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Filosofia Grega- tema 1

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A filosofia grega
APRESENTAÇÃO
Nesta Unidade de Aprendizagem, debateremos a filosofia grega. Poderemos contextualizar um 
pouco da formação da própria filosofia, haja vista a importância do papel dos gregos no seu 
desenvolvimento. Podemos dizer, inclusive, que a filosofia como a conhecemos surgiu na 
Grécia antiga e foi com os filósofos gregos que assumiu as proporções atuais.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Diferenciar conhecimento e misticismo.•
Identificar os principais filósofos da Grécia antiga.•
Comparar o método filosófico dos principais filósofos da Grécia antiga.•
DESAFIO
Para realizar este desafio, você deve ser capaz de analisar os sensos comuns produzidos na vida 
cotidiana através do pensamento mitológico e do pensamento filosófico. Este foi o esforço dos 
gregos, pioneiros da filosofia ocidental, empregar a razão para distinguir a verdade da mera 
opinião. Neste período, o interesse pelo conhecimento verdadeiro das coisas humanas e naturais 
era o que motivava os filósofos a confrontar os mitos e o senso comum.
Diante disso, você tem como desafio escolher alguma situação da cultura popular e explicá-la 
conforme o rigor do pensamento filosófico que busca a verdade.
Exemplos: 
- Para se tornar um grande violeiro deve-se passar a cobra coral entre os dedos. 
- Usar roupa amarela no réveillon atrairá dinheiro durante o ano novo. 
- Quebrar um espelho dá sete anos de azar. 
- Para gripe, chá com alho, mel e limão. 
- Morre aquele que toma leite com manga.
INFOGRÁFICO
Veja a seguir um esquema que ilustra o conteúdo desta Unidade.
 
CONTEÚDO DO LIVRO
A filosofia grega surgiu em meio à decadência da narrativa mítica. Ou seja, as narrativas sobre 
coisas divinas e sobrenaturais passaram a não convencer por se mostrarem distantes da vida 
ordinária dos cidadãos gregos. Nesse contexto, surge a filosofia pré-socrática, assim como surge 
a filosofia socrática com a ascensão da democracia ateniense. Platão e Aristóteles apresentam 
outras formas, ainda que distintas entre ambos, de pensar a realidade e as vias de conhecimento. 
Neste capítulo Filosofia grega, da obra Filosofia você poderá aprofundar seu conhecimentos 
acerca do que confere o status de conhecimento e de misticismo a determinada teoria, narrativa 
ou doutrina. Verá quais foram os protagonistas do pensamento grego e, por último, o papel de 
diferentes metodologias para a construção do conhecimento grego. 
Boa leitura.
 
FILOSOFIA 
Mayara Joice Dionizio 
Filosofia grega
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Diferenciar conhecimento e misticismo.
  Identificar os principais filósofos da Grécia Antiga.
  Comparar o método filosófico dos principais filósofos da Grécia Antiga.
Introdução
A diferenciação entre o conhecimento efetivo acerca da realidade e o 
que não pode ser comprovado existe ao menos desde a Grécia Antiga. 
Tal problematização permitiu compreender o que é ciência e o que são 
questões de fé, gerando a distinção entre mito e filosofia. As correntes 
da filosofia, em suas mais diversas vertentes, valorizam, como você sabe, 
a reflexão racional.
Neste capítulo, você vai verificar o que diferencia o conhecimento de 
crenças individuais e místicas e como tal diferenciação se deu na Grécia 
Antiga. Você também vai conhecer os principais filósofos da Antiguidade 
Clássica e ver como as suas teorias se distinguem. Além disso, você vai 
verificar como os métodos utilizados por esses pensadores os auxiliaram 
a chegar ao que acreditavam ser o conhecimento.
Conhecimento e misticismo
Se hoje existe alguma diferenciação entre conhecimento e misticismo, tanto 
no âmbito das discussões cotidianas quanto no universo científi co, os respon-
sáveis são os gregos antigos. Na atualidade, é comum diferenciar pareceres 
científi cos de opiniões, ou mesmo distanciar crenças individuais de postulados 
universais científi cos. Crenças relacionadas a narrativas lendárias, bruxaria 
e discursos religiosos, por exemplo, apesar de terem um grande valor social, 
cultural e individual, não podem ter validade científi ca na medida em que não 
é possível comprová-las e sistematizá-las a partir da realidade factual. Assim, 
a ciência é cética e se fundamenta a partir de conhecimento comprovável 
sobre a realidade.
Na Grécia Antiga, esse foi um dos maiores paradigmas. A separação 
entre verdade (aletheia) e opinião (doxa) e entre ficção/mito e realidade 
aconteceu devido à falência do mito frente às novas correntes de pensamento 
que surgiram nesse período (JAEGER, 2013). Dessa forma, o distanciamento 
em relação às narrativas míticas se deu principalmente por uma mudança 
na educação do homem grego. Em síntese, houve uma alteração no modo de 
vida da Grécia Antiga.
No período dito mítico, a educação era voltada aos ensinamentos de Ho-
mero (928–898 a.C.) e Hesíodo (750–650 a.C.) e consistia em “[...] formar a 
aristocracia grega nos critérios de exaltação da coragem bélica e heroica, em 
elogiar a preparação para a guerra, para o cuidado da casa, treinar para o 
sucesso no exercício dos negócios particulares” (NUNES, 2017, p. 61). Por-
tanto, o mito era uma maneira de explicar o mundo e os fenômenos naturais, 
mas também uma maneira de repassar valores morais e culturais às novas 
gerações (JAEGER, 2013).
Nesse contexto, o termo grego areté (excelência, virtude) era norteador 
desse ideal de educação, pois buscava-se formar o cidadão, o guerreiro, com 
um caráter virtuoso em todos os aspectos e tendo excelência em seu desempe-
nho social, qualquer que fosse (NUNES, 2017). Assim, as obras de Homero e 
Hesíodo serviram como ideal para o cidadão grego arcaico, já que retratavam 
as narrativas míticas que buscavam explicar a origem e as causas da realidade, 
bem como dos sentimentos e das virtudes humanas. Ao conhecer figuras 
heroicas como Ulisses e Aquiles, o cidadão grego aprendia com as virtudes 
desses personagens, a quem deveria buscar assemelhar-se.
Entretanto, apesar de “educarem” o cidadão, as narrativas míticas tratavam 
sempre de fatos e acontecimentos exteriores à vida ordinária (JAEGER, 
2013). Ou seja, ao inteirar-se de mitos com personagens sobre-humanos, o 
cidadão vivia uma espécie de paradoxo, pois via que em si não havia nada 
de sobrenatural. Assim, aos poucos, o mito vai perdendo a sua validade em 
relação à explicação da realidade; ele adquire cada vez mais valor cultural e 
menos valor epistemológico. Contudo, não há como determinar uma ruptura 
abrupta entre essas duas perspectivas, dado que outras explicações da rea-
lidade foram sendo elaboradas aos poucos e que o cidadão ainda mantinha 
as suas crenças (JAEGER, 2013). Por volta do século VI a.C., o pensamento 
Filosofia grega2
filosófico vai ganhando espaço. A princípio, advém das cidades de Mileto e 
Éfeso, que eram pontos comerciais por serem cidades portuárias. Portanto, 
nessas cidades, acontecia o entrecruzamento cultural, pois os viajantes 
atracavam ali.
As primeiras escolas filosóficas surgiram em Mileto e Éfeso. Pensadores 
como Tales de Mileto e Heráclito de Éfeso foram alunos e representantes 
da Escola Jônica, situada na cidade de Mileto (BORNHEIM, 1998). Para 
os filósofos pré-socráticos, a realidade deveria ser explicada causalmente 
a partir da natureza, do mundo, enfim, dela mesma. Portanto, as teorias 
desses pensadores partiam de reflexões sobre alguns temas específicos. 
Veja a seguir.
  Cosmologia: é o ramo do conhecimento que estuda a estrutura, 
a origem e a evolução do universo, bem como as suas causas, ou 
seja, o que ocasiona o surgimento, as relações, a materialidade de 
tudo o que existe.
  Kinesis: é movimento, devir. Em específico para os filósofos jônios, 
era possível compreender, por meio da natureza, o elemento regulador 
das mudanças em suas diferentes materialidades e aspectos.
  Physis: pode ser compreendida como natureza, entretanto o seusig-
nificado é abrangente. A physis tinha relação, para os gregos, com o 
movimento. Ou seja, consistia na força e no movimento de fazer surgir, 
de mudar e de ordenar. Assim, a physis seria a responsável pela ordem, 
pela forma e por dar lugar a outros devires no mundo. Por exemplo: 
para haver o crepúsculo, é necessário que haja dia e noite.
  Arché: em sua acepção geral, de acordo com o significado literal da 
palavra grega, a arché pode ser compreendida como aquilo que dá 
origem a tudo, como o começo. Nesse sentido, esse princípio originário 
é o que possibilita o surgimento de tudo que há na physis, assim como 
o fim de todas as coisas. Ainda que inapreensível, a arché grega é a 
própria condição da possibilidade de existência das coisas.
  Logos: é a reflexão racional acerca do universo, da pólis e do homem grego.
Tal cenário filosófico, no entanto, acaba por se bifurcar após a ascensão de 
Péricles ao governo ateniense: o chamado período clássico, ou período socrá-
tico, traz a dimensão política e ética como objeto de preocupação, dividindo 
espaço com a filosofia pré-socrática, que aos poucos foi sendo abandonada 
(BORNHEIM, 1998).
3Filosofia grega
O livro de Homero intitulado Odisseia narra a saga de Odisseu (que no mito romano 
se chama Ulisses), um dos grandes heróis da Guerra de Troia. A narrativa conta como 
foi o retorno de Odisseu à sua terra natal, Ítaca. No poema, Odisseu passa por vários 
lugares e várias situações em que se misturam elementos da realidade e da mitologia. 
Essa obra é uma das principais da Antiguidade Grega (JAEGER, 2013).
Principais filósofos da Grécia Antiga
A fi losofi a grega é dividida em períodos. Cada período é orientado por uma 
compreensão e por uma problematização acerca do mundo e do ser humano. 
Assim, cada um deles trouxe refl exões que contribuíram para o desenvolvi-
mento do pensamento fi losófi co. É comum, por exemplo, surgirem, ao longo 
da história da fi losofi a, problematizações que trazem teorias do pensamento 
grego que, à primeira vista, parecem já ter sido esgotadas. Isso demonstra 
que o pensamento grego é fonte inesgotável de refl exão, oferecendo diferentes 
releituras e interpretações, além de novos desdobramentos.
O primeiro período da filosofia grega trouxe avanços epistêmicos que contri-
buíram para o entendimento da natureza e para a compreensão do mundo a partir 
da physis. Nesse contexto, alguns pensadores se destacaram. Tales, por exemplo, 
foi aluno da escola de Mileto e ficou conhecido pela teoria que afirma que a água 
é a physis, ou seja, a origem de tudo. Tales também ficou conhecido por introduzir 
reflexões matemáticas de origem oriental, uma vez que Mileto era uma cidade em 
que acontecia uma grande confluência cultural na época (BORNHEIM, 1998).
Outro pensador que ganhou destaque no pensamento grego pré-socrático 
foi Anaximandro, responsável por aperfeiçoar o relógio de sol, produzir o 
primeiro mapa geográfico e, por fim, teorizar o universo a partir de uma 
arché que seria o conceito de apeirón (ilimitado). Ou seja, para ele, o princípio 
originário do mundo seria o movimento eterno, que tenderia a equilibrar os 
pontos divergentes: “[...] significaria a afirmação da lei do equilíbrio universal, 
garantida através do processo de compensação dos excessos (por exemplo, no 
inverno, o frio seria compensador dos excessos cometidos pelo calor durante 
o verão)” (BORNHEIM, 1998, p. 20).
Outro pensador que se destaca entre os pré-socráticos é Pitágoras de 
Samos. Mais conhecido pelo seu teorema matemático, Pitágoras também foi 
autor de uma teoria que misturava divindade, harmonia, matemática e beleza. 
Filosofia grega4
Para ele, o cosmos e o ser humano estão ligados em divindade; a harmonia de 
ambos depende do estudo dos números. Assim, seria possível, a partir de uma 
estrutura numérica, desvendar a semelhança entre o ser humano e o universo 
(BORNHEIM, 1998).
Vários outros pensadores contribuíram para a formação do pensamento 
grego, principalmente para a compreensão do mundo, do homem e do cosmos 
a partir da reflexão racional (BORNHEIM, 1998). Entretanto, com Péricles 
como governante de Atenas e a instauração da democracia, as problematizações 
filosóficas são deslocadas (NUNES, 2017). É a partir desse momento que a 
filosofia deixa de se ocupar dos questionamentos pré-socráticos e se volta 
para o comportamento ético e político do homem. Atenas se torna, então, um 
centro cultural e político: 
O papel que a educação adquire na Grécia clássica, em especial em Atenas, 
tem papel central, burocrático, porém democrático, tornando-se motivo e 
necessidade de debate, tendendo-se a universalizar-se para além dos limites 
da pólis (BORTOLINI; NUNES, 2018, documento on-line).
Com a abertura democrática, o espaço público se torna um lugar para 
debates, apresentação de ideias e, inclusive, conflitos. O discurso em público 
se transforma em recurso pedagógico; ou seja, o local onde se expunham ideias 
era também o espaço em que os jovens ficavam a ouvir e aprender. É nesse 
período que surgem os sofistas, considerados grandes oradores. As concepções 
sofísticas eram extremamente relativistas, defendiam que o conhecimento 
é subjetivo. Assim, a verdade dependeria do ponto de vista, da doxa. Outro 
fator, que inclusive ocasionou uma crítica severa por parte de Sócrates, era 
que os sofistas, vendo a admiração e a vontade de ingresso dos mais jovens 
na vida política de Atenas, começaram a cobrar quantias e serem “tutores” 
dessa juventude ateniense (PLATÃO, 1986).
Nesse contexto, Sócrates, que é considerado o pai da filosofia, ressalta 
que essa disciplina deve afastar os sofistas da educação da juventude 
ateniense, uma vez que o conhecimento deve ter como fim a verdade e 
não a mera opinião. Ou seja, para Sócrates, a verdade é única e só assim é 
possível estabelecer uma sociedade virtuosa (NUNES, 2017). Entretanto, 
tal verdade não pode ser imposta ou individualizada; ela deve ser buscada 
por meio da dialética. Sócrates foi mestre de Platão e, apesar de não ter 
deixado nenhuma obra, seus diálogos estão presentes na obra platônica, 
assim como a sua figura é mencionada por outros autores da época, como 
Aristóteles, Cícero e Diógenes.
5Filosofia grega
A obra de Platão apresenta a decadência da democracia ateniense, bem 
como dos valores sociais e culturais do período. Ele é autor da obra intitulada 
República, em que apresenta o modelo de uma sociedade ideal: “[...] [a] tirania, 
contudo, é teorizada não apenas como resultado de tal decadência [democrá-
tica], mas como ‘o ideal negativo da vida política’, por ser modelo da ‘destruição 
da vida pública pela lógica dos desejos’ (BIGNOTTO, 1998 apud REIS, 2018, 
documento on-line). A decadência da democracia ateniense se dá, segundo 
Platão (2014), no contexto da condenação de Sócrates à morte sob a acusação 
de corrupção da juventude e não culto aos deuses. Dessa forma, a primeira 
fase da obra platônica consiste em comunicar as ideias de Sócrates, bem como 
as críticas socráticas à política e ao estilo de vida da sociedade ateniense. 
Posteriormente, Platão se dedica ao estudo da geometria e à sua famosa teoria 
das ideias. Na última fase de sua obra, ele chega a uma reflexão mais crítica 
em relação ao pensamento socrático: o método desenvolvido por Sócrates se 
mostra insuficiente como meio para se garantir um sistema de conhecimento, 
pois conhecer não é só se chegar à verdade, mas também reencontrar o ser. 
Dito de outro modo: ao se buscar a verdade, também se busca o ser, visto que 
a verdade é o que é e a não verdade é o que não é.
Depois de Platão, começa o período da filosofia aristotélica (NUNES, 
2017). Aristóteles foi discípulo de Platão, entretanto a sua filosofia tem um 
caráter mais realista em relação à compreensão do mundo e do homem. Ou 
seja, enquanto a filosofia platônica propõe um sistema de conhecimento 
baseado nas ideias, Aristóteles busca compreender o mundo a partir do 
próprio mundo e da natureza, bem como compreenderos humanos a partir 
de suas relações entre si (JAEGER, 2013). Assim, a sua teoria apresenta 
uma relação empírica com a realidade e é a partir dessa interpretação que 
Aristóteles desenvolve a sua concepção de ética, de verdade, de ciência 
e de poética.
O método dos principais filósofos
da Grécia Antiga
A distinção entre os métodos elaborados pelos fi lósofos da Grécia Antiga é 
devida às suas diferentes formações e infl uências e ao avanço intelectual do 
período em que viveram. Ou seja, o contexto intelectual, social e cultural 
de cada período trazia questões e problematizações diferentes. Assim, cada 
período do pensamento grego emprega uma problemática, um método de 
pesquisa e uma estrutura de sistema de conhecimento: cada fi lósofo e cada 
Filosofia grega6
período devem ser lidos de acordo com as preocupações do seu contexto. 
Nesse sentido, um fi lósofo pré-socrático não deve ser interpretado com 
vistas às suas semelhanças com um fi lósofo pós-socrático. Isso signifi ca 
dizer que cada fi lósofo se ocupou de aspecto do conhecimento, ainda que 
fi lósofos como Platão e Aristóteles tenham desenvolvido um sistema mais 
amplo de conhecimento.
Com Sócrates, surgem os métodos mais conhecidos da história do pensa-
mento grego antigo. Sócrates era conhecido por suas abordagens e perguntas 
aos cidadãos de Atenas (JAEGER, 2013). Na então jovem democracia, era 
comum ver oradores, sofistas e políticos debatendo publicamente. Sócrates 
incomodava-se com a falta de preocupação com a verdade única e com a 
manipulação das pessoas, principalmente dos jovens. Assim, ele andava pela 
cidade questionando os cidadãos com perguntas como: “o que é o bem?”, “o 
que é a virtude?”, “é possível conhecer a verdade?”. Essa abordagem ficou 
conhecida como dialética, que consiste em chegar a uma síntese a partir de 
duas posições antagônicas, ou seja, opostas.
Quando você aborda alguém com perguntas, esse alguém busca respondê-
-las, não é? Dessa forma, se estabelece um diálogo em busca de uma síntese, 
que seria um parecer final acerca das duas posições iniciais. Outro aspecto 
da abordagem socrática é a ironia: ao perguntar aos cidadãos coisas tidas 
como óbvias (“o que é ser bom?”), Sócrates se colocava como não conhe-
cedor de nada, o que acabava levando os interlocutores a responderem, 
então ele devolvia com outra pergunta (o que é conhecido como método de 
retórica socrática). Sócrates comparava o seu método dialético à profissão 
de sua mãe, que foi parteira: ele dizia que dava à luz o conhecimento. Por 
isso, chamou seu método de “maiêutica”, termo de origem grega que faz 
alusão ao parto.
A partir do pensamento socrático, Platão (2000), mais especificamente nos 
livros VI e VII, afirma que o conhecimento/essência de tudo também é alcan-
çável por meio da filosofia. Assim, é abandonando a crença nas sensações e na 
experiência que se chega ao conhecimento verdadeiro. Desse modo, segundo 
Platão (2000), a verdade encontra-se no mundo das ideias, e é fazendo uso da 
racionalidade que se pode contemplar a essência das coisas para longe dos 
enganos das sensações. Portanto, é por meio do debate, da dialética, que se 
chega a uma ideia comum, universal, e desse modo se alcança o conhecimento 
verdadeiro, que, segundo Platão (2000), é equivalente ao bem.
Mas é com Aristóteles que se vê uma compreensão que, de fato, rompe 
com vários ideais socráticos e platônicos. Aristóteles foi o filósofo grego que 
mais desenvolveu métodos (JAEGER, 1963), seja pela amplitude de sua obra 
7Filosofia grega
ou pela divergência (à primeira vista) entre as áreas de conhecimento de que 
ela trata. Nesse contexto, Aristóteles ficou conhecido pelos seus estudos em 
lógica, em que desenvolveu o silogismo. Este consiste em um argumento 
dedutivo, ou seja, a partir de duas premissas, chega-se à conclusão, que é a 
argumentação logicamente perfeita. Por exemplo:
  todos os homens são mortais (premissa universal);
  Aristóteles é homem (premissa particular);
  Aristóteles é mortal (conclusão).
Outros estudos e teorias aristotélicas também foram, e são, de extrema 
relevância para o desenvolvimento de distintas áreas do conhecimento. Em 
sua obra, o filósofo desloca vários conceitos platônicos para uma relação 
mais valorativa com as sensações. Assim, o que se faz mais distinto, de modo 
geral, é a dignificação das sensações e da realidade presente na abordagem 
aristotélica. Os métodos aristotélicos eram aplicados de forma empírica; 
Aristóteles buscava estabelecer o seu sistema de conhecimento a partir da 
realidade e das experiências (JAEGER, 1963). O mesmo vale para a sua 
compreensão sobre a dialética: longe de ter a finalidade idealista de Platão, 
Aristóteles buscava o conhecimento mediante um diálogo argumentativo que 
partisse de premissas e que chegasse logicamente a argumentos consistentes, 
por meio de deduções.
Mesmo com todas as distinções metodológicas, a contribuição grega para 
o desenvolvimento ocidental, independentemente da área do conhecimento, 
é incontornável. Como você viu, os pensadores da Grécia Antiga elaboraram 
noções importantes a respeito de conceitos abstratos, como o de virtude, e 
ainda se dedicaram às ciências exatas e naturais.
No link a seguir, confira um vídeo sobre as distinções teóricas entre Sócrates, Platão e 
Aristóteles e sobre o pensamento desses filósofos gregos.
https://qrgo.page.link/LjXZR
Filosofia grega8
BORNHEIM, G. Os filósofos pré-socráticos. São Paulo: Cultrix, 1998.
BORTOLINI, R. W.; NUNES, C. A Paideia grega: aproximações teóricas sobre o ideal de 
formação do homem grego. Filosofia e Educação, v. 10, n. 1, jan./abr. 2018. Disponível 
em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rfe/article/download/.../17695/. 
Acesso em: 21 jul. 2019.
JAEGER, W. Aristóteles: bases para la historia de su desarrollo intelectual. México, Panuco: 
Fondo de Cultura Economica, 1963. 
JAEGER, W. Paidéia: a formação do homem grego. 6. ed. São Paulo: WMF Martins 
Fontes, 2013. 
NUNES, C. Da filosofia do amor ao amor à filosofia. Campinas: Librum Edições & Edições 
Brasílica, 2017.
PLATÃO. Apologia de Sócrates. Porto Alegre: L&PM, 2014.
PLATÃO. A república ou sobre a Justiça, diálogo político. Belém: Universitária UFPA, 2000.
PLATÃO. Protágoras. Fortaleza: Edições UFC, 1986.
REIS, M. Democracia grega: a antiga Atenas (séc. V A. C. ). Sapere Aude, v. 9, n. 17, jan./
jun. 2018. Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/SapereAude/article/
view/17648. Acesso em: 21 jul. 2019. 
Leitura recomendada
SÓCRATES, Platão e Aristóteles: documentário filósofos e a educação. [S. l.: s. n.], 2017. 
1 vídeo (25 min). Publicado pelo canal Rony Historiador. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=6s2yErEe7tc. Acesso em: 21 jul. 2019.
9Filosofia grega
DICA DO PROFESSOR
O vídeo a seguir traz mais informações para que possamos discutir um pouco sobre a filosofia 
grega.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) Na Grécia antiga, as explicações para quase todas as coisas estavam centradas na 
natureza (physis) e no cosmos, assim como o próprio entendimento da realidade. O 
misticismo ainda influenciava o que se produzia de conhecimento e a "fúria dos 
deuses" ainda parecia responder aos questionamentos dos gregos para o que lhes 
acontecia, de bom ou de mal. Assim, temos que os primeiros problemas filosóficos 
gregos foram: 
A) Cosmológicos.
B) Axiológicos.
C) Epistemológicos.
D) Sociológicos.
E) Ideológicos.
2) A filosofia grega surge como uma resposta racional às explicações místicas sobre os 
fatos naturais e o comportamento humano. O seu desenvolvimento ocorre a partir de 
discussões sobre as diferenças entre: 
A) Conhecimento e razão.
B) Conhecimento e misticismo.
C) Conhecimento e ceticismo.
D) Razão e emoção.
E) Misticismo e ceticismo.
3) No esforço por compreender de maneira racional as coisas e empregando sua 
capacidade intelectual, os filósofos clássicos gregos abordaram temas presentes aindahoje em pesquisas científicas das mais variadas áreas do conhecimento. Dentre os 
temas com os quais a filosofia grega se ocupa, destacam-se três, que são: 
A) As pólis, a política e a ética.
B) As ciências humanas, as ciências exatas e as ciências biológicas.
C) A natureza, o homem e a felicidade.
D) A democracia, a aristocracia e a monarquia.
E) A geometria, a aritmética e a matemática.
4) Na etapa de sua trajetória em que ainda se detinha em investigar a natureza (physis), 
na tentativa de explicar a origem do universo e da vida, a filosofia grega se 
desenvolveu através de grandes pensadores. Dentre eles, um é considerado como o 
primeiro filósofo. Esse filósofo é: 
A) Sócrates.
B) Platão.
C) Aristóteles.
D) Tales de Mileto.
E) Pondé.
5) Desde a sua origem, o homem afirma, nega, deseja e recusa coisas e pessoas em sua 
vida cotidiana, atribuindo juízos de valor pelos quais se orienta. Contudo, em 
determinado momento histórico de seu desenvolvimento intelectual, o homem passou 
a conferir um caráter filosófico aos seus questionamentos, discutindo racionalmente 
antigas crenças e valores. Dessa forma, é correto afirmar que a filosofia: 
A) Inicia com o desejo do ser humano em consolidar suas crenças e valores, fruto do desejo 
humano.
B) Existe desde que o homem é homem, não existindo, assim, um ponto de partida 
referencial.
C) Começa com o homem aceitando os dogmas existentes sem questionar sua verdade.
D) Surge com a insatisfação do homem com as respostas místicas sobre as coisas do universo, 
a partir do uso da racionalidade para tentar explicá-las.
E) Surge nos dias atuais a partir do avanço das novas tecnologias e da especialização do 
conhecimento humano.
NA PRÁTICA
Na prática, foi a partir da filosofia grega que chegamos à democracia, presente até os dias de 
hoje em nossas vidas. Em grego, democracia é a soma de demo (povo) com kracia (governo), 
literalmente o "governo do povo". Podemos dizer que na Grécia antiga ocorreu uma espécie de 
democracia direta. Nessa época, a Grécia era dividida em cidades-nações, as chamadas pólis.
Os cidadãos se reuniam em praças públicas denominadas ágoras para deliberar diretamente com 
os políticos sobre os seus destinos. É preciso lembrar, porém, que nem todos os indivíduos eram 
considerados cidadãos gregos nesse período, como, por exemplo, as mulheres e os escravos.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Filosofia - Textos fundamentais comentados

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