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Risco ergonômico no trabalho home-office
Nomes dos autores[footnoteRef:1] [1: Graduando em Engenharia de Materiais pela UTFPR-LD. E-mail: xxxxxxx@utfpr.edu.br] 
Resumo
O presente trabalho busca apresentar os possíveis riscos ergonômicos que o trabalho home-office oferece aos empregados, uma vez que estes não estavam preparados com móveis adequados para a execução de sua atividade laboral em sua residência, mas foram forçados a isso por conta da pandemia de COVID-19 que assola todos os países do planeta. Esse trabalho realizou uma pesquisa qualitativa, através de revisão bibliográfica, sobre o tema em destaque, apresentando os principais elementos envolvidos no trabalho home-office e sua definição, evidenciando o impacto da pandemia de COVID-19 nas empresas e como o trabalho em casa acarreta possíveis riscos ergonômicos ao empregado. Ao final do trabalho, foi possível concluir que, caso o empregado não possua as condições adequadas de trabalho, poderá ter problemas cervicais ou lesões por esforço repetitivo ao desempenhar suas funções em sua casa, sem os materiais e equipamentos que seriam disponibilizados pela sua empresa em condições normais no seu local de trabalho.
Palavras-chave: Home-office. Riscos. Ergonomia. COVID-19.
Abstract
The present work seeks to present the possible ergonomic risks that home-office work offers to employees, since they were not prepared with adequate furniture to carry out their work activity at home, but were forced to do so because of the pandemic of COVID-19 that plagues all countries on the planet. This work carried out a qualitative research, through bibliographic review, on the highlighted topic, presenting the main elements involved in home-office work and its definition, showing the impact of the COVID-19 pandemic on companies and how work at home entails possible ergonomic risks to the employee. At the end of the work, it was possible to conclude that, if the employee does not have the adequate working conditions, he may have cervical problems or repetitive strain injuries when performing his duties at home, without the materials and equipment that would be made available by his company in normal conditions at your workplace.
Keywords: Home-office. Risks. Ergonomics. COVID-19.
Introdução
	As medidas relacionadas ao isolamento social presencial para conter a velocidade de transmissão da COVID-19 estão ajudando a ampliar o alcance do redimensionamento espaço-temporal, impondo novos desafios ao trabalhador e às empresas. O lar passou a ser, para muitos trabalhadores, o lugar de trabalho. (GONDIM; BORGES, 2020) 
	Porém, diferentemente do seu local de serviço, as residências dos trabalhadores desde sempre foram destinadas ao descanso destes, não estando adaptadas para que os trabalhadores exercessem suas funções deste local.
	Desse modo, faz-se necessário estudar como a execução dessas tarefas na residência do trabalhador podem oferecer riscos ergonômicos a este. Logo, faz-se necessário apresentar os fundamentos do home-office.
Conceituação do Home-office 	
	Por conta da pandemia de COVID-19 em 2020, a opção mais adotada para evitar as aglomerações nas empresas é a realização do teletrabalho, sendo umas das modalidades o home-office. (KELLER, 2020)
	Essa modalidade de forma de se trabalhar foi a mais adotada nesse período, de forma emergencial, para que as atividades econômicas continuassem funcionando, mesmo que de maneira menos ativa. Certamente foi uma das melhores alternativas para minimizar os impactos que as empresas sofreram por conta da Pandemia global.
	Conceituando a expressão, o Home Office é uma modalidade de trabalho que permite que o empregado exerça suas atividades laborais de seu ambiente doméstico. Por ser realizada no domicílio do empregado, esse tipo de trabalho exige que esse colaborador possua outras responsabilidades que, por vezes, não teria na empresa. Entre as mais exigidas apresentam-se a disciplina para manter o foco no serviço, a gestão de tempo entre outras atividades domésticas e a utilização de meios de comunicação para se comunicar com o chefe ou sua equipe. (SCHIRIGATTI; KASPRZAK, 2007)
	Reis (2006) define que o trabalhador em Home-Office é forçado a desenvolver uma gestão própria do seu tempo, em que novas decisões e escolhas são tomadas a cada instante, e estas só podem ser estabelecidas através de informações que o próprio ambiente pode dispor. Cercado de muitos fatores sociais, como o próprio trabalho em si, família e casos pessoais, o empregado encontra-se cercado de diversas responsabilidades que demandam sua atenção. Logo, estando propenso a diferentes situações, o profissional deve procurar por um ponto de equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional.
	Porém, diferentemente de casos onde o home-office foi devidamente planejado, a situação atual impôs essa metodologia de uma hora para a outra, sem que o trabalhador estivesse preparado para essa situação. Logo, mostra-se fundamental entender o conceito de ergonomia para entender os riscos de executar as atividades com postura ou um ambiente inadequado.	
Conceituação de Ergonomia
	Godoy(2019) apresenta a ergonomia como uma disciplina que busca estudar “o relacionamento entre homem e seu trabalho, equipamento, ambiente e particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas que surgem desse relacionamento”. 
	A ergonomia busca colocar em prática projetos métodos que tenham como objetivo trazer melhorias ao bem-estar das pessoas e o desempenho geral de todos os modelos utilizados. Os principais objetivos da ergonomia são manter a saúde do trabalhador, a segurança ambiente de trabalho, satisfazer as necessidade e expectativas do trabalhador e a eficiência nas atividades realizadas. (VIEIRA, 2017)
Norma reguladora sobre o tema
	No Brasil, a norma reguladora sobre o tema é a NR-17. A NR-17 estabelece os requisitos imprescindíveis que todas as empresas devem adotar para suas questões ergonômicas, entre diversos temas incluem-se o mobiliário, os equipamentos e as condições ambientais do posto de trabalho. Esses são alguns elementos que devem ser analisados para adaptar as condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo seja possível fornecer conforto, segurança e desempenho eficiente aos trabalhadores. (MINISTÈRIO DO TRABALHO, 2015)
	Essa norma reguladora foi criada com o intuito de evitar problemas com a saúde e/ou acidentes de trabalho. Com essa mudança repentina de cenários devido à Pandemia de COVID-19, é necessário que sejam adotados alguns cuidados no Home Office. Para isso, serão elencados alguns problemas ergonômicos que podem ocorrer ao realizar o home-office com o intuito de prevenir os trabalhadores.
Riscos ergonômicos oferecidos pelo home-office
	A Organização Internacional do Trabalho(2019), conhecida como OIT, alerta que o Home-Office, em condições planejadas, já apresenta uma dificuldade natural de supervisionar os ambientes de trabalho fora das instalações do empregador. Com a implantação de emergência ocorrida esse ano, a aplicação dos princípios de prevenção da Saúde e Segurança do Trabalho e controle da própria legislação ou Normas Regulamentadoras mostra-se ainda mais desafiadora.
	O Ministério do Trabalho(2015) destaca o entendimento majoritário de que é responsabilidade do empregador, mesmo em condições criadas por força maior, “avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho”.
	Logo, evidencia-se nesse ponto que o empregador é o responsável legal por fornecer todos os meios adequados para que o empregado exerça suas atividades de forma adequada, mesmo sendo na modalidade Home-Office e executando as tarefas de sua residência. Para a indicação de possíveis doenças ocupacionais que os profissionais podem estar propícios a desenvolver durante as atividades ou funções no Home-Office,foram pesquisadas doenças que acometem, em condições normais, profissionais que exercem atividades através de dispositivos móveis ou pela internet.
	Em profissões como programadores, por exemplo, os afastamentos do seu posto de trabalho, em Home-Office, ocorrem majoritariamente por lesões físicas, entre as quais destacam-se dores nos punhos, doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho ou lesões por esforço repetitivo. (RIBEIRO, 1999)
	Destaca-se nesse ponto que os dispositivos móveis portáteis, apesar de sua utilidade inquestionável de poderem ser utilizados em qualquer local, não são ergonomicamente adequados para o uso por longos períodos e podem causar lesões nos membros superiores, pescoço e costas. (MOTTA, 2009)
	Seguindo essa linha de pensamento, Vieira (2017) novamente já apresentava, mesmo antes da pandemia, que mudanças repentinas no método de trabalho e a sobrecarga de atividades podem contribuir para o aumento das Lesões por Esforços Repetitivos (LER) ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT).
	Logo, os profissionais de saúde do trabalho devem realizar uma análise dos fatores de riscos no Home-Office para que problemas como o LER ou o DORT, por exemplo, não ocorram por inadequação do posto de trabalho.
	O Home-Office realizado sem o apoio ergonômico necessário, oferece grandes riscos de o empregado trabalhar com postura inadequada, carga osteomuscular excessiva, entre outras patologias associadas a função ergonômica do trabalhador. (FAGUNDES, 2016)
Considerações Finais
	Conclui-se com o presente trabalho que o Home Office é um modelo de trabalho que as empresas usavam ocasionalmente e que, repentinamento, foram obrigadas a implantar em caráter de urgência, antes de analisarem as vantagens e as limitações desse modelo e, principalmente, o requisitos mínimos para que o trabalhador exercesse suas atividades de forma confortável. 
	Com a falta de estrutura ergonômica ocasionada pela necessidade de uma implantação rápida, o Home-Office ainda é um modelo que exige avançar em dimensões que caracterizam a satisfação do colaborador, principalmente naquelas profissões que nunca tinham sido exercidas nessa modalidade.
	Conclui-se também que o uso intensivo do Home-Office pelos trabalhadores certamente oferece riscos à saúde deles se o empregador não disponibilizar as adequações necessárias no novo local de trabalho para que as necessidades básicas deste, principalmente ergonômicas, sejam satisfeitas.
Referências
FAGUNDES, Fernanda Ferreira. Ergonomia: proposta de prevenção de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho do professor. 2016. Disponível em: <http://sites.unifoa.edu.br/portal_ensino/mestrado/mecsma/arquivo s/2016/fernanda-fagundes.pdf>. Acesso em 22 mai. 2020.
GODOY, Lígia de. Satisfação no teletrabalho: construção de um instrumento de avaliação da satisfação de teletrabalhadores. 2019. Disponível em: <https://www.udesc.br/arquivos/ceart/id_cpmenu/1229/Dissertacao_Ligia_Godoy_15718415587319_1229.pdf>. Acesso em 24 mai. 2020.
GONDIM, Sônia; BORGES, Livia de Oliveira. Significados e sentidos do trabalho do home-office: desafios para a regulação emocional. 2020. Disponível em: <https://www.sbpot.org.br/central-de-conteudo-covid19/wp-content/uploads/2020 /04/SBPOT_TEMATICA_5_Gondim_Borges.pdf>. Acesso em 23 mai. 2020.
KELLER, Paula. Home office será um importante legado da pandemia da Covid-19. 2020. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2020-mai-08/paula-keller-home-office-importante-legado-pandemia>. Acesso em 22 mai. 2020.
MINISTÈRIO DO TRABALHO. Norma Regulamentadora Nº 17 - Ergonomia. 2015. Disponível em: <http://www.trabalho.gov.br/seguranca-e-saude-no-trabalho/nor matizacao/normas-regulamentadoras/norma-regulamentadora-n-17-ergonomia>. Acesso em 23 mai. 2020.
MOTTA, Fabrício Valentim. Avaliação ergonômica de postos de trabalho no setor de pré-impressão de uma indústria gráfica. 2009. Disponível em: <http://www.ufjf.br/engenhariadeproducao/files/2014/09/2009_1_Fabricio.pdf>. Acesso em 23 mai. 2020.
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO(OIT). Trabajar en cualquier momento y en cualquier lugar: consecuencias en el ámbito laboral. 2019. Disponível em: <https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---ed_protect/---protrav/---travail/do cuments/publication/wcms_712531.pdf>. Acesso em 23 mai. 2020.
REIS, Roberta Teixeira. Gestão do tempo e qualidade de vida como fatores de produtividade no trabalho. 2006. Monografia (Curso de Administração)- UNICEUB – Centro de Universitário de Brasília, Brasília, DF.
RIBEIRO, Herval Pina. A violência oculta do trabalho: as lesões por esforços repetitivos. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1999. 
SHIRIGATTI, Elisangela Lobo; KASPRZAK, Luis Fernando Fonseca. Home Office: origem, conceito e inferências sobre o significado social do novo modelo de trabalho flexível. Revista Cientifica de administração, Paraná, 2007. 
VIEIRA, Ellen Gina Coelho. Análise ergonômica do trabalho em postos informatizados: estudo de caso em uma distribuidora de lubrificantes de Manaus-AM. 2017. Disponível em: <http://ppgep.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dis sertacoes/Dissertacao2017-PPGEP-MP-EllenGinaCoelhoVieira.pdf>. Acesso em 23 mai. 2020.