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RESPOSTA TERAPÊUTICA - A FASE FARMACOCINÉTICA _______________________________________________________________________________________ REFERÊNCIA: Goodman e Gilman 13º ed. Cap. 2 Fuchs e Wannmacher 4º ed. Cap. 9 e 10 _______________________________________________________________________________________ Resposta Terapêutica - A partir do momento que você prescreve um medicamento para o paciente ele pode aderir ao tratamento ou não aderir - Se ele aderir e tomar o medicamento ele terá uma resposta terapêutica - A resposta terapêutica é dividia em 3 fases: • Fase Farmacêutica • Fase Farmacocinética • Fase Farmacodinâmica Formas Farmacêuticas - Forma Sólida: • Pó (dentre as formas sólidas, é a forma de absorção mais rápida) • Cápsula • Granulado • Comprimidos • Drágeas - Líquida: • Xarope (feito para crianças, rico em açúcar) • Elixir (base líquida com álcool) • Gotas • Suspensões (precisa ser chacoalhado) • Solução (não precisa ser chacoalhada) - Semis Sólidas: • Creme (água+gordura) • Pomadas (gordura) • Géis (água+álcool) FASE FARMACÊUTICA - É constituída pelo conjunto de fenômenos compreendidos entre a administração do medicamento e a absorção propriamente dita - Esse conjunto de fenômenos determinam a intensidade e velocidade com que ocorre a entrada de substância ativa no organismo - Estes fenômenos compreendem basicamente a liberação e a dissolução do fármaco contido no medicamento - Ex: Metformina- medicamento para diabetes —> é um medicamento de liberação imediata. Os pacientes que tomavam esse medicamento relatavam problemas gastrointestinais, pois essa liberação muito rápida causada diarréias e dor abdominal. Devido a isso, desenvolveu-se uma metformina de liberação prolongada, diminuindo os sintomas gastrointestinais - Um mesmo medicamento que possui uma versão de liberação prolongada e outra versão de liberação imediata terão o mesmo efeito farmacológico, ou seja, a mesma ação e eficácia, a única diferença são os efeitos adversos que a versão de liberação imediata pode causar LIBERAÇÃO - Ao ser administrado o fármaco encontra-se em uma forma farmacêutica (FF) a partir da qual deve ser liberado - Dependendo da FF empregada (comprimido, cápsula, suspensão, xarope, supositório, etc.) e da via de administração utilizada, esta etapa pode ser mais ou menos complexa, rápida ou completa - A liberação ocorrerá sob influência do meio biológico de aplicação (ex: pH e peristaltismo do trato gastrintestinal), principalmente para formas farmacêuticas sólidas, que necessitam desintegrar-se para então liberar a substância ativa - A finalidade desta etapa é obter uma dispersão no estado sólido do fármaco, no meio aquoso de administração - Quando um medicamento é de ação prolongada não se pode jamais fracionar o comprimido, pois isso pode acelerar a liberação do fármaco ou então inibir sua ação DISSOLUÇÃO - Esta etapa compreende a formação de uma dispersão molecular na fase aquosa, ou seja, a dissolução progressiva do fármaco, essencial para sua posterior absorção - A dissolução muitas vezes é a etapa determinante da velocidade do processo de absorção - O volume de água que é ingerido junto com o medicamento interfere na sua absorção —> a fábrica ao desenvolver o medicamento realiza seus testes com o padrão de 250mL de água - Por isso, paciente que ingerem com menos água apresentam uma menor absorção do fármaco Concentração terapêutica - Idealmente, um medicamento eficaz é aquele que possui a quantidade exata de fármaco (“chaves”) para o número de receptores (“fechaduras”) - Se um medicamento foi ineficaz é porque haviam “menos chaves” (fármaco) do que fechadura (receptores)”. Ele pode ser ineficaz por haver concentração insuficiente ou porque ele não está conseguindo penetrar no tecido alvo - Ou ainda, um medicamento pode ser eficaz em um tecido e ser ineficaz em outro (ATBs que penetram muito bem nos pulmões mas não conseguem penetrar no trato genito-urinário) - Um medicamento tóxico possui mais chaves do que fechadura - Janela Terapêutica: • É o hiato que existe entre a concentração que trata o paciente e a concentração que o intoxica • Existem medicamento que possuem uma janela terapêutica grande, ou seja, a diferença entre a dose que trata e a que intoxica é alta (ex: a dose terapêutica do paracetamol é 10-20µg/mL, já a dose para intoxicar deve ser maior que 150µg/mL - é muito difícil que alguém se intoxique por um erro; isso só irá ocorrer se há essa intenção) • Por outro lado, existem medicamentos que possuem janela terapêutica muito pequena (ex: aminofilina, digoxina, lítio e os barbitúricos - 1 ou 2 comprimidos a mais pode causar intoxicação • Em geral, medicamentos de venda livre possuem janela terapêutica grande Ação da droga após uma dose única - O medicamento é administrado e, com o passar do tempo, os níveis séricos da droga aumentam - Quando os níveis séricos ultrapassam a linha de concentração mínima eficaz (CME) o fármaco começa a fazer efeito e isso é chamado de concentração terapêutica - Os níveis sérico continuam a aumentar até atingir o nível sérico máximo da droga, quando então se inicia a eliminação da droga - Caso seja administrado muito medicamento, a concentração terapêutica pode ser ultrapassada e isso atinja a concentração tóxica Ação da droga após doses repetidas - Os níveis séricos também aumentam até atingir a concentração terapêutica - No entanto, quando os níveis séricos começam a cair, se inicia uma nova dose, o que impede que essa droga pare seu efeito - Isso vai prolongando o efeito do fármaco, até que a última dose seja tomada e a droga seja eliminada do organismo - Por isso, prescrever da forma “tomar 1 comprimido se houver dor” é errado, pois ele vai tomar um única dose, que vai retirar a dor por algumas horas, depois disso o fármaco vai sendo eliminado do organismo e o paciente volta a sentir dor, ai o paciente toma mais o comprimido, e assim repetidamente. Ou seja, o paciente vai sentindo dor intermitentemente - Agora se, por exemplo, um paciente recebeu uma sutura no PS e não refere dor. Nesse caso você pode deixar um receita pronta no caso dele sentir dor. São casos distintos FASE FARMACOCINÉTICA - Conceito: disciplina que usa modelos matemáticos para descrever e prever a quantidade dos fármacos e suas concentrações em vários fluidos do organismo e as mudanças nestas quantidades com o tempo - O estabelecimento de esquemas posológicos padrões e de seus ajustes na presença de situações fisiológicas (idade, sexo, peso, gestação), hábitos do paciente (tabagismo, ingestão de álcool) e algumas doenças (insuficiência renal e hepática) é orientado por informações provenientes da farmacocinética - Possui 4 grandes fases: • Absorção • Distribuição • Metabolização • Excreção Fração livre do Fármaco: - Quando um fármaco é absorvido, uma fração dele fica totalmente livre e outra não - O fármaco que não está ligado a nada (nenhum transportador, nenhuma enzima) é chamado de fármaco livre - Apenas ele só possui ação biológica - Ex: Muito fármacos se ligam à albumina. A fração que se liga não terá efeito terapêutico, apenas a que não se ligou - e está livre na corrente sanguínea - terá função ABSORÇÃO Fatores que Interferem na Absorção: 1. Ligados ao Fármaco: • Concentração • Coeficiente de difusão • Coeficiente de partição • Grau de ionização 2. Ligados à Administração: • Via de administração • Interação fármaco-alimento • Interação fármaco-fármaco 3. Ligados ao Organismo: • pH • Vascularização • Superfície de absorção • Permeabilidade vascular • Algumas doenças Fatores Ligados ao Fármaco - Concentração: - Cada partícula de soluto possui movimento aleatório próprio, dado pelo seu grau de agitação térmica molecular - Dependendo da diferença de concentração, o fármaco se difundirá mais ou menos, por unidade de tempo —> Leis de Flick Fatores Ligadosao Fármaco - Coeficiente de Difusão: - Representa a facilidade com que cada soluto em particular se move em um solvente determinado - Depende de três fatores: • Tamanho e forma do soluto (forma espacial) • Viscosidade do solvente • Temperatura Fatores Ligados ao Fármaco - Coeficiente de Particição: - Quanto maior a lipossolubilidade do fármaco, maior é seu coeficiente de partição e mais rápida será sua difusão Fatores Ligados ao Fármaco - Grau de Ionização: - Quem possui pH são os ambientes (pH estomacal, pH vaginal, etc) - Os medicamentos não possuem pH, e sim pKa - O valor do pKa de uma substância representa o valor de pH do meio na qual a concentração da forma ionizada é igual a concentração da forma não ionizada (50% de A- + 50% de AH) - Como a forma não ionizada é desprovida de carga, ela é a forma que atravessa a membrana celular - 3 informações são básicas: • pH do meio (“medicamentos ácidos são muito bem absorvidos em ambientes ácidos; medicamentos básicos são muito bem absorvidos em ambientes básicos”) • Se o fármaco é ácido ou básico (a maioria dos fármacos são ácidos; um exemplo de fármaco básico é o omeprazol) • pKa do fármacos - Exemplo: • O AAS é um medicamento ácido, que possui pKa = 3,5 • Ele será absorvido no estômago, que possui pH = 2 • Como nós vimos, medicamentos ácidos são bem absorvidos em meio ácidos • Logo, o AAS será bem absorvido no estômago. O que significa que haverá um deslocamento do fármaco para a forma não-ionizada (que é justamente a fração que é absorvida) • Agora vamos imaginar que o paciente tomou omeprazol, o que torna o pH do estômago = 5. Nessa situação, o AAS será menos absorvido, o que significa que houve um deslocamento para a fração ionizada - Aprisionamento Iônico: • O AAS, como foi visto, é muito bem absorvido no estômago • No entanto, ao atravessar a barreira lipídica e entrar em contato com o sangue a situação se altera • O sangue possui pH=7,4; isso significa que o AAS será deslocado principalmente para a forma ionizada, o que impede que ele seja absorvido novamente • Dessa forma, o fármaco ficou “aprisionado” na corrente sanguínea • Outro exemplo é na relação gestante-feto: o sangue da mãe possui pH diferente do sangue do feto, e por isso determinado fármaco pode ser eliminado pela mãe mas ficar aprisionado no sangue do feto - Diuerese Iônica: • Pensemos no caso da intoxicação por AAS • Uma estratégia é fazer com que esse fármaco fique aprisionado na urina; dessa forma, ele não consegue ser reabsorvido nos túbulos renais e, por consequência, acaba sendo eliminado • Para fazer isso utiliza-se bicarbonato de sódio, que aumenta o pH da urina, deslocando o AAS para a forma ionizada Fatores Ligados à Administração - Via de Administração: Fatores que determinam a escolha da via: 1. Tipo de ação desejada • Ação rápida ou ação lenta • Ex: na emergência utiliza-se a via endovenosa porque a absorção do medicamento tem que ser a mais rápida possível • No entanto, nem todo paciente hospitalizado necessita sempre da via endovenosa, se o paciente está em bom estado geral, com trato gastrointestinal conservado, utilize a via oral 2. Rapidez de ação desejada • Intravenosa………..30-60 seg • Inalação……………2-3 min • Sublingual…………3-5 min • Intramuscular……..10-20 min • Subcutânea……….15-30 min • Retal………………..5-30 min • Oral…………………30 min a 3 horas • Transdérmica..........variável (min a horas) 3. Natureza do medicamento • Cada medicamento possui suas características próprias • Existem medicamentos que só são absorvidos via intramuscular, por exemplo (a via intramuscular deve ser utilizada só em último caso. Somado a isso, existem 3 classes de medicamentos que não podem ser administrados via intramuscular: anti-inflamatórios, multivitamínicos e ATBs) Classificação das Vias 1. Enterais: intestino 2. Parenterais: “ao lado do intestino” —> via intravenosa, intramuscular 3. Tópica 4. Inalatória Metabolismo de primeira passagem - O comprimido em via oral irá primeiramente passar pelo fígado, para então ser distribuído - Isso é chamado de metabolismo de primeira passagem - O hepatócito apresenta grande importância na destruição das toxinas - As outras vias, incluindo a via sublingual, são absorvidos diretamente para a corrente sanguínea e, dessa forma, não possuem metabolismo de primeira passagem - A exceção é a via retal que é mista: metade é absorvido diretamente e a outra metade realiza metabolismo de primeira passagem Fatores Ligados à Administração - Interação Fármaco-Fármaco: - Um exemplo é a interação de medicamentos com os anti-inflamatórios - Os anti-inflamatórios diminuem a vascularização do trato gastrointestinal, isso diminui a absorção de fármacos que dependem dessa via Fatores Ligados ao Organismo - pH: - Diferentes fármacos atuam em diferentes pHs - Cada órgão possui seu pH próprio, e isso determina qual o melhor medicamento para cada situação - Além disso, existem condições patológicas que podem alterar o pH; ou ainda, condições fisiológica (ex: pH vaginal pré e pós-menopausa) Fatores Ligados ao Organismo - Vascularização: - O aumento do fluxo sanguíneo, determinado por massagens, ou aplicação local de calor, potencializa a velocidade de absorção do fármaco - Por outro lado a diminuição do fluxo sanguíneo determinado por vasoconstritores, choque ou outros fatores patológicos, pode retardar a absorção DISTRIBUIÇÃO - É a segunda etapa na fase farmacocinética - Ao ser ingerido, o fármaco é absorvido para a corrente sanguínea para então ser distribuído entre os órgãos e tecidos - O fármaco que é distribuído pelo sangue é feito principalmente pela fração ligada. Por outro lado, o fármaco que penetra nos tecidos faz isso principalmente pela fração livre - Medicamentos que agem no SNC em geral são lipofílicos, isso permite que eles passem pela barreira hemato-encefálica - Transportadores • Os grandes transportadores de fármacos são, em linhas gerais, proteínas plasmáticas • Lembrando que a porção do fármaco que se liga aos transportadores não tem efeito biológico, apenas a porção livre tem efeito • Existem 2 principais transportadores: - Albumina - A albumina é básica, logo, tende a transportar fármacos com características básicas (ex: AAS) - Situações que diminuem ou aumentam a disponibilidade da albumina podem causar problemas: • Ex: a varfarina (anti-coagulante) se liga 98% à albumina, logo sua porção livre, com efeito biológico, é de 2%. Agora imagine que o paciente toma AAS (que possui mais afinidade com a albumina do que a varfarina), logo, menos varfarina irá conseguir se ligar à albumina e isso aumenta a fração livre de varfarina, o que pode causar hemorragia • A hipoalbuminemia (sendo ela primária - causada por desnutrição - ou secundária - causada por hepatopatias e sd nefrótica) atua pelo mesmo mecanismo • Por outro lado, a hiperalbunemia diminui a fração livre, inibindo a ação do medicamento - Alfa 1 glicoproteína ácida - Como ela é ácida, se ligam a ela os fármacos básicos - Está relacionada a doenças inflamatórias, logo, resposta de fase aguda aumentam a disponibilidade de alfa 1 glicoproteína - Fatores que podem causar resposta de fase agua incluem o câncer, artrite, doença de Crohn, entre outros • Em indivíduos hepatopatas ocorrem um diminuição do transportadores de fármacos, o que aumenta a fração livre dos medicamentos, podendo levar a uma intoxicação - Ligação a tecidos - Os medicamentos podem se ligar a tecidos específicos, que servem como reservatório - Entre esses tecidos se tem: • Tecido Adiposo (Ex 1: 70% do tiopental pode estar no tecido adiposo após 3h de administração / Ex 2: atualmente, a dose de AAS prescrita deve ser calculada de acordo com o peso do paciente) • Tecido Ósseo - Volume de Distribuição (Vd) - Parâmetro farmacocinético que avalia a extensão da distribuição da substância ativa, além doplasma - É um volume hipotético de líquido no qual o fármaco está contido - Quando o Vd é pequeno, a captação pelos tecido é limitada - Já valores elevados de Vd, indicam ampla distribuição para os tecidos - Vd = Quantidade total do fármaco no organismo / concentração plasmática do fármaco - Ex: um benzodiazepínico, que é lipofílico e invade SNC, possui alta Vd (Vd=140L). Por outro lado, anti-coagulantes, que devem permanecer dentro do vaso, possui baixo Vd (Vd=0,07L - Divisão dos fármacos quanto à sua distribuição: 1. Fármacos confinados no compartimento plasmático: • São grandes, pesados e possuem alta ligação a proteínas plasmáticas • Por exemplo, a heparina, que possui Vd < 0.071 • Ou seja, a vantagem é ficar no sangue 2. Fármacos distribuídos no compartimento extra-celular: • Possuem baixa lipossolubilidade, têm dificuldade para atravessar barreiras, sendo geralmente compostos polares • Por exemplo, a gentamicina (Vd ~ 0,2 L) 3. Fármacos distribuídos por toda a água corporal: • Possuem relativa lipossolubilidade, a distribuição pode ultrapassar limites teóricos do corpo • Por exemplo, morfina, haloperidol, etanol (possuem Vd > 1,2 L) - Concluindo: • Fármacos com baixo Vd estão geralmente ligados a proteínas plasmática • Fármacos com alto Vd estão geralmente ligados a componentes teciduais (proteínas e lipídios) • Quanto maior Vd, maior a difusibilidade do fármaco • Um fármaco com menor Vd, apresenta menos efeitos adversos METABOLIZAÇÃO - O fígado é a grande máquina metabolizadora do corpo (metabolismo de 1ª passagem) Metabolização X Excreção - Metabolização: é o processo pelo qual os xenobióticos (compostos químicos estranhos a um organismo) são convertidos a metabólitos por meio de alterações químicas, geralmente sob ação de enzimas inespecíficas - Excreção: é o processo pelo qual os xenobióticos são removidos do organismo de forma quimicamente inalterada ou na forma de metabólitos Estágios do Metabolismo - Quando um fármaco passa pelo hepatócito ele pode seguir sem alteração nenhuma e ser liberado pela corrente sanguínea, ou pode: - Reações de Fase 1 (Funcionalização): • É a fase que vai tentar mudar a estrutura do fármaco que está chegando • Isso ocorre através de reduções, hidrólises e oxidações • Em geral, essas alterações podem resultar em 3 possibilidades: 1. Resultam em fármacos inativos ou menos ativos 2. Resultam em produtos, em geral, mais reativos quimicamente e, portanto, algumas vezes mais tóxicos ou carcinogênicos do que o fármaco original 3. Preparam o fármaco para sofrer a reação de fase 2 • A fase 1 faz a ativação de pró-fármacos, possibilitando que haja ação do medicamento • Basicamente, é o sistema citocromo P450 que faz a modificação na estrutura do fármaco: - Estão localizados no REL - Dentre as enzimas da familia P450, as principais são a CYP 3A4/5 (grande metabolizadora de produtos exógenos) e a CYP 2D6 (principal metabolizadora de antidepressivos) - O gene da CYP2C19 está localizado no cromossomo 10. Até agora já foram identificados 27 variantes para a CYP2C19 - Isso significa que diferentes pessoas apresentam diferentes processamentos do mesmo fármaco. Algumas dessas mutações podem resultar em perda da atividade da enzima e outras podem aumentar sua atividade. Isso explica como alguns medicamentos funcionam para certas pessoas e não funciona para outras - Reações de Fase 2 (Conjugação): • É um sistema de segurança. A fase 2 origina compostos mais polares que o original que, regra geral, não são tóxicos e são rapidamente excretados • Não realiza mudança na estrutura do fármaco, apenas liga essas substâncias com outros elementos Aspergillus - Grãos em estado de conservação ruim podem apresentar o fungo aspergillus - Fungo que produz Aflatoxinas B1 - A aflatoxina em si não causa nada, no entanto, quando ela passa pelos hepatócitos (na fase 1) ela é se torna o 2,3 epóxido de aflatoxina - O 2,3 epóxido de aflatoxina faz ligação covalente com DNA, o que favorece o aparecimento de mutagênese, teratogênese e carcinogênese Metabolizadores - Metabolizadores intermediários: são as pessoas que apresentam o efeito esperado do fármaco - Metabolizadores lentos: são as pessoas que apresentam enzimas com atividade lenda, isso acarreta em uma diminuição da metabolização, com consequente possibilidade de reação adversa - Metabolizadores rápidos: são as pessoas em que o fármaco não apresenta efeito, pois eles apresentam enzimas metabolizadoras muito rápidas - Tendo isso em vista, caso um medicamento não apresente efeito deve-se trocar por outro que seja metabolizado por outra enzima - Algumas crianças que não conseguem metabolizar paracetamol pode apresentar asma, pois o paracetamol é toxico para as vias respiratórias Metabolismo do Paracetamol - O paracetamol pode ser metabolizado por 3 caminhos: 1. Passar direto pelo hepatócito e ser excretado íntegro pelo rim 2. Ir diretamente para a fase 2 3. Passa pelo hepatócito e pela fase 1: • Nesse caso, o paracetamol é transformado em NAPQI (que é altamente tóxico) • O NAPQI é altamente reativo e, em grande quantidades, pode destruir os hepatócitos • Entretanto, na fase 2 do metabolismo o fígado liga o NPQI à glutationa, o que torna o composto bem menos reativo, permitindo que seja eliminado pela urina - Suicídio por overdose de paracetamol —> o excesso de paracetamol gera muito NAPQI, o que se liga com toda a glutationa disponível, e sobre NAPQI livre, que causa hepatite fulminante - Para evitar que o paciente com overdose de paracetamol evolua para hepatite fulminante tem que se aumentar a glutationa, no entanto, não é possível injetar glutationa porque ela não entra no hepatócito. Por isso, se utiliza N-acetilcisteína, que é um precursor da glutationa - A enzima CYP2E1 ajuda a converter paracetamol em NAPQI. O etanol aumenta a disponibilidade de CYP2E1. Por isso, não deve-se prescrever paracetamol para um paciente etilista (No entanto, o uso esporádico de paracetamol junto ao álcool não causa problema) Fatores que Alteram a Metabolização Fisiológicos - Idade - Polimorfismo (acetilação, CYP2D6, GST) - Nutrição - Espécie - Gênero Farmacológicos - Inibição enzimática - Indução enzimática Estados patológicos - Hepatopatias Interações Farmacológicas Inibição Enzimática: caracteriza-se por uma queda na velocidade de metabolização, resultando em efeitos farmacológicos prolongados e maior incidência de efeitos tóxicos do fármaco Indução Enzimática: elevação na expressão do citocromo ou na velocidade do processo enzimático, resultando em um metabolismo acelerado do xenobiótico. EXCREÇÃO - Última etapa da farmacocinética - O grande órgão excretor são os rins. No entanto, medicamento podem ser excretados por secreções externas (saliva, lágrimas, secreção nasal, suor, leite materno) fezes, pulmão Filtração glomerular - 20% do fluxo plasmático renal passa para o néfron - Tamanho e carga influenciam (albumina não atravessa) - Maioria das substâncias atravessam livremente (exceção: heparina) - Substâncias que se ligam muito às proteínas plasmáticas, a depuração por filtração fica reduzida (ex. warfarina) Secreção tubular - 80% do fluxo plasmático passam pelos capilares peritubulares - Transferência para luz tubular através de proteínas de transporte Reabsorção tubular - 99% da água filtrada é reabsorvida - Substâncias altamente polares (hidrossolúveis) permanecem no túbulo e são excretadas rapidamente - Substâncias altamente lipossolúveis são excretadas lentamente - Alteração do pH urinário pode acelerar ou reduzir a excreção de ácidos e bases (aprisionamento iônico) Excreção X Urina - Os fármacos, na sua maior parte, são removidos do corpo por meio da urina, na forma inalterada ou como metabólitos polares - As substâncias lipofílicas não são eliminadas suficientemente pelo rim - É também por isso que os fármacos lipofílicossão metabolizados, em sua maioria, em produtos mais polares – que são, então, excretados na urina Depuração - “Clearance” - Taxa de eliminação, normalizada com a concentração de um fármaco - Volume de líquido biológico que contém a quantidade do fármaco removida pelo rim (na depuração renal) ou ainda metabolizada pelo fígado (depuração hepática) na unidade de tempo - É extremamente relevante para estabelecer a dose da droga em tratamento de longo prazo - Parâmetros: creatinina e inulina Excreção Biliar e Circulação Entero-Hepática - É preciso entender que substâncias são transportadas do plasma para bile e da bile para o intestino através de transporte mediado por carreadores - Os conjugados glicuronidios concentram-se na bile, são transportados até o intestino e hidrolisados, liberando novamente a substância ativa que pode ser reabsorvida (circulação êntero-hepática), por exemplo, morfina e etinilestradiol - Há, ainda, substâncias excretadas de modo apreciável na bile: vecurônio, rifampicina. Cmáx e Tmáx - A concentração máxima (Cmax) que a substância atinge no plasma e o tempo máximo (Tmax) para aquela concentração ser atingida, são aspectos do comportamento das drogas dentro do organismo utilizados como parâmetros que definem as doses terapêuticas, as reações adversas e as intoxicações com medicamentos
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