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PROCESSAMENTO DAS INFORMAÇÕES E CIRCUITARIA NEURAL _______________________________________________________________________________________ REFERÊNCIA: Guyton e Hall 13 ed. Cap. 47 _______________________________________________________________________________________ Receptores/Transdutores Sensoriais - Nossas percepções dos sinais de dentro do nosso corpo e do mundo que nos rodeia são mediadas por um complexo sistema de receptores sensoriais, que detectam estímulos como tato, som, luz, dor, frio e calor - Transdutores recebem um tipo de informação e a convertem em outro tipo de informação - Veremos os mecanismos básicos pelos quais esses receptores transformam os estímulos sensoriais em sinais neurais - Os transdutores foram se especializando ao longo da evolução (desde de terminações livres até células especializadas que captam estímulos sonoros) - Estão distribuídos por todo o corpo, desde a superfície até a profundidade dos tecidos Características dos Transdutores Sensoriais: - Levam informações ao SNC sobre: • O estado do corpo (corpo —> SNC): • Ex: Pressão arterial, nível glicêmico, etc • Seu estado com o mundo (meio externo —>SNC): • tato • audição • visão • olfato • paladar • temperatura • dor Tipos de Receptores Químiorreceptores: - Oxigênio - pH - Moléculas orgânicas (ex: glicose) Mecanorreceptores: - Pressão (barorreceptores) - Estiramento celular (osmorreceptores) - Vibração - Aceleração - Som Fotorreceptores: - Fótons de luz Termorreceptores: - Graus variados de calor Nociceptores: - Receptores da dor Dermátomos - São regiões da superfície da pele que são enervadas por um ramo espinhal específico - Possuem uma distribuição lógica quando o corpo está na posição quadrúpede - Os dermátomos apresentam importância clínica. Por exemplo, para identificar a localização de uma hérnia de disco sabendo apenas o local em que ocorreu perda de sensibilidade Sensibilidade Diferencial dos Receptores - Cada tipo de receptor é muito sensível ao tipo de estímulo ao que ele é especializado e, ao mesmo tempo, é praticamente insensível a outros tipos de estímulos sensoriais - Isso é chamado de sensibilidade diferencial, e explica como dois tipos de receptores sensoriais detectam tipos diferentes de estímulos - Ex: os bastonetes respondem muito bem à luz, porém são insensíveis às diferenças de temperatura ou à pressão nos globos oculares Princípio das Vias Rotuladas - Cada um dos principais tipos de sensibilidade que experimentamos - dor, tato, visão etc - é chamado de modalidade sensorial - Se todos os estímulos, independente da modalidade sensorial, são convertidos em sinais elétricos, como é feita a diferenciação da sensibilidade? Ou seja, como que o tato chega ao SNC como tato e a dor chega como ao SNC como dor? - A resposta é que cada trato nervoso termina em uma área específica no córtex (ex: as fibras provenientes da retina terminam no cuneus, a área visual do cérebro) - Por isso, o que importa é o processador (área do córtex), e não o receptor - Ex: se a fibra de dor foi estimulada, o indivíduo irá sempre perceber dor, independente do tipo de estímulo que excita a fibra (o estímulo pode ser elétrico, superaquecimento, compressão, trauma, a sensação será sempre dor) Potencial Receptor - Qualquer que seja o tipo de estímulo que excite o receptor, seu efeito imediato é o alterar o potencial elétrico da membrana do receptor —> essa alteração do potencial é chamada potencial receptor - Os receptores podem ser excitados de 4 maneiras para causar um potencial receptor: 1. Deformação mecânica do receptor: distende a membrana do receptor e abre os canais iônicos 2. Aplicação de substância química na membrana: também abre os canais iônicos 3. Alteração da temperatura da membrana: altera a permeabilidade da membrana 4. Pelos efeitos da radiação eletromagnética: tais como luz no receptor visual da retina que, direta ou indiretamente, alteram as características da membrana do receptor e permitem que os íons fluam pelos canais da membrana - Note que, esses 4 meios de excitar os receptores correspondem, em geral, aos diferentes tipos de receptores sensoriais conhecidos - Em todos os casos, a causa básica da alteração no potencial de membrana é a alteração da permeabilidade da membrana do receptor, que permite que os íons se difundam mais ou menos prontamente através da membrana, alterando, desse modo, o potencial transmembrana - Potencial receptor máximo: é de 100mV. Ele ocorre apenas quando a intensidade do estímulo é extremamente alta e corresponde ao ponto em que a permeabilidade de Na+ é máxima Relação do Potencial Receptor com os Potenciais de Ação - Quando o potencial receptor se eleva acima do limiar (para desencadear potenciais de ação na fibra nervosa conectada ao receptor) ocorrem então os potenciais de ação - Observe que quanto mais o potencial receptor se eleva acima do limiar, maior fica a frequência dos potenciais de ação na fibra aferente Exemplo no Corpúsculo de Pacini - O corpúsculo de Pacini contém uma fibra nervosa que se estende por toda a sua região central. Circundando essa fibra nervosa central existem múltiplas camadas capsulares concêntricas, de modo que qualquer pressão exercida vai alongar, comprimir ou deformar de alguma maneira a fibra central - Observe a pequena área da fibra terminal que foi deformada pela compressão do corpúsculo, e note que os canais iônicos se abriram na membrana, permitindo que íons sódio com carga positiva se difundam para o interior da fibra - Esse efeito cria aumento da positividade no interior da fibra, que é o “potencial receptor” - Esse potencial receptor, por sua vez, gera fluxo de corrente, o chamado circuito local, mostrado pelas setas, que se distribui ao longo da fibra nervosa - Ao atingir o primeiro nodo de Ranvier, situado no interior da cápsula do corpúsculo de Pacini, o fluxo de corrente local despolariza a membrana da fibra desse nodo, o que, então, desencadeia potenciais de ação típicos transmitidos ao longo da fibra nervosa para o sistema nervoso central Relação entra Intensidade do Estímulo e Potencial Receptor - O gráfico abaixo mostra a variação da amplitude do potencial receptor, causada por compressão mecânica progressivamente mais forte - Observe que, com intensidades de estimulação mais altas, a amplitude do potencial gerador aumenta rapidamente no início e, a seguir, mais lentamente - Existe um limite para esse aumento de intensidade, pois o aumento da frequência do potencial de ação é limitada pelo período refratário absoluto - Um maior estímulo não vai ser traduzido só em maior frequência de potencial de ação, mas também vai fazer com que mais neurotransmissores sejam liberados - Esse princípio é extremamente importante, pois ele permite que que o receptor seja sensível à estímulos muito fracos e ainda assim não atinja a frequência máxima de disparo a não ser que o estímulo seja extremo - Essa característica possibilita que o receptor tenham ampla variedade de respostas, de muito fracas até muito intensas Adaptação dos Receptores - Outra característica de todos os receptores sensoriais é que eles se adaptam (parcial ou completamente) a qualquer estímulo constante depois de certo período - Ou seja, quando um estímulo sensorial contínuo é aplicado, o receptor responde inicialmente com alta frequência de impulsos, seguida por frequência progressivamente menor e, por fim, por frequência de potenciais de ação muito baixa ou, em geral, cessam os impulsos - Diferente receptores apresentam diferentes tempos de adaptação. Observe que o corpúsculo de Pacini se adapta muito rapidamente. Por outro lado, alguns receptores da cápsula articular e do fuso muscular se adaptam lentamente - Além do mais, alguns receptores se adaptam de modo maior que outros. Por ex, os corpúsculo de Pacini se adaptam am alguns centésimo de segundo,porém, alguns necessitam de horas ou dias para fazê-lo, razão pela qual eles são chamados de receptores que “não se adaptam” - Os quimiorreceptores e os receptores para dor provavelmente nunca se adaptam (inclusive, se um indivíduo possui dor crônica, mesmo após tirar o estímulo doloroso o paciente pode continuar a sentir a dor - memória residual da dor) Mecanismos pelos quais o Receptores se Adaptam - Esse mecanismo difere de acordo com o receptor - No corpúsculo de Pacini, ocorre por duas maneiras: 1. A força que causa o estímulo é transmitida por todo fluido. Assim, após rápida excitação, o fluido se redistribui e se torna incapaz de gerar novo potencial. Ainda, o potencial receptor surge no auge da compressão, mas desaparece em pouco tempo mesmo que o estímulo continue 2. Processo chamado de acomodação, que ocorre diretamente na fibra. Mesmo com distorção do fluido ao seu redor, a fibra para de disparar potencial de ação – o que é resultado da progressiva inativação de canais de Na+ - Esses dois mecanismos são os gerais para a acomodação de mecanorreceptores - Dessa forma, conclui-se que parte da adaptação se dá por reajuste estrutural no receptor, parte por acomodação iônica na fibra nervosa Receptores Tônicos - Os receptores de adaptação lenta continuam a transmitir impulsos para o SNC durante todo o tempo em que o estímulo estiver presente (ou pelo menos por muitos minutos ou horas) - Assim, eles mantêm o SNC informado constantemente sobre o estado do corpo e sua relação com o meio ambiente - Exemplo: os impulsos dos fusos musculares e dos aparelhos tendinosos de Golgi possibilitam que o SN seja informado constantemente sobre o estado de contração muscular e da carga sobre o tendão a cada instante - Outros receptores de adaptação lenta: aparelho vestibular, receptores da dor, barorreceptores do leito arterial e quimiorreceptores do corpo carotídeo e aórtico - Como os receptores de adaptação lenta podem continuar a transmitir informações por muitas horas, até mesmo dias, eles são chamados receptores tônicos Receptores Fásicos - Os receptores que se adaptam rapidamente, não podem ser usados para transmitir sinal contínuo, porque esses receptores são estimulados apenas quando a força do estímulo se altera - Ainda, eles reagem fortemente enquanto está acontecendo alteração de fato. Por isso, esses receptores são chamados receptores de transição do estímulo, receptores de movimento ou receptores fásicos - Dessa forma, no caso do corpúsculo de Pacini, pressão súbita aplicada aos tecidos excita esse receptor por alguns milissegundos e, em seguida, essa excitação termina mesmo que a pressão continue - Em outras palavras, o corpúsculo de Pacini é extremamente importante para informar ao sistema nervoso sobre as deformações teciduais rápidas, porém é inútil para a transmissão de informações sobre as condições constantes do corpo - Função preditiva dos receptores de taxa de variação: • Se a velocidade com que ocorre alguma alteração nas condições do organismo for conhecida, pode-se predizer quais serão essas condições em alguns segundos, ou, até mesmo, alguns minutos mais tarde • Por exemplo: os receptores dos canais semicirculares no aparelho vestibular do ouvido interno detectam a velocidade com que a cabeça começa a mudar de direção quando alguém está correndo em uma curva. Usando essa informação, a pessoa pode predizer quanto ela terá de virar nos próximos 2 segundos e pode, assim, ajustar o movimento das pernas, antecipadamente, para evitar a perda do equilíbrio • Os receptores localizados nas articulações funcionam da mesma forma Classificação das fibras nervosas - Alguns sinais precisam ser transmitidos rapidamente para o SNC ou do SNC para a periferia; pois, de outra forma, a informação seria inútil (ex: propriocepção) - No outro extremo, alguns tipos de informações sensoriais não precisam ser transmitidos rapidamente (ex: informação sobre dor prolongada) - Quanto maior o diâmetro maior a velocidade de condução - Tendo isso em vista, existe uma classificar geral das fibras nervosas: - As fibras são divididas em A, B e C, e as fibras do tipo A são ainda subdivididas em fibras alfa, beta, gama e delta • Fibras do tipo A: são as típicas fibras mielinizadas de calibres grande e médio dos nervos espinhais. Conduz a dor do tipo rápida • Fibras do tipo C: são fibras nervosas finas e amielínicas, que conduzem impulsos com baixa velocidade. Constituem mais da metade das fibras sensoriais na maioria dos nervos periféricos, bem como em todas as fibras pós-ganglionares . Conduz a dor do tipo lenta • Fibras do tipo B: intermediárias entre o tipo A e C Modulação da Intensidade - As diferentes graduações da intensidade podem ser transmitidas por 2 mecanismos: 1. Somação Espacial: • O aumento da intensidade do sinal é transmitido usando, progressivamente, número maior de fibras • Campo receptor da fibra é a área da pele que um conjunto de terminações nervosas abrange • O número de terminações no centro do campo é grande, porém diminui em direção à periferia • Pode-se também observar que as terminações de uma só fibra se sobrepõem às terminações de outras fibras. Assim, uma picada na pele, costuma estimular, simultaneamente, terminações de várias fibras para dor • Quando a picada é no centro do campo receptor o grau de estimulação dessa fibra é muito maior do que quando ocorre na periferia do campo, pois o número de terminações nervosas livres no centro do campo é maior do que na periferia • Em um estímulo fraco, apenas uma única fibra nervosa no meio do feixe é estimulada fortemente (representada pela fibra vermelha), enquanto várias fibras adjacentes são pouco estimuladas (fibras com metade vermelha) • Em estímulos moderado e forte, progressivamente mais fibras são estimuladas 2. Somação Temporal: • O outro modo de transmitir sinais com intensidade crescente é aumentando a frequência dos impulsos em cada fibra • O gráfico abaixo demonstra esse fenômeno: na parte superior está a intensidade do impulso e na parte inferior a frequência desses impulsos Transmissão e Processamento dos Sinais em Grupamentos Neuronais - O sistema nervoso central é composto por milhões de grupamentos neuronais; alguns desses grupos contêm poucos neurônios, enquanto outros têm grande quantidade de neurônios - Por exemplo, todo o córtex cerebral poderia ser considerado como um só grande grupamento neuronal. Outros grupamentos neuronais incluem os diferentes núcleos da base - Cada grupamento neuronal apresenta sua própria organização especial, que faz com que ele processe os sinais de maneira própria e única, possibilitando, assim, que as associações entre os diversos grupamentos realizem a multiplicidade de funções do sistema nervoso Organização dos Neurônios para a Transmissão de Sinais - O diagrama esquemático ao lado mostra vários neurônios em grupamento neuronal, mostrando as fibras “aferentes” à esquerda e as fibras “eferentes” à direita - Cada fibra aferente se ramifica, gerando milhares de terminações que se distribuem por grande área dentro do grupamento de neurônios, fazendo sinapses com dendritos ou corpos celulares dos neurônios desse grupamento - A área neuronal, estimulada por cada fibra nervosa aferente, é chamada campo estimulatório - Observe que grande quantidade de terminais de cada fibra aferente se situa no neurônio mais próximo de seu “campo”, e que progressivamente menos terminais se situam nos neurônios mais distantes Excitação ou Facilitação - É válido relembrar que a descarga de um só terminal pré-sináptico excitatório quase nunca provoca um potencial de ação no neurônio pós-sináptico. Ao contrário, para induzir a excitação do neurônio é necessário que grande número de terminais aferentes o estimule simultaneamente ou provoque descargas repetidas - Por exemplo, na acima, vamos assumir que seis terminais têm de descarregarquase simultaneamente para excitar qualquer um dos neurônios - Deve ser notado que a fibra aferente 1 tem quantidade suficiente de terminações para induzir uma descarga do neurônio A - O estímulo da fibra aferente 1 neste neurônio é chamado estímulo excitatório; ele também é chamado estímulo supralimiar porque ele está acima do limite requerido para a excitação - A fibra aferente 1 também contribui com terminais para os neurônios b e c, porém não são suficientes para produzir excitação. Apesar disso, a descarga desses terminais faz com que esses dois neurônios tenham maior probabilidade de ser excitados pelos sinais transmitidos por outras fibras nervosas aferentes - Assim, os estímulos para esses neurônios são ditos sublimiares, e os neurônios se encontram no estado facilitado - A figura abaixo mostra essa situação de forma mais detalhada, como se estivéssemos analisando apenas o neurônio 1 Inibição de Grupamento Neuronal - Algumas das fibras aferentes inibem os neurônios em vez de excitá-los - O mecanismo é análogo ao de cima, porém de intenção oposta - Nesse caso, a zona de atuação é chamada de zona inibitória Circuitaria Divergente - Frequentemente, é importante que os sinais fracos que entram em um grupamento neuronal promovam a excitação de grande número de fibras nervosas, que deixam esse grupamento - Esse fenômeno é chamado divergência - 2 tipos principais de divergências ocorrem e apresentam propósitos inteiramente diferentes: 1. Divergência Amplificadora (em trato único): • Significa simplesmente que o sinal aferente se espalha para número progressivamente maior de neurônios • Esse tipo de divergência é característico da via corticoespinal quando do seu controle da musculatura esquelética, quando uma só célula piramidal grande no córtex motor é capaz, de excitar número suficiente de neurônios motores que resultem na excitação de até 10.000 fibras musculares 2. Divergência em Tratos Múltiplos: • Nesse caso, o sinal é transmitido em duas direções, partindo do grupamento neuronal • Por exemplo, as informações ascendentes, transmitidas pela medula espinal até as colunas dorsais, assumem dois trajetos no tronco cerebral: (1) para o cerebelo; e (2) para o tálamo e para o córtex cerebral, pelas regiões ventrais do encéfalo Circuitaria Convergente - Convergência significa que sinais de aferências múltiplas excitam um só neurônio - 2 tipos de circuitos convergente ocorrem: 1. Convergência de Fonte Única: • Múltiplos terminais de um único trato de fibras aferentes terminam no mesmo neurônio • A importância desse tipo de convergência é que os neurônios quase nunca são excitados pelo potencial de ação de uma só terminação aferente. Entretanto, potenciais de ação provenientes de múltiplos terminais convergindo no neurônio fornecem a somação espacial suficiente para trazer o neurônio ao limiar necessário para a descarga 2. Convergência de Fontes Múltiplas: • A convergência pode também resultar de sinais aferentes de múltiplos tratos • Essa convergência possibilita a somação de informações de diferentes fontes, e a resposta resultante é o efeito somado de todos os diferentes tipos de informação • A convergência é um dos modos importantes pelos quais o sistema nervoso central correlaciona, soma e separa diferentes tipos de informações Campos Receptivos Circuito de Inibição Recíproca - Às vezes, o sinal aferente para grupamento neuronal gera sinal excitatório eferente em uma direção e ao mesmo tempo sinal inibitório na outra - Por exemplo, ao mesmo tempo em que sinal excitatório é transmitido por grupo de neurônios na medula espinal, gerando o movimento da perna para a frente, sinal inibitório é transmitido por grupo diferente de neurônios inibindo os músculos da parte de trás da perna, de modo que não se oponham ao movimento para a frente - Esse tipo de circuito é característico do controle de todos os pares de músculos antagonistas e é chamado circuito de inibição recíproca - A fibra aferente excita diretamente a via eferente excitatória, mas estimula o interneurônio inibitório (neurônio 2), que secreta substância transmissora diferente, inibindo a segunda via eferente desse grupamento Circuito de inibição lateral - O neurônio que esta na região do epicentro do estímulo pode inibir os neurônios laterais para que o estímulo fique concentrado e você saiba localizar exatamente o estímulo - A inibição ocorre ao nível da comunicação entre neurônios secundários e terciários, sendo que o neurônio principal inibe os laterais “Pós-Descarga” - Até aqui, consideramos sinais que são meramente transmitidos pelos grupamentos neuronais - Entretanto, em muitos casos, o sinal aferente para um grupamento provoca descarga eferente prolongada, chamada pós-descarga, com a duração de alguns milissegundos até muitos minutos depois que o sinal eferente tenha terminado - Os mecanismos mais importantes pelos quais a pós-descarga ocorre são descritos nas seções seguintes: 1. Pós-descarga sináptica: • Ocorre principalmente com neurotransmissores de longa ação, que permitem maior duração do potencial de ação • Assim, é possível que um único sinal eferente cause um potencial sustentado que dure por vários milissegundos. 2. Circuito reverberante: • É um dos mais importantes circuitos em todo o SN • Tais circuitos são causados por feedback positivo dentro do circuito neuronal —> o estímulo retorna excitando novamente uma aferência desse circuito • Como consequência, uma vez estimulado, o circuito pode descarregar-se repetidamente por longo período • Na prática, esse circuito é importante no aprendizado: uma informação recém adquirida fica reverberando no sistema mesmo que novos estímulos sobre essa informação não sejam gerados • Ex: quando se vai dormir com algum problema na cabeça e, ao acordar pela manhã, você lembra do problema novamente • Um exemplo patológico é quando uma região do miocárdio sofre isquemia e acaba fibrosando, a fibra nervosa que vai para essa região envia o estímulo elétrico mas, como a região está fibrosada e não conduz estímulos, esse estímulo volta por um circuito reverberante, causando arritmia Sinais Eferente Contínuos - Alguns circuitos neuronais emitem continuamente sinais eferentes mesmo na ausência de sinais aferentes excitatórios - Pelo menos dois mecanismos podem causar esse efeito: 1. Descarga neuronal contínua intrínseca • Se o potencial de membrana dos neurônios aumenta acima de certo nível limiar eles descarregam repetidamente • Os potenciais de membrana de muitos neurônios normalmente são o suficientemente altos para fazer com que produzam impulsos de forma contínua • Esse fenômeno ocorre especialmente em muitos neurônios do cerebelo, bem como na maioria dos interneurônios da medula espinal • As frequências com que essas células geram impulsos podem ser aumentadas pelos sinais excitatórios ou diminuídas pelos sinais inibitórios 2. Sinais reverberatórios contínuos • Um circuito reverberante, em que a fadiga não é suficiente para impedir a reverberação, é fonte de impulsos contínuos • Além disso, os impulsos excitatórios que entram no circuito reverberante podem aumentar o sinal eferente, enquanto a inibição pode diminuir ou até mesmo extinguir o sinal • Observe que sinal aferente excitatório aumenta muito o sinal eferente, enquanto o sinal aferente inibitório diminui muito os sinais eferentes • Os sinais de controle excitatório e inibitório não causam o sinal eferente, porém controlam seu nível de intensidade Sinais Eferentes Rítmicos - Muitos circuitos neuronais emitem sinais eferentes rítmicos (exemplo, sinal respiratório rítmico se origina nos centros respiratórios do bulbo e da ponte) - Quase todos os sinais rítmicos que foram estudados experimentalmente mostraram ser resultantes de circuitos reverberatórios ou de sucessão de circuitos reverberatórios sequenciais quefornecem sinais excitatórios ou inibitórios de grupamento neuronal para o seguinte, em via circular - Os sinais excitatórios ou inibitórios podem também aumentar ou diminuir a amplitude dos sinais eferentes rítmicos - O gráfico ao lado, por exemplo, mostra alterações no sinal eferente respiratório no nervo frênico - Quando o corpo carotídeo é estimulado pela redução do oxigênio arterial, tanto a frequência quanto a amplitude do sinal rítmico respiratório eferente aumentam progressivamente Instabilidade e Estabilidade de Circuitos Neuronais - Quase todas as regiões do encéfalo se conectam, direta ou indiretamente, com todas as outras regiões, o que cria um problema sério - Se a primeira região excita a segunda, a segunda excita a terceira, a terceira excita a quarta, e assim por diante, até que, por fim, o sinal excita novamente a primeira região, fica claro que o sinal excitatório que chegue em qualquer região do encéfalo desencadearia ciclo contínuo de reexcitação de todas as regiões - O gráfico ao lado, por exemplo, mostra a l terações no s inal eferente respiratório no nervo frênico - Quando o corpo carotídeo é estimulado pela redução do o x i g ê n i o a r t e r i a l , t a n t o a frequência quanto a amplitude do sinal rítmico respiratório eferente aumentam progressivamente - Se esse ciclo ocorresse, o sistema nervoso seria inundado por massa de sinais reverberantes - Efeitos como esse ocorre em amplas áreas encefálicas durante as convulsões epilépticas - O sistema nervoso impede que isso ocorra através de 2 mecanismos: 1. Circuitos Inibitórios • Uma maneira são os circuitos inibitórios de feedback negativo • Assim, há um retorno inibitório da informação para o neurônio de 1ª ordem excitado (ex.: vias sensitivas) • Outra forma é a ação inibitória de grupos neuronais em outras áreas encefálicas, como os núcleos da base no sistema de controle motor 2. Fadiga Sináptica • A fadiga sináptica significa simplesmente que a transmissão sináptica fica progressivamente mais fraca quanto mais prolongado e mais intenso for o período de excitação • A gráfico abaixo mostra três registros sucessivos de reflexo flexor. Observe, em cada registro, que a força de contração “diminui” progressivamente • Além disso, quanto mais curto o intervalo entre reflexos flexores sucessivos, menor a amplitude da resposta reflexa subsequente • Isso ocorre muito devido à depleção das vesículas sinápticas • Assim, receptores hiperutilizados têm sua sensibilidade diminuída, enquanto hipoutilizados têm sensibilidade aumentada • Isso é importante na modulação a curto prazo da sensibilidade e mantém os circuitos em faixa de sensibilidade na qual têm função efetiva Alterações a Longo Prazo na Sensibilidade Sináptica - A sensibilidade sináptica de longo prazo pode ser mudada expressivamente por up-regulation (aumento) no caso de hipoatividade ou down-regulation (diminuição) de receptores em casos de hiperatividade - Proteínas receptoras são constantemente formadas pelo aparelho de Golgi e RER e inseridas na membrana - Entretanto, quando sinapses ocorrem em excesso, há excesso também na combinação transmissor-receptor, e muitos desses receptores passam a ser inativados e removidos - Esse mecanismo é importante pois ajusta a sensibilidade de cada circuito a um nível de função adequada e controlável
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