Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PROCESSOS INDUSTRIAIS FORNOS E INCINERADORES 1 1. Combustão A combustão é uma reação química, exotérmica no qual um material combustível (sólido, líquido ou gasoso) se combina com um material comburente (oxigênio), liberando energia em forma de calor e energia luminosa. Para iniciar uma reação de combustão precisamos obter o triângulo do fogo, representado ao lado. Contudo, para que uma reação de combustão se mantenha, é necessário que se forme uma reação em cadeia que só pode ser mantida com a existência da seguinte condição: Temperatura + Tempo + Turbulência 2. Combustível Combustível é toda substância que, ao se combinar quimicamente com uma substância comburente (normalmente o oxigênio), produz uma reação com desprendimento de calor (exotérmica). Inúmeras substâncias possuem essas propriedades, entretanto, apenas algumas possuem valor comercial para serem considerados combustíveis industriais. Normalmente, essas substâncias ou materiais são compostos por elevados teores de carbono e por menores porcentagens de hidrogênio (podendo ainda estar combinados com oxigênio, nitrogênio e enxofre), denominados de hidrocarbonetos. Este processo também pode ser utilizado para a oxidação de compostos inorgânicos como por exemplo o gás sulfídrico, que é um gás de odor desagradável porém não deve ser utilizado para compostos clorados, devido aos produtos de combustão formados. 2.1. Estado físico dos combustíveis Os combustíveis podem ser obtidos in natura (nos ambientes naturais) ou purificados a partir de processos de transformação. Distinguem-se os tipos de combustíveis de acordo com o estado físico da substância, podendo ser sólidos, líquidos ou gasosos. Sólidos: o Exemplos: carvão, carvão vegetal, carvão mineral (hulha), coque de petróleo, coque de carvão mineral, madeira, cavaco etc. Líquidos: o Exemplos: óleo diesel, gasolina, querosene, álcool, nafta, óleo combustível, óleos combustíveis ultraviscosos etc. PROCESSOS INDUSTRIAIS FORNOS E INCINERADORES 2 Gasosos: o Exemplos: gás natural que compreende hidrocarbonetos gasosos, frações do petróleo (metano, etano, propano, butano etc.), GLP (derivado do refino do petróleo), gás de aciaria (derivado do processo siderúrgico), hidrogênio, monóxido de carbono etc. 2.2. Poder Calorífico É à quantidade de energia liberada na combustão de 1 Kg de combustível, expressa em Kcal. Seu valor depende da qualidade do combustível. Os mais ricos, são aqueles de maior poder calorífico. Apresentamos abaixo os exemplos mais comuns: Combustível Poder Calorífico (Kcal/Kg) Lenha de eucalipto – umidade 30% 3.160 Lenha de Eucalipto – umidade 50% 2.260 Óleo Combustível 10.200 Bagaço de Cana – umidade 50% 2.200 3. Ar de combustão O ar é uma mistura de Oxigênio, Nitrogênio, e uma parcela insignificante de outros gases. Sua composição é: % em Massa % em Volume Oxigênio 23 21 Nitrogênio 77 79 4. Produtos da Combustão São os gases resultantes da reação do Carbono e Hidrogênio do combustível, com o oxigênio do ar. O Nitrogênio que acompanha o Oxigênio não participa da reação, misturando-se com os gases resultantes. C + O2 => CO2 + energia 2H2 + O2 => 2H2O + energia Chamamos de combustão estequiométrica, aquela em que todo o Oxigênio do ar fornecido participa da reação. Nos processos reais de combustão é sempre necessário fornecer uma quantidade maior do que a estequiometricamente requerida para que a combustão se complete. Temos assim, a combustão com excesso de ar de 10%, 15%, 30% e assim por diante. Quanto mais baixo o excesso de ar, mais eficiente é o processo. O excesso de ar é determinado pelas características do combustível, o equipamento utilizado em sua queima e da carga relativa no momento da operação. PROCESSOS INDUSTRIAIS FORNOS E INCINERADORES 3 Temos então a seguinte composição dos gases obtidos na combustão:- CO2 – resultante da reação do carbono do combustível. H2O – resultante da reação do hidrogênio do combustível. N2 – introduzido junto com o ar de combustão. O2 – Sobra de oxigênio devido ao excesso de ar. Podemos observar que, quanto menor o excesso de ar utilizado, menor será o teor de O2 e maior de CO2. Por isto utilizamos medidores de teor de CO2 e O2 dos gases, como forma de aferir o excesso de ar e a qualidade da combustão. Existem situações em que a combustão se processa de forma incompleta, produzindo CO (Monóxido de Carbono), e partículas muito finas de combustível não queimado, caracterizado pela fumaça preta. Deve-se em geral a inadequabilidade do sistema de queima para carga e combustível utilizado. A qualidade da combustão depende dos seguintes fatores: Um sistema de queima adequado ao combustível utilizado, que crie condições de obtenção de uma combustão completa, com baixo excesso de ar. Operação bem conduzida, fornecendo uma quantidade de ar não maior que a requerida para a boa combustão. O tamanho das partículas de combustível (quanto menor mais facilmente se combinam com o ar) A umidade do combustível A quantidade de ar. A quantidade de combustível. A temperatura do ar. A Relação de distribuição entre ar e combustível. A avaliação da qualidade da combustão começa pela tonalidade da fumaça da chaminé: Fumaça escura: combustão incompleta. Fumaça transparente: alto excesso de ar. Fumaça cinza: boa combustão. Fumaça Escura Fumaça Transparente PROCESSOS INDUSTRIAIS FORNOS E INCINERADORES 4 Existem instalações em que os gases são tratados, antes de serem lançados na chaminé, para controle de poluição. Neste caso a fumaça não é visível e sua avaliação deve ser feita por meio de aparelhos de medição especiais. 5. Controle da combustão Em fornos e caldeiras a combustão ocorre de forma “controlada”, atendendo a determinados parâmetros relacionados com a temperatura, o tamanho das partículas do material, a formação da mistura inflamável e mesmo o posicionamento correto dos Queimadores. No processo de combustão, a mistura do combustível com o ar é fundamental para a performance dos queimadores. Assim, um dos fatores mais importantes para a obtenção da melhor mistura entre combustível e oxigênio é, exatamente, o tamanho adequado das gotículas. No caso de queima de óleos combustíveis, este processo é incrementado na mistura através da sua atomização. Atomizar, na prática, significa produzir um spray. Esse processo consiste na subdivisão do líquido combustível em gotas suficientemente pequenas para facilitar a formação da atmosfera inflamável. Para isso, é preciso controlar, também, a viscosidade do óleo pela temperatura, mantendo a sua viscosidade entre 20 a 40 Centistokes. Outro fator determinante na atomização é a proporção entre óleo e vapor, uma vez que os queimadores são dimensionados para vazões de vapor de cerca de 25% em peso. Para garantir uma boa atomização é mais recomendado atuar, na temperatura do óleo, para evitar que o excesso de vapor de atomização possa acarretar o apagamento da chama por abafamento ou por descolamento. A atomização do combustível deverá ser associada, também, com a turbulência do ar de modo a promover uma boa mistura do líquido pulverizado com o ar de combustão, provocando sua queima total e evitando a formação de fuligem. Esta turbulência é obtida pela correta regulagem e posicionamento do difusor e turbilhonador. Outro aspecto a ser considerado é a intensa recirculação de chama que, associado ao tamanho excessivo das gotículas, promove a formação de depósitos de fuligem no queimador, com consequente entupimento dos bicos queimadores. 6. Fornos Os fornos são equipamentos sujeitos à chama que têm o objetivo de transferir e conservar o calor em temperaturas consideravelmente elevadas paraa aplicação em diversos tipos de processos que exijam a transformação química ou física por ação do calor. Eles têm como finalidade o fornecimento de energia térmica, produzida pela queima de combustíveis, ao fluido que circula em uma serpentina de tubos no seu interior. 7. Tipos e concepções de fornos Existe uma grande variedade de concepções de projetos de fornos. Isto pode ser explicado pelo fato de que os projetos ou modelos existentes são feitos sob encomenda para atender condições de processo específicas. PROCESSOS INDUSTRIAIS FORNOS E INCINERADORES 5 Abaixo apresentamos em corte (vista transversal) alguns dos tipos mais comuns de fornos. Forno cilíndrico vertical sem convecção Forno cilíndrico helicoidal vertical sem convecção Forno tipo Cabine Forno cilíndrico vertical com convecção integral Forno tipo Caixa 7.1. Fornos verticais Nestes fornos, os tubos das serpentinas, são dispostos verticalmente, podendo ser de forma cilíndrica ou retangular. As concepções também podem ser do tipo: cilíndrico vertical sem convecção ou cilíndrico vertical com convecção. Nestes tipos de fornos a queima se processa, na maioria dos casos, de baixo para cima, sendo o queimador instalado no centro do piso refratário do forno. PROCESSOS INDUSTRIAIS FORNOS E INCINERADORES 6 7.1.1. Forno cilíndrico vertical sem convecção Configura um projeto de baixa eficiência térmica, no qual os tubos das serpentinas são dispostos verticalmente ao longo da superfície cilíndrica da câmara de radiação. A queima se processa de baixo para cima e os queimadores são dispostos no bloco refratário na região do piso da fornalha. Esta concepção é muito usual e restrita para fornos de baixa carga térmica e fornos de operação intermitente. 7.1.2. Forno cilíndrico helicoidal vertical sem convecção Neste tipo de forno, a serpentina tem a forma helicoidal e fica disposta ao longo da superfície cilíndrica da câmara de radiação, também de baixa eficiência. A queima, neste caso, também se processa de baixo para cima e os queimadores estão dispostos no bloco refratário na região do piso da fornalha. 7.1.3. Forno cilíndrico vertical com convecção Nos fornos desse tipo, os tubos das serpentinas são dispostos verticalmente ao longo da superfície cilíndrica da câmara de radiação. A seção de convecção apresenta a configuração de tubos horizontais, e está montada imediatamente acima da seção de radiação. Esta concepção resulta numa alta eficiência do forno, conseguindo se obter potências térmicas mais elevadas, ocupando menor espaço físico. A queima, como nos casos anteriores, se processa de baixo para cima e os queimadores são dispostos no bloco refratário, na região do piso da fornalha. 7.2. Forno tipo cabine com tubos horizontais Esta é uma concepção de forno de alta potência, muito usual em refinarias de petróleo e nas petroquímicas. Os tubos são dispostos horizontalmente ao longo da superfície interna das paredes laterais e do teto inclinado da câmara de radiação. A seção de convecção contém tubos dispostos horizontalmente e está montada imediatamente acima da seção de radiação, estendendo-se ao longo do comprimento do forno. Os queimadores, em número variável (conforme a potência térmica do forno), são dispostos no piso refratário do forno e a chama também se propaga de baixo para cima. 7.3. Forno tipo caixa em dupla câmara com tubos verticais Esta concepção de forno também é muito usual em refinarias de petróleo e indústrias químicas e petroquímicas. Neste tipo de forno existem duas câmaras de radiação e os tubos são dispostos verticalmente ao longo da superfície interna das paredes laterais e do teto inclinado da câmara de radiação. A seção de convecção contém tubos dispostos horizontalmente e está montada imediatamente acima da seção de radiação, se estendendo ao longo do comprimento PROCESSOS INDUSTRIAIS FORNOS E INCINERADORES 7 do forno. Nesta configuração, os queimadores, em número variável (conforme a potência térmica do forno), se distribuem nas paredes refratárias laterais, em ambas as câmaras do forno, e a chama também se propaga horizontalmente. 8. Principais componentes dos fornos Um forno contém diversos tipos de componentes, tais como: a estrutura de sustentação, painéis laterais, tetos, materiais refratários e isolantes, tubos da serpentina, sopradores de fuligem (ramonadores), chaminé, abafadores e queimadores. 8.1. Estrutura e painéis laterais A estrutura de um forno tem a finalidade de sustentar o peso do forno. Também deve ser capaz de manter os demais componentes, apesar do calor produzido. Assim, os painéis laterais, além de servirem de apoio aos materiais isolantes refratários, devem garantir a estanqueidade do forno e resistir aos esforços devido aos ventos. As chapas metálicas que compõem os painéis laterais são de aço-carbono, reforçadas com vigas para evitar empenamentos. O revestimento interno dos painéis laterais, piso e teto dos fornos é constituído por dois tipos básicos de materiais: refratários e isolantes. 8.2. Refratários e isolantes Tecnicamente, podemos definir um material refratário como aquele, geralmente não metálico, que é capaz de suportar temperaturas elevadas sem se deformar (ou fundir), desde que seguidas as condições específicas de uso. Por outro lado, um material isolante térmico é aquele capaz de dificultar a transferência de calor entre duas regiões submetidas a diferentes temperaturas. A partir dessas definições podemos perceber que os materiais refratários e isolantes são materiais distintos e é impossível obtermos um material com as características comuns aos dois. Os painéis laterais, o piso e o teto dos fornos são revestidos internamente com materiais que têm as seguintes finalidades: Redirecionar o calor não absorvido pelos tubos para o interior da câmara de combustão; Isolar a câmara de combustão das chapas metálicas externas; Evitar perdas de calor para o exterior; Evitar que os gases de combustão, que normalmente contém gases sulfurosos, atinjam a chaparia metálica, onde poderiam provocar corrosão ácida pela condensação do vapor d’água presente nos gases de combustão. Genericamente, para alcançar os objetivos propostos acima, os materiais utilizados devem apresentar as seguintes propriedades: PROCESSOS INDUSTRIAIS FORNOS E INCINERADORES 8 Resistência mecânica a altas temperaturas, sem fundir ou quebrar; Resistência a choques térmicos, sem desintegrar ou quebrar; Resistência mecânica, para enfrentar vibrações, expansão e contração da estrutura; Resistência à erosão, provocada por partículas finas em alta velocidade, presentes nos gases de combustão; Resistência a ataques químicos, pois cinzas contendo óxidos de vanádio e de sódio reagem com os materiais refratários, fundindo-os ou fragilizando-os; Baixa permeabilidade aos gases de combustão; Baixa condutividade térmica. Observando a tabela abaixo, verifica-se que um único material não é capaz de associar o conjunto das propriedades citadas, isto é, ele não poderá ser, ao mesmo tempo, plenamente refratário e isolante térmico. Propriedades Refratários Isolantes Peso Específico ≥ 1,7 (muito denso) ≤ 1,0 (pouco denso) Condutividade Térmica alta baixa Segundo a tabela, um material para atender a uma elevada resistência mecânica e química deverá ser significativamente denso e portanto terá uma elevada condutividade térmica, ou seja, não será plenamente isolante. Para ter baixa condutividade térmica, o material deverá apresentar uma alta porosidade, contudo, materiais porosos não são suficientemente resistentes quimicamente para serem usados em contato direto com a face quente dos fornos. Isto só será possível através do usocombinado desses dois diferentes tipos de materiais, tornando necessária a utilização de uma camada dupla de materiais refratários (densos) e materiais isolantes (porosos). Quanto à forma de apresentação, os materiais refratários podem ser classificados em: Materiais pré-formados ou moldados (tijolos): o São materiais cerâmicos que, embora sejam confeccionados em diversos formatos, sáo utilizados nos fornos sob a forma de tijolos para revestimento de paredes, pisos e chaminés. Este tipo de material é especialmente indicado para serviços em altas temperaturas. Materiais moldáveis ou não formados: o Estes materiais não apresentam forma física definida, sendo fornecidos como materiais plásticos (modeláveis), argamassas, massas de socar, concretos refratários e materiais fibrosos tais como mantas ou fibras cerâmicas. Podem ser utilizados para conformar estruturas que seriam complexas para serem produzidas com tijolos de formato geométrico. São especialmente interessantes para reformas e reparos. 8.3. Tubos da serpentina A serpentina de tubos é um dos itens mais importantes e caros de um forno. Consiste em um número de tubos ligados em série por uma conexão de 180º de modo que o PROCESSOS INDUSTRIAIS FORNOS E INCINERADORES 9 mesmo possa ser removido para permitir sua limpeza interna. Todos os tubos da serpentina não devem possuir emendas ao longo do seu comprimento. Os tubos necessitam de suportes presos às paredes laterais, piso e/ou teto de modo a garantir: Transmissão das cargas de peso da serpentina para a estrutura do forno, minimizando as tensões impostas aos tubos; Livre dilatação térmica da serpentina; Manutenção das distâncias e espaçamentos previstos pelo projeto térmico do forno. Este sistema de sustentação é composto de suportes e guias que, normalmente, estão em contato direto com os gases de combustão e, por isso, estão sujeitos a temperaturas de operação mais elevadas que a dos tubos, já que não são refrigerados pelo fluido em escoamento. 8.4. Tubos da radiação Os tubos da zona de radiação devem ser sempre lisos de modo a não promover a formação de pontos de superaquecimento que acarretariam a falha prematura dos materiais. Esses fenômenos podem ocorrer quando há a utilização de tubos com superfície estendida em uma região onde as taxas de absorção de calor são muito altas. O diâmetro dos tubos oscila de 2” a 10”, em função da vaporização que ocorre no interior dos tubos. O comprimento usual é de 12 a 18m para tubos horizontais e 6m para tubos verticais. Aço-carbono deve ser utilizado quando a possibilidade de corrosão é relativamente pequena. 8.5. Tubos da convecção A área de troca de calor necessária na seção de convecção é controlada pelo coeficiente de película no lado dos gases de combustão que é calculado baseado nas características do fluído, na geometria das faces de troca térmica, e nas propriedades do fluído. Para aumentar a área de troca de calor por comprimento linear de tubo são usados tubos com superfície estendida por aletas ou por pinos. Os pinos são utilizados em fornos que queimam óleo combustível, pois há maior tendência de formação de fuligem e os tubos pinados são mais fáceis de serem limpos do que os aletados. Tubos lisos são utilizados apenas na região de transição entre as zonas de radiação e convecção, isto é, nas duas ou três primeiras filas da zona de convecção, por estarem sujeitos a razoáveis taxas de transferência de calor por radiação. Tais tubos são conhecidos como tubos escudos ou de proteção. Enquanto na zona de radiação os tubos são espaçados para se conseguir uma melhor transferência de calor, na zona de convecção são arranjados mais próximos e em disposição triangular, de forma a se obter uma maior velocidade dos gases de combustão e, por conseguinte, uma maior transferência de calor. PROCESSOS INDUSTRIAIS FORNOS E INCINERADORES 10 8.6. Queimadores Os queimadores são componentes que têm a função de: Liberar combustível e ar para a câmara de combustão; Promover a mistura do combustível com o ar; Permitir condições para a queima contínua do combustível (combustão estável); Pulverizar e vaporizar o combustível (no caso de combustíveis líquidos). Uma das principais características de um queimador é a faixa operacional na qual realiza satisfatoriamente suas funções. Essa faixa pode ser definida pela relação entre as vazões máxima e mínima de combustível. Esta razão é uma constante que caracteriza cada tipo de queimador, definindo sua versatilidade e campo de aplicação. A capacidade máxima de um queimador é limitada pelo descolamento e extinção da chama (blow-off), que ocorre quando a velocidade da mistura combustível/ar torna-se maior que a velocidade de propagação da chama. A capacidade mínima de um queimador é limitada pelo fenômeno conhecido como flash-back, resultante do retorno da chama na direção do queimador. Este processo ocorre quando a velocidade de propagação da chama é maior que a velocidade de propagação da mistura ar/combustível. Os queimadores podem ser de dois tipos: Simples: queimam unicamente gás ou óleo combustível; Combinado ou misto: podem queimar óleo e/ou gás combustível. Os componentes principais de um queimador são o bloco refratário e o maçarico. O bloco refratário é um conjunto de tijolos isolantes que forma o conduto por onde a chama do maçarico se propaga para a câmara de combustão. Possui a finalidade, devido ao seu formato, de proporcionar uma mistura mais homogênea entre o combustível e o ar. Também ajuda na ignição do combustível ao receber e transmitir o calor da chama, contribuindo para aumentar a eficiência da combustão. O ar primário é admitido próximo ao bico do maçarico em queimadores do tipo simples. Na parte inferior do bloco refratário, situam- se as entradas de ar secundário (portinholas e virolas), que são usadas para o ajuste da queima e controle do comprimento da chama. PROCESSOS INDUSTRIAIS FORNOS E INCINERADORES 11 8.7. Chaminé e abafadores A chaminé é um dos componentes mais importantes da estrutura de fornos em que há a queima de combustíveis. Suas principais finalidades são: Promover a retirada dos gases do interior do forno a fim de manter sob controle a temperatura interna no equipamento; Lançar os gases de combustão a uma altura que não traga problemas ecológicos na região; Permitir que, por diferença de densidade, os gases, ao subirem, succionem o ar para combustão; Manter todo o forno com pressões levemente negativas, a fim de evitar fugas de gases através das paredes e consequente aquecimento da estrutura do forno. A função do abafador da chaminé (dumper) é ajustar o perfil do escape dos gases, controlando a remoção, a pressão e, indiretamente, o excesso de ar no forno. 8.8. Sopradores de fuligem (Ramonadores) Os gases de combustão do óleo combustível, ao passarem pela região de convecção (geralmente formada por tubos de superfície estendida do tipo pinado) tendem a deixar depósitos que podem prejudicar sensivelmente a transferência de calor. Os principais constituintes destes depósitos são enxofre, vanádio, sódio e cinzas (os principais responsáveis pela alta taxa de deposição). O método mais usual de remover tais depósitos é o uso de jatos de vapor d’água sobre a superfície dos tubos. Os tipos de sopradores de fuligem são: Rotativo-fixos: o Apresentam uma lança com múltiplas perfurações instalada de forma fixa na seção de convecção. A lança é uma projeção do soprador, que acionada por uma válvula mecânica e um motor de acionamento, gira automaticamente, abrindo e fechando uma válvula de suprimento de vapor. Este tipo apresenta baixo custo e é normalmente utilizado quando a temperatura dos gases é baixa. Seu raio de atuação é de cerca de três filasde tubos. Retráteis: o Diferem dos anteriores quanto à lança que permanece fora do interior da seção de convecção quando não está em uso. A lança é provida de duas perfurações de diâmetro maior que as existentes ao longo da lança tipo fixo. Apresentam alto custo e maior eficiência que os sopradores fixos. Seu raio de atuação é de cerca de quatro filas de tubos. PROCESSOS INDUSTRIAIS FORNOS E INCINERADORES 12 9. Incineradores São equipamentos destinados a promover, de forma adequada e eficiente, a queima dos combustíveis. 10. Tipos de Incineradores Três tipos básicos de equipamentos são utilizados para a incineração de gases e vapores: Incinerador de chama direta (incinerador térmico) Incinerador catalítico Flare (incineração auto sustentável) 10.1. Incinerador Térmico Este incinerador consiste basicamente em uma câmara de combustão onde os gases ou vapores a serem queimados entram em contato com os gases quentes provenientes da queima de um combustível auxiliar. A incineração em uma câmara de combustão já existente, na qual existe um outro uso principal, como é o caso da utilização de câmaras de combustão de caldeiras, enquadra-se como incinerador de chama direta. PROCESSOS INDUSTRIAIS FORNOS E INCINERADORES 13 Os parâmetros operacionais e de projeto dos incineradores térmicos, de ordem prática são: Tempo de residência na câmara: 0,3 a 2,0 segundos; Temperatura de Operação: 650 a 1.100°c; Velocidade do gás na câmara: 6 a 12 m/s. 10.1.1. Recuperadores de calor Deve-se utilizar sempre um trocador de calor para diminuir o consumo de combustível auxiliar, pois seu custo pode inviabilizar o uso de incineradores térmicos. Abaixo é mostrado o fluxo dos poluentes num sistema de incineração com recuperação de calor. Existem dois modelos de Incineradores Térmicos com recuperadores de calor: Recuperativo; Regenerativo. PROCESSOS INDUSTRIAIS FORNOS E INCINERADORES 14 10.1.1.1. Incinerador Térmico Recuperativo É o mais comumente utilizado. Este tipo de recuperador utiliza o calor dos gases de exaustão para pré-aquecer o ar de combustão. Integra trocador de calor (recuperador) que pode proporcionar economia de gás, superior a 30%. Ao passar pelo corpo do queimador, o ar de combustão começa a ganhar temperatura, ao mesmo tempo em que mantém a parede externa refrigerada. Segue então ao longo do interior do recuperador de calor, aumentando sua temperatura. Ao mesmo tempo em que o ar de combustão é aquecido pela face interna do recuperador, os gases quentes residuais de exaustão aquecem a face externa deste e posteriormente são descartados para a atmosfera. A reação de combustão do gás com o ar pré-aquecido é feita de forma estagiada, obtendo-se grande eficiência e baixo nível de poluentes, como monóxido de carbono (CO) e óxidos de nitrogênio (NOx). 10.1.1.2. Incinerador Térmico Regenerativo (Regenative Thermal Oxidiers, RTO) Desenvolvido mais recentemente, consiste de um conjunto de três reatores que abrigam um leito de cerâmica abaixo da câmara de combustão onde ocorre a oxidação dos solventes. O calor produzido na combustão destes gases é acumulado neste leito cerâmico que pré aquece os gases na entrada do equipamento devido a eficiente transferência térmica entre os gases de entrada e saída. PROCESSOS INDUSTRIAIS FORNOS E INCINERADORES 15 Este incinerador apresenta diversas vantagens quando comparado ao sistema convencional: Maior eficiência térmica podendo eliminar quase 100% do VOC’s (o sistema convencional elimina em torno de 98%); Economia de combustível em torno de 20 a 30%; Baixa perda de carga através do corpo do queimador e regenerador, mesmo operando com o ar de combustão em altas temperaturas; Baixo consumo de energia elétrica do motor do ventilador de ar de combustão. Facilidade de adequação aos sistemas para operação com gás natural ou gases de processos. Abaixo é mostrado uma tabela com as temperaturas utilizadas em incineradores térmicos para controle de odor. 10.2. Incinerador Catalítico O incinerador catalítico consiste basicamente de uma câmara que contém o catalisador, usualmente num suporte cerâmico, que promoverá a oxidação do poluente. A incineração catalítica necessita de temperaturas mais baixas quando comparada com a incineração com chama direta mas na maioria dos casos há a necessidade de uma câmara de pré aquecimento. Os catalisadores mais comumente utilizados são feitos de metais e óxidos metálicos (platina, paládio, rutênio). Ele aumenta a velocidade da reação e não é modificado pelo processo de combustão que ocorre, sem chama, em sua superfície. PROCESSOS INDUSTRIAIS FORNOS E INCINERADORES 16 A temperatura na entrada do leito catalisador está na faixa de 340ºc a 540ºc. A eficiência do incinerador catalítico é deteriorada com o tempo de uso e com os gases que por ele passam e pode variar desde alguns meses até vários anos. Substâncias que entopem o catalisador (resinas) devem ser evitadas. PROCESSOS INDUSTRIAIS FORNOS E INCINERADORES 17 A principal vantagem do incinerador catalítico sobre o incinerador de chama direta é o baixo custo operacional devido a menor quantidade de combustível auxiliar requerida. Como desvantagem temos menor eficiência e a disponibilidade do catalisador no mercado interno. 10.3. Flare A palavra de origem inglesa que significa chama instável deu o nome a este equipamento devido as variações bruscas de forma e intensidade em sua chama. O Flare é utilizado em diversos tipos de plantas industriais tanto on-shore como off- shore: química, petroquímicas, siderúrgicas, aterro sanitários, estações de tratamento de esgoto entre outras. O flare em uma planta industrial é um equipamento pouco divulgado mas de fundamental importância para segurança do site e do meio ambiente. Cada flare tem seu projeto próprio, adaptado às condições a que deverá atender enfocando sempre a relação do custo e beneficio e que deve levar em consideração uma serie de fatores como sua localização, a área disponível, a velocidade do vento, o nível de ruído, a sua posição, a radiação térmica emitida, dentre outros. O sistema de flare deve ser visto como o sistema de segurança final nas unidades industriais, evitando que, devido a situações de anormalidades, a pressão no interior das linhas e equipamentos ultrapassem os valores máximos admissíveis de operação. A operação consiste em conduzir gás por uma tubulação vertical, na qual na ponta se queima o gás, formando uma chama oscilante de grande intensidade de calor. O Flare normalmente é formado por três componentes, a chaminé (stack), o selo (seal) e o queimador (tip). O sistema geralmente contém outros elementos adicionais como o vaso de separação de liquido (knock-out drum) e o vaso de selagem hidráulica (water Seal) e se completa com alguns componentes auxiliares como chama piloto, ignitores, retentores de chama, instrumentação de controle, válvulas de segurança e rede de alivio de pressão.
Compartilhar