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Análise Philipe Aries - A descoberta da Infância

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DA UNESP ARARAQUARA 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 
VERA TERESA VALDEMARIN 
História Social da Criança e da Família 
JÚLIA ESTER DE OLIVEIRA SILVA 
PEDAGOGIA 2020
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Philipe Áries foi um historiador francês do século XX, nascido em Blois na França em 21 de julho de 1914 e morreu em Toulouse, em 1984. 
No livro História Social da Criança e da Família, Áries mostra a evolução da particularização da infância nas civilizações da Idade Média. Por mais que as crianças sempre estivessem presentes na história, não eram percebidas, nem diferenciadas dos adultos. 
Era difícil as pessoas se lembrarem de suas idades. Não havia uma distinção das etapas da vida, nem uma consciência comum sobre isto. 
Os termos da infância, adolescência ou velhice surgiram no século XVI. O termo juventude por exemplo, tratava das pessoas entre 45-50 anos, já a “Idade Média” seria justaposta pela senectude (50-70), como se não houvesse espaço para as outras idades e etapas da vida. 
A adolescência era confundida com a infância até o século XVIII, e um dos motivos era a escassez do vocábulo. Na França, essa ausência fazia com que as pessoas desconhecessem as outras idades. A adolescência só tomou força no século XX, já a vieux (velhice) apareceu no ancião de cabelo cinza, considerando os sábios e patriarcas do século XIX. 
Até o século XII as crianças não eram representadas em corpos infantis, mas sim homens de tamanho reduzido. O século XIII trouxe novas representações, como por exemplo o anjo (clergeon), que representava as crianças um pouco maiores. Um segundo tipo surgiu das representações religiosas, quando os artistas passaram a estampar Maria e Jesus, para ligar o mistério da maternidade, e a propagação do culto. E um terceiro tipo foi a criança nua, enrolada em cueiros. 
Nos séculos XV e XVI surgiu a iconografia leiga, o putto (anjo nu) e o retrato. Devido ao alto índice de mortalidade e relações demográficas, a morte de uma criança não era tão chocante assim, pois poderia logo substituir aquela criança por outra. A perda eventual perdurou nos campos até o século XIX. 
Dado isso, a retratação da criança morta surgiu como forma de efígie, no túmulo dos pais, segurando uma cruz na mão. O retrato, trouxe a ideia de que a perda não era algo tão inevitável. 
Na Idade Média, as roupas estavam ligadas aos degraus de hierarquia social. No século XIII assim que a criança deixava os cueiros, passava a se vestir como os adultos de acordo com sua condição.
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As crianças nobres e burguesas do século XVII tiveram trajes específicos para suas idades. Ao sair dos cueiros, os meninos de 4 anos usavam uma sotaina elástica, mas aos 7 anos passavam a usar calças curtas. Com 5 anos, deixavam de usar toucas e túnicas. Quando atingiam 10 anos, passavam a usar chapéus, capas e o manuseio de espada, igualmente os adultos. As meninas por sua vez, desde que nasciam já se vestiam como as mulheres adultas, o processo de evolução do traje feminino foi tardio se comparado ao dos meninos. 
Os pobres usavam roupas de segunda mão ou aquilo que ganhavam, as crianças do povo permaneceram no antigo modo onde não havia separação de crianças ou adultos em quaisquer aspectos. 
Ao falar das brincadeiras e jogos, até o início do século XVII não havia separações de jogos e brincadeiras entre crianças e adultos, estes eram comuns para ambos. 
Áries cita o diário do Dr. Heroard, que descrevia cada passo minucioso do príncipe Luís XIII, contendo informações sobre seu crescimento, suas roupas e inclusive suas brincadeiras. Podemos destacar alguns brinquedos como cavalo de pau, cata-vento ou pião, e além destes, a música e o teatro ganham forças nesse período. 
Até os 3-4 anos, as crianças tinham brincadeiras específicas, a partir do 5º ano, elas passavam a brincar e jogar os mesmos jogos dos adultos. Por outro lado, os adultos participavam de jogos e brincadeiras que hoje reservamos às crianças. No livro de Adelaide de Savoie, do fim do século XV contém um calendário específico com cenas de jogos, em uma delas, a população de uma aldeia faz guerras de bolas de neve. 
As festas sazonais ou tradicionais reuniam grupos de todas as idades incluindo crianças. O trabalho na sociedade antiga não ocupava tanto tempo, e o principal meio de criar laços sociais estavam presentes nas festas. 
Por viver no meio dos adultos a criança estava exposta à sexualidade em seu quotidiano. Era comum crianças de até 5-6 anos de idade, brincarem e exporem seus órgãos genitais (meninos), bem como a prática de masturbação. A educação sobre sexualidade só vinha após os 7 anos, como é o caso do Delfim, assim que atingiu a idade adulta passou a receber orientações sobre o resguardo e a boa maneira. 
O assunto e a prática do sexualismo só se tornavam proibido quando a criança atingia a puberdade, sinônimo de que entraria na fase adulta. Vale ressaltar que, o valor da educação e 
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preservação de boas maneiras só começavam com a aproximação da vida adulta, e isso ocorria por duas razões: 
⇒ A criança impúbere era indiferente à sociedade, por isso, sua maneira de se portar, gestos e atitudes - que para a sociedade atual é considerado imoral - eram neutralizados. ⇒ Não existia um sentimento de que a sexualidade pudesse macular a inocência infantil, na realidade, não acreditava que essa inocência realmente existisse. 
Foi então que alguns moralistas começaram a criticar a conduta e a forma com que as crianças se portavam. Gerson foi um destes que defendeu a necessidade de proibir o contato entre crianças nuas, dormir juntos com adultos e contatos físicos. Ele criou um regulamento para as escolas e fez com que os professores fiscalizassem as condutas dos alunos que deveriam denunciar caso vissem atitudes de indecoro. Inicialmente, os professores eram mais tolerantes e acabavam relevando, mas o século XVII foi marcado pelo rigor com que a moral fora imposta. 
Do século XVII ao XVIII fora estabelecido novos hábitos – como guardar os retratos das crianças, vaciná-las, desenvolver práticas de higiene, conservar o vocabulário engraçado e desajustado da criança, e a extinção dos jogos classificados como maus - surgiu também, um novo sentimento: a preocupação em preservar a moralidade e a educação das crianças. 
As crianças menores não eram consideradas por suas famílias e nem pelas civilizações, devido ao alto índice de morte, estas poderiam morrer, então, só era considerada, aquela que superasse esse período. Apesar da severidade com que se transparece tal atitude, o fim do século XVI e início do século XVII é demarcado por um sentimento de paparicação para com as 
crianças pequenininhas. Devido sua ingenuidade e graça, elas acabavam se tornando uma distração que divertia e relaxava os adultos. Mas, este sentimento provocou reações críticas, e algo novo surge se opondo a paparicação. 
Esse novo sentimento contraditório, associava a particularidade da infância não mais com as distrações e brincadeiras, mas sim com o interesse psicológico e a preocupação moral, surgindo o interesse de conhecer a criança para corrigi-la e posteriormente a tornar num bom cidadão. 
O primeiro sentimento – da paparicação – surgiu dentro das famílias, já o segundo, era proveniente dos eclesiásticos, homens da lei, e dos moralistas, que se preocupavam com a disciplina e racionalidade dos costumes impostos na infância e não admitiam que as crianças fossem consideradas como objeto de uso e diversão para os adultos. Elas precisavam ser 
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preservadas e disciplinadas. Sendo assim, a prática da paparicação aos poucos foi deixada e as famílias do século XVIII adotaram o sentimento de preservação na associação à higiene e saúde. 
Sucintamente, a criança sempre esteve presente, seu processo de representação enquanto fase e ser humano foi gradativo. A criança do século XII que não era percebida, e nem notada, agora passou a ter papel fundamental dentro da família e ser valorizada pela sociedade.ANÁLISE DE IMAGEM 
A SCHOOL FOR BOYS AND GIRLS 
A imagem retrata a escola de meninos e meninas do século XVII. 
Pode-se observar a disposição do arranjo físico da sala de aula pré-moderna, sem muita organização, algumas crianças por exemplo, ficavam de costas para o adulto que estava ensinando. 
As crianças não são divididas por idades, todas estão juntas: as de chapéus, podemos dizer que são rapazes que tem seus 10 anos; as crianças de touca são um pouco menores e devem ter até 5 anos de idade; provavelmente, mas não em cem por cento de certeza, o adulto com o turbante/ touca branca que está ensinando pode ser um homem devido ao vestido mais aberto e a gola. 
Devido a extrema quantidade de chapéus na sala, podemos ter a ideia de que a escola abrangia mais meninos do que meninas.
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REFERÊNCIAS 
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. 2a. ed., Rio de Janeiro: Zahar, 1981. pp 29 - 164; 186 - 194. 
APRESENTAÇÃO, Philipe Aries, http://editoraunesp.com.br/catalogo/9788539304714,o tempo-da-historia. 
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