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1 GERENCIAMENTO DE PROCESSOS E TIPOS DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO As funções gerenciais da administração da produção A administração da produção e operações preocupa-se com o planejamento, a organização, a direção e o controle das operações produtivas, de modo a se harmonizarem com os objetivos da empresa (SLACK, 2009). O planejamento dá as bases para todas as atividades gerenciais futuras ao estabelecer linhas de ação que devem ser seguidas a fim de satisfazer objetivos estabelecidos, bem como estipula o momento em que essas ações devem ocorrer. Dentro do planejamento, conforme Slack (2009), destacam-se três níveis importantes: • Estratégico: são as políticas corporativas, grandes decisões, como a escolha de uma linha de produtos e localização de novas fábricas, de longo prazo e alto grau de risco e incerteza. • Tático: envolve a alocação e utilização de recursos, suas decisões estão concentradas a nível gerencial, são de médio prazo e moderado grau de risco e incerteza. O planejamento agregado à produção é um exemplo. • Operacional: está focado nas operações produtivas, como o planejamento e controle da produção e controle de estoques, de curto prazo e pequeno grau de risco e incerteza. Organização é o processo de juntar (combinar) os recursos produtivos: pessoal (mão de obra), matérias-primas, equipamentos e capital. Os recursos são essenciais à realização das atividades planejadas, mas devem ser organizados coerentemente para um melhor aproveitamento. Direção é o processo de transformar planos que estão no papel em atividades concretas, designando tarefas e responsabilidades específicas aos funcionários, motivando-os e coordenando seus esforços. O controle envolve a avaliação do desempenho dos funcionários, de setores específicos da empresa e dela própria como um bloco, e a consequente aplicação de medidas corretivas, se necessário. O SISTEMA DE PRODUÇÃO Definimos "sistema de produção" como o conjunto de atividades e operações inter-relacionadas envolvidas na produção de bens (caso de indústrias) ou serviços. Distinguem-se no sistema de produção alguns elementos constituintes fundamentais. São eles os insumos, o processo de criação ou conversão, os produtos ou serviços e o subsistema de controle (SLACK, 2009). Os insumos são os recursos a serem transformados diretamente em produtos, como as matérias- primas, e mais os recursos que movem o sistema, como a mão de obra, o capital, as máquinas e equipamentos, as instalações, o conhecimento técnico dos processos etc. O processo de conversão, em manufatura, muda o formato das matérias-primas ou muda a composição e a forma dos recursos. Em serviços, não há propriamente transformação: o serviço é criado, a tecnologia é mais baseada em conhecimento (know-how). Subsistema de controle é a designação genérica que se dá ao conjunto de atividades que visa assegurar que programações sejam cumpridas, que padrões sejam obedecidos, que os recursos estejam sendo usados de modo eficaz e que a qualidade desejada seja obtida. O subsistema de controle, pois, promove a monitoração dos três elementos do sistema de produção (SLACK, 2009). TIPOS DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO A classificação dos sistemas de produção, principalmente em função do fluxo do produto, reveste-se de grande utilidade na classificação de uma grande variedade de técnicas de planejamento e gestão da produção. Tradicionalmente, os sistemas de produção são agrupados em três grandes categorias: a) Sistemas de produção contínua ou de fluxo em linha. b) Sistemas de produção por lotes ou por encomenda (fluxo intermitente). c) Sistemas de produção de grandes projetos sem repetição. SISTEMAS DE PRODUÇÃO CONTÍNUA (FLUXO EM LINHA) Os sistemas de produção contínua ou fluxo em linha apresentam uma sequência linear para se fazer o produto ou serviço. Os produtos são bastante padronizados e fluem de um posto de trabalho para outro numa sequência prevista. 2 Às vezes, os sistemas de fluxo em linha aparecem subdivididos em dois tipos (SLACK, 2009): - A produção em massa, para linhas de montagem de produtos os mais variados possíveis. - Produção contínua propriamente dita, nome reservado nessa classificação para as chamadas indústrias de processo, como química, papel, aço etc. Esses processos contínuos tendem a ser altamente automatizados e a produzir produtos com elevado grau de padronização, sendo qualquer diferenciação pouco ou nada permitida. De uma forma geral, os sistemas de fluxo em linha são também caracterizados por uma alta eficiência e acentuada inflexibilidade. Grandes volumes de produção devem ser mantidos para se recuperar o custo de equipamentos especializados, o que requer um conjunto padrão de produtos estabilizados ao longo do tempo. A produção em massa, nas chamadas linhas de montagem, é caracterizada pela fabricação em larga escala, de poucos produtos com grau de diferenciação relativamente pequeno: automóveis, geladeiras, fogões, aparelhos de ar condicionado etc. Henry Ford é considerado o "pai" da produção em massa. O engenheiro americano notou que era muito mais barato e rápido produzir um modelo de automóvel padronizado. De acordo com o sistema fordiano de produção, o automóvel passava por uma esteira de montagem em movimento, e os operários colocavam as peças. Logo, cada operário deveria cumprir uma função específica. Dessa forma, existiam operários para determinadas funções (pintura, colocar pneus, direção, motor etc.). Finalmente, alguns fatores devem ser cuidadosamente analisados antes da adoção de um sistema de fluxo em linha. Além da competição, pode-se citar o risco de obsolescência do produto, a monotonia dos trabalhos para os empregados e os riscos de mudança tecnológica no processo. SISTEMAS DE PRODUÇÃO INTERMITENTE (FLUXO INTERMITENTE) Nesse caso, a produção é feita em lotes. Ao término da fabricação do lote de um produto, outros produtos tomam o seu lugar nas máquinas. O produto original só voltará a ser feito depois de algum tempo, o que caracteriza uma produção intermitente de cada um dos produtos. Quando os clientes apresentam seus próprios projetos de produto, devendo a empresa fabricá-lo segundo essas especificações, temos a chamada produção intermitente por encomenda (SLACK, 2009). No sistema de produção intermitente, os equipamentos e as habilidades dos trabalhadores são agrupados em conjunto, definindo um tipo de arranjo físico conhecido como funcional ou por processo. O produto flui, de maneira irregular, de um centro de trabalho a outro. O equipamento é do tipo genérico, ou seja, são equipamentos que permitem adaptações dependendo das particulares características das operações que estejam realizando no produto. A própria adaptabilidade do equipamento exige uma mão de obra mais especializada, em virtude das constantes mudanças em calibragens, ferramentas e acessórios. Embora esses equipamentos permitam uma grande facilidade para mudança no produto ou no volume de produção, o tempo que se perde nos constantes rearranjos de máquina leva a uma relativa ineficiência. Em suma, o que o sistema de produção intermitente ganha em flexibilidade diante da produção contínua, ele perde em volume de produção. Justifica-se, portanto, a adoção de um sistema intermitente quando o volume de produção for relativamente baixo. A produção de móveis é um exemplo de sistema de produção intermitente. SISTEMA DE PRODUÇÃO PARA GRANDES PROJETOS O sistema de produção para grandes projetos diferencia-se bastante dos tipos anteriores. Na verdade, cada projeto é um produto único, não havendo, rigorosamente falando, um fluxo do produto. Nesse caso, tem-se uma sequência de tarefas ao longo do tempo, geralmente de grande duração, com pouca ou nenhuma repetição das atividades. Uma das características marcantes dos projetos é o seu alto custo e a dificuldade gerencial no planejamento e controle. Exemplos de projetos incluem a produção de navios, aviões, edifícios, grandes estruturasetc. (SLACK, 2009). Obras de grande porte, como o Rodoanel, em São Paulo, fazem parte dos sistemas de produção para grandes projetos.
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