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Ana Victória Barbosa – M7 OSTEOPOROSE INTRODUÇÃO A osteoporose (OP) é uma doença esquelética crônica caracterizada pela baixa massa óssea e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, afetando milhões de pessoas, causando alto risco de fraturas e perda da qualidade de vida. O diagnóstico pode ser feito baseado na ocorrência de fraturas sem trauma significativo ou na baixa densidade mineral óssea medida pela densitometria óssea (DXA). Esse método, considerado o exame padrão-ouro, diagnostica precocemente a OP. É de grande exatidão e precisão, exigindo conhecimento técnico específico para sua realização. DEFINIÇÃO Osteoporose é um distúrbio esquelético crônico e progressivo, de origem multifatorial, que acomete principalmente pessoas idosas, tanto homens quanto mulheres, geralmente após a menopausa. Caracteriza-se por resistência óssea comprometida, predispondo ao aumento do risco de fratura, à dor, à deformidade e à incapacidade física. A resistência óssea reflete a integração entre densidade e qualidade óssea, que, por sua vez é determinada por vários fatores: microarquitetura trabecular interna, taxa de remodelamento ósseo, macroarquitetura, acúmulo de microdanos, grau de mineralização e qualidade da matriz. É comum conceituar OP como sendo sempre o resultado de perda óssea. Entretanto, uma pessoa que não alcançou seu pico máximo durante a infância e a adolescência, por desnutrição, doenças disabsortivas ou anorexia nervosa, por exemplo, pode desenvolver OP sem ocorrência da perda óssea acelerada. Portanto, otimizar o pico de massa óssea na infância e na adolescência é tão importante quanto a perda óssea no adulto. CLASSIFICAÇÃO Primária tipo I - Predominantemente em mulheres, associada à menopausa; - Perda acelerada do osso trabecular; - Fraturas vertebrais comuns; Primária tipo II - Ocorre tantoem mulheres quanto em homens idosos - Compromete os ossos cortical e trabecular - Ocorrência de fraturas vertebrais e de fêmur Secundária - Endocrinopatias (tireotoxicose, hiperparatireoidismo e hipogonadismo); - Fármacos (glicocorticoides, antiácidos contendo alumínio, hormôniotireoidiano, anticonvulsivantes, ciclosporina A); - Doenças genéticas (osteogenesis imperfecta); - Artrite reumatoide; - Doenças gastrintestinais; - Transplante de órgãos; - Imobilização prolongada; - Mieloma múltiplo; - Câncer de mama; - Anemias crônicas; Ana Victória Barbosa – M7 - Mastocitose; - Tratamento prolongado com heparina; FISIOPATOLOGIA O osso é uma forma rígida de tecido conjuntivo, formado por células, osteócitos, osteoblastos (Ob) e osteoclastos (Oc). Os osteócitos encontram-se embebidos em uma matriz proteica de fibras colágenas impregnadas de sais minerais, especialmente de fosfato de cálcio. A matriz apresenta-se, na fase orgânica, constituída de colágeno, proteínas e glicosaminoglicanos; na fase inorgânica, encontram-se, principalmente, hidroxiapatita (fosfato de cálcio) e menores quantidades de outros minerais. Os Ob e os Oc estão no periósteo e no endósteo, formando a matriz óssea. As fibras colágenas dão elasticidade, e os minerais, resistência. Na infância, dois terços da substância óssea são formados por tecido conjuntivo. Na velhice, são os minerais que predominam. Essa transposição de conteúdo leva a menor flexibilidade e aumenta a fragilidade do osso. Na composição do esqueleto, há aproximadamente 80% de osso cortical ou compacto, com funções mecânica e protetora, portanto mais resistente, e 20% de osso trabecular ou esponjoso, mais frágil, responsável pela função metabólica FATORES DE RISCO PARA OSTEOPOROSE A detecção dos fatores de risco é de maior utilidade para os cuidados de saúde pública do que para o indivíduo isoladamente. Eles podem ser divididos em fatores de risco maiores e menores. Clinicamente, o que se observa é um somatório dos fatores de risco do passado e do presente, incluindo tanto a genética quanto o estilo de vida. A ocorrência de uma fratura é um importante fator de risco para futuros episódios. Por isso, o objetivo clínico é prevenir a primeira fratura. EXAMES LABORATORIAIS Os exames laboratoriais são geralmente normais na OP involucional ou primária, do tipo I ou II. Sua solicitação visa estabelecer a presença de fatores Ana Victória Barbosa – M7 secundários determinantes da perda de massa óssea, mesmo na ausência de sinais e sintomas clínicos. Devem ser solicitados em todos os pacientes que apresentem OP. A seleção de exames que se segue foi adaptada do Consenso sobre Osteoporose da Sociedade Americana de Endocrinologia: hemograma, velocidade de hemossedimentação (VHS), cálcio sérico, fósforo sérico, proteína total, albumina, enzimas hepáticas, creatinina, eletrólitos, glicemia de jejum, dosagem de cálcio na urina de 24 h. Atualmente, a dosagem de vitamina D sérica tem sido incorporada a esse arsenal diagnóstico devido à grande prevalência de deficiência na nossa população. Existindo história clínica ou achados de exame físico sugestivos de outras causas secundárias, testes laboratoriais adicionais podem ser necessários. Listamos, a seguir, alguns exames: hormônio tireoestimulante (TSH) e paratormônio (PTH) intacto sérico, cortisol urinário livre, marcadores bioquímicos do metabolismo ósseo, discriminados mais adiante; estudo do equilíbrio acidobásico, eletroforese de proteínas séricas, anticorpos (AC) antiendomísio, antigliadina e antitransglutaminase, aspiração de medula óssea. A biopsia de crista ilíaca com tetraciclina marcada (histomorfometria óssea) deverá ser considerada quando nenhuma outra causa subjacente para a OP puder ser diagnosticada, quando a terapêutica não for efetiva ou quando houver suspeita de mastocitose ou osteomalacia. DENSITOMETRIA ÓSSEA A DXA é um termo aplicado a métodos capazes de medir a quantidade de osso (conteúdo mineral) em uma área ou volume definido, calculando, como resultado desses dois parâmetros, a DMO. Mede a densidade óssea, em valores absolutos (g/cm2), em todo o esqueleto ou em regiões específicas, comparando-os às curvas de normalidade, estabelecendo o diagnóstico precoce da doença, o nível de gravidade e o risco de fratura óssea. Amostras são obtidas durante a evolução da aquisição absorciométrica. Por meio delas, a imagem vai sendo processada pelo computador. A DXA permite estabelecer o diagnóstico da OP; determinar o risco de fraturas; auxiliar na identificação de candidatos para intervenção terapêutica; avaliar as mudanças na massa óssea, com o tempo, em pacientes tratados ou na evolução natural da doença; e aumentar a aceitação e a adesão aos diferentes tratamentos. A DXA avaliada pela técnica DEXA é ainda hoje o padrão-ouro no diagnóstico da OP. A escolha do local de análise dependerá basicamente do tipo de OP que se esteja estudando, da idade do paciente, do tipo histológico de osso envolvido em cada caso e da presença de alterações morfológicas ou artefatos. Assim, mulheres na pós-menopausa, imediata e tardia, apresentam perda basicamente de osso trabecular e devem ter a coluna lombar bem avaliada, assim como o fêmur proximal. Em indivíduos idosos, o fêmur proximal sempre será avaliado. A coluna lombar, se acometida por doença degenerativa, poderá fornecer resultado falso-negativo para a OP. Essas alterações funcionarão como artefatos, majorando o resultado final. A avaliação de um outro local, como o antebraço, poderá ser útil nesses casos e deve ser considerada. TRATAMENTO As opções de tratamento da osteoporose são variadas. Com relação à nutrição, é importante uma dieta rica em cálcio para reduzir o risco de fraturas. A vitamina D é necessária para o corpo conseguir utilizar o cálcio. A prática regular de exercícios físicos com sustentação do peso tem se mostrado efetiva para a manutenção e formação de massa óssea. Esses exercícios incluem caminhada, corrida, escalada, subida de degraus, jogar tênis e dançar. Exercícios de resistência como levantamento de peso também aumentam a resistência óssea e a massa muscular. Os medicamentos usados no tratamento da osteoporose são geralmente de dois tipos: (1) Ana Victória Barbosa – M7 antirreabsortivos, que retardam o progresso da perda óssea e (2) os formadores de osso, que promovem o aumento da massa óssea. Entre os medicamentos antirreabsortivos, citamos (1) os bifosfonatos, que inibem os osteoclastos (alendronato de sódio, risedronato sódico, ibandronato e calcitonina); (2) os moduladores seletivos do receptor de estrogênio, que imitam os efeitos dos estrogênios sem efeitos colaterais indesejáveis (raloxifeno); (3) a terapia de reposição de estrogênio (TRE), que repõe os estrogênios perdidos durante e depois da menopausa (estrogênios conjugados), e a terapia de reposição hormonal (TRH), que repõe os estrogênios e a progesterona perdidos durante e depois da menopausa (estrogênios conjugados com medroxiprogesterona). A TRE ajuda a manter e aumentar a massa óssea depois da menopausa. As mulheres que fazem uso da TRE correm risco discretamente maior de desenvolver AVE e coágulos sanguíneos. A TRH também ajuda a manter e aumentar a massa óssea. As mulheres que utilizam a TRH correm risco mais elevado de desenvolvimento de doença cardíaca, câncer de mama, AVE, coágulos sanguíneos e demência. Entre os medicamentos formadores de osso está o paratormônio (PTH), que estimula os osteoblastos a produzirem osso novo (teriparatida). Existem outros medicamentos que se encontram em desenvolvimento. Referências: Tratado de Geriatria e Gerontologia, 4ª edição, Elizabete Freitas e Livro de Fisiologia, TORTORA.
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