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Medidas de Prevenção de Infecção Cirúrgica

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Medidas de Prevenção de 
Infecção Cirúrgica
ENFSTUDYS
INTRODUÇÃO
▪ Infecção do Sítio Cirúrgico (ISC) é aquela que ocorre na incisão cirúrgica ou em tecidos manipulados
durante o procedimento cirúrgico.
▪ Pode ser diagnosticada até 30 dias após o procedimento e, no caso de implantes de próteses, até 90
dias.
▪ Podem ser classificadas como: incisional superficial, incisional profunda ou de órgãos/cavidades.
1. CIRURGIA OFTALMOLÓGICA: conjuntivite será definida como ISC superficial;
2. CIRURGIA UROLÓGICA: toda ITU é considerada ISC de órgão/cavidade.
3. Caso a infecção seja por MICOBACTÉRIA DE CRESCIMENTO RÁPIDO será considerada até 24 meses
como ISC.
EUA, 1999.
PACIENTES SUBMETIDOS 
A CIRURGIA E 
APRESENTARAM ISC
PACIENTES SUBMETIDOS 
A CIRURGIA E SEM ISC
PACIENTES COM ISC
MORTALIDADE DURANTE 
HOSPITALIZAÇÃO 7,8% 3,5%
2x maior risco de morrer 
durante hospitalização.
ADMISSÃO EM UTI
29% 18%
1,6x mais chances de 
serem admitidos em UTI
REINTERNAÇÃO 
HOSPITALAR 41% 7%
5,5x chances de serem 
readmitidos no hospital
MÉDIA DA DURAÇÃO DO 
TEMPO DE 
HOSPITALIZAÇÃO 18 DIAS 7 dias
Maior tempo de 
permanência no hospital.
CUSTOS RELACIONADOS 
A ISC
Mais de 5.038 
dólares/paciente
- -
CLASSIFICAÇÃO DAS 
CIRURGIAS SEGUNDO 
POTENCIAL DE 
CONTAMINAÇÃO
CARACTERÍSTICAS TIPOS DE CIRURGIAS
INCIDÊNCIA 
DE ISC
LIMPA Cirurgias eletivas sem processo inflamatório. 
Não acessa vísceras ocas, nem trato 
respiratório, geniturinário, digestivo ou 
orofaringe.
Herniorrafias, 
safenectomias, exérese de 
lesões de pele, plásticas, 
ortopédicas
<2%
POTENCIALMENTE 
CONTAMINADA
Acessa trato digestivo, respiratório, 
geniturinário e orofaringe. Cirurgia 
geniturinária: quando não há cultura de urina 
positiva. Cirurgia biliar: quando não há 
infecção das vias biliares.
Oftalmológicas, trato biliar. <10%
CONTAMINADA Feridas traumáticas recentes (<4hrs abertas). 
Contaminação grosseira durante cirurgia. 
Quebra de técnica asséptica. Presença de 
inflamação aguda sem purulência.
Amigdalectomia, 
histerectomia, 
proctológicas.
20%
INFECTADA Feridas traumáticas antigas com tecido 
desvitalizado, corpo estranho ou contaminação 
fecal. Trauma penetrante maior que 4 horas. 
Vísceras perfuradas ou secreção purulenta 
durante cirurgia.
- 30-40%
RECOMENDAÇÕES BÁSICAS PARA TODOS OS SERVIÇOS
Antibioticoprofilaxi
a
• Indicação apropriada
• Droga adequada a 
depender do sítio
• Administrar dose em 
até 60 min antes da 
incisão
• Repetir dose em 
cirurgias prolongadas
Tricotomia
• Somente quando 
necessário
• Não utilizar lâminas
- Controle de glicemia no 
pré e pós-operatório: 
<180 mg/dL
- Manutenção da 
normotermia em todo 
perioperatório: 
- Realizar busca ativa das 
ISC
Uso de preparações 
alcoólicas no 
preparo da pele
• Altamente bactericidas 
com ação rápida e 
persistente
• Descrição da tarefa
ABORDAGENS ESPECIAIS
▪ Investigação de portadores nasais de Staphylococcus aureus no pré-operatório de
procedimentos de alto risco: cirurgia cardíaca, ortopédica (implantes).
▪ Atualização constante dos processos no Centro Cirúrgico (CC) e Centro de Material e
Esterilização.
▪ Atualização constante das práticas pós-anestésicas.
▪ Cuidados rigorosos com ferida cirúrgica.
▪ Cuidados com drenos.
▪ Atualização constante da técnica de higiene das mãos.
MEDIDAS DE CONTROLE
PRÉ-OPERATÓRIAS
1. AVALIAÇÃO DE COLONIZAÇÃO NASAL OU MICROBIOTA ENDÓGENA
1.1. Realizar descontaminação nasal com mupirocina intranasal (antibacteriano de uso tópico), a
cada 12 horas em pacientes diagnosticados como portadores nasais de Staphylococcus aureus
resistente a meticilina (usado para tratar infecções causadas por bactérias Gram-positivas
suscetíveis que de outra forma seriam resistentes à maioria das penicilinas).
2. BANHO
2.1. Recomenda-se banho pré-operatório completo no dia a cirurgia com sabão neutro ou sabão
germicida, atentando para a higiene oral.
2.2. Ainda não foi demonstrada uma clara associação entre banho pré-operatório com produto
antisséptico e redução do risco de ISC.
✔O banho com antisséptico está reservado a situações de cirurgias de grande porte, cirurgias
com implantes ou em situações específicas como surtos.
Cirurgia Sabonete Neutro Antisséptico Horário
Cirurgia de grande 
porte, cirurgias com 
implantes
Clorexidina 2% Banho (corpo total): 2 
horas antes do 
procedimento cirúrgico
Cirurgia eletiva, 
pequeno e médio porte
Sabonete neutro Banho (corpo total): 
antes do 
encaminhamento ao CC
Cirurgias de urgência Sabonete neutro O banho fica a critério 
da avaliação da equipe 
assistente
Quadro 1. Recomendação de banho por procedimento cirúrgico.
2. BANHO
3.1. ANTISSEPSIA CIRÚRGICA DAS MÃOS
3.1. Eliminar a microbiota transitória e reduzir a
microbiota residente da pele das mãos e dos
antebraços dos profissionais que participam das
cirurgias
3.2. Proporcionar efeito residual na pele dos
profissionais.
✔Utilizar esponja para fricção com clorexidina
2% ou PVPI, durante 3 a 5 minutos.
4. TRICOTOMIA PRÉ-OPERATÓRIA
4.1. Se necessário, utilizar tricotomizadores elétricos, fora da sala de cirurgia.
5. FATORES DE RISCO
5.1. Obesidade - Ajuste da dose de antibióticos profiláticos;
5.2. Diabetes mellitus – Controle da glicemia;
5.3. Tabagismo – ideal de abstenção 30 dias antes da cirurgia.
6. Uso de esteroides e outros imunossupressores
6.1. Evitar ou reduzir a dose ao máximo possível no período perioperátorio.
Adicionar Título de Slide – 5
7. BUSCA DE FOCOS INFECCIOSOS NO PERIOPERATÓRIO
7.1. ITU – primeira urina altamente recomendável - urocultura.
7.2. Pele e partes moles – exame clínico detalhado, tratar focos cutâneos.
7.3. Dentárias – avaliação e tratamento no pré-operatório
8. PROFILAXIA ANTIMICROBIANA
8.1. Indicação apropriada para o uso de antimicrobianos
8.2. Determinar a microbiota provável numa infecção pós-operatória
8.3. Administrar dose efetiva de 0 a 60 minutos antes da incisão cirúrgica.
8.4. Avaliar o risco de toxicidade, desenvolvimento de resistência
8.5 Repetir dose em cirurgias longas
MEDIDAS DE CONTROLE
INTRAOPERATÓRIA
1. CIRCULAÇÃO DE PESSOAL 
1.1. Essa é atividade desenvolvida exclusivamente
pela equipe de enfermagem, pois desenvolvem
atividades a fim de garantir condições funcionais e
técnicas necessárias para a equipe médica.
1.2. Cuidados a serem observados:
✔Manter as portas das salas cirúrgicas fechadas
durante o ato operatório;
✔Limitar o número de pessoas na sala
operatória, manter o número de pessoas
necessário para atender o paciente e realizar o
procedimento;
✔Evitar abrir e fechar a porta da sala operatória
desnecessariamente;
✔Não levar celular, bolsas e alimentos para
dentro da sala cirúrgica.
2. CONTROLE METABÓLICO
2.1. Para as cirurgias em geral, atentar
em relação ao controle metabólico
perioperatório, que são: controle
glicêmico, controle da temperatura
corpórea e suplementação da
oxigenação tecidual, bem como a
manutenção adequada do volume
intravascular.
3. PREPARO DA PELE DO PACIENTE
3.1. Realizar degermação do membro ou local próximo da incisão cirúrgica antes de aplicar
solução antisséptica;
3.2. Realizar a antissepsia no campo operatório no sentido centrífugo circular (do centro
para a periferia) abrangendo possíveis extensões da incisão, novas incisões ou locais de
inserção de drenos, com solução alcoólica de PVPI ou clorexidina.
4. DRENOS
4.1. Ocorrer no momento da cirurgia, preferencialmente em uma incisão separada,
diferente da incisão cirúrgica;
4.2. A recomendação é fazer uso de sistemas de drenagens fechados, e a remover o mais
breve possível.
5. PARAMENTAÇÃO
5.1. Consiste em antissepsia cirúrgica das mãos, utilização de aventais e luvas esterilizadas,
além de gorro e máscara;
5.2. Finalidade da paramentação cirúrgica é estabelecer uma barreira microbiológica contra
a penetração de microrganismos no sÍtio cirúrgico do paciente, que podem ser oriundos
dele mesmo, dos profissionais, produtos para saúde, ar ambiente;
5.3. Também tem o sentidode proteger a equipe cirúrgica do contato com sangue e fluidos
dos paciente;
5.4. A máscara cirúrgica deve cobrir totalmente a boca e nariz e deve ser utilizada ao entrar
na sala cirúrgica se o instrumental estiver exposto ou se cirurgia estiver em andamento, a
fim de impedir a contaminação da área cirúrgica;
5.5. Ao se paramentar o profissional que participará do procedimento cirúrgico deve
remover os adornos (anéis, pulseiras, relógios etc).
MEDIDAS DE CONTROLE
PÓS-OPERATÓRIA
1. AVALIAÇÃO DE CURATIVOS
1.1. Princípios para o curativo ideal: 
✔Manter elevada umidade entre a ferida e o curativo; 
✔Remover o excesso de exsudação; 
✔Permitir a troca gasosa; 
✔Fornecer isolamento térmico; 
✔Ser impermeável a bactérias; 
✔Ser asséptico; 
✔Permitir a remoção sem traumas e dor. 
1.2. Qualidade preconizada para um produto tópico eficaz para o tratamento de feridas
✔Facilidade na remoção; 
✔Conforto; 
✔Não exigir trocas frequentes; 
✔Facilidade de aplicação; 
✔Manter o leito da ferida com umidade ideal e as áreas 
periféricas secas e protegidas; 
✔Adaptabilidade (conformação às diversas partes do 
corpo). 
1.2. A escolha do curativo depende do tipo de ferida, estágio de cicatrização e processo de
cicatrização de cada paciente;
1.3. Aspectos da ferida com relação à presença de inflamação, infecção, umidade e
condições das bordas da ferida devem ser avaliados.
1.4. TIPOS DE COBERTURA
1.4.1. Papaína - Estimula a proliferação celular, desbridamento químico, bacteriostático,
bactericida etc.;
1.4.2. AGE - Ácidos Graxos Essenciais - mantêm o meio úmido e acelera a granulação;
1.4.3. Alginato de cálcio - absorve o exsudato e preenche cavidades;
1.4.4. Alginato com prata - facilita a cicatrização, é bactericida;
1.4.5. Carvão ativado e prata - absorve o exsudato, é bactericida;
1.4.6. Sulfadiazina de prata a 1% - bactericida e bacteriostática;
1.5. GRAU DE CONTAMINAÇÃO
1.5.1. Classificadas em:
✔Limpa - produzidas em ambiente com grau de contaminação muito baixo, em um centro cirúrgico,
por exemplo, onde não houve manipulação em sistemas digestivo, respiratório e urinário;
✔Contaminada - existe uma reação inflamatória ou que estiveram em contato com material biológico
como fezes, urina ou com elementos da natureza como terra;
✔Infectada - Os sinais infecciosos aparecem, podendo levar o paciente a óbito.
1.5.2. Avaliar quanto à presença e aspectos:
✔Odor (fétido ou característico);
✔Exsudato avaliar quanto à quantidade (pequeno, moderado ou abundante);
✔Características (seroso, hemático, serohemático, purulento, seropurulento, fibrinoso);
✔Coloração (esverdeado, esbranquiçado, amarelado, achocolatado, acastanhado).
Solicitar avaliação da CCIH em casos de feridas com suspeita de infecção para 
orientação da antibioticoterapia e coleta de amostras para cultura
1.6. Leito da Ferida
1.6.1. Fibrótico, necrótico, em granulação e epitelização.
1.6.2. Mensurar espaços mortos.
✔Em casos de necrose, solicitar avaliação da cirurgia plástica.
1.7. Bordos da Ferida
1.7.1. Maceração, contorno (regulares ou irregulares), retração, coloração.
1.7.2. Área periferida: íntegra, fragilizada, avermelhada, ressecada, papel de seda,
descamativa, eczematosa.
1.8. Limpeza da Ferida
1.8.1. Utilizar Soro Fisiológico (SF) 0,9% morno em jato, frasco de 500 ml com ponteiras
para irrigação.
1.8.2. Deve ser exaustiva até a retirada dos debris, crostas e do exsudato presente no leito
da ferida
1.9. Feridas com cicatrização por 
primeira intenção (bordos 
aproximados por sutura) 
1.9.1. Recomenda-se permanecer com curativo
estéril por 24 h a 48 h, exceto se houver
drenagem da ferida ou indicação clínica;
1.9.2. O primeiro curativo cirúrgico deverá ser
realizado pela equipe médica ou enfermeiro
especializado;
1.9.3. Remover o curativo anterior com luvas de
procedimento;
1.9.4. Realizar o curativo com toque suave de SF
0,9% em incisão cirúrgica;
1.9.5. Avaliar local da incisão, se não apresenta
exsudato manter as incisões expostas até a
remoção da sutura;
1.9.6. Registrar o procedimento e comunicar a
equipe médica em casos de sangramento
excessivo, deiscências e sinais flogísticos.
1.10. Feridas com cicatrização por
segunda e terceira intenção (bordos
separados)
1.10.1. Feridas com tecido de granulação: utilizar
coberturas que mantenham o meio úmido, como:
hidrogel, AGE, alginato de cálcio, etc.
1.10.2. Feridas cavitárias: utilizar alginato de cálcio,
carvão (cuidado com as proeminências ósseas),
hidrogel;
1.10.3. Feridas com tecido necrótico: utilizar hidrogel
ou colagenase. Caso não ocorra melhora evolutiva,
solicitar a avaliação da cirurgia plástica;
1.10.4. Feridas infectadas: sugerir avaliação da clínica
médica e CCIH quanto à necessidade de identificação
do microrganismo para terapêutica adequada. Utilizar
carvão ativado;
1.10.5. Feridas com tecido de epitelização e bordas:
proteger o frágil tecido neoformado com AGE ou rayon
com petrolato.
Ferida com cicatrização por 
primeira intenção 
(bordos aproximados por sutura) 
Ferida com cicatrização por segunda e 
terceira intenção 
(bordos separados) 
2. CUIDADOS COM AMBIENTE E ESTRUTURA 
2.1. Manter a ventilação na sala cirúrgica com pressão positiva em relação ao corredor e 
áreas adjacentes; com no mínimo 15 trocas de ar por hora;
2.2. Esterilização de todo o instrumental cirúrgico;
2.3. Não utilizar a esterilização flash como rotina ou alternativa para a redução do tempo;
2.4. Limpeza terminal mecânica do piso na última cirurgia do dia;
2.5. Limpeza e desinfecção concorrente entre procedimentos, com ênfase nas superfícies 
mais tocadas e na limpeza de equipamentos.

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