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Infecção de sítio cirúrgico Definição: É a infecção relacionada a procedimentos cirúrgicos, com ou sem colocação de implantes, em pacientes internados e ambulatoriais, sendo classificada conforme os planos acometidos. Implante: prótese, tela, stend... qualquer coisa que não faça parte do organismo Infecções relacionadas aos procedimentos cirúrgicos. Procedimentos cirúrgicos: · Pacientes internados ou admitidos para o procedimento; · Realizados dentro do centro cirúrgico; · Pelo menos 01 incisão; · Também onde não há sutura. Não cirúrgicos: · Procedimentos fora do centro cirúrgico (sutra no OS) · Procedimentos sem incisão (punções, incisão previa) · Biopsias endoscópicas episiotomias e circuncisões. Introdução: · É a terceira IRAS mais frequente; · Incidência entre 14% e 16% de todas as IRAS em pacientes hospitalizados; · Acréscimo de 6,5 dias de internação; · Custo adicional; · Pacientes apresentam 5x mais chances de reinternação após alta hospitalar; · 60% maior possibilidade internação em UTI; · Maior risco/morte. Tempo de observação e classificação: Tempo de observação: · Sem implantes – até 30 dias após o procedimento · Com implantes – até um ano após o procedimento ou até retirada se isso ocorrer no período inferior a um ano; Fatores predisponentes: Microorganismos: · Quantidade de inoculo; · Virulência. Paciente: · Idade; · Obesidade/desnutrição; · DM. Procedimento cirúrgico: · tricotomia; · Técnica cirúrgica; · Drenos escolha de qual utilizar; · Duração da cirurgia; · Estresse cirúrgico; · Hipotermia; · Potencial de contaminação da ferida cirúrgica. Classificação de cirurgias segundo potencial de contaminação: A ferida operatória pode ser dividida em 4 classes: · Limpa: aquela que não penetra o sistema respiratório, geniturinário, gastrointestinal. · Potencialmente contaminada; · Contaminada; · Infectada. Cirurgia limpas: · Ferida operatória com ausência de processo inflamatório; · Sem penetração nos tratos respiratórios, digestório e geniturinário; · Fechamento por primeira intenção. Exemplos: safenectomia, revascularização do miocárdio. Cirurgias potencialmente contaminadas: Ferida operatória com penetração nos tratos respiratório, digestório ou geniturinário sob condições controladas e sem contaminação não usual; Especificamente cirurgias envolvendo o trato biliar, apêndice, vagina e orofaringe são classificadas nesta categoria, sem evidencias de infecção ou grande quebra de técnica. Exemplos: colecistectomia, apendicectomia, perineoplastia. Cirurgias contaminadas: · Feridas abertas, acidental; · Cirurgia com grande quebra na técnica estéril ou derramamento grosseiro do conteúdo do trato gastrointestinal e incisões em que se encontra inflamação aguda não purulenta, incluindo tecido necrótico sem evidencia de drenagem purulenta estão incluídas nesta categoria; · Exemplo: apendicectomia na presença de processo inflamatório. Cirurgias infectadas · Inclui feridas traumáticas antigas com tecido desvitalizado retido e, aquelas que envolvem infecção clinica existente ou víscera perfurada. · Exemplos: apendicectomia supurada, desbridamento de lesão por pressão com tecido desvitalizado. Classificação ISC incisional superficial: envolve apenas a pele e o tecido celular subcutâneo do local da incisão; ISC incisional profunda: pode envolver ou não os mesmos tecidos da ISC superficial, mas envolve obrigatoriamente tecidos moles profundos, como fáscias e camadas musculares; ISC órgão ou espaço especifico: envolve órgãos ou espaços profundos manipulados durante a cirurgia, mas não necessariamente a incisão. Exemplo: abcesso hepatite sem lesões na pele. Meningite após manipulação do SNC, periotonite após abdominal, endocartite após troca de válvula cardíaca Diagnóstico: Um dos critérios deve estar presente: · Secreção purulenta no local da incisão (ISC superficial), drenada de tecidos moles profundos (ISC profunda) ou de órgão ou cavidade manipulados na cirurgia (ISC especifica); · Organismo isolado com técnica asséptica de material teoricamente estéril, de local previamente fechado. Exemplo: cultura da secreção, ponta de cateter; · Abcesso ou evidencia radiológica ou histopatológica sugestiva de infecção (tecidos profundos); · Sinais inflamatórios na incisão e febre; · Diagnóstico de ISC pelo médico assistente necessário exame da ferida para comprovação. Mecanismo de contaminação: · Paciente: não segue as orientações; · Profissionais de saúde: escovação e uso dos EPIs; · Ambiente; · Matérias; · Equipamentos. Principais agentes microbianos: Patógenos podem ser provenientes de 3 fontes: · Microbiota do próprio paciente: importância da topografia da cirurgia, da técnica, do tempo de duração e das condições infecciosas previas do paciente; · Equipe de saúde: antissepsia pré-operatória correta e condições infecciosas; · Ambiente inanimado: incluindo material cirúrgico (importância menor, porém não irrelevante) falha no processo de esterilização, ar do ambiente cirúrgico (importante em algumas cirurgias, menor importância na pratica diária). Mais comuns: · Staphylococcus aureus · Estafilococos coagulase – negativa Colonizante de pele · Erradicação pela antissepsia impossível, porque faz parte da microbiota · Aumento da concentração no decorrer do procedimento devido a descamação da pele · Atinge tecidos lesados pela cirurgia. Enterobactérias (gram -): E. coli, Klebsiella, enterobacter · Presentes em grandes concentrações em cavidades ocas cirurgias do tubo digestivo, vias biliares e urinarias; · Uso abusivo de cefalosporinas. Gram negativas não fermentadores: P. aeruginosa, acinetobacter · Internação prolongada, uso prévio de antimicrobianos, casos mais graves. Anaeróbios Principalmente cirugias do trato digestivo; em geral, agem acompanhadaos de outros patógenos. Enterococos: Frequência elevada, predominando em cirurgias do trato digestivo e ginecológicas; Uso abusivo de cafalosporinas. Estreptococos: · Menos frequentes, porem curto período de incubação e maior gravidade; · Profissionais de saúde colonizados: associados a surto. Importante! · Considerar características especificas da instituição: · População atendida; · Principais patologias cirúrgicas; · Normas para uso de antimicrobianos; · Disponibilidade de antimicrobianos; · Média de permanência antes do procedimento (historia de internação); · Outras. Fatores de risco para ISC: Microorganismos atingem a ferida operatória em geral durante o ato cirúrgico; Quando não há fechamento primário, ou há dreno, ocorreu manipulação excessiva da ferida ou deiscência contaminação pode ocorrer no pós-operatório; Implante secundário de patógenos por via hematogênica. A ruptura de continuidade da pele é o principal fator para ISC! Relacionados ao paciente: · Estado clínico: doenças agudas ou crônicas descompensadas e infecção em sitio distante avaliação clínica criteriosa é imprescindível! · Tempo de internação pré-operatório (por desorganização da unidade hospitalar ou estado clinico do paciente) relacionado à colonização da pele pela microbiota hospitalar; · Estado nutricional desnutrição (avaliar taxa de albumina, proteína e frações, se estiver baixa deve compensar essas deficiências) ou obesidade; · Imunodepressão e uso de corticosteroide retardamento do processo de cicatrização. Relacionados ao procedimento cirúrgico: Rompimento da barreira epitelial interrupção do aporte de nutrientes; Alterações no campo operatório hipoxia + acidose + deposição de fibrina; Hipoxia + acidose dificultam a ação dos neutrófilos; Deposição de fibrina sequestro de bactérias e alterações dos mecanismos locais de defesa. 1ª células que chegam no processo de cicatrização: neutrófilos. Células + importantes: macrófagos - Classificação da cirurgia de acordo com o potencial de contaminação fator clássico de risco! · Limpa; · Potencialmente contaminada · Contaminada · Infectada - Duração do procedimento cirúrgico: · Maior exposição ao ambiente externo · Maior complexidade · Pior estado clinico · Menor experiencia da equipe · Desorganizaçãoda sala cirúrgica. Cirurgias de urgência: · Preparo inadequado do paciente; · Pior estado clinico; · Técnica menos rigorosa. Medidas de prevenção: - Redução do tempo de internação pré-cirúrgico: · Avaliação pré-operatória em ambulatório; · Internação somente com avaliação pré-operatória; · Organização do agendamento de internação e cirurgia. - Lavagem das mãos na enfermaria (equipe de saúde) evitar a colonização de paciente com a flora hospitalar. - Banho pré-operatório noite anterior e manha da cirurgia, com água e sabão; - Tricotomia se imprescindível e imediatamente antes do ato cirúrgico; - Estabilização do quadro clinico do paciente principalmente o tratamento de infecção prévia. Prevenção da ISC no centro cirúrgico Circulação interna no CC: Áreas irrestritas: roupas comuns e circulação sem limitações sendo os vestiários e salas administrativas externas; Áreas semi-restritas: roupa privativa e gorro processamento e estocagem de artigos, corredores e salas internas; Áreas restritas: roupa privativa, gorro e máscara + controle do número de pessoas salas cirúrgicas com materiais expostos. Limpeza: Limpeza adequada com água e detergente (piso, mobiliário e equipamentos) após cada procedimento; Não há necessidade de limpeza especial em salas onde foram realizadas cirurgias potencialmente contaminadas os procedimentos de limpeza devem ser rigorosos sempre; Limpeza terminal diária após a última cirurgia, com água e detergente . Todas as superfícies e acessórios da sala. Paramentação cirúrgica: Aventais: milhares de células epiteliais são desprendidas por minuto, junto com bactérias, dispersando-se no ambiente o uso reduz em aproximadamente 30% a taxa de dispersão; Mascaras: prevenção da ISC (controvérsias) e proteção dos membros da equipe cirúrgica contra respingos de sangue e secreções durante o procedimento; Propés: estudos concluíram não haver diferença significativa de contaminação no piso entre calçados limpos, calcados de uso habitual e propés; Gorros: devem cobrir totalmente o cabelo na cabeça e face devido a descamação do couro cabeludo; Luvas: devem ser usadas após a escovação das mãos e depois de vestido o avental estéril. Antissepsia das mãos da equipe cirúrgica: · Retirada de sujeira e detritos, redução substancial ou eliminação da flora transitória e redução parcial da flora residente; · Solução degermante de iodoforo (PVPI) ou de gluconato de clorhexidina ou álcool a 70% com emoliente; · 5 minutos para a primeira cirurgia e 3 minutos para os demais procedimentos; · Enxague em água corrente, das mãos para os cotovelos (mãos sempre acima do nível dos cotovelos). Antibioticoprofilaxia cirúrgica: Indicação apropriada: cirurgias potencialmente contaminadas e contaminada; Antimicrobiano adequado à flora esperada, em razão do tipo de cirurgia flora residente do local abordado considerar, também, menor toxicidade e custo; Dose adequada e momento certo: 1 a 2 horas antes do início do procedimento deve ser feito o repique, logo após 4 horas do início da cirurgia; Uso por curto período: cobertura durante o ato cirúrgico.
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