 - Lucro líquido (5 – 6) 429.840 429.840 429.840 429.840 429.840 429.840 429.840 429.840 429.840 429.840 8 - Depreciação ( = 4) 286.000 286.000 286.000 286.000 286.000 286.000 286.000 286.000 286.000 286.000 9 - Fluxo de caixa operacional (7 + 8) 715.840 715.840 715.840 715.840 715.840 715.840 715.840 715.840 715.840 715.840 Início da resposta comentada Antes de utilizar o formato básico para determinação das entradas de caixa operacionais apresentado na Tabela 8.4, é necessário esclarecer que nem sempre os valores apresentados no enunciado estarão disponíveis da forma como fornecidos. Como as informações para determinar os fluxos de caixa operacionais relevantes já estão apresentadas no formato da tabela 8.4, iremos ilustrar cálculos intermediários por meio do cálculo da depreciação. Para tanto, teríamos que considerar o valor histórico, a vida útil dos ativos e o número de anos que já foi utilizado. No caso da empresa ALIMENTA, todos os ativos têm vida útil de 10 anos, os ativos propostos são novos e o ativo que pode vir a ser substituído tem 2 anos de uso restando, então, 8 anos para que seu valor contábil seja totalmente recuperado. Como os equipamentos serão depreciados de acordo com a tabela linear da Receita Federal para ativos com 10 anos de vida, é aplicada uma taxa de 10% ao ano. A depreciação para cada um dos 10 anos dos ativos propostos, assim, como para os 8 anos restantes do equipamento, são apresentadas tabela que segue. TABELA: Cálculo da despesa de depreciação do ativo antigo e dos ativos propostos Ano Taxa de depreciação para ativos com vida de 10 anos é 10%a.a. Valor da depreciação do ativo atual cujo valor histórico é $1.650.000 Modernização com manutenção da capacidade instalada cujo valor histórico do ativo novo é $2.200.000 Modernização com aumento da capacidade instalada cujo valor histórico do ativo novo é $2.860.000 1 0,1 165.000 220.000 286.000 2 0,1 165.000 220.000 286.000 3 0,1 165.000 220.000 286.000 4 0,1 165.000 220.000 286.000 5 0,1 165.000 220.000 286.000 6 0,1 165.000 220.000 286.000 7 0,1 165.000 220.000 286.000 8 0,1 165.000 220.000 286.000 9 0,1 - 220.000 286.000 10 0,1 - 220.000 286.000 Até o momento, identificamos os fluxos projetados com os equipamentos que poderão ser adquiridos e os fluxos projetados com o equipamento que poderá ser substituído. A seguir são apresentados os fluxos de caixa relevantes das duas alternativas em análise, primeiro os fluxos de caixa relevantes do projeto de modernização com a manutenção da capacidade instalada, depois, os fluxos de caixa relevantes do projeto de modernização com aumento da capacidade instalada. Veja que os fluxos de caixa relevantes são resultado da diferença entre os fluxos projetados com cada ativo novo, em relação aos fluxos de caixa projetados com o ativo antigo. Trata-se da diferença entre o que se espera realizar em termos de caixa operacional com cada 10 um dos ativos novos (se a substituição fosse realizada), em relação ao que seria realizado em termos de caixa operacional com o ativo antigo (se a substituição não fosse realizada). TABELA: Cálculo dos fluxos de caixa operacionais relevantes do projeto modernização com manutenção da capacidade instalada Entradas operacionais de caixa Ano Modernização com manutenção da capacidade instalada (ativo novo) (1) Atual (ativo antigo) (2) Relevantes (Incrementais) (1 – 2) 1 560.160 252000 308.160 2 560.160 252000 308.160 3 560.160 252.000 308.160 4 560.160 252.000 308.160 5 560.160 252.000 308.160 6 560.160 252.000 308.160 7 560.160 252.000 08.160 8 560.160 252.000 308.160 9 560.160 186.000 374.160 10 560.160 186.000 374.160 TABELA: Cálculo dos fluxos de caixa operacionais relevantes do projeto modernização com aumento da capacidade instalada Entradas operacionais de caixa Ano Modernização com aumento da capacidade instalada (ativo novo) (1) Atual (ativo antigo) (2) Relevantes (Incrementais) (1 – 2) 1 715.840 252000 463.840 2 715.840 252000 463.840 3 715.840 252.000 463.840 4 715.840 252.000 463.840 5 715.840 252.000 463.840 6 715.840 252.000 463.840 7 715.840 252.000 463.840 8 715.840 252.000 463.840 9 715.840 186.000 529.840 10 715.840 186.000 529.840 A tabela que segue, consolida as informações na forma dos fluxos de caixa operacionais relevantes das alternativas de modernização, com manutenção da capacidade instalada, e de modernização, com aumento da capacidade instalada TABELA: Fluxos de caixa operacionais relevantes Ano Modernização com manutenção da capacidade instalada Modernização com aumento da capacidade instalada 1 308.160 463.840 2 308.160 463.840 3 308.160 463.840 4 308.160 463.840 5 308.160 463.840 6 308.160 463.840 7 308.160 463.840 8 308.160 463.840 9 374.160 529.840 10 374.160 529.840 Fim da resposta comentada 11 4 – FLUXO DE CAIXA TERMINAL O desinvestimento em um projeto é tratado como o fluxo de caixa terminal (FCt). É o valor estimado que será recuperado com a venda do ativo que será considerado na análise de viabilidade ao final de tempo de vida do projeto. Para novas instalações, e ou ampliações, é o valor de venda do ativo, menos o imposto de renda (se houver) mais o capital de giro (se houver). Pode ser calculado a partir do esquema apresentado na Tabela 8.6. TABELA 8.6: Fluxos de caixa projetados com a liquidação do ativo novo Valor de venda do ativo novo – Impostos sobre a venda do ativo novo + o u – Capital de giro associado ao ativo novo Recebimentos após o IR com a venda do ativo novo Fonte: Adaptado de Gitman, 2004. Para o caso de substituição, o valor do desinvestimento é a diferença entre o valor de venda do ativo que pode vir a ser instalado (ativo novo), menos o imposto de renda (se houver) mais o capital de giro (se houver); e o valor de venda do ativo que pode vir a ser substituído (ativo antigo), menos o imposto de renda (se houver) mais o capital de giro (se houver). Na substituição de um ativo, o cálculo dos fluxos de caixa projetados com a venda do ativo que poderá vir a ser instalado (ativonovo), pode ser calculado a partir do esquema apresentado na Tabela 8.6, enquanto que o cálculo dos fluxos de caixa projetados com a venda do ativo que deverá ser substituído (ativo antigo), pode ser calculado a partir do esquema apresentado na Tabela 8.7. TABELA 8.7: Fluxos de caixa projetados com a liquidação do ativo antigo Valor de venda do ativo antigo – Impostos sobre a venda do ativo antigo + ou – Capital de giro associado ao ativo antigo Recebimentos após o IR com a venda do ativo antigo Fonte: Adaptado de Gitman, 2004. O fluxo de caixa relevante no momento do desinvestimento é a diferença entre o valor da liquidação do ativo que pode vir a ser instalado (ativo novo), e o valor da liquidação do ativo que pode vir a ser substituído (ativo antigo, se for o caso), se este tivesse sido mantido até o momento final do projeto. Pode ser calculado a partir do esquema apresentado na Tabela 8.8, que consolida os valores apurados por meio das Tabelas 8.6 e 8.7. 12 TABELA 8.8: Fluxo de caixa terminal relevante Recebimentos após o IR com a venda do ativo novo – Recebimentos após o IR com venda do ativo antigo =FLUXO DE CAIXA TERMINAL Fonte: Elaborado pelo autor, 2018. Atividade 3 (Objetivo 3) Calcular o fluxo de caixa terminal relevante de cada uma das alternativas de investimento da empresa ALIMENTA. Tanto o equipamento que pode vir a ser substituído, quanto os novos, tem uma vida útil de 10 anos. Todos os equipamentos serão depreciados de acordo com a tabela linear da Receita Federal (10% ao ano) e a empresa está enquadrada na alíquota de 40% do imposto de renda. O equipamento instalado tem dois anos de uso e pode ser vendido ao final do projeto por $180.000, o equipamento de modernização com manutenção da capacidade instalada pode ser vendido ao final do projeto por $300.000, enquanto o equipamento de modernização com aumento da capacidade instalada pode ser pode ser vendido ao final do projeto por $390.000. O capital de giro associado ao equipamento atual, que iria voltar para o caixa ao final do projeto em análise, caso não fosse substituído, seria de $180.000. O capital de giro associado ao equipamento de modernização com manutenção da capacidade instalada, que iria voltar para o caixa ao final do projeto em análise, se esse fosse o equipamento a substituir o atual, seria de $340.000. O capital de giro associado ao equipamento de modernização com aumento da capacidade instalada, que iria voltar para o caixa ao final do projeto em análise, se esse fosse o equipamento a substituir o atual, seria de $412.000. Início da resposta comentada Como o projeto em análise tem uma projeção de 10 anos de duração, os ativos envolvidos na análise teriam toda sua depreciação recuperada ao longo do próprio projeto com uma taxa de 10% ao ano. O equipamento a ser substituído (ativo antigo) teria sua depreciação totalmente recuperada no 8º ano do projeto, enquanto que os outros dois teriam sua depreciação totalmente recuperada no 10º ano do projeto. Se o tempo de duração do projeto fosse menor que o tempo de vida útil de um projeto, apenas parte da depreciação deste ativo poderia ser recuperada ao longo do projeto, pois há limites legais para apropriação da depreciação. Como o valor contábil de todos os ativos envolvidos na análise do projeto de investimento é nulo ao final de seu tempo de duração (10 anos), qualquer valor que for estimado com a liquidação destes ativos deverá ter a dedução do imposto de renda à alíquota na qual a empresa está enquadrada, neste caso, 40%. O imposto de renda sobre a liquidação do ativo a ser substituído, ao final do projeto, seria de $72.000 [$180.000 x 0,40], o imposto de renda sobre a liquidação do equipamento da proposta de modernização com manutenção da capacidade instalada, ao final do projeto, seria de $120.000 [300.000 x 0,40], enquanto que o imposto de renda sobre a liquidação do equipamento da proposta de modernização com aumento da capacidade instalada, ao final do projeto, seria de $156.000 [$390.000 x 0,40]. Inserindo as informações fornecidas nas Tabelas 8.6, 8.7 e 8.8, podemos chegar ao valor do fluxo de caixa terminal de cada uma das duas alternativas de investimento. 13 TABELA: Cálculo do fluxo de caixa terminal projetado com a liquidação do ativo novo Fluxos de caixa projetados Modernização com manutenção da capacidade instalada Modernização com aumento da capacidade instalada Valor de venda do ativo novo – Impostos sobre a venda do ativo novo + ou – Capital de giro associado ao ativo novo Recebimentos após o IR com a venda do ativo novo 300.000 – 120.000 + 340.000 = 520.000 390.000 – 156.000 + 412.000 = 646.000 TABELA: Cálculo do fluxo de caixa terminal projetado com a liquidação do ativo antigo Valor de venda do ativo antigo – Impostos sobre a venda do ativo antigo + ou – Capital de giro associado ao ativo antigo Recebimentos após o IR com a venda do ativo antigo 180.000 – 72.000 + 180.000 = 288.000 TABELA: Fluxo de caixa terminal relevante Fluxos de caixa projetados Modernização com manutenção da capacidade instalada Modernização com aumento da capacidade instalada Valor de venda do ativo novo – Valor de venda do ativo antigo =FLUXO DE CAIXA TERMINAL 520.000 – 288.000 = 232.000 646.000 – 288.000 = 358.000 O fluxo de caixa terminal relevante para a proposta de modernização com manutenção da capacidade instalada é de $232.000, enquanto que o fluxo de caixa terminal relevante para a proposta de modernização com aumento da capacidade instalada e de $358.000. Fim da resposta comentada 5 – FLUXOS DE CAIXA RELEVANTES Os fluxos de caixa relevantes de uma proposta de investimentos são identificados por meio da diferença entre os fluxos de caixa que a empresa possui e projeta para o futuro, com a atual estrutura de produção, ou seja, sem realizar o investimento que está sendo analisado, e os fluxos de caixa que poderá vir a ter (projeta para o futuro), caso a proposta de investimento em análise seja aceita. Ao realizar a análise da viabilidade de um investimento, as técnicas serão aplicadas nos fluxos de caixa relevantes: 1) Investimento inicial; 2) Fluxos de caixa operacionais e 3) Fluxo de caixa terminal. Dependendo do tipo de investimento não há o fluxo de caixa terminal. Os fluxos de caixa relevantes de um fluxo de caixa convencional podem ser representados conforme apresentado na Figura 8.3. 14 FIGURA 8.3: Fluxos de caixa relevantes Fonte: Elaborado pelo autor, 2018 Atividade 4 (Objetivo 4) Elaborar o esquema com a representação dos fluxos de caixa relevantes das duas propostas de investimento da empresa ALIMENTA. Início da resposta comentada Se os cálculos para determinar os fluxos de caixa relevantes não tivessem sido realizados ao longo desta aula, seria necessário que fossem realizados antes de fazer a representação gráfica. Como já foram realizados, iremos apenas replicar os resultados a partir dos quais faremos a representação dos fluxos de caixa relevantes das duas alternativas de investimento: 1) Modernização com manutenção da capacidade instalada e 2) Modernização com aumento da capacidade instalada. TABELA: Fluxo de caixa inicial relevante Fluxos de caixa projetados Modernização com manutenção da capacidade instalada Modernização com aumento da capacidade instalada Custo instalado do novo ativo – Recebimentos com a venda do ativo antigo = INVESTIMENTO INICIAL 2.540.000 1.500.000 1.040.00 3.272.000 1.500.000 1.772.000 TABELA: Fluxos de caixa operacionais relevantes Ano Modernização com manutenção da capacidade instalada Modernização com aumento da capacidade instalada 1 308.160 463.840 2 308.160 463.840 3 308.160 463.840 4 308.160 463.840 5 308.160 463.840 6 308.160463.840 7 308.160 463.840 8 308.160 463.840 9 374.160 529.840 10 374.160 529.840 Entradas de caixa Investimento inicial Fluxo de caixa terminal 1 2 3 4 5 Tempo 0 15 TABELA: Fluxo de caixa terminal relevante Fluxos de caixa projetados Modernização com manutenção da capacidade instalada Modernização com aumento da capacidade instalada Valor de venda do ativo novo – Valor de venda do ativo antigo =FLUXO DE CAIXA TERMINAL 520.000 288.000 232.000 646.000 288.000 358.000 FIGURA: Fluxos de caixa relevantes da alternativa de modernização com manutenção da capacidade instalada FIGURA: Fluxos de caixa relevantes da alternativa de modernização com aumento da capacidade instalada Fim da resposta comentada 308.160 308.160 308.160 308.160 308.160 308.160 308.160 308.160 374.160 374.160 232.000 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1.040.000 463.840 463.840 463.840 463.840 463.840 463.840 463.840 463.840 529.840 529.840 358.000 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1.772.000 16 RESUMO Os fluxos de caixa relevantes de uma proposta de investimento são três: 1) Investimento inicial; 2) Fluxos de caixa operacionais e 3) Fluxo de caixa terminal. Dependendo do tipo de investimento não há o fluxo de caixa terminal. Se o fluxo de uma proposta for convencional, terá apenas a saída de caixa inicial seguida de entradas de caixa (operacionais e terminal). Se for não-convencional, além do investimento inicial terá investimentos intermediários ao longo da vida do projeto. O escopo desta aula é restrito aos fluxos de caixa convencionais. Os fluxos de caixa relevantes são calculados a partir da estimativa das entradas e saídas de caixa de cada alternativa de investimento. Para o analista, o que é relevante é a diferença entre o que a empresa teria de resultado com a manutenção da estrutura existente, e que pode vir a ser substituída (ativo antigo), em relação ao que a empresa teria de resultado com a substituição da estrutura existente pelo ativo novo, objeto da análise da viabilidade. Para verificar se a possível substituição é viável, as técnicas são aplicadas nos fluxos relevantes. Não nos fluxos projetados com a atual e a, possível, futura estrutura. Para o caso de projetos de implantação ou expansão de unidades produtivas, os procedimentos para estimar os fluxos são os mesmos. A diferença é que ao calcular o fluxo relevante, o fluxo com a estrutura atual será nulo, haja vista que tanto na implantação quanto na expansão, não há estrutura a ser substituída. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BREALEY, R.A.; MYERS, S.C. Princípios de finanças empresariais. Portugal: Mc Graw de Portugal, 1992. GITMAN, L. Princípios de administração financeira. 10ª ed. São Paulo: Pearson, 2004. HELFERT, E. A. Técnicas de análise financeira: um guia prático para medir o desempenho dos negócios. 9ª ed. Porto Alegre. Bookman, 2000. MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 7ª ed. São Paulo. Atlas. 2004. ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração financeira: corporate finance. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.