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Áreas de Atuação Profissional APRESENTAÇÃO O que vem a sua mente quando você escuta ou lê “área de atuação de um arquiteto”? Possivelmente, você pensou em algo relacionado a projetar uma edificação residencial ou comercial, porém a nossa área de atuação vai muito além. Algumas áreas são compartilhadas com outras profissões regulamentadas e outras são privativas dos arquitetos e urbanistas, como projeto arquitetônico, urbanístico, projeto e execução de intervenção no patrimônio histórico cultural e artístico. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai saber mais sobre a atuação do arquiteto e urbanista no mercado de trabalho com enfoque na arquitetura paisagística. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer diferentes áreas de atuação do arquiteto.• Diferenciar as áreas de atuação exclusivas dos arquitetos e urbanistas.• Identificar a atuação do arquiteto no projeto paisagístico.• DESAFIO Gisela é proprietária de uma lanchonete localizada em um parque muito frequentado de sua cidade. Por conta desse volume de clientes, ela decidiu construir mais dois banheiros no seu estabelecimento. Para isso, contratou você como arquiteto desse projeto. A lanchonete já tem dois banheiros, inclusive um deles é adaptado às pessoas usuárias de cadeiras de rodas, mas eles se localizam no centro da lanchonete, e o acesso tornou-se difícil, principalmente para os clientes com necessidades especiais. Pensando em maior comodidade, conforto e acesso aos seus clientes, Gisela selecionou uma área para a elaboração de um projeto de mais dois novos banheiros, sendo um deles adaptado às pessoas que utilizam cadeiras de rodas. Depois de conhecer o local e de fazer suas anotações, você elaborou uma planta da situação atual da lanchonete e demarcou a área a ser trabalhada: As três janelas existentes precisarão ser adaptadas na altura, porque o local desempenhava outra função, e a nova exige mais privacidade. Desse modo, você resolveu mantê-las, porém diminuindo a altura da abertura para uma janela adequada a um banheiro. Suas larguras são: 1,00 m e 1,50 m. Duas janelas são localizadas no canto e a outra 1,20 m. A área total corresponde a 11,25 m2 (2,50 x 4,50 m), e a parede onde a menor janela está localizada mede 2,90 m. A partir das informações obtidas, elabore a planta-baixa desses novos banheiros da lanchonete de Gisela. INFOGRÁFICO Embora muitas vezes os arquitetos e urbanistas sejam vistos como profissionais com área de atuação limitada à elaboração/desenho de projetos de construção de edificações, há diversas possibilidades de atuação profissional do arquiteto e urbanista. CONTEÚDO DO LIVRO São muitas as áreas de atuação do arquiteto e urbanista. O trecho que está selecionado a seguir é do livro Manual do arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Os capítulos 2 e 7 foram destacados para sua leitura. No Capítulo 2, você lê a respeito das informações básicas para projetos envolvendo pessoas e espaços. Já o Capítulo 7 está focado em projeto de paisagismo. Boa leitura! TERCEIRA EDIÇÃO MANUAL DO ARQUITETO PLANEJAMENTO, DIMENSIONAMENTO E PROJETO DAVID LITTLEFIELD M ANUAL DO ARQUITETO PLANEJAM ENTO, DIM ENSIONAM ENTO E PROJETO TERCEIRA EDIÇÃO ARQUITETURA/CONSTRUÇÃO Fruto de um trabalho considerável por parte de um grande número de arquitetos, engenheiros e acadêmicos, Manual do Arquiteto apresenta os princípios e dados dimensionais para o projeto de arquitetura das mais variadas tipologias de edifi cação. Esta terceira edição está completamente atualizada e inclui mudanças recentes em regulamentação e prática, como a crescente ênfase nas questões ambientais, de forma a atender às necessidades de estudantes e profi ssionais de arquitetura, urbanismo, engenharia civil e construção. Um guia completo, Manual do Arquiteto aborda os principais tipos de edifi cações, como aeroportos, hospitais, escolas, equipamentos industriais e esportivos, templos religiosos, bibliotecas, museus, hotéis e restaurantes. Para todos os casos, são fornecidos os requisitos básicos para os estudos preliminares do projeto de arquitetura, além de informações sobre planejamento e projetos complementares. Também são tratados aspectos como materiais, acústica, iluminação e espaços necessários para circulação e equipamentos. Entre os diferenciais que fazem desta uma obra única no mercado brasileiro estão capítulos que tratam dos seguintes temas: • A administração do escritório de arquitetura • Custo de capital e custo de vida útil das edifi cações • Planejamento e desenho urbano • Acessibilidade e inclusão • Terminais de transporte e pontos de conexão • Estúdios de gravação de som e imagem • Projeto de arquitetura em zonas tropicais • Instalações prediais • Materiais de construção DAVID LITTLEFIELD TERCEIRA EDIÇÃO 95379 Manual do Arquiteto.indd 1 28/3/2011 10:45:58 L778m Littlefield, David. Manual do arquiteto [recurso eletrônico]: planejamento, dimensionamento e projeto / David Littlefield ; tradução: Alexandre Salvaterra ; revisão técnica: James Miyamoto, Silvio Dias, José Barki. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2011. Editado também como livro impresso em 2011 ISBN 978-85-7780-558-7 1. Arquitetura. 2. Arquitetura – manual. I. Título. CDU 72(035) Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 Informações básicas para a realização de projetos: pessoas e espaços 2 PONTOS-CHAVE: • Algumas dimensões são fundamentais para o conforto e bem- -estar das pessoas • Ao se satisfazer a média da população, é impossível contentar à maioria • Em todos os casos, devem-se considerar cuidadosamente to- das as classes de usuários, principalmente portadores de ne- cessidades especiais Conteúdos: 1 Introdução 2 Antropometria 3 Ergonomia 4 Portadores de necessidades especiais 5 Espaços para circulação 6 Referências bibliográficas 1 INTRODUÇÃO Este capítulo contém informações básicas que serão utilizadas para o projeto da maioria dos tipos de edificações. Entretanto, algumas questões básicas serão discutidas em capítulos posteriores. As prin- cipais são: • Instalações sanitárias e o espaço necessário para a realização das atividades: Capítulo 5 • Espaços necessários para veículos: Capítulo 31 • Projeto de espaços externos e paisagismo: Capítulo 7 • Locais para consumo de alimentos e bebidas (exceto em situa- ções residenciais): Capítulo 17 2 ANTROPOMETRIA 2.01 A antropometria é a ciência que trata das dimensões dos seres hu- manos. Ela está, inevitavelmente, associada à estatística, uma vez que a maioria das dimensões humanas varia de forma considerável. A antropometria é de importância crucial para os arquitetos, pois a base definitiva das edificações é o tamanho das pessoas que irão utilizá-las. As dimensões médias para adultos no Reino Unido po- dem ser vistas em 2.1 e 2.2, mas, quase sempre, a utilização das dimensões médias não satisfaz à maioria dos usuários. 2.02 Distribuição padrão Levantamentos de dados realizados entre adultos do sexo mascu- lino indicam a curva de “distribuição padrão”: a tradicional forma 1.790 mm 465 mm 360 mm 1. 74 0 m m 2.1 Dimensões médias (percentil 50) de britânicos adultos do sexo mas- culino. 1 6 0 m m 5 4 5 m m 4 4 0 m m 1.090 mm 595 mm 495 mm 9 1 0 m m 7 9 0 m m 5 9 5 m m 2 4 5 m m 325 mm 780 mm 1 .4 2 5 m m 7 5 5 m m 1 .7 4 0 m m 1 .6 3 0 m m 720 mm Littlefield_02.indd 27 28/02/11 16:50 28 Manual do Arquiteto: Planejamento, Dimensionamento e Projeto de sino, baseada na estatística. 2.3 Este formato é completamente definido por dois parâmetros: a média e o desvio padrão. A média, nesse caso, é a média apresentada anteriormente. Para os objeti- vos de um arquiteto, o desvio padrão pode ser entendido como a diferença entre a média, que inclui 84% da população.A porcen- tagem inclusa é chamada de “percentil”. Em geral, os projetistas (com algumas exceções) buscam contentar aqueles que ficam entre o 5º e o 95º percentil – ou seja, eles não se preocupam com os 10% restantes. Em situações assim, o arquiteto é responsável por aceitar ou não tal decisão. A Tabela II mostra as principais dimensões, representadas em 2.4, para homens e mulheres que se enquadram nos percentis 5, 50 e 95. Levantamentos de dados realizados com grupos heterogêneos (como adolescentes de diferentes idades ou homens e mulheres em conjunto) não geram uma curva de distribuição padrão. Não há como prever o percentil de dimensões para essas populações, e é por isso que, em todo o mundo, as tabelas dividem as pessoas em grupos. Dentro desses grupos, as dimensões são calculadas confor- me a média e o desvio padrão através da fórmula a seguir: X(p) = μ + σ × z onde: X(p) é o valor da dimensão para o percentil pn e z é um fator da Tabela I As tabelas não apresentam o desvio padrão diretamente, mas ele pode ser calculado a partir dos valores do percentil 50 (ou mé- dia) e do percentil 95. Por exemplo: X(95) – μ = σ × 1,64 (o valor de z para p = 95) Exemplo: Uma porta deve ser projetada para acomodar 99,9% dos homens britânicos. A Tabela II indica que a estatura média no país é de 1.740 mm, com um desvio padrão de (1.855 – 1.740) / 1,64 = 70. Portanto, a altura que irá atender ao critério de 99,9% é 1.740 + (70 � 3,09) = 1.956 mm – um aumento considerável sobre o valor de 1.855 mm que acomoda ao 95° percentil. Em ambos os casos, o acréscimo de mais 25 mm seria necessário devido ao uso de calçados (veja a Tabela III). ponto correspondente a 84% de homens abaixo desta altura desvio padrão média alturas 1.000 1.740 2.3 Curva de distribuição padrão, curva de Gauss ou curva de sino. O eixo y registra o número de homens (neste exemplo) em um grupo que possuem a altura indicada no eixo x (dentro de um limite determinado). Em uma distribuição normal, a média, a mediana e a moda são iguais. 8 5 0 m m 7 4 0 m m 5 5 5 m m 4 0 0 m m 5 0 0 m m 1.605 mm 395 mm 155 mm 960 mm 570 mm 370 mm 1 .5 0 5 m m 1 .6 1 0 m m 1 .3 1 0 m m 480 mm 2 3 5 m m 2.2 Dimensões médias (percentil 50) de britânicas adultas do sexo feminino. 705 mm 620 mm 1 .5 0 5 m m 1 .6 1 0 m m 1 .3 1 0 m m Littlefield_02.indd 28 12/01/11 14:20 2 Informações básicas para a realização de projetos: pessoas e espaços 29 2.03 Vestuário As tabelas são consistentes ao listar as dimensões de um corpo des- pido. Aumentos devidos à variação no vestuário variam considera- velmente, mas a Tabela III apresenta os valores geralmente aceitos. 2.04 Outras nacionalidades Levantamentos de dimensões realizados em outros países revelam va- riações consideráveis. Em geral, outras dimensões podem ser deriva- das proporcionalmente da Tabela II. Para números mais precisos, de- vem-se consultar as referências bibliográficas no final deste capítulo. 2.05 Crianças e adolescentes A Tabela V indica as estaturas (e equivalentes) para diferentes fai- xas etárias no Reino Unido. Nesse caso, a proporcionalidade não gera precisão adequada, e é preciso fazer referência a outras refe- rências para obter as dimensões. 2.06 Idosos As pessoas tendem a ficar um pouco mais baixas com o passar do tempo. Há, porém, algo mais significativo: o corpo tende a ficar menos flexível e encontra mais dificuldades para se adaptar a si- tuações dimensionalmente desfavoráveis. Logo, é muito importante que o dimensionamento acomode os idosos sempre que possível – mesmo que pessoas mais jovens fiquem levemente em desvanta- gem. A Tabela VI lista as dimensões adequadas para pessoas entre 65 e 80 anos. Tabela I Valores de p e z selecionados para curva de distribuição normal p z 0,001 0,01 0,1 0,5 1 2 2,5 3 4 5 10 20 25 30 40 50 60 70 75 80 90 95 96 97 97,5 98 99 99,5 99,9 99,99 99,999 –4,26 –3,72 –3,09 –2,58 –2,33 –2,05 –1,96 –1,88 –1,75 –1,64 –1,28 –0,84 –0,67 –0,52 –0,25 0 0,25 0,52 0,67 0,84 1,28 1,64 1,75 1,88 1,96 2,05 2,33 2,58 3,09 3,72 4,26 Tabela II Dimensões de britânicos adultos Percentis masculinos Percentis femininos 50° 50° 95° 50° 50° 95° De pé 1 Estatura 2 Altura dos olhos 3 Altura dos ombros 4 Altura dos cotovelos 5 Altura das mãos (juntas) 6 Alcance para o alto 1.625 1.515 1.315 1.005 690 1.925 1.740 1.630 1.425 1.090 755 2.060 1.855 1.745 1.535 1.180 825 2.190 1.505 1.405 1.215 930 660 1.790 1.610 1.505 1.310 1.005 720 1.905 1.710 1.610 1.405 1.085 780 2.020 95° percentil: espaço livre mínimo no pé-direito; espaço para sapatos e acessórios utilizados na cabeça em ocasiões apropriadas 50° percentil: altura de instrumentos visuais, avisos, etc. 5° percentil: a altura máxima de alcance frontal determina a altura do plano de trabalho (veja o parágrafo 302) determina o plano de trabalho (veja o parágrafo 302) 95° percentil: altura máxima dos pontos de apoio para levantar 5° percentil: altura máxima de controles; diminua 40 mm para permitir apoio completo Sentado 7 Altura em relação ao nível do assento 8 Altura dos olhos em relação ao nível do assento 9 Altura dos ombros em relação ao nível do assento 10 Distância entre cotovelo e ponta dos dedos 11 Cotovelo em relação ao nível do assento 12 Espaço para as coxas 13 Topo dos joelhos, altura em relação ao piso 14 Altura do poplíteo 15 Da frente do abdômen à frente dos joelhos 16 Nádegas – extensão do poplíteo 17 De trás das nádegas até a frente dos joelhos 18 Extensão para as pernas 19 Largura do assento 850 735 540 440 195 135 490 395 253 440 540 985 310 910 790 595 475 245 160 545 440 325 495 595 1.070 360 965 845 645 510 295 185 595 490 395 550 645 1.160 405 795 685 505 400 185 125 455 355 245 435 520 875 310 850 740 555 430 235 155 500 400 315 480 570 965 370 910 795 610 460 280 180 540 445 385 530 620 1.055 435 95° percentil: assento mínimo com espaço livre; talvez seja preciso aumen- tar o espaço para permitir acessórios de cabelo 50° percentil: altura de instrumentos visuais em relação ao nível do assento 50° percentil: altura em relação ao nível do assento para permitir o máximo de alcance frontal 50° percentil: alcance fácil em relação ao nível da mesa 50° percentil: altura de apoios para os braços e bancadas em relação ao nível do assento 95° percentil: espaço sob as mesas 95° percentil: espaço livre sob mesas em relação ao piso ou apoio para os pés 50° percentil: altura do assento em relação ao piso ou apoio para os pés 95° percentil: espaço livre mínimo para a frente no nível das coxas, a partir da frente do corpo ou de uma obstrução (por exemplo, escrivaninha) 5° percentil: extensão da superfície do assento, do espaldar ao limite dianteiro 95° percentil: espaço livre mínimo, do espaldar, na altura, para melhor postura ao sentar 5° percentil (menos de): distância máxima para controle de pés, apoio para os pés, etc., desde o espaldar 95° percentil: largura do assento, distância mínima entre apoios para os braços Sentado e de pé 20 Alcance de pega à frente 21 Espaço entre as pontas dos dedos das mãos, com braços abertos 22 Largura entre ombros, com as mãos nos quadris 23 Largura dos ombros 24 Profundidade de peito ou busto 25 Profundidade do abdômen 720 1.655 865 420 215 220 780 1.790 945 265 250 270 835 1.925 1.020 510 285 320 650 1.490 780 355 210 205 705 1.605 850 395 250 255 755 1.725 920 435 295 305 5° percentil: alcance máximo confortável no nível do ombro 5° percentil: limite para alcance lateral; diminuir 130 mm para permitir a empunhadura total 95° percentil: espaço livre lateral em ambiente de trabalho 95° percentil: espaço livre lateral mínimo em ambiente de trabalho acima da cintura Littlefield_02.indd 29 12/01/11 14:20 PONTO-CHAVE: • O projeto dos espaços entre as edificações é tão importante quanto as edificações em si Conteúdos 1Introdução 2 Caminhos 3 Degraus 4 Rampas 5 Corrimãos 6 Assentos 7 Mobiliário urbano 8 Barreiras 9 Muros de arrimo 10 Portões e passagens 11 Equipamentos de recreação infantil 12 Referências bibliográficas 1 INTRODUÇÃO 1.01 O projeto de espaços externos fora das edificações ou entre as mesmas, sejam elas urbanas ou rurais, públicas ou privadas, inclui vários elementos e exige um conhecimento considerável do local, dos materiais e da construção. Muitas vezes a economia resulta em esquemas insatisfatórios, tanto na estética quanto na praticidade. 1.02 Dimensões humanas básicas Os requisitos espaciais de pessoas fora de uma edificação geral- mente são semelhantes aos requisitos espaciais internos, como ilus- trado no Capítulo 2. Uma família de seis pessoas em um gramado ou pátio externo ocupa um círculo de aproximadamente 4 m de diâmetro; se o grupo for de 10 pessoas (o maior grupo simples con- veniente), a dimensão sobe para 6 m – o tamanho útil mínimo. 2 CAMINHOS 2.01 A capacidade física plena é uma condição temporária. A maioria das pessoas perde parte da mobilidade em um momento ou outro: às ve- zes, carregando compras ou pacotes; durante a gravidez; com um tor- nozelo torcido; uma tontura; um salto alto quebrado; ou apenas a pas- sagem dos anos. É preciso levar isso em consideração ao projetar rotas de circulação, criando um projeto que seja funcional e esteticamente agradável, em vez de acrescentar equipamentos para “deficientes”. 2.02 Fluxo natural Sempre que possível, os caminhos de pedestres devem seguir o fluxo natural. Se as conexões forem incompletas, os detalhes são de im- portância secundária. O caminho deve ser escolhido após a análise do contexto do sítio e a resposta ao mesmo. A melhor maneira de fazer isso é esperar que os usuários façam seus próprios caminhos e, então, pavimentá-los, em vez de inventar novos caminhos a partir da elaboração de um outro projeto de paisagismo. Os caminhos devem incluir recantos, mas não becos sem saída, oferecendo lugares para que as pessoas possam parar e descansar. Deve haver coordenação entre o estacionamento, as áreas pavimentadas e de descanso, as en- tradas da edificação, etc. Além disso, devem-se proporcionar assen- tos, iluminação e sinalização apropriada. 2.03 Larguras das vias de pedestres A largura adequada varia de acordo com o propósito do caminho, a intensidade do uso e a situação. Como regra prática, garanta uma largura de 600 mm para cada pedestre caminhando lado a lado: isso sugere uma largura mínima de 2 m para caminhos públicos. Porém, é preciso considerar as necessidades de outros usuários dos cami- nhos que não sejam pedestres (7.1). Requisitos espaciais mínimos 600 800 900 1700 1200 1150 900 mm600 mm 800 mm 1.200 mm 1.700 mm 1.150 mm 600 mm de largura – uma pessoa apenas 800 mm de largura – um carrinho de criança apenas 900 mm de largura – duas pessoas passam com dificuldade 1.700 mm de largura – dois carrinhos de criança ou cadeiras de roda passam com facilidade 1.200 mm de largura – duas pessoas passam com facilidade 1.150 mm de largura – carrinho de criança + criança 7.1 Características de caminhos de pedestres com diferentes larguras. O projeto de paisagismo 7 CI/Sfb 998 UDC 712 Michael Littlewood Michael Littlewood é arquiteto paisagista e consultor Littlefield_07.indd 105Littlefield_07.indd 105 01/03/11 15:0501/03/11 15:05 106 Manual do Arquiteto: Planejamento, Dimensionamento e Projeto entre muros ou cercas podem ser vistos na Figura 7.2; a Figura 7.3 mostra um caminho em espaço aberto. Outras situações podem ser verificadas nas Figuras 7.4, 7.5 e 7.6. Dificilmente os pedestres utilizarão toda a largura dos ca- minhos. A borda adjacente a uma via pública com aproximada- mente 75 m de largura costuma ser evitada; o mesmo acontece com a área contígua a uma edificação, que varia entre 0,5 e 0,75 m (7.7). Tais limites só costumam ser utilizados em caso de con- gestionamento. O mobiliário urbano, que inclui árvores, frades, placas de si- nalização, parquímetros, telefones públicos, lixeiras, fontes, escul- turas e quiosques, pode reduzir em muito a largura do caminho. Preferencialmente, os artigos do gênero devem ser colocados nos locais que não receberam tráfego de pessoas. 2.04 Declividades As Figuras 7.8 e 7.9 mostram critérios de declividade longitudinal e de declividade para vias de pedestre em diferentes circunstâncias. 3 m se não houver raízes expostas Largura do caminho 2-6 m 1−2m 1m 4 m se a copa da árvore for baixa amplo o suficiente para fileira tripla 7.3 Caminho estreito em espaço aberto. Máx. 700 mm entre cercas vivas podadas e plantas herbáceas entre cercas vivas podadas e plantas herbáceas 200 mm 300 mm 300 mm200 mm 400 mm 900 mm 1–4 m 1–9 m 7.4 Largura mínima de caminho entre floreiras, inadequado para carrinhos de bebê. Os canteiros devem ter 600 mm de largura para plantas herbáceas. muro ou cerca passagem com dificuldade uma pessoa duas pessoas lado a lado três pessoas lado a lado 2.200 mm 3.200 mm900 mm500 mm 7.2 Pedestres entre muros e cercas, dimensões mínimas. Acrescente 25% para movimentos livres, carrinhos de criança, cadeiras de roda e bicicletas. 700 mm 700 mm 2,1 m 1–8 m 3,2 m entre cercas vivas podadas entre cercas vivas podadas 700 mm 700 mm 700 mm 700 mm 7.5 Caminho lento entre cercas vivas podadas. Os canteiros devem ter 400 mm de largura para cercas vivas podadas. entre eixos de troncos no nível do solo entre eixos dos arbustos Pavimento ou grama 700 1.000 700 2.700 1.000 Min 1.000 2–4 m 7.6 Dimensões mínimas para pedestres entre arbustos não podados. Se houver carrinhos de criança, permita um espaço de 3 m entre os eixos de vegetação. Littlefield_07.indd 106Littlefield_07.indd 106 12/01/11 14:2212/01/11 14:22 7 O projeto de paisagismo 107 Os graus, ou gradientes, de declividade longitudinal consideram a aptidão do usuário e os objetivos do projeto. A necessidade de declividade transversal se baseia na necessidade de boa drenagem (dependendo do material do calçamento). Um calçamento poroso, por exemplo, não exige muito da declividade transversal em ter- mos de drenagem; o mesmo não pode ser dito de calçamentos não porosos. declividade longitudinal dê preferência por declividades de 0–3% declividade máxima de 5% declividade de 5–10% é possível se as condições climáticas permitirem declividade de 5–8% é considerada rampa 7.8 Caminhar em uma superfície com declividade longitudinal: de prefe- rência, no máximo 3%; o máximo admissível geralmente é torno de 5%. Há a possibilidade de 5–10%, dependendo do clima. Declividades de 5–8% são consideradas rampas. declividade transversal declividade transversal mínima: 1% declividade transversal típica: 2% declividade transversal máxima: 3% 7.9 Vias com declividade transversal: mínimo de 1% para drenagem, de- pendendo do material do acabamento. A declividade típica é de 2%; o má- ximo é de 3%. 2.05 Superfícies A localização da via de pedestre e a intensidade de seu uso irão determinar o material da superfície e sua espessura. Algumas vias também são utilizadas por veículos de serviço e devem ser proje- tadas de acordo com este uso, particularmente em relação aos de- talhes das bordas. Diversos fatores influenciam a durabilidade do material de calçamento; mesmo materiais de alta qualidade podem gastar ou se desintegrar se forem expostos ao tráfego pesado inten- so ou à manutenção inadequada. As irregularidades de superfície devem ser minimizadas. Algumas vias ou caminhos de pedestres devem ser de alta resistência ao atrito, para que seu uso seja seguro. Superfícies altamente texturizadas geralmente exigem inclinações maiores para drenagem (mínimo de 2%, por exemplo); contudo, todas as vias devem tentar cumprir com os propósitos do projeto em qual- quer condição climática. Atualmente, existem inúmeros padrões de desenho disponíveis, devido à grande quantidadede lajotas e elementos de pavimentação disponíveis. A cor determina o grau de absorção ou reflexão do calor e da luz, e esse fator deve ser considerado. Os limites de uma via de pedestres são extremamente impor- tantes, uma vez que determinam sua aparência e função. Materiais flexíveis, em especial, como macadame ou piso romano, exigem o apoio de um limite lateral; o mesmo ocorre com blocos de pavi- mentação e tijolos. 2.06 Faixas de advertência nos pisos Tais faixas são utilizadas para avisar pessoas com problemas de visão da existência de desníveis abruptos, áreas onde há trânsito de veículos, saídas perigosas, piscinas ou chafarizes, entre outros (7.10). Recomenda-se o uso dessas faixas no início e no final de escadas, e na frente de portas que levam às áreas de risco. Contudo, faixas de advertência não devem ser colocadas em saídas de emer- gência, para que não inibam o uso das áreas de risco. área de risco sulcos tiras elevadas sentido do tráfego descer 7.10 Blocos de pavimentação para advertência. São recursos importantes para avisar pessoas com problemas da visão da existência de perigos. Eles devem ser colocados em faixas ou em áreas grandes o suficiente para que sejam percebidos com facilidade. O mobiliário urbano, incluindo as árvores, deve estar em uma zona definida, paralela ao limite externo das vias de pedestres, de forma que o caminho fique desobstruído. Uma faixa de advertên- cia linear pode ser usada para marcar a zona em questão. A Figura 7.11 mostra uma pessoa cega caminhando com o auxílio de uma bengala. área junto às edificações área junto ao meio-fio 7.7 Zonas evitadas por pedestres. Littlefield_07.indd 107Littlefield_07.indd 107 12/01/11 14:2212/01/11 14:22 108 Manual do Arquiteto: Planejamento, Dimensionamento e Projeto 3 DEGRAUS 3.01 As escadas são fundamentais para dar personalidade aos espaços; bons exemplos não faltam. Elas podem ser divididas em três grupos principais: • Escadas escultóricas, que foram extraídos diretamente do solo, isto é, da terra ou de rochas. • Aquelas que fazem parte de uma area construída ou de um pré- dio; o muro de arrimo de uma edificação (geralmente formando um embasamento), como na Saint Paul’s Cathedral, em Londres. • Degraus em balanço, às vezes sendo apenas alguns degraus entre dois níveis. 3.02 Projeto O projeto e os materiais das escadas devem ser pensados para refor- çar a aparência do local. Entretanto, degraus e escadas constituem uma barreira significativa e oferecem risco à segurança de pessoas com problema de visão ou locomoção. De todos os acidentes en- volvendo pessoas com problemas de visão, 44% ocorrem em mu- danças de nível. Coloque as mudanças de nível inesperadas fora da linha principal de tráfego de pedestres. Nunca coloque apenas um degrau em um caminho, exceto no meio-fio. De preferência, utilize lances de, no mínimo, três degraus. A presença do lance precisa ser anunciada com clareza: para tanto, devem haver advertências visuais e texturizadas no início e no final. 3.03 Bocel Com frequência, costuma-se incluir pequenos balanços nos pisos, por questões de aparência. Esta superficies protuberantes são chama- das de bocéis e podem ser perigosas se forem grandes o suficiente para prender os dedos dos pés dos pedestres. Se não forem redondos, os bocéis também podem prender os dedos dos pés. A Figura 7.12 mostra vários bocéis e pequenos desníveis; al- guns deles são perigosos, principalmente para portadores de neces- sidades especiais e, portanto, não são recomendados. O bocel de cada degrau deve estar claramente visível e não pode ser obscure- cido por padrões de superfície vistosos. Deve haver uma distância visível entre os degraus. Degraus abertos e pequenos desníveis po- dem causar tropeços e precisam ser usados com cuidado. 3.04 Pisos e espelhos A inclinação de um lance de escada é fundamental para a definição de seu caráter. A escala dos exteriores torna problemática a existên- cia de uma relação entre os pisos e os espelhos, mas é possível en- contrar algumas orientações. Padrões internos, como os descritos no Capítulo 2, não devem ser usados externamente; degraus com tais proporções se tornam íngremes na descida. Além disso, as pessoas tendem a se mover com mais rapidez ao ar livre do que no interior de algum local. A facilidade com a qual os degraus podem ser usa- dos de acordo com o andar da pessoa e seu ritmo é importante para a relação entre degraus e espelhos (veja a Figura 7.13). Em situações com dimensões mínimas, é preciso determinar a relação apropriada entre degraus e espelhos, de forma a permitir que um número específico de degraus (incluindo patamares, se neces- sário) preencha o espaço disponível. A altura mínima dos espelhos para escadas externas é de 112 mm; a altura máxima é de 175 mm. A maioria dos exemplos exibe uma relação entre pisos e espe- lhos mais generosa do que a proporção obtida através da fórmula. Os degraus da Acrópole, em Atenas, possuem pisos de 494 mm e espelho de 173 mm; os pisos da escadaria da Piazza di Spagna, em Roma, medem 400 × 150 mm. 3.05 Superfícies Os materiais texturizados são os mais adequados para os pisos, pois dão firmeza em dias chuvosos e frios. Se forem mais claros do que os espelhos, tais materiais serão ainda mais eficientes, uma vez que os focinhos irão contrastar com a cor dominante. 3.06 Ancoragem Embora muitos degraus não possuam ancoragem, outros possuem uma ou duas. Em alguns casos, eles estão engastados em muros 685 mm 150 mm 150 mm passo 750 7.11 Pessoas com problemas de visão caminhando. A bengala Typhlo é uti- lizada principalmente por pessoas com visão limitada. Ela detecta objetos apenas dentro de uma distância limitada. Nada deve ser projetado em uma via de pedestres acima de uma altura de 680 mm. as bordas devem ser chanfradas os bocéis devem ser mínimos bocel chanfrado bordas de pisos chanfradas espelho chanfrado focinhos arredondados Esses perfis são considerados relativamente seguros espelhos sem bocel podem prender a ponta do calçado, fivelas, etc. os bocéis proeminentes podem prender a ponta do calçado, fivela, etc. os espelhos vazados podem prender a ponta do calçado, fivelas, etc. Escadas com espelhos vazados podem ser perigosas 7.12 Diferentes perfis de degraus. Máximo 1,5 m 1,5 m 7.13 A altura da escada e as proporções dos patamares: devem ser construí- dos, no mínimo, dois degraus ou, de preferência, três. Os lances longos de- vem, preferencialmente, ser projetados em múltiplos de cinco degraus, para que se possa alternar os pés. Os patamares devem ser longos o suficiente para permitir uma cadência fácil, de três passos, no mínimo. A profundidade de patamares mais longos deve ser em múltiplos de 1,5 m. A altura entre os patamares não deve ser superior a 1,5 m, para que o patamar seguinte seja vi- sível; alturas maiores são psicologicamente assustadoras. Se isso for inevitá- vel, projete um patamar de, no mínimo, 20 degraus, para diminuir o cansaço. Littlefield_07.indd 108Littlefield_07.indd 108 12/01/11 14:2212/01/11 14:22 7 O projeto de paisagismo 109 de arrimo, principalmente quando as laterais do degrau não podem terminar no próprio terreno. Sempre que o lance se projetar em re- lação a um nível do terreno ou barranco, a construção abaixo dos degraus deve ser estudada com cuidado. 3.07 Patamares Lances longos são assustadores e cansativos. Os patamares devem ser colocados a cada 12 ou 14 degraus para possibilitar uma parada ou mudança de direção. A altura entre os patamares de escadas é um fator importante, tanto por razões psicológicas quanto por questões de resistência humana. A altura máxima de um lance, ou seja, a distância máxima entre os patamares, não deve ultrapas- sar 1,5 m, para garantir coerência visual e uma melhor integração entre os níveis adjacentes. O mais indicado é que os lances sejam pequenos (7.14 e 7.15). Máximo 1,5 m 7.14 É precisover acima do patamar desde o início do lance de degraus. pavimento texturizado vista plana largura mínima largura mínima (1,5 m) (1,5 m) altura máxima da escada elevação vista 7.15 A altura vertical entre patamares deve ser minimizada para acomodar pessoas com pouca resistência. Note que as larguras mínimas não incluem a espessura da parede. 3.08 Largura dos patamares Os patamares devem permitir que as pessoas se movimentem con- venientemente, em especial aquelas que precisam de degraus au- xiliares para descansar. Exceto no caso de degraus muito amplos, como os colocados na frente de edificações imponentes, os pata- mares devem, no mínimo, ter a mesma largura que os degraus em ambas as direções dos lances aos quais servem; na verdade, podem ser até mais largos. 3.09 Drenagem A água da superfície deve ser escoada dos degraus o quanto antes, principalmente durante o inverno, asssim eles devem ter uma declividade de, no mínimo, 2%. Em áreas de muitas preci- pitações, um detalhe como o ilustrado na Figura 7.16 pode ser utilizado. Os patamares são fundamentais para se moderar o fluxo de água escada abaixo; logo, devem incorporar sarjetas. 4 RAMPAS 4.01 Rampas de pedestres As rampas são usadas para permitir que carrinhos de supermercado, cadeiras de roda e carrinhos de criança passem de um nível para outro. Os critérios mais importantes a serem considerados são: o ângulo da declividade, o tipo de superfície e a drenagem da água de superfície. As rampas são essenciais para cadeirantes. O ângulo da de- clividade pode variar de acordo com o local. Um ângulo inclinado pode ser satisfatório para distâncias curtas, mas é inaceitável para rampas mais extensas. Uma rampa em ziguezague que sobe um longo barranco precisa ser quase plana nas curvas; caso contrário, os gradientes no interior de tais curvas serão extremamente incli- nados. As rampas devem ter um patamar de, no mínimo, a cada 9 m (7.17). Indicações visuais e texturizadas devem ser colocadas no início e no final. 4.02 Inclinação Em geral, rampas externas não devem ter mais de 5% de inclina- ção; quando enclausuradas e protegidas, o gradiente máximo é de 8,5%. Os acessos de veículo pela calçada são uma exceção: 12% é um valor aceitável, se o comprimento máximo for de 1 m. 4.03 Larguras As larguras são determinadas de acordo com o tipo de rampa e a intensidade de uso. A passagem em um sentido exige uma largura mínima de 900 mm, sem obstáculos; por outro lado, a passagem em sentido duplo precisa de 1500 mm (7.18). Quando curvas tiverem de acontecer em patamares, é preciso garantir um espaço adequado para que os cadeirantes possam manobrar. 4.04 Bordas Geralmente, uma ou ambas as laterais de uma rampa são mais altas ou mais baixas do que o solo adjacente. Quando a lateral for mais baixa do que o solo, deve haver um barranco ou muro de arrimo. o corrimão se projeta em relação à sarjeta face da parede piso sarjeta corte através dos pisos na parede degrau com bocel se projeta em relação ao sulco declividade 2% sulco corte através da parede e espelho planta baixa 7.16 Em áreas de muita chuva ou geada, os degraus de um lance de escada devem ter um pequeno caimento para trás, com pequenas sarjetas que, por sua vez, escoam para sarjetas maiores no final do lance. Littlefield_07.indd 109Littlefield_07.indd 109 12/01/11 14:2212/01/11 14:22 110 Manual do Arquiteto: Planejamento, Dimensionamento e Projeto A base de um barranco precisa de algum tipo de meio-fio. Quando a lateral for mais alta do que o solo, será preciso proteção. Para mais detalhes, veja a Seção 5 deste capítulo. 4.05 Revestimentos O revestimento de uma rampa depende de sua declividade e loca- lização. Uma rampa gramada é mais adequada para locais de uso mínimo e a declividade é tão suave quanto a de um jardim. Em um meio urbano cujas declividades são acentuadas, uma superfície de macadame betuminoso impermeável com agregado miúdo seria mais adequada. Em declividades extremas, tijolos ou blocos podem ser usados, juntamente a calhas de drenagem e sarjetas. A Figura 7.19 mostra uma forma de superfície muito útil. As superfícies devem ter aderência e meios-fios baixos (no mí- nimo, 50 mm de altura) ao longo das bordas de rampas e patamares, para que possam ser detectados por bengalas. 4.06 Drenagem A menos que seja obstruída, a água da chuva descerá uma rampa rapidamente; assim, os patamares são utilizados para interromper o fluxo. As sarjetas devem ser colocadas em locais que não prejudi- quem pessoas ou rodas. Sulcos lineares podem ser muito úteis na extremidade inferior de uma rampa. 4.07 Escadarias externas e escadas rampadas Escadarias externas são úteis em colinas, por exemplo, onde uma rampa seria inclinada demais. Porém, não são adequadas para ca- deiras de roda. Degraus com altura de 50 mm são aceitáveis para carrinhos de bebê de vários tipos. Se for possível dar três passos em cada degrau (2,2 m), o gradiente atingido será de 7% (7.20). 5 CORRIMÃOS 5.01 Os corrimãos devem ser colocados em todas as escadas e rampas; além disso, podem ser instalados ao longo de vias de pedestres para auxiliar pessoas com dificuldade de locomoção. Eles são essenciais para segurança e apoio, e também orientam pessoas com problemas de visão. Em ambientes de lazer, não é rara a utilização de cordas com nós a intervalos regulares como instrumentos de localização, os quais permitem que pessoas com problemas de visão desfrutem de áreas e locais até então inacessíveis. Os corrimãos devem ser planejados desde o início e não podem ser vistos apenas como um fator de segurança extra. É preferível colocar corrimãos em ambos os lados de uma escada ou rampa, uma vez que algumas pessoas possuem mais força em determinado lado do corpo. Escadas muito largas devem ter corrimãos centrais a menos de 6 m de distância. As extremidades dos corrimãos devem ultrapassar o primeiro e o último degrau de uma escadaria em cerca de 300–450 mm. Elas Mín. 300 mm Máx. 10.000 mm Mín. 300 mm Sobe Largura mínima sem obstáculos 1.500 mm S ob e Corrimãos: diâmetro mínimo 37 mm Corrimãos: distância mínima da parede 37 mm Extensão mínima dos corrimãos 300 mm Largura mínima sem obstáculos 1.500 mm 7.18 Critérios dimensionais para rampas com deslocamento em ambos os sentidos usadas por cadeiras de roda. Para deslocamento em um sentido, a largura mínima é de 900 mm. Meio-fio de tijolo linha do terreno muro de arrimo cobertura barbacã ladrilhos em diagonal, formando desenhos corte tijolos de sarjeta lisos dreno do terreno 7.19 Ladrilhos com ranhuras diagonais podem ser usados para pavimentar uma rampa. Eles dão segurança e fazem a água da chuva escoar para os lados. Máx. 9.000 mm Mín. 1.500 mm 450 mm 450 mm Máx. 9.000 Máx. 9.000 450 mm 450 mm Mín. 1.500 mm 7.17 Rampas externas, retas e escadas em dois sentidos com patamar. 0,075 m 0,075 m 2,250 tijolos ao comprido assentados em concreto massa ladrilhos com agregado exposto (texturizados) 7.20 Rampas íngremes podem ser usadas onde há tráfego de carrinhos de bebê e carrinhos de supermercado, mas não são adequadas para a maioria dos cadeirantes. diâmetro 25–30 mm 38 mm 40 mm 90 m m 25 mm 25 mm 25 mm 25 mm 25 mm 7.21 Perfis de corrimãos: recomendados e não indicados. Os perfis reco- mendados permitem que a pessoa se segure naturalmente, com segurança e conforto. Littlefield_07.indd 110Littlefield_07.indd 110 12/01/11 14:2212/01/11 14:22 7 O projeto de paisagismo 111 devem ser contínuas em patamares intermediários e devem resistir a 114 kg. Corrimãos devem ser fáceis e confortáveis de segurar (7.21). Não devem existir extremidades, bordas ou fixadores pro- tuberantes. Se forem fixados a paredes, eles podem se projetar em relação a ela ou estar embutidos (7.22). 5.02 Altura A altura dos corrimãos para rampas e degraus externos varia entre 750 e 850 mm (7.23). Abaixo do corrimãosuperior, deve haver um segundo corrimão com aproximadamente 670 mm de altura ou me- nos, de forma a atender às necessidades de crianças e a ser detecta- do por usuários de bengalas. 750–800 mm máx. 670 mm declividade 7.23 Altura dos corrimãos. 6 ASSENTOS 6.01 Bancos de praça e outros tipos de assentos externos Os assentos são importantes. São várias as razões que levam al- guém a se sentar, e muitas pessoas acreditam que é essencial en- contrar prontamente um lugar disponível para descansar. O local deve ser escolhido com cuidado. Evite situações que possam atrair bêbados ou mendigos. Os bancos de praça devem ser projetados com vista ao confor- to. A Figura 7.24 mostra a altura e o ângulo mais indicados para bancos de praça. Leve em consideração as necessidades dos idosos e dos porta- dores de necessidades especiais. Alguns, por exemplo, precisam de apoio para os braços quando se sentam ou levantam. É necessário es- paço para os calcanhares na hora de se levantar de um assento (7.25). Cadeirantes precisam de lugares fora do fluxo de pedestres para parar e descansar, além de um local para largar o que estive- rem carregando. Deve haver um espaço adjacente aos bancos para os amigos e acompanhantes destas pessoas. Os assentos externos devem ser projetados para facilitar a ma- nutenção e a limpeza; os materiais devem resistir a atos de vanda- lismo. As superfícies precisam ter caimento para o escoamento da água, mas não é recomendável a existência de nenhum barbacã para escoamento na superfície da via, pois a umidade ou o gelo podem constituir um perigo. 6.02 Assentos em muretas As muretas projetadas para que as pessoas possam se sentar ge- ralmente têm 400–450 mm de largura e 460–560 mm de altura; 400 mm de altura é a medida mais comum (7.26). Para idosos, são preferíveis muretas mais altas. mínimo 200 mm superfície inclinada para drenagem forneça espaço para os calcanha- res, facilitando na hora de levantar 460–560 mm 7.26 Sentar em muretas. Embora a altura das muretas possa variar, elas devem ser projetadas para diferentes usuários. 7 MOBILIÁRIO URBANO 7.01 O mobiliário urbano deve ser organizado com cuidado para garan- tir a segurança e permitir o tráfego de pessoas com problemas de visão. Os elementos em si devem ser facilmente detectáveis por bengalas; se isso não for possível, a detecção se dará por meio de faixas de advertência. Uma superfície linear texturizada pode ser usada para separar uma área com mobiliário de outra que não ofe- reça obstáculos para o tráfego de pedestres. mínimo de 3 pol (75 mm) superfície da parede deve ser lisa mínimo de 6 pol (150 mm) mínimo de 3 pol (75 mm) espaço inadequado largo demais 7.22 Fixação de corrimãos. tábuas de madeira de lei lixadas: tamanho padrão 30 × 50 mm todas as peças em aço zincadas por imersão a quente e pintadas perfil de aço 50 × 12 mm 400 mm perna de perfil metálico tubular 60 × 40 mm inserida em fundação de concreto com fck 18 MPa e agregado máx. 20 mm 810 mm 760 mm 7.24 Um banco de praça adequado: produzido por GLC South Bank. Mó- dulos de altura padronizados: 1 m, 1,5 m, 2 m, 2,5 m e 3 m. Alturas supe- riores podem ser usadas. VISTA LATERAL o espaldar alto é importante para suporte máx. 450 mm mín. 360 mm coloque apoios para os braços para facilitar na hora de levantar forneça espaços para os calcanha- res, para facilitar na hora de levantar 150 mm mínimo 400 mm 75 mm 450–500 mm 7.25 Assento de banco de praça adequado a pessoas de força limitada. Os apoios para os braços e o espaço para os calcanhares são fundamentais. Littlefield_07.indd 111Littlefield_07.indd 111 12/01/11 14:2212/01/11 14:22 112 Manual do Arquiteto: Planejamento, Dimensionamento e Projeto 7.02 Lixeiras Forneça tipos de lixeiras que possam ser utilizadas por portadores de necessidades especiais (7.27). As lixeiras abertas são as mais fáceis, mas permitem o acúmulo de chuva e neve. Lixeiras semiabertas im- pedem a entrada de neve e chuva e são relativamente fáceis de ope- rar. Os modelos com tampa dobradiça impedem a entrada de neve e chuva, mas muitas pessoas encontram dificuldades para utilizá-los. máximo de 900 entre o chão e a abertura máximo de 900 entre o chão e a abertura abertas semiabertas tampa com dobradiça máximo de 900 entre o chão e a abertura 7.27 Lixeiras. 8 BARREIRAS 8.01 Os objetivos das barreiras são: • Privacidade • Segurança física • Segurança patrimonial • Definição de limites • Controle de circulação • Controle ambiental – clima, ruídos, etc. • Aparência 8.02 O tipo, o tamanho e os materiais serão, em grande parte, determinados pelo objetivo principal (veja a Tabela I). A aparência do sítio e do local deve influenciar o estilo, principalmente se o terreno não for plano. O projeto também precisa considerar a escala, proporção, ritmo, cor e textura. Questões práticas – como a Building Regulations (Regula- mentações Edilícias), levantamento dos limites, servidão, saídas em caso de incêndio e por motivos de segurança – e fatores econômicos, métodos de construção e manutenção não devem ser negligenciados. 8.03 Postes e frades Ambos são usados principalmente para impedir que veículos inva- dam a área de pedestres. De preferência, evite colocá-los na princi- pal linha de fluxo de pedestres, permitindo a livre passagem deles (7.28). 350 mm 500 mm 500 mm 400 mm 400 mm 250 mm 250 mm 225 mm 225 mm 225 mm nível do solo 7.28 Vários modelos de frades em concreto pré-moldado. Alguns podem ser obtidos em modelos alternativos, com luminárias embutidas. 8.04 Barreiras com correntes Essas barreiras, principalmente se tiverem altura inferior a 790 mm, são perigosas para pedestres, ciclistas e motociclistas, uma vez que é difícil enxergá-las (7.29). Pessoas com problemas de visão que utilizam bengalas também encontram dificuldades em detectá-las, a menos que elas tenham uma altura inferior a 670 mm. altura máxima dos elos da corrente 700 (mín. 600) altura mínima de 700 7.29 Barreira com correntes. Tabela I Escolha da barreira de acordo com a função Tipo de barreira Barreira física (se- gurança) Barreira visual (pri- vacidade) Bar- reira sonora Anteparo contra o vento Para con- figurar espaços Resis- tência Dificuldade de transpo- sição Perma- nência Observações Árvores × ✓ × ✓ ✓ Alta × Alta Muros: tijolo, pedra, concreto ✓ ✓ ✓ (i) ✓ ✓ Alta × Alta (i) A localização e o tamanho devem ser ade- quados Cercas: madeira ✓ ✓ ✓ (i) ✓ ✓ Baixa X(ii) Baixa (i) A localização e o tamanho devem ser ade- quados Cercas: concreto pré-moldado com tábuas de madeira ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ Média X(i) Média (i) Depende do projeto Cercas: concreto pré-moldado com arame ✓ × × × ✓ Alta ✓ Média Metal: ferro forjado e aço doce ✓ × × × ✓ Alta X(i) Alta (i) Depende do projeto Cerca de tela metálica ou elos metálicos ✓ × (i) × × ✓ Média ✓ (ii) Média (i) Os elos metálicos podem ser uma barreira visual direcional, por exemplo, cercas reluzen- tes em autoestradas (ii) Elos metálicos se tela for grande Alambrado com mourões ✓ × × × ✓ Média ✓ Média Gradil ✓ (i) × × × × Média ✓ Baixa (i) Funcionam apenas para quem obedece às leis Cercas vivas ✓ × (i) × ✓ (ii) ✓ Média ✓ Média (i) Apenas se forem muito altas (ii) Se altas o suficiente Valas ✓ × × × × Alta ✓ Baixa Mata-burro ✓ × (i) × × × Alta × Alta (i) Para animais Cercas vivas, arbustos ✓ (i) ✓ × ✓ ✓ Média × Média (ii) Com espinhos, por exemplo, espinheiro, abrunheiro Frades × × × × ✓ Alta ✓ Média Littlefield_07.indd 112Littlefield_07.indd 112 12/01/11 14:2212/01/11 14:22 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR Roberto Burle Marx é um dos grandes nomes do paisagismo brasileiro, conhecido e considerado mundialmente, desenvolveu mais de 2.000 jardins e criou um grande acervo no Rio de Janeiro. Assistaao vídeo a seguir e saiba mais sobre sua vida e sobre algumas de suas obras. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Uma das áreas de atuação profissional do arquiteto e urbanista é a elaboração do projeto arquitetônico paisagístico. Ao desenvolvê-lo, alguns pontos devem ser observados na elaboração dos caminhos. Analise as questões a seguir e indique a que INCORRETA. A) A largura adequada dos caminhos relaciona-se com o seu propósito. B) Ao projetar os caminhos, incluir recantos é uma estratégia arriscada, pois cria lugares propícios ao mau uso e perigosos. C) As placas, os bancos, as lixeiras e as árvores fazem parte do mobiliário urbano. D) O material utilizado na construção do caminho varia conforme a sua função, assim como a declividade varia conforme o material. E) O grau de reflexão e de absorção deve ser considerado na escolha do material para o caminho. 2) As escadas e as rampas estão presentes em alguns dos projetos paisagísticos, porém elas exigem algumas observações para a sua elaboração. Assinale a alternativa que está de acordo com essas observações. A) A quantidade de degraus não importa, desde que a escada seja dividida em patamares para descanso. B) O material utilizado não é relevante, desde que sejam atendidas as orientações de instalação de cada piso. C) As rampas para pedestres devem ter uma inclinação mínima de 6 % e máxima de 12 %. D) Como as escada, as rampas devem ter um patamar de descanso a cada 5 m. E) Recomenda-se o uso das faixas de advertências antes e após as escadas. 3) No projeto paisagístico, as barreiras podem ter várias funções, como privacidade, controle de ruído e controle de circulação. Para cada função, existe uma barreira adequada para o melhor ou correto desempenho dessa função. A seguir, são citados alguns tipos de barreiras que podem ser utilizadas e suas características. Assinale a correta. A) As cercas com cobogó são eficientes barreiras contra o vento. B) O frade é um tipo de gradil que pode ser utilizado, desde que em altura de boa visibilidade. C) As árvores podem ser utilizadas, sendo uma ótima opção quando se pretende criar uma barreira contra ruídos. D) Nos postes com correntes, a altura das correntes deve ser adequada para ser detectada pela bengala Typhlo. E) Os muros são excelentes contra os ventos; como barreira contra os ruídos, deixam a desejar. 4) Os muros de arrimo são utilizados para conter a terra em projetos com mudança abrupta de nível ou quando não há espaço suficiente para uma aclividade suave. Existem vários tipos de murro de arrimo e um deles é feito com pedras amarradas dentro de gaiolas ou cestas de metal. Assinale a alternativa que corresponde a esse tipo. A) Terra armada. B) Muro de cantaria. C) Gabião. D) Muros em fogueira. E) Muro de arrimo de madeira. 5) Assinale a alternativa INCORRETA a respeito do projeto paisagístico. A) O projeto de paisagismo pode ser realizado interna e/ou externamente nas edificações. B) No dimensionamento dos equipamentos, utilizamos a antropometria e a ergonomia. C) Ao projetar um caminho rente à rua e dimensioná-lo conforme a função que se espera, devemos considerar a largura total útil ao pedestre. D) O mobiliário urbano deve ser organizado e detectável pelas bengalas ou por uso das faixas de advertência. E) As lixeiras semiabertas são relativamente fáceis de manusear pelos portadores de necessidades especiais, além de evitar o acúmulo de água da chuva. NA PRÁTICA A antropometria, ciência que estuda as medidas do corpo humano, é muito utilizada em todas as áreas de atuação do arquiteto e urbanista, inclusive no projeto paisagístico no dimensionamento dos caminhos e no desenho do mobiliário, juntamente com a ergonomia. Mas o que é ergonomia? Ergonomia é a relação entre o homem e seu ambiente laboral, considerando as dimensões do corpo humano em situações variadas, como dirigir um carro, sentar-se confortavelmente em uma praça, utilizar um computador ou lavar uma louça, incluindo também situações de trabalho, por exemplo, as posições para se sentar adequada e confortavelmente. A ABNT NBR 13966 delibera sobre classificação, características físicas, dimensionais e requisitos para móveis de escritórios. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Burle Marx: Um Pé de Quê? Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Entrevista Roda Viva: Oscar Niemeyer Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Burle Marx: Escritório de paisagismo Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Galeria da Arquitetura | Hotel TW Guaimbê - Alex Hanazaki Arquitetura Paisagística Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Galeria da Arquitetura | Córrego do Antonico - MMBB Arquitetos Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! WATERMAN, T. Fundamentos de paisagismo.
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