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CONTROLE QUÍMICO DO BIOFILME DENTAL É coadjuvante/auxiliar ao controle mecânico (não substitui a escovação), pois tem efeito profilático e terapêutico. A inabilidade operacional da limpeza mecânica dos dentes tem guiado os pesquisadores a investigar o controle químico da placa dental. Ações ideias das sustâncias antimicrobianas são: (1) prevenir a adesão bacteriana, (2) paralisar ou diminuir a proliferação bacteriana, (3) remover o biofilme já estabelecido e (4) alterar a patogenicidade do biofilme. Nenhum produto até hoje não consegui ter todas as 4 ações, mas é o que se procura. Propriedades ideias: - substantividade: capacidade da substância de se manter presente na cavidade bucal no maior período de tempo mesmo com a ação da saliva, capacidade de se aderir e ser adsorvida e permanecer ativa dentro da boca - inocuidade aos tecidos bucais: não lesionar - levar a diminuição da placa e gengivite - inibir a calcificação da placa - ter estabilidade e segurança em seu uso - inibição ao desenvolvimento de cepas bacterianas resistentes - não manchar os dentes e nem alterar a gustação Indicar para pacientes com atividade de cárie presentes e pacientes e alto risco (pacientes com lesão inicial de manca branca para paralisar esses processos). A utilização química como forma de prevenção será limitada aos pacientes com alta atividade ou com risco aumentado de carie ou doença periodontal. As substâncias químicas podem ser: clorexidina, óleos essenciais, triclosan, cloreto de cetilpiridino e sulfurados voláteis, sendo que varia a composição química e seu espectro de ação (tipos de bactérias) e tempo de ação, criando também a diferença de custo SANGUINÁRIA Presente nas pastas dentais com antisséptico, anti-placa e anti-gengivite e age sobre a proteína transmembrana ATPase levando a morte celular das bactérias ÓLEOS ESSENCIAIS A base de fenol, timol, eucaliptol e mentol. Agem na parede celular bacteriana levando a saída de componentes intracelulares e inibe enzimas bacterianas. Atua sobre bactérias gram positivas e tem propriedades anti-inflamatórias CLORETO DE CETILPERIDÍNIO Age na parede das bactérias gram positivas. Tem rápida e grande adsorção e é rapidamente eliminado da cavidade bucal (baixa substantividade), apesar de prevenir a formação do biofilme CLOREXIDINA Introduzida há muitos anos como antisséptico de largo espectro contra bactérias gram-positivas e negativas. A placa bacteriana apresenta cerca de 80 a 85% de organismos vivos. O uso do bochecho com clorexidina a 0,12% reduz esse número para 20 a 35% tendo ação desencadeada em 15 segundos e efeito residual de 12 horas (alta substantividade: efeito prolongado). Indicações: pós-operatório, auxiliar no controle mecânico do biofilme, paciente física e mentalmente deficientes (grupo de risco) e pacientes com problemas sistêmicos que predisponham a infecções orais. Só pode ser usada por um curto período de tempo (máximo de 14 dias). Capaz de diminuir o numero de alguns microorganismos (Streptococcus mutans) e existe o gel de clorexidina a 1% em moldeiras por 5 minutos durante 4 dias dando bons resultados em pacientes com muitas cáries. A clorexidina une-se as paredes celulares e membranas citoplasmáticas microbianas, causando um desequilíbrio osmótico dos microorganismos com perda de ácido nucleico e potássio, inibindo a respiração e coagulação citoplasmática. Efeitos colaterais por uso prolongado: manchamento dos dentes, língua e restaurações, alterações da flora bucal, alteração transitória do paladar por perda de sensibilidade das papilas gustativas e descamação da mucosa oral. Não ultrapassar mais que 2 semanas de uso contínuo. A clorexidina é antimicrobiano efetivo para supressão dos microorganismos. Existe a opção de verniz e clorexidina que causa redução da desmineralização, não pigmenta os dentes e tem sabor tolerável. FLÚOR Método de prevenção mais empregado no controle da cárie com forma de apresentação de espuma, gel, solução, presente na pasta de dente, na água, forma de verniz, no material restaurador (CIV) e sistemas adesivos. No início do século XX os estudiosos começaram a achar relação entre flúor e cárie, evoluindo para pesquisas que comparavam sociedades que viviam com e sem flúor na água e estudos com alteração de sua concentração na água. A exposição continua ao flúor através da água de beber era imprescindível para manter seus efeitos cariostáticos (flúor na água em certa concentração que não pode ser nem muito alto nem muito baixa). Acreditava-se no efeito sistêmico do flúor, mas, hoje, sabe-se que os efeitos benéficos do flúor na redução da incidência da cárie deve-se muito mais a ação local através do contato direto com os dentes. Atualmente, há consensos de que o flúor importante é aquele mantido constante na cavidade bucal, capaz de interferir com a dinâmica do processo da doença, reduzindo a quantidade de minerais perdidos na desmineralização e ativando a quantidade de resposta na remineralização salivar. FORMAS DE ADMINISTRAÇÃO Via sistêmica incorporado a água de abastecimento, leite, sal e açúcar. Via tópica (local): dentifrícios, solução para bochechos, gel, vernizes, selantes e alguns materiais restauradores 1. FLÚOR SISTÊMICO: a adição de flúor na água de abastecimento teve papel significante na redução do número e da severidade das lesões cariosas, causando mudanças no quadro epidemiológico da doença. Nos anos 60 a adição de flúor na água de abastecimento já era procedimento normal e habitual em muitos países. Ato recomendado pela organização pan-americana de saúde e OMS desde 1958 (medida eficaz, seguro e econômico para controle da cárie. A fluoretação das águas é uma das 10 ações mais importantes de saúde pública do século XX. Baixo Gandu foi a primeira cidade brasileira a receber fluoretação das águas de abastecimento público. Método barato, eficaz e democrático de administrar flúor a um grande número de pessoas (redução de 57% do CPOD médio aos 12 anos). Em 1975 houve a regulamentação da água e abastecimento público e fluoretada. Em 1989 definiu a fluoretação da água como método de escolha para prevenção em massa da cárie, sendo um meio biologicamente seguro, custo compatível cm país, de tradução e domínio da tecnologia. 66% da população brasileira ainda não tem acesso a água fluoretada. Fluoretos que podem ser empregados: fluoreto de sódio (mais caro), fluorsilicato de sódio (mais barato e ácido hidrofluorsilícico (subproduto de indústrias fertilizantes: consumo excessivo do flúor nas águas e podem apresentar fluorose). Nível de flúor sofre variação conforme o consumo de água entre as regiões, por causa da temperatura. Durante o inverno ou em uma região fria, há um menor consumo de água, então tem que aumentar a concentração de flúor na água (1-1,2ppm F). Em regiões de altas temperaturas, as pessoas bebem mais água e então diminui a concentração de flúor (0,7-0,9ppm F) Flúor ingerido sofre a absorção pelo sangue e então há a distribuição pelo organismo que vai se depositar nos tecidos mineralizados em formação (dente e osso) e nos tecidos moles, como as glândulas salivares, sendo expulso novamente na saliva (efeito do flúor é só tópico). Nível salivar de flúor gira em torno de 0,01 a 0,05 ppm de flúor. O esmalte dental pode adquirir flúor durante o período de mineralização, Ingestão de água fluoretada em níveis ótimos: dentes erupcionados com cerca de 100 a 300 ppm de flúor na camada mais superficial de esmalte (apatita fluoretada). Há a perda dessa camada rica em flúor logo após erupção através da atrição natural dos dentes. A água fluoretada é a considerada mais eficaz e abrangente, o sal fluoretado é indicado em regiões sem água fluoretada e suplementos pré-natais são contraindicados devido a pouca eficácia. Tem eficácia reduzida comparada ao uso tópico. Se a ingestão de flúor é interrompida há a diminuição na concentração de flúor na saliva.2. FLÚOR TÓPICO: efeito superior aos efeitos do flúor adquirido pré-eruptivamente e o contato tópico frequente entre esmalte e flúor leva a redução de cárie. A aplicação tópica de fluo é feita sob supervisão do profissional, os dentifrícios fluoretados são de uso diário e a prescrição de flúor é para tratamentos de lesões inicias (manchas brancas) e receitado pelo profissional. Mesmo em baixa concentração (0,02 a 0,05ppm), o flúor é capaz de reduzir a solubilidade do esmalte até um pH 5. Lembrando que os íons fluoretos com esmalte podem formar tanto fluoridroxiapatita (camada externa do esmalte e tem solubilidade somente em pH 4,5) ou fluoreto de cálcio (glóbulos esféricos espalhados pela superfície em depósito temporário de flúor, mas é facilmente dissolvido). O flúor tópico pode ser no uso profissional (altas concentrações de flúor em uso controlado na forma de solução, espuma, gel, verniz) ou uso domiciliar (concentrações mais baixas em autoaplicação sem supervisão através dos dentifrícios e enxaguatório, lembrando de orientar a forma de usar). O dentifrício fluoretado é o melhor dos meios de utilização de flúor tópico pela desorganização periódica da placa e uso regular associado ao flúor constante no meio. É um meio para veiculação do íon fluoreto e outros agentes químicos (detergentes, abrasivos, antibacterianos) e seu mecanismo de ação mantem a concentração de flúor na saliva e lava a formação de produtos de reação no esmalte e na dentina em contato com o flúor. São auxiliares na limpeza, polimento de superfícies dos dentes. A composição básica dos dentifrícios fluoretados: abrasivos (limpeza e polimento sem excesso), detergentes, corantes, flavorizantes, água, espessura, umectante, aglutinantes, dessensibilizantes, controladores de cálculo, fluoretos e preservativos, além de apresentar agentes terapêuticos como triclosan (agente antibacteriano eficaz tanto para microorganismos gram positivos e negativos e substantividade dada por copolímero que promove aderência do triclosan ao dente e biofilme (12h a 14h após escovação), anti-cálculo, fluoreto e sanguinária. Dentifrícios múltipla ação tem ação anti-cárie, anti-placa, anti-gengivite, anti-tártaro e adição de substâncias químicas buscando uma ação somatória ao mesmo dentifrício (triclosan, citrato e nitrato de zinco). Os bochechos também são de uso tópico para indicação individual e relacionada ao risco ou atividade de cárie com uso semanal de NaF a 0,2% ou bochecho diário de NaF a 0,05%. Uso noturno após a última escovação por 1 minuto. Maior tempo de ação na cavidade bucal pela diminuição do fluxo salivar. O uso profissional do flúor tópico serve para compensar a deficiência das medidas preventivas pelo paciente. Indicado em indivíduos com cárie ativa, crianças após erupção dental, indivíduos com deficiência salivar, após cirurgia periodontal e reabilitação, problemas comportamentais, pacientes especiais e pacientes ortodônticos. A escolha do veículo é de acordo com sua aplicabilidade (soluções, gel, verniz e espuma). Promover o uso racional através do uso de moldeiras (aplicação de flúor em superfícies de risco ou não a cárie) e de verniz (aplicação nas faces de risco prolongam contato de flúor com dente, tomam presa quando em contato com umidade, mantém-se aderido por várias horas; recomenda-se não mastigar sobre os dentes com verniz por 3 a 4 horas e não escovar a superfície por 24 horas para ter um efeito prolongado do verniz que tem alta concentração de flúor até 23000ppm, sendo bastante seguro). Escolher entre o flúor neutro (tempo de aplicação por 5 minutos) ou flúor acidulado (tempo de aplicação de 1 minuto, pois provoca a desmineralização superficial, favorecendo penetração do flúor no esmalte, mas o pH acidulado ataca as partículas de carga das resinas compostas e provoca opacidade nas porcelanas). O efeito do flúor depende da sua concentração e dos seus produtos de reação. FLUORETO DE CÁLCIO é roduzido em contato do flúor tópico e esmalte e dentina. Fatores que interferem na formação de CaF2: concentração de flúor, pH do meio mais baixo, tempo de aplicação, estrutura menos mineralizada, dentes recém-erupcionados e cárie. O flúor então reduz a progressão da doença, reduz o pH crítico (4,5), ativa processo de remineralização e reduz perda mineral. Tem papel do flúor na remineralização com efeito cariostático, interfere na adesão dos microorganismos a superfície dental. O controle químico e mecânico da placa demonstram que 75% a 80% dos cuidados de manutenção da saúde bucal podem ser realizados pelo próprio indivíduo. Lembrando na limpeza interproximal com fio dental. Dicas para boa higiene oral: escove corretamente seus dentes pelo menos 3x ao dia, limpar entre os dentes usando fio dental, ter alimentação saudável e balanceada, não fumar, substituir a escova a cada 3 meses ou menos dependendo das cerdas, use creme dental fluoretado, utilizar escovas dentais especialmente desenhadas para limpar ao redor de aparelhos ortodônticos, próteses e restaurações, visite o dentista no mínimo 2x ao ano para realizar exame e limpeza profissional.
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