Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A HISTÓRIA SOCIAL DA CRIANÇA E DA FAMÍLIA -PHILIPPE ARIÈS- Philippe Ariès nasceu em 24 de junho de 1914, na França. É considerado pela crítica um dos melhores historiadores contemporâneos no campo de estudos do comportamento e atitudes humanas. A obra intitulada A HISTÓRIA SOCIAL DA CRIANÇA E DA FAMÍLIA, foi publicada em 1960. A HISTÓRIA SOCIAL DA CRIANÇA E DA FAMÍLIA Apon ta a ca rênc ia do Sentimento de Infância até o fim da Idade Média. Define a infância como um período diferente da vida adul ta e um novo lugar assumido pela criança e pela família na sociedade moderna. A HISTÓRIA SOCIAL DA CRIANÇA E DA FAMÍLIA O Sentimento da Infância; *As idades da vida; *A descoberta da Infância; *O traje das crianças; *Pequena contribuição aos jogos e brincadeiras; *Do despudor à inocência; *Os dois sentimentos da infância; A Vida escolástica *Jovens e velhos escolares na Idade Média; *Uma inst i tu ição nova: o colégio; * O r i g e m d a s c l a s s e s escolares; *A idade dos alunos; *Os progressos da disciplina; *As “pequenas escolas”; *A rudeza da infância escolar; *A escola e a duração da infância; A família * A s i m a g e n s d a família; * D a f a m í l i a Medieval à família Moderna; * F a m í l i a e sociabilidade; Desde a an t igu idade, mu lheres e c r ianças eram consideradas seres inferiores que não mereciam nenhum tipo de tratamento diferenciado, sendo inclusive a duração da infância reduzida. Por volta do século XII era provável que não houvesse lugar para a infância, uma vez que a arte medieval a desconhecia (ARIÈS, 1978). Prefácio • Velha sociedade tradicional via mal a criança, e pior ainda o adolescente. • A duração da infância era reduzida a seu período mais frágil (até 7 anos); • A criança aprendia as coisas que devia saber ajudando os adultos a fazê-las; • Sentimento superficial da criançq - a que chamei "paparicação" - era reservado à criancinha em seus primeiros anos de vida, enquanto ela ainda era uma coisinha engraçadinha. As pessoas se diveftiam com a criança pequena como com um animalzinho, um macaquinho impudico. Se ela morresse então, como muitas vezes acontecia, alguns podiam ficar desolados, mas a regra geral era não fazer muito caso, pois uma outra criança logo a substituiria. A criança nâo chegava a sair de uma espécie de anonimato. • Quando ela conseguia superar os primeiros perigos e sobreviver ao 1 tempo da “paparicação", era comum que passasse a viver em outra casa que não a de sua família. • A primeira tese ê uma tentativa de interpretação das sociedades tradicionais. • A segunda, pretende mostrar o novo lugar assumido pela criança e a família em nossas sociedades industriais. • A escola substituiu a aprendizagem como meio de educação. Isso quer dizer que a criança deixou de ser misturada aos adultos e de aprender a vida diretamente, através do contato com eles, a criança foi separada dos adultos e mantida à distância numa espécie de quarentena, antes de ser solta no mundo. • A família começou então a se organizar em torno da criança e a lhe dar uma tal importância, que a criança saiu de seu antigo anonimato, que se tornou impossível perde-ta ou substituí-la sem uma enorme dor, que ela não pôde mais ser reproduzida muitas vezes, e que se tornou necessário limitar seu número para melhor cuidar dela. As Idades da Vida • As “idades da vida” ocupam um lugar importante nos tratados pseudocientífícos da Idade Média. Seus autores empregam uma terminologia que nos parece puramente verbal: infância e puerilidade, juventude e adolescência, velhice e seni l idade - cada uma dessas palavras designando um período diferente da vida. As “idades”, “idades da vida”, ou “idades do homem” correspondiam no espírito As Idades da Vida IDADES DA VIDA 1° IDADE 0-7 ENFANT (não fala) 2° IDADE 7-14 PUERITIA (Relacionado à infância) 3°IDADE 14-21 ADOLESCÊNCIA ATÉ AQUI ETAPAS NÃO VALORIZADAS PELA SOCIEDADE 4° IDADE 21-45/50 (juventude) 5° IDADE SENECTUDE (entre a juventude e a velhice) 6° IDADE Senies (velhice) “O velho está sempre tossindo, escarrando e sujando” As idades da vida representavam as funções sociais: “Primeiro, a idade dos brinquedos: as crianças brincam com um cavalo de pau, uma boneca, um pequeno moinho ou pássaros amarrados . Depois, a idade da escola: os meninos aprendem a ler Ou seguram um livro e um estojo; as meninas aprendem a fiar . Em seguida, as idades do amor ou dos esportes da corte e da cavalaria: festas, passeios de rapazes e moças, corte de amor, as bodas ou a caçada do mês de maio dos calendários . Em seguida, as idades da guerra e da cavalaria: um homem armado . Fínalmente, as idades sedentárias, dos homens da lei, da ciência ou do estudo: o velho sábio barbudo vestido segundo a moda antiga, diante de sua escrivaninha, perto da lareira . (p.39) • Na Idade Média surgiu o sobrenome; • Acredita-se que somente no século XVIII, os párocos passaram registrar nomes e nascimentos. • A idade passou a ganhar uma atenção muito especial desde então. Em retratos do século XVI, já se percebe essa preocupação em ressaltar as idades e as datas das pinturas. • Os retratos de família surgem como documento da própria história familiar, assim como hoje seriam os álbuns de família. Também os diários, que serviam para guardar os acontecimentos que haviam ocorrido, como por exemplo, os nascimen • Em relação à idade dos brinquedos, verificada no século XIV, as crianças brincam com um cavalo de pau, uma boneca, um moinho, ou pássaros amarrados. A Descoberta da Infância • Até por volta do século XI I , a a r te medieva l desconhecia a infância o u n ã o t e n t a v a representá-la. “(...) É mais provavel que não houvesse lugar para a infância nesse mundo” (p. 51). • Primeiro tipo de criança representada • Por volta do século XIII, surgiram alguns tipos de crianças um pouco mais próximos do sentimento moderno: o anjo. Segundo tipo de criança representada O menino Jesus, ou Maria, a m ã e d e J e s u s , “ p o i s a infância aqui se ligava ao mistério da maternidade da Virgem e ao culto de Maria” (p. 53). Terceiro tipo de criança representada Um terceiro tipo de criança apareceu na fase gótica: a c r i ança nua . O men ino Jesus quase nunca e ra representado despido. Na maioria dos casos, aparecia, como as outras crianças de sua i dade , cas tamen te enro lado em cuei ros ou vestido com uma camisa ou uma camisola. • O aparecimento do retrato d a c r i a n ç a m o r t a n o s é c u l o X V I m a r c o u por tan to um momento m u i t o i m p o r t a n t e n a história dos sentimentos. E s s e r e t r a t o s e r i a inicialmente uma efígie funerária. A criança no i n í c i o n ã o s e r i a representada sozinha, e s im sobre o túmulo de seus pais. O Traje das Crianças Crianças pequenas: cueiros Crianças maiores: t rajes de adultos. Século XII e XIII: vestidos ou túnicas. No século XVII, a criança de boa família, quer fosse nobre ou burguesa, não era mais vestida como os adultos.Havia um traje reservado à sua idade, que a distinguia dos adultos. Cavalo de pau Teatro de marionetes Cata- vento Pião Violino Bola Música e dança Danças populares Jogos de bater palmas Fantoches Cabra-cega Esconde-esconde Pequena Contribuição à História dos Jogos e das Brincadeiras Die Kinderspiele Pieter Bruegel der Ältere, um 1560 Öl auf Holz 118 × 161 cm Kunsthistorisches Museum. A Vida escolástica Jovens e velhos escolares na Idade Média IDADE • Raramente encontrava-se nos textos medievais referências exatas quanto a idade dos alunos. • os alunos iniciantes geralmente tinham cerca de 10 anos. CONTRATO DE PENSÃO * contratos de aprendizagem, pelos quais as familias fixavam as condições de pensão de seu filho escolar, raramente mencionavam a idade do menino, como se isso não tivesse importância. ESPAÇO FÍSICOO mestre alugava uma sala; O chão era forrado com palha e os alunos se sentavam; A partir do século XIV, passou-se a usar bancos. Na sala, reuniam-se meninos e homens de todas as idades, de seis a 20 anos ou mais. Às vezes, o mestre possuia um auxiliar. “os alunos eram abandonados a si mesmos. Alguns, muito raros, viviam com os pais. Outros viviam em regime de pensão, quer na casa do próprio mestre, quer na casa de um padre ou cônego, segundo as condicões fixadas por um contrato semelhante ao contrato de aprendizagem. Estes últimos eram os mais vigiados, ou ao menos os mais seguidos. Pertenciam a uma casa, à família do clérigo ao qual haviam sido confiados, e nesse caso havia uma espécie de compromisso entre a educação pela aprendizagem, que estudaremos adiante, e a educação escolar de tipo moderno. Essa era a única forma de internato conhecida” (ARIÈS, 1978). Uma instituição nova: o colégio Século XIII- Os colégios eram asilos para estudantes pobres, fundados por doadores. Os bolsistas viviam em comunidades, segundo estatutos que se inspiravam em regras monásticas. • Século XV- Formaram-se os institutos de ensino. O ensino das Artes passou a ser ministrado nos colégios, O estabelecimento definitivo de uma regra de disciplina completou a evolucão que conduziu da escola medieval, instituição complexa, não apenas de ensino, mas de vigilancia e enquadramento da juventude. A evolução da instituição escolar está ligada a uma evolução paralela do sentimento das idades e da infancia. Inicialmente, aceitava -se sem a mistura das idades. Posteriormente, surgiu uma repugnancia nesse sentido, de início em favor das criancas menores. Século XV- XVI - O colégio que era Composto de uma pequena minoria de clérigos letrados, ele se abriu a um número crescente de leigos, nobres e burgueses, mas também a famílias mais populares. O colégio tornou-se uma instituição essencial à sociedade: o colégio com um corpo docente separado, com uma disciplina rigorosa, com classes numerosas, em que se formariam todas as gerações instruídas do Ancien Régime. Origem das classes escolares Iniciou-se a divisão da população escolar em g r u p o s d a m e s m a c a p a c i d a d e s o b a direção de um mesmo professor, em um único local. D e p o i s , p a s s o u a designar um professor e s p e c i a l p a r a c a d a grupo, mantidos em um mesmo local comum (ao longo do séc XV). Séc XV A s c l a s s e s e s e u s professores foram isolados em salas especiais - e essa i n i c i a t i v a d e o r i g e m f l amenga e pa r i s i ense gerou a estrutura moderna de classe escolar. Esse processo correspondeu a uma necessidade ainda nova de adaptar o ensino do mestre ao nível do aluno. Essa distinção das classes i n d i c a v a p o r t a n t o u m a conscientização da particularidade da infancia ou da juventude, e do sentimento de que no interior dessa i n f a n c i a o u d e s s a j u v e n t u d e existiam várias categorias Séc XV A c r i a ç ã o d a s c l a s s e s e s t a b e l e c e u s u b d i v i s õ e s n o i n t e r i o r d e s s a população escolar. A l g u m a s v e z e s h a v i a u m a coincidência entre a idade e o grau, mas nem sempre, e, quando havia contradição, a surpresa era p e q u e n a , e , m u i t a s v e z e s , nenhuma. Na realidade, prestava- se sempre mais atenção ao grau do que à idade Séc XVI A c l asse não possu ía a homogeneidade demográfica. As classes escolares que se haviam formado por razões não demográficas serviriam gradualmente para enquadrar categorias de idades, não previstas de início. Séc XVII A idade dos alunos • Até o meio do século XVII, tendia-se a considerar como término da primeira infância a idade de 5-6 anos, quando o menino deixava sua mãe, sua ama ou suas criadas. • Aos sete anos, ele podia entrar para o colégio. • Mais tarde, a idade escolar, ao menos a idade da entrada para as três classes de gramática, foi retardada para os 9-10 anos. Portanto, eram as crianças de até 10 anos que eram mantidas fora do colégio. • Dessa maneira conseguia-se separar uma primeira infância que durava até 9-10 anos de uma infância escolar que começava nessa idade. • O sentimento mais comumente expresso para justificar a necessidade de retardar a entrada para o colégio era a fraqueza, "a imbecilidade", ou a incapacidade dos pequeninos. • A mistura das idades persistiu nos séculos XVII e XVIII entre o resto da população escolar, em que crianças de 10 a 14 anos, adolescentes de 15 a 18 e rapazes de 19 a 25 frequentavam as mesmas classes. • Até o fim do século XVIII, não se teve a idéia de separá-los. • A regularização do ciclo anual das promoções, o hábito de impor a todos os alunos a série completa de classes, em lugar de limitá-la a alguns apenas, as necessidades de uma pedagogia nova , adap tada a c lasses menos numerosas e ma is homogêneas, resultaram, no início do século XIX, na fixação de uma correspondência cada vez mais rigorosa entre a idade e a classe. • Os mestres se habituaram então a compor suas classes em função da idade dos alunos. As idades outrora confundidas começaram a se separar na medida em que coincidiam com as c lasses, pois desde o f im do século XVI a c lasse fora reconhecida como uma unidade estrutural. Os progressos da disciplina • Antes do século XV, o estudante não estava submetido a uma autoridade disciplinar extracorporativa, a uma hierarquia escolar. Mas tampouco estava entregue a si mesmo. • Ou bem residia perto de uma escola com sua própria família, ou, como era mais freqüente, morava com uma outra familia à qual havia sido confiado com um contrato de aprendizagem que previa a freqüência a uma escola, sempre latina. O menino entrava então para uma dessas associações, corporações ou confrarias... que, através de exercicios devotos ou festivos, do culto religioso, de bebedeiras ou banquetes, mantinham vivo o sentimento de sua comunidade de vida. • Outra possibilidade era o pequeno estudante seguir um menino mais velho, compartilhando sua vida na alegria ou na desgraça, e, muitas vezes, em troca, sendo surrado e explorado. • Em todos esses casos, o estudante pertencia a uma sociedade ou a um bando de companheiros, em que uma camaradagem às vezes brutal, porem real regulava sua vida quotidiana, muito mais do que a escola e seu mestre, e, porque essa camaradagem era reconhecida pelo sensò comum, ela tinha um valor moral. Duas idéias novas surgem ao mesmo tempo: a noção da f raqueza da i n fanc ia e o sen t imen to da responsabilidade moral dos mestres. a par t i r do sécu lo XV, houve o es tabe lec imento e o desenvolvimento de um sistema disciplinar cada vez mais rigoroso. Para de f in i r esse s is tema, d is t ingu i remos suas t rês características principais: a vigilancia constante, a delação erigida em princípio de governo e em instituição, e a aplicação ampla de castigos corporais • A história da disciplina do seculo XIV ao XVII permite-nos fazer duas observações importantes: • Em primeiro lugar, uma disciplina humilhante - o chicote ao criterio do mestre e a espionagem mútua em beneficio do mestre- substituiu um modo de associação corporativa que era o mesmo tanto para os jovens escolares como para os outros adultos. • Entre os adultos, nem todos eram submetidos ao castigo corporal: os fidalgos lhe escapavam, e o modo de aplicação da disciplina contribuia para distinguir as condições sociais. • Todas as crianças e jovens, qualquer que fosse sua condição, eram submetidos a um regime comum e eram igualmente surrados. • O segundo fenômeno é a dilatação da idade escolar submetida ao chicote: reservado de início às crianças pequenas, a partir do seculo XVI ele se estendeu a toda a população escolar, que muitas vezes beirava e outras ultrapassavaos 20 anos. O relaxamento da antiga disciplina escolar correspondeu a uma nova orientação do sentimento da infância, que não mais se ligava ao sentimento de sua fraqueza e não mais reconhecia a necessidade desua humilhação. Tr a t a v a - s e a g o r a d e d e s p e r t a r n a c r i a n ç a a responsabilidade do adulto, o sentido de sua dignidade. A cr iança era menos oposta ao adulto (embora se distinguisse bastante dele na prática) do que preparada para a vida adulta. Essa preparação não se fazia de uma só vez, brutalmente. Exigia cuidados e etapas, uma formação. Esta foi a nova concepção da educação, que triunfaria no século XIX (ARIÈS, 1978). As “pequenas escolas” S é c X V I I - a e s p e c i a l i z a ç ã o d e m o g r á f i c a d a s idades de 5-7 a 10- 11 anos. s é c u l o X V I I I , a especialização social de dois tipos de ensino, um para o povo, e o outro para as camadas b u r g u e s a s e aristocráticas. as crianças foram separadas das mais velhas os ricos foram separados dos pobres. A rudeza da infância escolar Uma nova noção moral deveria distinguir a crianca, ao menos a criança escolar, e separá-la: a noção da crianca bem educada. • Essa noção praticamente não existia no século XVI, e formou-se no século XVII. • Este preceito se originou das visões reformadoras de uma elite de pensadores e moralistas que ocupavam funções eclesiástictas ou governamentais. • A criança bem educada seria preservada das rudezas e da imoralidade. • Na França, essa criançabem educada seria o pequeno-burguês. Na Inglaterra, ela se tornaria o gentleman, tipo social desconhecido antes do século XIX, e que seria criado por uma aristocracia ameaçada gracas às • public schools, como uma defesa contra o avanço democrático. • Foi na França, por volta de 1763, que a opinião pública manifestou uma repugnância pelo regime disciplinar escolástico. • Com isso o castigo corporal e moral não eram mais reconhecidos como necessários para a “correção” da fraqueza da infância. • O sentimento de fraqueza e a necessidade de sua humilhação não mais era visto como parte necessária na construção infantil, tratava-se agora de despertar na criança a responsabilidade do adulto, o sentido de sua dignidade. • Com essa ruptura exigiam-se novos cuidados e novas etapas para a formação da criança, gerando uma nova concepção de educação. A escola e a duração da infância • Além da aprendizagem doméstica, as meninas não recebiam por assim dizer nenhuma educação. Nas famílias em que os meninos iam ao colégio, elas não aprendiam nada. • As mulheres mal sabiam ler e escrever: • As mulheres eram semi-analfabetas. • Criou-se o hábito de enviar as meninas a conventos que não eram destinados à educação, onde elas acompanhavam os exerc ic ios devotos e recebiam uma instrução exclusivamente religiosa. • No fim do século XVII, o Saint- Cyr de Mm' de Maintenon forneceria o modelo de uma instituição de caráter moderno p a r a a s m e n i n a s , q u e ingressavam entre os 7 e os 12 anos e saiam emtorno dos 20, A FAMÍLIA As imagens da família Iconografia medieval A importância dessas imagens; A o b s e r v a ç ã o dessas imagens; O aparecimento da criança nas imagens, a partir do séc XVI. Também no séc XVI o aparecimento da família nas imagens. as cenas representadas p e l o s a r t i s t a s s e passavam em lugares públicos como as igrejas, ou ao ar livre • A anál ise iconográf ica leva-nos a concluir que o sentimento da família era desconhecido da Idade Média e nasceu nos séculos XV-XVI, para se exprimir com um vigor definitivo no século XVII. Da família Medieval à família Moderna . Estudo iconográfico lugar sentimental assumido pela família (Séc XVI e XVII). A família transformou- se na medida em que m o d i f i c o u s u a s relações internas com a criança. Aprendizagem *A aprendizagem ocorria através do contato direto com o mundo dos adultos; *Muitas famílias enviavam suas crianças para outras famílias; *O serviço doméstico se confundia com a aprendizagem, como uma forma muito comum de educação; *A família era uma realidade moral e social, mais do que sentimental (até o séc. XV). *Entre os séculos XVI e XVII, a criança havia conquistado um lugar de destaque junto de seus pais, participava da vida cotidiana e os adultos passaram a se preocupar com sua educação, carreira e futuro. Família e sociabilidade • A iconograf ia da fami l ia se to rnou extremamente rica o essencial continuaria a ser a representação da vida exterior e pública. • A vida no passado, até o século XVII,era v i v i da em púb l i co : As ce r i môn i as tradicionais que acompanahavam o ca- samento, • O nascimento e o desenvolvimento desse sentimento da família desde o século XV até o século XVIII. • E como se a famil ia moderna tivesse substituido as antigas relações sociais desaparecidas para permitir ao homem escapar a umainsustentável solidão moral. • A partir do século XVIII, as pessoas co- meçaram a se defender contra uma sociedade cujo convívio constanteaté então havia sido a fonte da educação, da reputação e da fortuna CRÍTICAS À PHILIPPE ARIÉS H E Y W O O D ( 2 0 0 4 ) , CRITICA OS ESTUDOS DE ARIÉS E APONTA UMA CERTA INGENUIDADE EM S U A S F O N T E S HISTÓRICAS QUE FORAM CENTRADAS NA IDADE MÉDIA E EXAGERADO EM AFIRMAR A INEXISTÊNCIA D A I N F Â N C I A N A CIVILIZAÇÃO MEDIEVAL: • PRESENÇA DE UMA INFÂNCIA NA IDADE MÉDIA, MESMO QUE A SOCIEDADE NÃO TIVESSE TEMPO PARA A CRIANÇA. • A IGREJA JÁ SE PREOCUPAVA COM A EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS, COLOCADAS AO SERVIÇO DO MONASTÉRIO. • SÉCULO XII É POSSÍVEL ENCONTRAMOS INDÍCIOS DE UM INVESTIMENTO SOCIAL E PSICOLÓGICO NAS CRIANÇAS. • NOS SÉCULOS XVI E XVII JÁ EXISTIA “UMA CONSCIÊNCIA DE QUE AS PERCEPÇÕES DE UMA CRIANÇA ERAM DIFERENTES DAS DOS ADULTOS”. FAMÍLIAS MIGRAM DO C A M P O P A R A A C I D A D E C O M A R E V O L U Ç Ã O INDUSTRIAL HOMENS, MULHERES E CRIANÇAS PASSAM A T R A B A L H A R E M FÁBRICAS A I N F Â N C I A D A S C R I A N Ç A S TRABALHADORAS EM F Á B R I C A S N Ã O É D I S C U T I D A E O S U R G I M E N T O D O ' A F E T O F A M I L I A R ' ESTÁ MUITO LONGE DESSAS FAMÍLIAS. SEGUNDO BARBOSA E MAGALHÃES, AS OBRAS DE ARIÈS NÃO RETRATAVA A EXPLORAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL E CRIANÇAS ABANDONADAS, PROBLEMAS MAIS INTENSOS PELA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL. A INFÂNCIA QUE CONHECEMOS HOJE FOI UMA CRIAÇÃO DE UM T E M P O H I S T Ó R I C O E D E C O N D I Ç Õ E S S O C I O C U LT U R A I S DETERMINADAS, SENDO UM ERRO QUERER ANALISAR TODAS AS INFÂNCIAS E TODAS AS CRIANÇAS COM O MESMO REFERENCIAL. A PARTIR DISSO, PODEMOS CONSIDERAR QUE A INFÂNCIA MUDA COM O T E M P O E C O M O S D I F E R E N T E S C O N T E X TO S S O C I A I S , E C O N Ô M I C O S , G E O G R Á F I C O S , E AT É M E S M O C O M A S PECULIARIDADES INDIVIDUAIS. PORTANTO, AS CRIANÇAS DE HOJE NÃO SÃO EXATAMENTE IGUAIS ÀS DO SÉCULO PASSADO, NEM SERÃO IDÊNTICAS ÀS QUE VIRÃO NOS PRÓXIMOS SÉCULOS (FROTA, 2007). REFERÊNCIAS ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981. FROTA, A. M. M. C. DIFERENTES CONCEPÇÕES DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA: A IMPORTÂNCIA DA SUA HISTORICIDADE PARA SUA CONSTRUÇÃO.ESTUDOS E PESQUISAS EM PSICOLOGIA, UERJ, RJ, ANO 7, N. 1, 1º SEMESTRE DE 2007 . BARBOSA, A.A. & MAGALHÃES; M.G.S.D. A CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA NA VISÃO PHILIPPE ARIÈS E SUA RELAÇÃO COM AS POLITICAS PÚBLICAS PARA A INFÂNCIA. Disponível emM https://revista.ufrr.br/examapaku/article/view/1456. KLEIN, L. R. CADÊ A CRIANÇA DO ÁRIES QUE ESTAVA AQUI? A FÁBRICA COMEU... .IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL” Disponível em: ht tps: / /h istedbrnovo. fe.unicamp.br/pf- histedbr/seminario/seminario9/PDFs/4.26.pdf
Compartilhar