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ABORDAGEM INICIAL Funções cerebrais superiores: Atenção sustentada, memória, linguagem, etc; Domínios diferentes; Redes complexas; Os sintomas relacionados à cognição são: confusão mental, esquecimento, funcionalidade alterada, distúrbios de linguagem e ultimamente dificuldade para realizar atividades da vida diária. O papel da família é fundamental na história e no exame físico e é importante caracterizar o comprometimento de atividades instrumentais da vida diária, como cozinhar, limpar, fazer compras, pagamentos, etc. Esse é um marcador das síndromes demenciais. Deve-se, portanto avaliar, o tempo de instalação da alteração, o tipo de alteração e qual a funcionalidade modificada. Quadro Agudo: Relacionados à atenção – Delirium; Relacionados ao domínio – Neurológico; Quadro Sub-Agudo (meses/ano): Dependência para atividades de vida diária – Síndrome Demencial; Caso não houver dependência para atividades de vida diária – Comprometimento cognitivo leve; Queixa subjetiva – Depressão; Quadro Crônico (> 2 anos): Comprometimento cognitivo leve; Síndromes demenciais neurodegenerativas clássicas; Transtornos de humor; Outras causas neurológicas (Hidrocefalia de pressão normal, tumor cerebral, hematoma subdural crônico, etc). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As manifestações clínicas dependem do local da lesão e das redes cognitivas topográficas. Lobos frontais – relacionados às funções executivas e comportamento; Lobos frontal e temporal do hemisfério dominante – responsáveis pela linguagem; Região do hipocampo – responsável pela memória recente; Lobos parietais – Percepção espacial; Neurológicos: Neurodegenerativas, estruturais e inflamatórias. Não-neurológicos: Delirium e depressão. Pacientes com demência podem apresentar dificuldades e um ou mais domínios cognitivos, como: atenção e nível de consciência, reter novas informações (memória), executar tarefas manuais complexas, raciocínio, abstração, funções visoespaciais, linguagem, memória, dificuldade de tomar iniciativa, prejuízo de raciocínio, organização e planejamento (função executiva), apraxias (dificuldade no uso de objetos, realização de sequências gestuais), cálculo, cognição social e comportamento. AVALIAÇÃO CLÍNICA Colher uma história detalhada com o paciente e familiares; Realizar o exame físico e neurológico; Exame cognitivo (Glasgow e mini-mental); Avaliação neuropsicológica; Diagnóstico clínico – caracterizar a instalação, etc; Exames complementares; Quadros agudos de alteração do nível de consciência: Redes difusas, com origem no tronco encefálico, muito associado a transtorno tóxico-metabólico. Neurológicas: O paciente apresenta sinal focal (como a afasia, por exemplo), abalos associados (crises convulsivas) e febre sem foco (causas infecciosas – meningoencefalite). Síndromes Cognitivas Causas: AVC/HSA, meningites/encefalites, estado de mal epiléptico, traumatismo craniano (TCE) e outras estruturais (PRES – Encefalopatia Posterior Reversível). Delirium: História cuidadosa, alteração do nível de consciência, é um quadro agudo, geralmente em idoso, não-localizatório (sem sinal focal), característica marcada de desatenção (solicitar pro paciente contar até 20), flutuação e asterix (flapping – encefalopatia hepática. Causas: Hipoglicemia, hiponatremia, sepse, Nefropatia, hepatopatia, hipóxico-isquêmicas, Wernicke, intoxicações, etc. Encefalopatia de Wernicke (Deficiência de vitamina B1 ou tiamina): Comum em pacientes etilistas, cirurgias abdominais, hiperêmese gravídica, nutrição parenteral prolongada sem suplementação, hemodiálise ou diálise peritoneal, etc. A tríade: oftalmoparesia ou nistagmo, encefalopatia e ataxia de marcha. Se sinal focal, realizar imagem de crânio (TC), dando sinais de uma doença estrutural. Se não houver sinal focal, mas febre sem foco, realizar avaliação do líquor com suspeita em meningite. Se não houver sinal focal nem febre sem foco, mas sim abalos involuntários, realizar ECG para avaliar Estado de Mal Epiléptico. Se não houver nenhum desses sinais, realizar história detalhada, solicitar exames laboratoriais como hemograma, urina 1, raio-x, hemo e uroculturas, para avaliação da possibilidade de delirium (tóxico-metabólica). Tratamento de Delirium: tratar causa base, adequar o ambiente (controle) e, se agressivo/agitado, medicar com Haloperidol. QUADROS COGNITIVOS AGUDOS Se dependência, avaliar Síndrome Demencial, no entanto, se < 2 anos, caracterizar como Demência Rapidamente Progressiva, por causas peculiares, portanto, realizar laboratório, RMN (com contraste), ECG e Líquor (painel). PRION – DOENÇA DE CREUTZFELDT JACOB (DOENÇA HUMANA DA VACA LOUCA) Clínica: Quadro cognitivo-comportamental rapidamente progressivo (em meses), promovendo uma demência de forma avançada e precoce. Pode haver manifestações de mioclonias (movimento involuntário rápido)/piramidal, transtornos extrapiramidais e cerebelares. Ressonância: Hipersinal do putame e caudado, além da difusão cortical. Eletroencefalograma (ECG): Ondas trifásicas periódicas. Líquor: Culturas geralmente negativas, e pode apresentar proteína 14-3-3. Biópsia: Diagnóstico definitivo. Não é muito recomendado por ser invasivo. ENCEFALITES AUTOIMUNES OU PARANEOPLÁSICAS Clínica: São potencialmente tratáveis. Quadro cognitivo rapidamente progressivo (memória), pode apresentar alteração comportamental (psicose), crises convulsivas associadas e transtorno de movimento. Ressonância: Pode ser normal ou apresentar Hipersinal medial temporal. Líquor: Fundamental. Há elevação de células (pleocitose), proteína e solicitar painel de anticorpos (diagnóstico definitivo – Ex: Anti-NMDA). Tratamento: Imunossupressão. ENCEFALITE HERPÉTICA Clínica: Queixa de alteração do nível de consciência e alteração cognitiva, de instalação rápida e aguda, geralmente associada à febre, crises convulsivas e sinais meníngeos. Ressonância: Hipersinal temporal. Líquor: Pleocitose, aumento de proteína e diagnóstico definitivo por PCR HSV I. Tratamento: Aciclovir. QUADROS COGNITIVOS CRÔNICOS Paciente com dependência presente nas atividades de vida diária, com Síndrome Demencial de instalação > 2 anos. É necessário, prioritariamente, realizar a exclusão de causas estruturais e sistêmicas a partir de exames laboratoriais, neuroimagem e neuropsicológico. HIDROCEFALIA DE PRESSÃO NORMAL (HPN) É uma causa de demência potencialmente reversível em idosos, caracterizada por hidrocefalia não obstrutiva com PI normal. A hipótese de insuficiência na reabsorção liquórica nas granulações aracnoides é a fisiopatologia mais aceita. Fatores de risco: Hemorragia subaracnóide, meningites, TCE, HAS, diabetes e dislipidemia. Quadro clínico: Instalação insidiosa da tríade de alteração da marcha, declínio cognitivo e incontinência urinária. Pode apresentar apraxia da marcha (marcha magnética – dificuldade em levantar os pés do chão), marcha em pequenos passos, com base alargada e virada em bloco. Diagnóstico: Dados clínicos + exame de imagem. TC ou RNM evidenciam alargamento dos ventrículos e lesões de substância branca. Pode haver hiperfluxo no aqueduto cerebral (RMN). Tap Test: Retirar cerca de 40mL de líquor e observar a melhora dos sintomas, principalmente da marcha. Tratamento: Cirurgia – colocação de derivação ventriculoperitoneal (definitivo). TUMOR CEREBRAL Apresenta sinal focal, crise epiléptica, papiledema, etc. HEMATOMA SUBDURAL Apresenta sinal focal, trauma e está associada ao etilismo. Atentar-se com idosos. TRANSTORNOS TIREOIDIANOS TSH e T4 livre. HIPERVITAMINOSE B12 Parestesias, hematológico, etc. HIV Quadros oportunistas. NEUROSSÍFILIS Realizarcoleta de líquor e sorologia. MEDICAÇÕES Uso crônico de Benzodiazepínicos. ALZHEIMER Causada pelo aumento da produção ou redução da eliminação odo peptídeo beta-amiloide. Caracteriza-se pelo déficit de memórias para fatos recentes, comprometimento da capacidade de memorizar novas informações, dificuldades de função executiva, transtornos de orientação topográfica e leves distúrbios de linguagem. Ocorrem, também, alterações de humor e comportamento. Há comprometimento, portanto, dos hipocampos e lobos parietais. Atrofia generalizada, principalmente do hipocampo Na fase de demência greve (> 5 anos de evolução da doença), há redução do número de palavras inteligíveis que o paciente emite ao longo do dia, dificuldade de controlar os esfíncteres e caminhar, além da incapacidade de reconhecer pessoas que não os familiares mais próximos. Mesmo a capacidade de manter-se sentado ou de sorrir é perdida. Exames Complementares: Solicitar RMN encefálica. Pode-se apresentar predomínio de atrofia hipocampal nas fases iniciais da DA. Com o avançar do quadro, há atrofia encefálica global. Tratamento: Anticolinesterásicos. Donepezila, rivastigmina e galantamina são utilizados nas formas leves da DA, já o antagonista do receptor de glutamato NMDA (Memantina), é utilizado nas formas moderadas e graves da doença. DEMÊNCIA DE ORIGEM VASCULAR A instalação é geralmente súbita ou em degraus (AVCs) e variável. O quadro mais arrastado é chamado de Biswanger. Microangiopatia DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL Apresenta a variante comportamental (Doença de Pick) e a variante de linguagem. Trata-se de uma demência neurodegenerativas que cursa com sintomas neuropsiquiátricos, disfunção executiva e déficit de linguagem. É considerada a 2ª causa mais frequente de demência pré-senil (antes dos 65 anos). É caracterizada por alteração da personalidade, sintomas neuropsiquiátricos e disfunção executiva. Há predominância de distúrbios de linguagem. O quadro geralmente inicia-se por sinais e sintomas insidiosos de alteração do comportamento/personalidade (comportamento antissocial, desinibição, apatia e impulsividade) ou disfunção executiva. Com o tempo, algumas alterações tornam-se aparentes, como expressão emocional diminuída, baixa tolerância a frustrações, irritabilidade emocional, comportamento de utilização, pobreza de julgamento, inflexibilidade, comportamento social inadequado e marcante falta de insight (autoconsciência dos seus sintomas). Diagnóstico: O diagnóstico é clínico e pode apresentar atrofia frontal e/ou temporal anterior em tomografia ou RMN de crânio. Tratamento: Não existe tratamento que cure ou altere o curso da doença. Somente medicações sintomáticas. DOENÇA DE LEWY Doença associada aos corpos de Lewy, e há associação do quadro de Parkinson com alteração cognitiva (alucinações – principalmente visuais). Ocorre em torno de 1 ano. Acomete mais homens e tem início entre 50-80 anos, sendo mais comum após os 65 anos. Tríade: Alucinações visuais bem elaboradas, flutuações cognitivas e parkinsonismo. Há um declínio cognitivo progressivo, até interferir na capacidade funcional do indivíduo. Os sinais motores costumam surgir precocemente e caracterizam-se por distribuição mais simétrica que a observada nos pacientes com Doença de Parkinson. Diagnóstico: Há comprometimento em testes de atenção, função executiva e habilidades visoespaciais. Não há alterações específicas de neuroimagem ou biomarcadores para alfa-sinucleína no cérebro. Tratamento: É sintomático. Os anticolinesterásicos estão indicados. TRATAMENTOS Não-farmacológicos: Reabilitação cognitiva, mudança no estilo de vida, exercício físico e redução de fatores de risco cardiovasculares. Farmacológicos: Anticolinesterásicos (Donepezila, Galantamina e Rivastigmina) – inicialmente; antagonista NMDA (Memantina) – quadros mais avançados; Antidepressivos/antipsicóticos – comportamentais;
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