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A HISTÓRIA SOCIAL DA CRIANÇA E DA FAMÍLIA slide pdf

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A HISTÓRIA SOCIAL DA 
CRIANÇA E DA FAMÍLIA
-PHILIPPE ARIÈS-
Philippe Ariès nasceu em 24 de junho de 1914, na França. 
É considerado pela crítica um dos melhores historiadores 
contemporâneos no campo de estudos do comportamento 
e atitudes humanas.
A obra intitulada A HISTÓRIA SOCIAL DA CRIANÇA 
E DA FAMÍLIA, foi publicada em 1960.
A HISTÓRIA SOCIAL DA CRIANÇA E DA 
FAMÍLIA
Apon ta a ca rênc ia do 
Sentimento de Infância até 
o fim da Idade Média.
Define a infância como um 
período diferente da vida 
adul ta e um novo lugar 
assumido pela criança e 
pela família na sociedade 
moderna.
A HISTÓRIA SOCIAL DA CRIANÇA E DA 
FAMÍLIA
O Sentimento da Infância;
*As idades da vida;
*A descoberta da Infância;
*O traje das crianças;
*Pequena contribuição aos
jogos e brincadeiras;
*Do despudor à inocência;
*Os dois sentimentos da infância;
A Vida escolástica
*Jovens e velhos escolares 
na Idade Média;
*Uma inst i tu ição nova: o 
colégio;
* O r i g e m d a s c l a s s e s 
escolares;
*A idade dos alunos;
*Os progressos da disciplina;
*As “pequenas escolas”;
*A rudeza da infância escolar;
*A escola e a duração da 
infância;
A família
* A s i m a g e n s d a 
família;
* D a f a m í l i a 
Medieval à família 
Moderna;
* F a m í l i a e 
sociabilidade;
Desde a an t igu idade, mu lheres e c r ianças eram 
consideradas seres inferiores que não mereciam nenhum 
tipo de tratamento diferenciado, sendo inclusive a duração 
da infância reduzida. Por volta do século XII era provável 
que não houvesse lugar para a infância, uma vez que a 
arte medieval a desconhecia (ARIÈS, 1978). 
Prefácio
• Velha sociedade tradicional via mal a criança, e pior ainda o adolescente. 
• A duração da infância era reduzida a seu período mais frágil (até 7 anos);
• A criança aprendia as coisas que devia saber ajudando os adultos a fazê-las;
• Sentimento superficial da criançq - a que chamei "paparicação" - era reservado à criancinha 
em seus primeiros anos de vida, enquanto ela ainda era uma coisinha engraçadinha. As 
pessoas se diveftiam com a criança pequena como com um animalzinho, um macaquinho 
impudico. Se ela morresse então, como muitas vezes acontecia, alguns podiam ficar 
desolados, mas a regra geral era não fazer muito caso, pois uma outra criança logo a 
substituiria. A criança nâo chegava a sair de uma espécie de anonimato.
• Quando ela conseguia superar os primeiros perigos e sobreviver ao 1 tempo da 
“paparicação", era comum que passasse a viver em outra casa que não a de sua família. 
• A primeira tese ê uma tentativa de interpretação das sociedades 
tradicionais.
• A segunda, pretende mostrar o novo lugar assumido pela criança 
e a família em nossas sociedades industriais. 
• A escola substituiu a aprendizagem como meio de educação. 
Isso quer dizer que a criança deixou de ser misturada aos adultos 
e de aprender a vida diretamente, através do contato com eles, a 
criança foi separada dos adultos e mantida à distância numa 
espécie de quarentena, antes de ser solta no mundo. 
• A família começou então a se organizar em torno da 
criança e a lhe dar uma tal importância, que a criança 
saiu de seu antigo anonimato, que se tornou impossível 
perde-ta ou substituí-la sem uma enorme dor, que ela 
não pôde mais ser reproduzida muitas vezes, e que se 
tornou necessário limitar seu número para melhor cuidar 
dela. 
As Idades da Vida
• As “idades da vida” ocupam um lugar importante nos 
tratados pseudocientífícos da Idade Média. Seus autores 
empregam uma terminologia que nos parece puramente 
verbal: infância e puerilidade, juventude e adolescência, 
velhice e seni l idade - cada uma dessas palavras 
designando um período diferente da vida. As “idades”, 
“idades da vida”, ou “idades do homem” correspondiam 
no espírito
As Idades da Vida
IDADES 
DA 
VIDA
1° IDADE
0-7
ENFANT
(não fala)
2° IDADE
7-14
PUERITIA
(Relacionado à 
infância)
3°IDADE
14-21
ADOLESCÊNCIA
ATÉ AQUI ETAPAS 
NÃO VALORIZADAS 
PELA SOCIEDADE
4° IDADE
21-45/50
(juventude)
5° IDADE
SENECTUDE
(entre a juventude 
e a velhice)
6° IDADE 
Senies (velhice)
“O velho está sempre 
tossindo, escarrando 
e sujando”
As idades da vida representavam as funções sociais:
“Primeiro, a idade dos brinquedos: as crianças brincam com um 
cavalo de pau, uma boneca, um pequeno moinho ou pássaros 
amarrados . Depois, a idade da escola: os meninos aprendem a ler 
Ou seguram um livro e um estojo; as meninas aprendem a fiar . Em 
seguida, as idades do amor ou dos esportes da corte e da cavalaria: 
festas, passeios de rapazes e moças, corte de amor, as bodas ou a 
caçada do mês de maio dos calendários . Em seguida, as idades da 
guerra e da cavalaria: um homem armado . Fínalmente, as idades 
sedentárias, dos homens da lei, da ciência ou do estudo: o velho 
sábio barbudo vestido segundo a moda antiga, diante de sua 
escrivaninha, perto da lareira . 
(p.39)
• Na Idade Média surgiu o sobrenome;
• Acredita-se que somente no século XVIII, os párocos passaram registrar 
nomes e nascimentos.
• A idade passou a ganhar uma atenção muito especial desde então. Em 
retratos do século XVI, já se percebe essa preocupação em ressaltar as 
idades e as datas das pinturas.
• Os retratos de família surgem como documento da própria história familiar, 
assim como hoje seriam os álbuns de família. Também os diários, que 
serviam para guardar os acontecimentos que haviam ocorrido, como por 
exemplo, os nascimen
• Em relação à idade dos brinquedos, verificada no século XIV, as crianças 
brincam com um cavalo de pau, uma boneca, um moinho, ou pássaros 
amarrados. 
A Descoberta da Infância
• Até por volta do século 
XI I , a a r te medieva l 
desconhecia a infância 
o u n ã o t e n t a v a 
representá-la. “(...) É 
mais provavel que não 
houvesse lugar para a 
infância nesse mundo” 
(p. 51).
• 
Primeiro tipo de criança representada
• Por volta do século XIII, 
surgiram alguns tipos de 
crianças um pouco mais 
próximos do sentimento 
moderno: o anjo.
Segundo tipo de criança representada
O menino Jesus, ou Maria, a 
m ã e d e J e s u s , “ p o i s a 
infância aqui se ligava ao 
mistério da maternidade da 
Virgem e ao culto de Maria” 
(p. 53). 
Terceiro tipo de criança representada
Um terceiro tipo de criança 
apareceu na fase gótica: a 
c r i ança nua . O men ino 
Jesus quase nunca e ra 
representado despido. Na 
maioria dos casos, aparecia, 
como as outras crianças de 
sua i dade , cas tamen te 
enro lado em cuei ros ou 
vestido com uma camisa ou 
uma camisola.
• O aparecimento do retrato 
d a c r i a n ç a m o r t a n o 
s é c u l o X V I m a r c o u 
por tan to um momento 
m u i t o i m p o r t a n t e n a 
história dos sentimentos. 
E s s e r e t r a t o s e r i a 
inicialmente uma efígie 
funerária. A criança no 
i n í c i o n ã o s e r i a 
representada sozinha, e 
s im sobre o túmulo de 
seus pais. 
O Traje das Crianças
Crianças pequenas: cueiros 
Crianças maiores: t rajes de 
adultos.
Século XII e XIII: vestidos ou 
túnicas.
No século XVII, a criança de 
boa família, quer fosse nobre ou 
burguesa, não era mais vestida 
como os adultos.Havia um traje 
reservado à sua idade, que a 
distinguia dos adultos.
Cavalo de pau 
Teatro de marionetes
Cata- vento 
Pião 
Violino 
Bola 
Música e dança
Danças populares
Jogos de bater palmas
Fantoches
Cabra-cega
Esconde-esconde
Pequena Contribuição à História dos Jogos e das Brincadeiras 
Die Kinderspiele
Pieter Bruegel der Ältere, um 1560
Öl auf Holz
118 × 161 cm
Kunsthistorisches Museum.
A Vida escolástica
Jovens e velhos escolares na Idade Média
IDADE
• Raramente encontrava-se nos textos 
medievais referências exatas quanto a 
idade dos alunos.
• os alunos iniciantes geralmente tinham 
cerca de 10 anos.
CONTRATO DE PENSÃO
* contratos de aprendizagem, pelos quais as 
familias fixavam as condições de pensão de 
seu filho escolar, raramente mencionavam a 
idade do menino, como se isso não tivesse 
importância. 
ESPAÇO FÍSICOO mestre alugava uma sala;
O chão era forrado com palha e os 
alunos se sentavam;
 A partir do século XIV, passou-se a usar 
bancos.
 Na sala, reuniam-se meninos e homens 
de todas as idades, de seis a 20 anos ou 
mais. 
Às vezes, o mestre possuia um auxiliar.
“os alunos eram abandonados a si mesmos. Alguns, muito raros, viviam com os 
pais. Outros viviam em regime de pensão, quer na casa do próprio mestre, quer 
na casa de um padre ou cônego, segundo as condicões fixadas por um contrato 
semelhante ao contrato de aprendizagem. Estes últimos eram os mais vigiados, 
ou ao menos os mais seguidos. Pertenciam a uma casa, à família do clérigo ao 
qual haviam sido confiados, e nesse caso havia uma espécie de compromisso 
entre a educação pela aprendizagem, que estudaremos adiante, e a educação 
escolar de tipo moderno. Essa era a única forma de internato conhecida” 
(ARIÈS, 1978). 
Uma instituição nova: o colégio
 Século XIII- Os colégios eram asilos para estudantes pobres, fundados por 
doadores. Os bolsistas viviam em comunidades, segundo estatutos que se inspiravam em 
regras monásticas. 
• Século XV- Formaram-se os institutos de ensino. O ensino das Artes passou a ser 
ministrado nos colégios, O estabelecimento definitivo de uma regra de disciplina 
completou a evolucão que conduziu da escola medieval, instituição complexa, não 
apenas de ensino, mas de vigilancia e enquadramento da juventude.
 A evolução da instituição escolar está ligada a uma evolução paralela do 
sentimento das idades e da infancia. Inicialmente, aceitava -se sem a mistura das idades. 
Posteriormente, surgiu uma repugnancia nesse sentido, de início em favor das criancas 
menores.
 Século XV- XVI - O colégio que era Composto de uma pequena minoria de 
clérigos letrados, ele se abriu a um número crescente de leigos, nobres e burgueses, mas 
também a famílias mais populares. 
 O colégio tornou-se uma instituição essencial à sociedade: o colégio com um corpo 
docente separado, com uma disciplina rigorosa, com classes numerosas, em que se 
formariam todas as gerações instruídas do Ancien Régime.
Origem das classes escolares
 
Iniciou-se a divisão da 
população escolar em 
g r u p o s d a m e s m a 
c a p a c i d a d e s o b a 
direção de um mesmo 
professor, em um único 
local.
D e p o i s , p a s s o u a 
designar um professor 
e s p e c i a l p a r a c a d a 
grupo, mantidos em um 
mesmo local comum 
(ao longo do séc XV).
Séc 
XV A s c l a s s e s e s e u s professores foram isolados em salas especiais - e essa 
i n i c i a t i v a d e o r i g e m 
f l amenga e pa r i s i ense 
gerou a estrutura moderna 
de classe escolar. 
Esse processo correspondeu a uma 
necessidade ainda nova de adaptar 
o ensino do mestre ao nível do 
aluno. Essa distinção das classes 
i n d i c a v a p o r t a n t o u m a 
conscientização da particularidade 
da infancia ou da juventude, e do 
sentimento de que no interior dessa 
i n f a n c i a o u d e s s a j u v e n t u d e 
existiam várias categorias
Séc 
XV
A c r i a ç ã o d a s 
c l a s s e s 
e s t a b e l e c e u 
s u b d i v i s õ e s n o 
i n t e r i o r d e s s a 
população escolar. 
A l g u m a s v e z e s h a v i a u m a 
coincidência entre a idade e o 
grau, mas nem sempre, e, quando 
havia contradição, a surpresa era 
p e q u e n a , e , m u i t a s v e z e s , 
nenhuma. Na realidade, prestava-
se sempre mais atenção ao grau 
do que à idade
Séc 
XVI
 A c l asse não possu ía a 
homogeneidade demográfica. 
As classes escolares que se 
haviam formado por razões 
não demográficas serviriam 
gradualmente para enquadrar 
categorias de idades, não 
previstas de início.
Séc 
XVII
A idade dos alunos
• Até o meio do século XVII, tendia-se a considerar como término da primeira infância a 
idade de 5-6 anos, quando o menino deixava sua mãe, sua ama ou suas criadas. 
• Aos sete anos, ele podia entrar para o colégio. 
• Mais tarde, a idade escolar, ao menos a idade da entrada para as três classes de 
gramática, foi retardada para os 9-10 anos. Portanto, eram as crianças de até 10 anos que 
eram mantidas fora do colégio. 
• Dessa maneira conseguia-se separar uma primeira infância que durava até 9-10 anos de 
uma infância escolar que começava nessa idade. 
• O sentimento mais comumente expresso para justificar a necessidade de retardar a 
entrada para o colégio era a fraqueza, "a imbecilidade", ou a incapacidade dos 
pequeninos. 
• A mistura das idades persistiu nos séculos XVII e XVIII entre o resto da população 
escolar, em que crianças de 10 a 14 anos, adolescentes de 15 a 18 e rapazes de 19 a 25 
frequentavam as mesmas classes. 
• Até o fim do século XVIII, não se teve a idéia de separá-los. 
• A regularização do ciclo anual das promoções, o hábito de impor 
a todos os alunos a série completa de classes, em lugar de 
limitá-la a alguns apenas, as necessidades de uma pedagogia 
nova , adap tada a c lasses menos numerosas e ma is 
homogêneas, resultaram, no início do século XIX, na fixação de 
uma correspondência cada vez mais rigorosa entre a idade e a 
classe. 
• Os mestres se habituaram então a compor suas classes em 
função da idade dos alunos. As idades outrora confundidas 
começaram a se separar na medida em que coincidiam com as 
c lasses, pois desde o f im do século XVI a c lasse fora 
reconhecida como uma unidade estrutural.
Os progressos da disciplina
• Antes do século XV, o estudante não estava submetido a 
uma autoridade disciplinar extracorporativa, a uma hierarquia 
escolar. Mas tampouco estava entregue a si mesmo. 
• Ou bem residia perto de uma escola com sua própria família, 
ou, como era mais freqüente, morava com uma outra familia 
à qual havia sido confiado com um contrato de aprendizagem 
que previa a freqüência a uma escola, sempre latina. O 
menino entrava então para uma dessas associações, 
corporações ou confrarias... que, através de exercicios 
devotos ou festivos, do culto religioso, de bebedeiras ou 
banquetes, mantinham vivo o sentimento de sua comunidade 
de vida.
• Outra possibilidade era o pequeno estudante seguir um 
menino mais velho, compartilhando sua vida na alegria 
ou na desgraça, e, muitas vezes, em troca, sendo 
surrado e explorado. 
• Em todos esses casos, o estudante pertencia a uma 
sociedade ou a um bando de companheiros, em que 
uma camaradagem às vezes brutal, porem real 
regulava sua vida quotidiana, muito mais do que a 
escola e seu mestre, e, porque essa camaradagem era 
reconhecida pelo sensò comum, ela tinha um valor 
moral.
Duas idéias novas surgem ao mesmo tempo: 
a noção da f raqueza da i n fanc ia e o sen t imen to da 
responsabilidade moral dos mestres. 
 a par t i r do sécu lo XV, houve o es tabe lec imento e o 
desenvolvimento de um sistema disciplinar cada vez mais 
rigoroso.
Para de f in i r esse s is tema, d is t ingu i remos suas t rês 
características principais: a vigilancia constante, a delação 
erigida em princípio de governo e em instituição, e a aplicação 
ampla de castigos corporais
• A história da disciplina do seculo XIV ao XVII permite-nos fazer duas 
observações importantes:
• Em primeiro lugar, uma disciplina humilhante - o chicote ao criterio do mestre e 
a espionagem mútua em beneficio do mestre- substituiu um modo de 
associação corporativa que era o mesmo tanto para os jovens escolares como 
para os outros adultos. 
• Entre os adultos, nem todos eram submetidos ao castigo corporal: os fidalgos 
lhe escapavam, e o modo de aplicação da disciplina contribuia para distinguir as 
condições sociais. 
• Todas as crianças e jovens, qualquer que fosse sua condição, eram submetidos 
a um regime comum e eram igualmente surrados. 
• O segundo fenômeno é a dilatação da idade escolar 
submetida ao chicote: reservado de início às crianças 
pequenas, a partir do seculo XVI ele se estendeu a toda 
a população escolar, que muitas vezes beirava e outras 
ultrapassavaos 20 anos.
O relaxamento da antiga disciplina escolar correspondeu 
a uma nova orientação do sentimento da infância, que 
não mais se ligava ao sentimento de sua fraqueza e não 
mais reconhecia a necessidade desua humilhação. 
Tr a t a v a - s e a g o r a d e d e s p e r t a r n a c r i a n ç a a 
responsabilidade do adulto, o sentido de sua dignidade. A 
cr iança era menos oposta ao adulto (embora se 
distinguisse bastante dele na prática) do que preparada 
para a vida adulta. Essa preparação não se fazia de uma 
só vez, brutalmente. Exigia cuidados e etapas, uma 
formação. Esta foi a nova concepção da educação, que 
triunfaria no século XIX (ARIÈS, 1978).
As “pequenas escolas”
S é c X V I I - a 
e s p e c i a l i z a ç ã o 
d e m o g r á f i c a d a s 
idades de 5-7 a 10- 11 
anos.
s é c u l o X V I I I , a 
especialização social 
de dois tipos de ensino, 
um para o povo, e o 
outro para as camadas 
b u r g u e s a s e 
aristocráticas.
as crianças foram 
separadas das mais 
velhas
os ricos foram separados 
dos pobres.
A rudeza da infância escolar
 Uma nova noção moral deveria distinguir a crianca, ao menos a criança 
escolar, e separá-la: a noção da crianca bem educada. 
• Essa noção praticamente não existia no século XVI, e formou-se no século 
XVII. 
• Este preceito se originou das visões reformadoras de uma elite de 
pensadores e moralistas que ocupavam funções eclesiástictas ou 
governamentais. 
• A criança bem educada seria preservada das rudezas e da imoralidade. 
• Na França, essa criançabem educada seria o pequeno-burguês. Na 
Inglaterra, ela se tornaria o gentleman, tipo social desconhecido antes do 
século XIX, e que seria criado por uma aristocracia ameaçada gracas às
• public schools, como uma defesa contra o avanço democrático. 
• Foi na França, por volta de 1763, que a opinião pública manifestou uma 
repugnância pelo regime disciplinar escolástico.
• Com isso o castigo corporal e moral não eram mais reconhecidos como 
necessários para a “correção” da fraqueza da infância. 
• O sentimento de fraqueza e a necessidade de sua humilhação não mais era 
visto como parte necessária na construção infantil, tratava-se agora de 
despertar na criança a responsabilidade do adulto, o sentido de sua dignidade.
• Com essa ruptura exigiam-se novos cuidados e novas etapas para a 
formação da criança, gerando uma nova concepção de educação.
A escola e a duração da infância
• Além da aprendizagem doméstica, as 
meninas não recebiam por assim dizer 
nenhuma educação. Nas famílias em que 
os meninos iam ao colégio, elas não 
aprendiam nada. 
• As mulheres mal sabiam ler e escrever: 
• As mulheres eram semi-analfabetas.
• Criou-se o hábito de enviar as meninas a 
conventos que não eram destinados à 
educação, onde elas acompanhavam os 
exerc ic ios devotos e recebiam uma 
instrução exclusivamente religiosa.
• No fim do século XVII, o Saint-
Cyr de Mm' de Maintenon 
forneceria o modelo de uma 
instituição de caráter moderno 
p a r a a s m e n i n a s , q u e 
ingressavam entre os 7 e os 
12 anos e saiam emtorno dos 
20,
A FAMÍLIA
As imagens da família
Iconografia medieval
A importância dessas imagens;
A o b s e r v a ç ã o 
dessas imagens;
O aparecimento da 
criança nas imagens, a 
partir do séc XVI.
Também no séc XVI 
o aparecimento da 
família nas imagens.
as cenas representadas 
p e l o s a r t i s t a s s e 
passavam em lugares 
públicos como as igrejas, 
ou ao ar livre
• A anál ise iconográf ica leva-nos a concluir que o 
sentimento da família era desconhecido da Idade Média e 
nasceu nos séculos XV-XVI, para se exprimir com um 
vigor definitivo no século XVII.
Da família Medieval à família Moderna
.
Estudo iconográfico
lugar sentimental 
assumido pela família 
(Séc XVI e XVII).
 A família transformou-
se na medida em que 
m o d i f i c o u s u a s 
relações internas com 
a criança. 
Aprendizagem
 
 *A aprendizagem ocorria através do contato direto com o mundo dos adultos;
*Muitas famílias enviavam suas crianças para outras famílias;
*O serviço doméstico se confundia com a aprendizagem, como uma forma 
muito comum de educação;
*A família era uma realidade moral e social, mais do que sentimental (até o séc. 
XV). 
*Entre os séculos XVI e XVII, a criança havia conquistado um lugar de 
destaque junto de seus pais, participava da vida cotidiana e os adultos 
passaram a se preocupar com sua educação, carreira e futuro. 
Família e sociabilidade
• A iconograf ia da fami l ia se to rnou 
extremamente rica o essencial continuaria 
a ser a representação da vida exterior e 
pública.
• A vida no passado, até o século XVII,era 
v i v i da em púb l i co : As ce r i môn i as 
tradicionais que acompanahavam o ca-
samento, 
• O nascimento e o desenvolvimento desse 
sentimento da família desde o século XV 
até o século XVIII.
• E como se a famil ia moderna tivesse 
substituido as antigas relações sociais 
desaparecidas para permitir ao homem 
escapar a umainsustentável solidão moral. 
• A partir do século XVIII, as pessoas co-
meçaram a se defender contra uma 
sociedade cujo convívio constanteaté 
então havia sido a fonte da educação, da 
reputação e da fortuna
CRÍTICAS À PHILIPPE ARIÉS
H E Y W O O D ( 2 0 0 4 ) , 
CRITICA OS ESTUDOS DE 
ARIÉS E APONTA UMA 
CERTA INGENUIDADE EM 
S U A S F O N T E S 
HISTÓRICAS QUE FORAM 
CENTRADAS NA IDADE 
MÉDIA E EXAGERADO EM 
AFIRMAR A INEXISTÊNCIA 
D A I N F Â N C I A N A 
CIVILIZAÇÃO MEDIEVAL:
• PRESENÇA DE UMA INFÂNCIA NA IDADE MÉDIA, MESMO 
QUE A SOCIEDADE NÃO TIVESSE TEMPO PARA A 
CRIANÇA. 
• A IGREJA JÁ SE PREOCUPAVA COM A EDUCAÇÃO DE 
CRIANÇAS, COLOCADAS AO SERVIÇO DO MONASTÉRIO. 
• SÉCULO XII É POSSÍVEL ENCONTRAMOS INDÍCIOS DE 
UM INVESTIMENTO SOCIAL E PSICOLÓGICO NAS 
CRIANÇAS. 
• NOS SÉCULOS XVI E XVII JÁ EXISTIA “UMA CONSCIÊNCIA 
DE QUE AS PERCEPÇÕES DE UMA CRIANÇA ERAM 
DIFERENTES DAS DOS ADULTOS”.
FAMÍLIAS MIGRAM DO 
C A M P O P A R A A 
C I D A D E C O M A 
R E V O L U Ç Ã O 
INDUSTRIAL
HOMENS, MULHERES 
E CRIANÇAS PASSAM 
A T R A B A L H A R E M 
FÁBRICAS
A I N F Â N C I A D A S 
C R I A N Ç A S 
TRABALHADORAS EM 
F Á B R I C A S N Ã O É 
D I S C U T I D A E O 
S U R G I M E N T O D O 
' A F E T O F A M I L I A R ' 
ESTÁ MUITO LONGE 
DESSAS FAMÍLIAS.
SEGUNDO BARBOSA E MAGALHÃES, AS OBRAS DE ARIÈS NÃO RETRATAVA A 
EXPLORAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL E CRIANÇAS ABANDONADAS, PROBLEMAS MAIS 
INTENSOS PELA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL.
A INFÂNCIA QUE CONHECEMOS HOJE FOI UMA CRIAÇÃO DE UM 
T E M P O H I S T Ó R I C O E D E C O N D I Ç Õ E S S O C I O C U LT U R A I S 
DETERMINADAS, SENDO UM ERRO QUERER ANALISAR TODAS AS 
INFÂNCIAS E TODAS AS CRIANÇAS COM O MESMO REFERENCIAL. A 
PARTIR DISSO, PODEMOS CONSIDERAR QUE A INFÂNCIA MUDA COM 
O T E M P O E C O M O S D I F E R E N T E S C O N T E X TO S S O C I A I S , 
E C O N Ô M I C O S , G E O G R Á F I C O S , E AT É M E S M O C O M A S 
PECULIARIDADES INDIVIDUAIS. PORTANTO, AS CRIANÇAS DE HOJE 
NÃO SÃO EXATAMENTE IGUAIS ÀS DO SÉCULO PASSADO, NEM 
SERÃO IDÊNTICAS ÀS QUE VIRÃO NOS PRÓXIMOS SÉCULOS (FROTA, 
2007).
REFERÊNCIAS
ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC, 
1981. 
FROTA, A. M. M. C. DIFERENTES CONCEPÇÕES DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA: A 
IMPORTÂNCIA DA SUA HISTORICIDADE PARA SUA CONSTRUÇÃO.ESTUDOS E 
PESQUISAS EM PSICOLOGIA, UERJ, RJ, ANO 7, N. 1, 1º SEMESTRE DE 2007 .
BARBOSA, A.A. & MAGALHÃES; M.G.S.D. A CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA NA VISÃO 
PHILIPPE ARIÈS E SUA RELAÇÃO COM AS POLITICAS PÚBLICAS PARA A INFÂNCIA. 
Disponível emM https://revista.ufrr.br/examapaku/article/view/1456.
KLEIN, L. R. CADÊ A CRIANÇA DO ÁRIES QUE ESTAVA AQUI? A FÁBRICA COMEU... .IX 
SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E 
EDUCAÇÃO NO BRASIL” Disponível em: ht tps: / /h istedbrnovo. fe.unicamp.br/pf-
histedbr/seminario/seminario9/PDFs/4.26.pdf

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