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Introdução à Filosofia

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Prévia do material em texto

2018
FilosoFia
Prof. Gesiel Anacleto 
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Prof. Gesiel Anacleto
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
AN532f
 Anacleto, Gesiel
 Filosofia. / Gesiel Anacleto. – Indaial: UNIASSELVI, 2018.
 215 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0231-0
1.Filosofia. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 100
Impresso por:
III
apresentação
Olá, caro acadêmico! É com grande prazer que apresentamos para 
você a disciplina de Filosofia. Nesta oportunidade, nós gostaríamos de 
destacar a importância da disciplina para a formação humana em suas 
diversas áreas, incluindo na sua formação profissional. 
A filosofia instrumentaliza o ser humano com as ferramentas 
necessárias e imprescindíveis para o ato reflexivo. Tais ferramentas incidirão 
nas suas escolhas e decisões diárias. Assim, o conteúdo deste material tem 
como finalidade básica proporcionar a você um acesso, mesmo que de 
caráter propedêutico, ao universo da filosofia. O material está dividido em 
três unidades.
A Unidade 1 tem como tema de estudo a filosofia: origem e trajetória 
do pensamento filosófico. A unidade tem um caráter mais histórico, pois 
possibilitar que o acadêmico conheça as origens e o desenvolvimento da 
filosofia é um passo essencial para compreender o desenvolvimento do 
pensamento filosófico como um todo e a maneira como a filosofia sofreu 
transformações e chegou ao que conhecemos atualmente.
A Unidade 2 envolverá as principais áreas de estudo da filosofia geral. 
Não será possível realizar, nesta unidade, uma abordagem pormenorizada 
dos principais temas. Contudo, acreditamos que, com as informações 
apresentadas no decorrer da unidade, haverá a compreensão elementar sobre 
as áreas da filosofia, bem como sua importância para o desenvolvimento do 
conhecimento humano.
A Unidade 3 irá tratar da filosofia para hoje. Mesmo em um mundo 
em que os avanços tecnológicos têm tido espaço considerável nos meios 
acadêmicos, culturais, sociais e políticos, acreditamos que a filosofia ainda 
possui um papel importante em meio a todas as mudanças. 
Sua importância se deve ao fato de possibilitar uma reflexão e a 
problematização sobre tudo aquilo que acontece em nossa volta. Faremos 
uma apresentação sucinta de cada temática e a sugestão de bibliografias 
complementares e filmes para quem deseja aprofundar um pouco mais seus 
conhecimentos sobre os assuntos abordados aqui. 
Nosso desejo sincero é que todo o conhecimento possa servir de 
grande proveito para sua jornada acadêmica e formação profissional. Que 
cada tema abordado possa trazer mais luz e entendimento sobre o seu papel 
como ser humano e como profissional em um mundo repleto de desafios. 
Prof. Gesiel Anacleto
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
V
VI
VII
UNIDADE 1 – FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO .. 1
TÓPICO 1 – A ORIGEM DA FILOSOFIA .......................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 O PENSAMENTO MÍTICO ................................................................................................................ 3
3 O QUE É FILOSOFIA? ......................................................................................................................... 8
4 A FILOSOFIA NA GRÉCIA ANTIGA ............................................................................................. 12
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 15
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 17
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 18
TÓPICO 2 – OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: FILOSOFIA ANTIGA E 
CLÁSSICA ................................................................................................................................................. 19
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19
2 A FILOSOFIA ANTIGA ..................................................................................................................... 20
2.1 O PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICO OU COSMOLÓGICO ............................................................. 20
2.1.1 Escola jônica ............................................................................................................................ 20
2.1.1.1 Tales de Mileto ..................................................................................................................... 21
2.1.1.2 Anaximandro de Mileto ...................................................................................................... 22
2.1.1.3 Anaxímenes de Mileto ........................................................................................................ 23
2.1.1.4 Heráclito de Éfeso ................................................................................................................ 24
2.1.2 Escola pitagórica .................................................................................................................... 25
2.1.3 Escola de Eleia ......................................................................................................................... 26
2.1.4 Escola atomista ....................................................................................................................... 28
2.2 PERÍODO ANTROPOLÓGICO ..................................................................................................... 28
2.3 OS SOFISTASE A ARTE DE ARGUMENTAR ............................................................................ 29
2.4 PERÍODO SISTEMÁTICO .............................................................................................................. 31
2.4.1 Sócrates .................................................................................................................................... 32
2.4.2 Platão ....................................................................................................................................... 34
2.4.3 Aristóteles ............................................................................................................................... 38
2.5 PERÍODO HELÊNICO .................................................................................................................... 40
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 42
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 44
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 47
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 49
TÓPICO 3 – OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: CLÁSSICA E MEDIEVAL ......... 51
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 51
2 PATRÍSTICA ......................................................................................................................................... 52
3 ESCOLÁSTICA ..................................................................................................................................... 56
3.1 SÃO TOMÁS E A FILOSOFIA ARISTOTÉLICA ......................................................................... 58
3.2 AS CINCO VIAS QUE LEVAM A DEUS ...................................................................................... 59
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 62
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 63
sumário
VIII
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 64
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 65
TÓPICO 4 – OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: DA MODERNIDADE À 
CONTEMPORÂNEA .............................................................................................................................. 67
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 67
2 FILOSOFIA MODERNA .................................................................................................................... 68
2.1 O ILUMINISMO ............................................................................................................................... 69
2.2 O RACIONALISMO ........................................................................................................................ 72
2.3 EMPIRISMO .................................................................................................................................... 74
3 FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA .................................................................................................. 76
3.1 POSITIVISMO ................................................................................................................................. 77
3.2 IDEALISMO ..................................................................................................................................... 79
3.3 MARXISMO ..................................................................................................................................... 81
3.4 EXISTENCIALISMO ....................................................................................................................... 82
3.5 FENOMENOLOGIA ....................................................................................................................... 84
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 86
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 88
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 90
UNIDADE 2 – PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA GERAL ............................. 91
TÓPICO 1 – LÓGICA .............................................................................................................................. 93
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 93
2 O QUE É LÓGICA?............................................................................................................................... 93
3 DIVISÃO DA LÓGICA ARISTOTÉLICA OU CLÁSSICA .......................................................... 95
3.1 LÓGICA FORMAL OU MENOR ................................................................................................. 95
3.2 LÓGICA MATERIAL OU MAIOR ................................................................................................ 96
4 SILOGISMO: O OBJETO DE ESTUDO DA LÓGICA .................................................................. 96
4.1 MÉTODO DEDUTIVO ..................................................................................................................101
4.2 MÉTODO INDUTIVO ...................................................................................................................102
4.2.1 Analogia .................................................................................................................................104
5 FALÁCIAS ............................................................................................................................................105
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ..........................................................................................................107
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ..........................................................................................................108
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................110
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................111
TÓPICO 2 – EPISTEMOLOGIA ........................................................................................................113
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................113
2 O QUE É EPISTEMOLOGIA? ..........................................................................................................113
3 O QUE É CONHECIMENTO? ..........................................................................................................115
3.1 PRIMEIRO REQUISITO PARA O CONHECIMENTO: CRENÇA .........................................115
3.2 SEGUNDO REQUISITO PARA O CONHECIMENTO: VERDADE ......................................116
3.3 TERCEIRO REQUISITO PARA O CONHECIMENTO: JUSTIFICAÇÃO .............................119
4 TIPOS DE CONHECIMENTO .........................................................................................................120LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................123
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................127
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................128
TÓPICO 3 – ÉTICA ................................................................................................................................129
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129
2 O QUE É ÉTICA? ................................................................................................................................130
IX
3 TEORIAS ÉTICAS ..............................................................................................................................131
3.1 UTILITARISMO ............................................................................................................................132
3.2 ÉTICA DEONTOLÓGICA OU DO DEVER ...............................................................................134
3.3 ÉTICA DAS VIRTUDES ...............................................................................................................136
4 BIOÉTICA ...........................................................................................................................................137
5 ÉTICA E TÉCNICA ............................................................................................................................139
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................141
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................146
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................147
TÓPICO 4 – ESTÉTICA ........................................................................................................................149
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................149
2 O QUE É ESTÉTICA? .........................................................................................................................149
3 OBJETOS DE ESTUDO DA ESTÉTICA ........................................................................................150
3.1 O BELO E O FEIO ..........................................................................................................................150
3.2 A ARTE ............................................................................................................................................152
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................153
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................154
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................155
UNIDADE 3 – FILOSOFIA PARA HOJE ..........................................................................................157
TÓPICO 1 – FILOSOFIA POLÍTICA .................................................................................................159
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................159
2 A POLÍTICA NA GRÉCIA ................................................................................................................160
3 PLATÃO ................................................................................................................................................163
4 ARISTÓTELES ....................................................................................................................................164
5 O ESTADO MODERNO ....................................................................................................................165
6 MAQUIAVEL: O PRÍNCIPE .............................................................................................................166
7 HOBBES: O LEVIATÃ .......................................................................................................................168
8 MONTESQUIEU: OS TRÊS PODERES .........................................................................................170
9 REGIMES POLÍTICOS ......................................................................................................................171
9.1 REGIME DEMOCRÁTICO ...........................................................................................................171
9.2 REGIME TOTALITÁRIO ..............................................................................................................174
10 FORMAS DE GOVERNO ...............................................................................................................176
10.1 MONARQUIA ..............................................................................................................................176
10.2 REPÚBLICA ..................................................................................................................................176
10.2.1 Parlamentarismo .................................................................................................................176
10.2.2 Presidencialismo .................................................................................................................177
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ..........................................................................................................178
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ..........................................................................................................179
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................181
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................182
TÓPICO 2 – FILOSOFIA DA MENTE ...............................................................................................183
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................183
2 O QUE É FILOSOFIA DA MENTE? ................................................................................................184
3 O PROBLEMA MENTE-CORPO ....................................................................................................185
4 DUALISMO .........................................................................................................................................188
4.1 DUALISMO DA SUBSTÂNCIA ..................................................................................................188
4.2 DUALISMO DE ATRIBUTO OU PROPRIEDADE ...................................................................189
5 MATERIALISMO OU FISICALISMO ...........................................................................................190
X
6 A CONSCIÊNCIA ..............................................................................................................................190
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................193
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................195
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................196TÓPICO 3 – FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO .....................................................................................197
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................197
2 TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTO OU EDUCAÇÃO CRÍTICA? ................................197
3 PRESSUPOSTOS FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO ..................................................................199
3.1 EPISTEMOLOGIA .........................................................................................................................200
3.2 ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA ................................................................................................200
3.3 AXIOLOGIA ...................................................................................................................................201
4 FILOSOFIA E A FORMAÇÃO HUMANA NA ESCOLA ...........................................................202
5 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA PRÁTICA ESCOLAR .....................................................202
5.1 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS LIBERAIS ..............................................................................203
5.2 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PROGRESSISTAS .................................................................203
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................206
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................208
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................209
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................211
1
UNIDADE 1
FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA 
DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• descrever a origem e o desenvolvimento da filosofia desde o mito até a 
razão;
• reconhecer a importância do pensamento grego para o desenvolvimento 
da filosofia;
• conhecer os principais períodos da filosofia;
• avaliar o papel da filosofia no decorrer da história humana;
• analisar o impacto do pensamento filosófico para o desenvolvimento da 
humanidade;
• conhecer as principais correntes filosóficas.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos e, no final de cada um deles, 
você encontrará atividades que o ajudarão a ampliar os conhecimentos 
adquiridos.
TÓPICO 1 – A ORIGEM DA FILOSOFIA 
TÓPICO 2 – OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: FILOSOFIA 
ANTIGA E CLÁSSICA
TÓPICO 3 – OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: CLÁSSICA E 
MEDIEVAL
TÓPICO 4 – OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: DA 
MODERNIDADE À CONTEMPORÂNEA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
A ORIGEM DA FILOSOFIA
1 INTRODUÇÃO
Este tópico terá um caráter mais histórico, pois vamos apresentar o contexto 
cultural, social e político que culminou com o surgimento da filosofia. É necessário 
para compreendermos o contexto que motivou os primeiros pensadores a buscarem 
respostas para seus questionamentos, que não fossem de cunho mítico ou religioso. 
Determinado conhecimento do contexto possibilita que você, acadêmico, consiga 
compreender aspectos da origem e o desenvolvimento da filosofia.
Inicialmente, vamos discorrer sobre o pensamento mítico e a evolução para 
uma postura reflexiva, que buscava na razão o fundamento para responder a muitos 
questionamentos. Embora o pensamento mítico tenha servido aos anseios do ser 
humano por um longo tempo, o ser humano percebeu que respostas baseadas 
apenas em afirmações advindas da imaginação já não eram suficientes. Assim, o 
ser humano caminhou no sentido de encontrar explicações em sua própria razão. 
Em um segundo momento, buscaremos responder à seguinte pergunta: 
o que é filosofia? Nossa proposta é apresentar algumas respostas que foram 
elaboradas por importantes pensadores, com o intuito de conceituar da melhor 
maneira o que se entende por filosofia. 
 No terceiro momento deste tópico, vamos falar um pouco sobre a filosofia 
na Grécia Antiga. Vamos discorrer sobre os principais períodos, pois será possível 
perceber como os contextos político e cultural contribuíram para a passagem do 
pensamento mítico para o pensamento filosófico. Assim, convidamos você a dar 
início a uma jornada pelo universo da filosofia.
2 O PENSAMENTO MÍTICO
Uma das primeiras formas que o ser humano encontrou para explicar a 
origem do Universo e das demais coisas, sejam elas físicas ou não, foi por meio do 
mito. Assim, é fundamental que compreendamos o que é o mito e de que maneira 
o conceito é entendido ao longo do tempo. 
Há certa confusão quando se fala do mito na antiguidade, pois muitos 
imaginam que seja uma maneira não convencional para explicar os fenômenos 
naturais e a própria existência. Todavia, vale ressaltar que o mito fazia parte do 
cotidiano das pessoas, inclusive “durante muito tempo, os primeiros filósofos 
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
4
gregos compartilharam de diversas crenças míticas, enquanto desenvolviam o 
conhecimento racional que caracteriza a filosofia” (COTRIM, 2000, p. 73). Assim, 
o mito não é uma narrativa destituída de racionalidade, muito pelo contrário, 
a narrativa mítica possuía uma lógica que pretendia responder às questões 
existenciais. 
O pensamento mítico, portanto, consiste na maneira que o ser humano 
encontrou para explicar aspectos da sua realidade. Explicações míticas podem 
ser encontrados em narrativas sobre a origem do mundo, sobre os fenômenos 
naturais, sobre as origens de um povo, suas crenças, tradições e seus valores 
básicos comuns ou não em cotidiano. 
O termo grego mythos significa um tipo de discurso fictício ou imaginário. 
O discurso imaginário não é o mesmo que uma mentira, embora em alguns 
momentos o mito possa ter sido um sinônimo de mentira. Entretanto, tem sua 
origem na capacidade humana de raciocinar e buscar uma explicação diante 
daquilo que causa espanto. Assim, o mito é concebido como uma narrativa que 
pretende dar uma direção para aquilo que parece confuso e fora de lugar.
O mito é, portanto, uma intuição compreensiva da realidade, é uma 
forma espontânea de o homem situar-se no mundo. E as raízes do 
mito não se acham nas explicações exclusivamente racionais, mas na 
realidade vivida, portanto pré-reflexiva, das emoções e da afetividade 
(ARANHA; MARTINS, 1993, p. 55).
Quando nos referimos ao mito como ‘uma intuição compreensiva 
da realidade’, estamos dizendo que o mito é a percepção da realidade, 
independentemente de um raciocínio puramente lógico ou de uma análise 
aprofundada dos fenômenos. Diz respeito a uma forma de narrativa direta a 
partir da percepção imediata da realidade que nos cerca, pois a narrativa mítica é 
pré-reflexiva, ou seja, antecede o pensamento reflexivo em que os filósofos gregos 
começaram a questionar seus próprios mitos. 
NOTA
Pensamento reflexivo é “a  espécie  de pensamento que  consiste  em 
examinar mentalmente o assunto e dar a ele consideração séria e consecutiva”.
 
DEWEY, John. Como pensamos. 3. ed. São Paulo: Editora Nacional, 1959, p. 13.
É importante ressaltar que "o mito não é exclusividade de povos primitivos, 
nem de civilizações nascentes, mas existe em todos os tempos e culturas como 
componente indissociável da maneira humana de compreender a realidade" 
(ARANHA; MARTINS, 1993, p. 54).
TÓPICO 1 | A ORIGEM DA FILOSOFIA
5
 O mito, nas civilizações atuais, ganhou outro viés, seja o viés daquilo 
que é inatingível, ou de uma ideia, mesmo que absurda, mas que atrai o interesse 
das pessoas. A mitologia é um nicho muito bem explorado pela indústria do 
entretenimento, pois procura corresponder a muitos dos anseios humanos, tais 
como o ideal de força, beleza, justiça etc. 
Pelo fato de a filosofia ternascido na Grécia Antiga, o conhecimento do 
universo mítico dos gregos se tornou mais comum para nós, embora outros povos 
também possuam seus mitos. Ainda que seja também uma maneira de explicar 
a realidade, seu papel fundamental é “acomodar e tranquilizar o homem em um 
mundo assustador” (ARANHA; MARTINS, 1993, p. 56). 
A falta de conhecimento acerca da natureza e seu funcionamento fazia 
com que os homens temessem. O temor assombrava o ser humano e lhe causava 
inquietude. No sentido de se amparar em algo, que mesmo não vendo ou tocando, 
construíram seu sistema de crenças do mundo real a partir do sobrenatural. Assim, 
o apego ao mito era uma maneira de explicar a realidade e trazer tranquilidade 
diante do desconhecido. De acordo com Aranha e Martins (2005, p. 125):
O ser humano, à mercê das forças naturais, que são assustadoras, passa 
a emprestar-lhes qualidades emocionais. As coisas não são mais matéria 
morta nem são independentes do sujeito que as percebe. Ao contrário, 
estão sempre impregnados de qualidades e são boas ou más, amigas 
ou inimigas, familiares ou sobrenaturais, fascinantes e atraentes ou 
ameaçadoras e repelentes. Por isso, o ser humano se move dentro de um 
mundo animado por forças que ele precisa agradar para que haja caça 
abundante, para que a terra seja fértil, para que a tribo ou grupo seja 
protegido, para que as crianças nasçam e os mortos possam ir em paz. 
A narrativa mítica concebe as forças da natureza, que podemos chamar de 
identidade ou pessoalidade, pois Poseidon era o senhor dos mares, Apolo era o deus 
do sol e das artes, Afrodite a deusa do amor, do sexo e da beleza, e assim por diante. 
POSEIDON
Poseidon, também conhecido como Netuno para os romanos, 
era o grande rei dos mares, um homem muito forte, com barbas e sempre 
representado com seu tridente na mão e às vezes, com um golfinho. Era filho 
de Cronos, deus do tempo e da deusa da fertilidade Reia. Sua casa era no 
fundo do mar e com seu tridente causava maremotos, tremores, além de fazer 
brotar água do solo.
Poseidon era casado com Anfitrite. Quando se conheceram, Poseidon 
se apaixonou por ela, mas Anfitrite o recusou e Poseidon a obrigou a casar-se 
com ele, porém ela, para não casar, se escondeu nas profundezas do oceano, só 
sua mãe sabia onde ela estava. 
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
6
Contudo, com o tempo, Anfitrite mudou de ideia e foi atrás de Poseidon, 
com quem se casou e ficou sendo a rainha do oceano. Com ela, teve um filho 
chamado Tritão, que aterrorizava os marinheiros com um barulho espantoso 
que ele fazia quando soprava o búzio, um instrumento, mas também com ele 
fazia sons maravilhosos. 
Entretanto, na sua vida, Poseidon teve muitos outros amores e fora 
de seu casamento teve mais filhos que ficaram muito conhecidos por sua 
crueldade: Ciclope e o gigante Orion. Poseidon disputou com Atena, a deusa 
da sabedoria, para ser a deidade da cidade hoje conhecida como Atenas, porém 
Atena ganhou a competição e a cidade ficou conhecida com o seu nome.
Na história da Guerra de Troia, Poseidon e Apolo ajudaram o rei na 
construção dos muros daquela cidade e a eles foi prometida uma recompensa, 
porém tinham sidos enganados, pois o rei não os recompensou. Foi então que 
Poseidon muito enfurecido se vingou de Troia e enviou um monstro do mar 
que saqueou toda a terra de Troia e durante a guerra, ajudou os gregos.
Poseidon é também o pai de Pégaso, um cavalo alado gerado por 
Medusa. Sempre esteve muito ligado aos cavalos e foi o primeiro a colocá-
los na região. Outro caso de amor muito conhecido de Poseidon foi com sua 
irmã Demeter. Ele a perseguiu e ela, para evitá-lo, transformou-se em égua. 
Contudo, ele se transformou em um garanhão e com ela teve um encantador 
cavalo, Arion. Poseidon era um deus muito importante e celebravam em sua 
honra os jogos místicos, constituídos de competições atléticas e também de 
músicas e poesias, realizados de dois em dois anos.
FONTE: LIMA, Fernanda. Poseidon. 2018. <https://www.infoescola.com/mitologia-grega/
poseidon/>. Acesso em: 24 fev. 2018. 
Qual é o fundamento do mito? Como justificar o mito? O mito não é concebido 
como algo a ser questionado cientificamente. O mito apela para o sobrenatural, ao 
mágico e sagrado para explicar a realidade. Assim, o mito é uma narrativa que não 
está preocupada com a possibilidade de comprovação científica ou empírica.
A concepção mítica se dá através das epopeias e da Teogonia. As epopeias 
consistem em um tipo de poema narrativo extenso, em que são contados os 
fatos históricos de um povo, seus feitos heroicos, as aventuras, as guerras, fatos 
históricos de um indivíduo ou mais, mesclando fatos reais, lendas ou mitos. 
De acordo com Aranha e Martins (1993, p. 63), “os mitos eram recolhidos 
pela tradição e transmitidos oralmente pelos aedos e rapsodos, cantores ambulantes 
que davam forma poética aos relatos populares e os recitavam de cor em praça 
pública”. Assim, como não eram textos escritos, também não se sabia quem eram 
os autores de tais poemas. Assim, o poema não era de domínio particular, mas 
coletivo, e cada poeta poderia recitar as epopeias por onde passava, como em 
praças públicas, no sentido de exaltar os feitos de seu povo e seus heróis. 
TÓPICO 1 | A ORIGEM DA FILOSOFIA
7
Outro aspecto importante das epopeias foi seu caráter didático na vida 
do povo grego, pois os poemas “descrevem o período da civilização micênica e 
transmitem os valores da cultura por meio das histórias dos deuses e antepassados, 
expressando uma determinada concepção de vida. Por isso, desde cedo as crianças 
decoravam passagens dos poemas de Homero” (ARANHA; MARTINS, 1993, p. 
63). A cultura, os valores e os feitos dos povos e seus heróis vão se perpetuando 
através de uma tradição oral que possibilita o desenvolvimento cultural e a 
solidificação da cultura. 
As epopeias tentam mostrar que há uma relação entre os deuses e os 
homens, pois “as ações heroicas relatadas nas epopeias mostram a constante 
intervenção dos deuses, ora para auxiliar um protegido seu, ora para perseguir 
um inimigo” (ARANHA; MARTINS, 1993, p. 63). 
As ações dos heróis são guiadas pelos deuses, pois o herói depende dos 
deuses, visto que as forças ocultas estão muito além da capacidade humana de 
dominá-las. Na Odisseia de Homero, a relação de amizade ou inimizade entre os 
heróis e os deuses é muito comum. Um exemplo é quando Telêmaco, filho de Ulisses, 
vai à ágora para convencer os Itacenses sobre seu propósito de procurar seu pai. 
Diz o poema que quando Telêmaco se dirigia à ágora (praça principal 
das antigas cidades gregas), a deusa “Atena derramava divinal graça sobre ele, 
sua entrada atraiu os olhares de todos e os anciãos cederam-lhe lugar, para que 
tomasse assento na cadeira de seu pai” (HOMERO, 2003, p. 28). 
Observe que o herói é agraciado pelos deuses para que se sobressaísse 
entre os demais. Se por um lado temos a deusa Atena aliada de Telêmaco, por 
outro lado seu pai Ulisses sofre em decorrência da ira de Posseidon, o deus dos 
mares, pois Ulisses havia ferido um de seus ciclopes preferidos. 
Hesíodo, outro importante poeta grego, que viveu por volta do século 
VIII a.C., escreveu a Teogonia, que também é chamada de Genealogia dos deuses. Na 
obra, o poeta:
Relata as origens do mundo e dos deuses, e as forças que surgem não 
são pura natureza, mas sim as próprias divindades: Gaia é a Terra, 
Urano é o Céu, Cronos é o Tempo, surgindo ora por segregação, 
ora pela intervenção de Eros, princípio que aproxima os opostos 
(ARANHA; MARTINS, 1993, p. 63)
A Teogonia trata da progressão que o universo passou até chegar ao que 
conhecemos hoje. É uma narrativa sobre o surgimento do mundo a partir dos 
primeiros deuses, seus relacionamentos amorosos e suas terríveis lutas. Assim, 
neste mito, as divindades representam fenômenos ou aspectos básicos da 
natureza humana. 
Expressa as ideias dos primeiros gregos sobre a constituição do universo, 
pois esta obra, juntamentecom os poemas de Homero, tinha também uma função 
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
8
didática, pois era usada como uma cartilha na qual o povo grego aprendia a ler, a 
pensar, refletir e compreender o mundo e reverenciar os deuses. 
O mito tem muito a nos ensinar ainda nos dias de hoje, pois aparecem 
na imagem de novos heróis, tais como atores, atrizes, jogadores de futebol, 
empresários bem-sucedidos, alguns líderes políticos, que se tornam modelos a 
serem seguidos. 
Suas imagens são reforçadas pela mídia, pelo cinema e até mesmo pelas 
artes. Esses mitos vêm carregados de valores, ideologias, interesses e cabe a cada 
indivíduo refletir sobre os mitos atuais e filtrar de maneira reflexiva sobre a 
mensagem que tais mitos passam para a nossa sociedade. 
DICAS
Sugestão de filme: A ODISSEIA
O filme é dirigido por Andrey Konchalovskiy. É baseado no poema 
homônimo de Homero, retrata as aventuras de Ulisses (ou Odisseu) 
após a Guerra de Troia. Depois de desafiar o deus dos mares Poseidon, 
Ulisses se vê obrigado a vagar por terras e mares, se vendo afastado de 
sua família. A partir de então, vive uma série de aventuras, enfrentando 
deuses e diversos monstros para poder voltar para sua casa.
3 O QUE É FILOSOFIA?
É comum que algumas pessoas tenham certa resistência quanto ao estudo 
da filosofia. Determinada resistência se deve a vários fatores, entre eles podemos 
destacar a necessidade de colocar suas certezas à prova, ou seja, duvidar de suas 
crenças e certezas mais profundas, questionar e buscar uma razão para a ordem 
das coisas em nossa volta. 
“A atividade filosófica enquanto abordagem racional surge no contexto 
cultural grego, expressando-se inicialmente como tentativa de explicar a realidade 
do mundo sem recorrer à mitologia e à religião” (SEVERINO, 1994, p. 56). 
Entretanto, talvez você esteja se perguntando: por que preciso aprender filosofia? 
Antes de qualquer coisa, observe a figura a seguir e reflita sobre a mesma questão 
que incomoda o pensador.
TÓPICO 1 | A ORIGEM DA FILOSOFIA
9
FIGURA 1 – ATO DE PENSAR
FONTE: <http://editoraunesp.com.br/blog/os-adolescentes-e-a-filosofia-06-08-2013-12-49>. Acesso 
em: 22 fev. 2018. 
Qual é a conclusão a que você chegou ao observar a figura? Qual é o 
significado do indivíduo estar acorrentado junto a um peso? A filosofia tem, por 
finalidade, despertar no ser humano o estado de comodismo, cumpre o papel 
de desvencilhar o ser humano das amarras ideológicas, libertá-lo das ilusões e 
manipulações que embotam a razão e escravizam a consciência humana. 
É o instrumento da reflexão crítica, que permite ao ser humano explorar 
sua capacidade de pensar, questionar sua realidade e construir sua própria 
história com autonomia e liberdade. A seguir, leia um breve texto do filósofo 
alemão Hegel sobre o papel da filosofia:
A tarefa da filosofia é entender o que é, pois o que é a razão. No que 
diz respeito ao indivíduo, cada um é, por outra parte, filho de seu tempo; do 
mesmo modo, a filosofia é seu tempo apreendido em pensamentos. 
É igualmente insensato crer que uma filosofia pode ir além de seu tempo 
presente como que um indivíduo que possa saltar por cima de seu tempo. Mas 
se sua teoria vai na realidade além e constrói um mundo tal como deve ser, 
este existirá por certo, mas somente em sua opinião, elemento maleável no que 
se pode plasmar qualquer coisa [...].
Para agregar algo a mais sobre a pretensão de ensinar como deve ser 
o mundo, assinalemos, por outra parte, que a filosofia chega sempre tarde. 
Enquanto pensamento do mundo, aparece no tempo só depois que a realidade 
consumou o seu processo de formação e já se acha pronta.
 
O que ensina o conceito e mostra com a mesma necessidade a história: só 
na maturidade da realidade aparece o ideal frente ao real, e erige a este mesmo 
mundo, apreendido em sua substância, na figura de um reino intelectual. 
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
10
Quando a filosofia pinta com seus tons cinzentos é que já envelheceu 
uma figura da vida que suas penumbras não podem rejuvenescer, mas somente 
conhecer; a coruja de Minerva alça seu voo no acaso.
FONTE: HEGEL, G. W. F. Princípios de la filosofia del derecho. In: COTRIM, Gilberto. Fundamentos 
da Filosofia: história e grandes temas. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. 
A segunda pergunta, não menos importante que a primeira, a que devemos 
responder, antes de aprofundar qualquer estudo sobre a filosofia é: “O que é 
filosofia?”. Parece ser, em um primeiro momento, uma questão muito simples de 
responder. Entretanto, ao avançarmos no estudo do pensamento humano, vamos 
perceber que a filosofia abarca uma quantidade muito ampla de definições.
Como vimos anteriormente, o pensamento mítico predominava entre os 
antigos gregos. A passagem da consciência mítica para a consciência racional 
inaugura uma nova era no pensamento humano. Na transição, aparecem os 
primeiros sábios (gr. Sophos). O termo filosofia (philos+sophia), que significa 
“amor à sabedoria”, foi usado pela primeira vez por Pitágoras, que também era 
matemático e viveu durante o século VI a.C.
A filosofia, como uma área do saber, nasce entre o século VII e VI a.C. 
“Surge promovendo a passagem do saber mítico ao pensamento racional, sem, 
entretanto, romper bruscamente com todos os conhecimentos do passado” 
(COTRIM, 2000, p. 73). 
O rompimento gradativo da filosofia com o saber mítico significa que o 
saber mítico possuía uma lógica e uma racionalidade, embora a filosofia possua 
um método de estudo que vai muito além de um saber alegórico (mito), pois 
se assenta na argumentação racional. No entanto, é importante atentar para a 
maneira como alguns filósofos conceituaram o termo filosofia. 
Para Platão, a “filosofia é o uso do saber em proveito do homem” 
(ABBAGNANO, 2012, p. 514). Há uma semente do antropocentrismo, sobretudo 
de humanismo, pois Platão coloca o ser humano no centro do debate. Na visão de 
Platão, as coisas só fazem sentido se forem proveitosas para o ser humano. 
Assim, a filosofia perguntará qual é a utilidade das coisas para o bem do 
homem. Não adiantam avanços tecnológicos, produção de riquezas, capacidade 
de criar, construir etc., caso nada disso promova o bem para as pessoas. A filosofia 
aponta para o fato de que aquilo que é feito deve ser feito para melhorar a vida 
dos seres humanos. 
Segundo o filósofo, físico e matemático francês René Descartes apud 
Abbagnano (2012, p. 514), filosofia é uma palavra que:
 
TÓPICO 1 | A ORIGEM DA FILOSOFIA
11
Significa o estudo da sabedoria, e por sabedoria não se entende somente 
a prudência nas coisas, mas um perfeito conhecimento de todas as 
coisas que o homem pode conhecer, tanto para a conduta de sua vida, 
quanto para a conservação de sua saúde e a invenção de todas as artes.
Se observarmos, há uma semelhança com a concepção platônica. No 
fragmento, vemos claramente uma concepção humanística da finalidade da 
filosofia pelo fato de Descartes ter vivido no início da revolução científica, sendo 
inclusive chamado de fundador da filosofia moderna. 
Sua concepção mostra claramente o espírito da sua época, sendo o homem 
capaz de construir sua própria história e intervir nos destinos do mundo. Assim, 
a filosofia pode contribuir para o bom uso dos conhecimentos científicos, pois não 
se restringe a elaborar princípios de como viver bem no aspecto moral, mas reflete 
sobre qual a finalidade última das ações humanas e da produção de conhecimento.
Kant apud Abbagnano (2012, p. 514), por sua vez, define a filosofia como a 
“ciência da relação do conhecimento à finalidade essencial da razão humana”. Na 
filosofia kantiana, a finalidade essencial da razão humana é a felicidade universal. 
Assim, a razão em Kant não possui apenas ‘ideias’, mas tem seus ‘ideais’, e o 
ideal da razão é a felicidade universal. Desta forma, a filosofia estabelece a relação 
entre todas as coisas com sabedoria através da ciência (ABBAGNANO,2012). 
Ainda que o trabalho filosófico seja essencialmente teórico, é necessário 
ressaltar que “isso não significa que a filosofia esteja à margem do mundo, nem 
que ela constitua um corpo de doutrina ou um saber acabado, com determinado 
conteúdo, ou que seja um conjunto de conhecimentos estabelecidos de uma vez 
por todas” (ARANHA; MARTINS, 1993, p. 72).
 A filosofia é uma área que está em constante mudança, pois a reflexão 
filosófica não está em busca de respostas que sejam absolutas e dogmáticas, que 
não podem ser questionadas, pois ela não se apega às certezas das doutrinas, 
nem tão pouco à impossibilidade do conhecimento. Assim, a filosofia não é nem 
dogmática e nem cética, ela é um fluir constante em busca de respostas para os 
mais diversos dilemas e problemas relacionados à existência humana. 
Embora no início a filosofia e a ciência estivessem estreitamente ligadas, 
com o passar dos anos foram sendo feitas distinções entre elas, pois de acordo 
com Aranha e Martins (1993, p. 129), “no pensamento grego, ciência e filosofia 
achavam-se ainda vinculadas, e só vieram a se separar na Idade Moderna, 
buscando cada uma delas seu próprio caminho, ou seja, seu método”. Assim, a 
filosofia se distingue da ciência, pois a filosofia se ocupa em buscar a verdade nos 
mais diversos aspectos, pois sua visão se volta para o conjunto de coisas. 
O campo da filosofia é de certo modo indeterminado, pois é um campo 
muito vasto devido ao fato de que a filosofia estuda os problemas fundamentais 
associados à existência, aos valores morais e estéticos, ao conhecimento, à mente, 
à verdade e à linguagem. 
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
12
A ciência, por outro lado, consiste na aplicação de teorias que já foram 
testadas, possui um caráter empírico e sistemático, segue um método que consiste 
na observação, hipótese, experimentação e conclusão. “A filosofia não faz juízos 
de realidade, como a ciência, mas juízos de valor” (ARANHA; MARTINS, 1993, 
p. 73). Assim, a filosofia busca um significado, um sentido último para as ações, 
pois ao perceber a realidade, o filósofo busca dar sentido à experiência. 
4 A FILOSOFIA NA GRÉCIA ANTIGA 
O pensamento filosófico-científico surge na Grécia, por volta do século VI 
a.C. É importante frisar que a Grécia passa por quatro grandes períodos: Período 
Homérico; Período da Grécia Arcaica; Período Clássico e Período Helenístico. 
Observe que estamos falando dos quatro períodos da história da Grécia antiga e 
não os períodos da filosofia. 
Período Homérico – Do século XI ao VIII a.C. – é assim denominado 
porque neste período teria vivido Homero, o grande poeta grego, que de acordo 
com os historiadores, é o autor dos poemas épicos Ilíada e Odisseia. O período 
consiste em uma fase de transição. 
Há a invasão dos povos dórios, povos de origem indo-europeia, que 
migraram para a Península Balcânica e juntamente com os jônios, eólios e aqueus, 
participaram da formação de várias cidades-estados da Grécia Antiga. 
A invasão dos dórios desencadeou um grande deslocamento de grupos 
de pessoas da Grécia Continental para a Ásia Menor e as ilhas do Mar Egeu. 
Sobre determinado acontecimento, Moraes (1993, p. 53) aponta que “com a 
invasão dórica, ocorreu um retrocesso da produção material e cultural da região. 
O ativo comércio desapareceu e as cidades foram abandonadas. Houve um 
retorno ao campo e à vida rural; a sociedade voltou a se organizar em padrões 
mais simples”. O período é considerado como pré-homérico, pois é marcado por 
uma nova maneira como a sociedade grega se organizou. 
Assim, é importante pensar sobre a maneira como a sociedade grega do 
período homérico se organizou para superar o processo de transição que marca o 
período homérico. De acordo com Moraes (1993, p. 53):
A sociedade grega, neste período homérico, passou a ser organizar 
em génos (ou gens, espécie de clãs), por isso a chamamos de sociedade 
gentílica. A génos era uma comunidade formada por uma grande família, 
chefiada pelo patriarca. Esses agrupamentos sociais conseguiam 
assegurar sua sobrevivência mediante uma atividade coletiva, ou seja, 
o trabalho, os bens e a produção eram propriedade de todos. 
A fase marcou a substituição da cultura micênica pela gentílica (dos génos). 
A nova organização gerou uma série de problemas, pois a sociedade gentílica 
foi desaparecendo gradativamente, pois com o aumento populacional e a baixa 
TÓPICO 1 | A ORIGEM DA FILOSOFIA
13
produção coletiva, não foi capaz de produzir alimento suficiente para o sustento 
das pessoas, gerando um quadro de fome e pobreza (MORAES, 1993). 
O resultado imediato da situação foi o fortalecimento de algumas famílias 
que se tornaram proprietárias das melhores terras e formaram uma pequena 
aristocracia comandada pelo Pater, o chefe e autoridade máxima das organizações, 
que possuía autoridade política, militar e religiosa. Assim, os génos eram 
sociedades patriarcais, cujos membros compartilhavam laços consanguíneos.
Período da Grécia Arcaica – Do século VIII ao V a.C. – se no período 
Homérico se deram início às grandes transformações ocorridas na Grécia, no 
período arcaico ocorreu a fase final de uma nova transformação social e cultural. 
Os gregos passaram a ser governados por uma aristocracia. É o período em que 
surgem os primeiros legisladores gregos, pois havia se desenvolvido um ambiente 
em que foram dados os primeiros passos em direção à construção de uma 
democracia grega. Ainda, a escrita grega foi revitalizada e novas organizações 
políticas e sociais se adaptaram. 
 
Período Clássico – Do século V ao IV a.C. – é o período da história 
grega tido como o mais glorioso. Ainda que tenha sido um período de intensos 
conflitos externos e internos, foi marcado por um elevado crescimento econômico 
e cultural, tendo como principal centro a cidade de Atenas. 
De acordo com Moraes (1993, p. 60), “o período conhecido como Grécia 
Clássica corresponde ao apogeu da cultura grega (principalmente de Atenas), 
interrompido pela conquista macedônica, mas abrange também acontecimentos 
como as guerras externas (contra os persas) e internas (Atenas e Esparta)”. 
O apogeu de Atenas sobre as demais cidades gregas se deu em grande 
medida ao governo de Péricles entre os anos 461-431 a.C., pois “as reformas 
políticas de Péricles ampliaram a democracia ateniense, permitindo maior 
participação dos cidadãos mais pobres nas assembleias e nas decisões do governo” 
(MORAES, 1993, p. 62). 
A ampliação da democracia, o investimento em obras públicas, o 
embelezamento de Atenas e fortalecimento econômico da cidade fizeram com 
que Atenas assumisse uma posição imperialista em relação às demais polis gregas, 
competindo diretamente com Esparta, outra cidade de grande importância para a 
Grécia. Naturalmente uma reação foi desencadeada por parte das demais cidades 
lideradas por Esparta, no sentido de combater a hegemonia ateniense. 
A aliança entre as cidades gregas fundou a Liga do Peloponeso. Após 
a morte de Péricles, os conflitos entre Atenas e Esparta, que liderava as outras 
cidades, culminaram com a Guerra do Peloponeso, que enfraqueceu as cidades-
estados, pois consumia seus recursos e vidas em um conflito que no final foi 
vencido pela Liga do Peloponeso. 
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
14
Contudo, Esparta assume uma posição hegemônica em relação às demais 
cidades-estados, pois aplicaram ações imperialistas sobre as cidades que haviam sido 
suas aliadas. Assim, novos conflitos surgiram e houve o enfraquecimento do poder 
grego, subjugados do poder de Felipe II da Macedônia, pai de Alexandre, o Grande. 
Período Helenístico – do século IV ao II a.C. – o que caracteriza este 
período é a expansão significativa da ciência e do conhecimento. A cidade de 
Alexandria, por exemplo, se tornou o grande centro da cultura helenística, pois 
segundo Arruda e Piletti (1996, p. 56):
Alexandria ganhava fama no Ocidente e no Oriente coma população 
numerosa, indústria artesanal, museus, biblioteca com 400.000 obras. 
A vida intelectual era intensa: Matemática, Geometria e Medicina se 
desenvolveram. O pensamento filosófico dividia-se em duas correntes: 
estoicismo, que acentuava a firmeza de espírito, indiferença à dor e 
submissão à ordem natural das coisas; e epicurismo, que aconselhava a 
busca do prazer.
Na verdade, podemos afirmar que o helenismo foi o resultado de uma 
política de integração entre as diferentes culturas, pois como afirma Arruda e 
Piletti (1996, p. 55), “a civilização helenística resultou da fusão da cultura helênica 
(grega) com a cultura do Oriente Médio, principalmente persa e egípcia. Seu 
centro se deslocou da Grécia e do Egeu para o Oriente Médio, para os novos polos 
irradiadores da cultura: Alexandria, Antioquia e Pérgamo”. 
Assim, o protagonismo das três cidades ofuscou o antigo e esplendor de 
Atenas e Esparta, que havia sido o centro da cultura grega por muito tempo. 
Determinado deslocamento mostra como a cultura de um povo pode ser assumida 
e disseminada em outras regiões, pois o legado cultural grego permaneceu e 
influenciou o mundo ocidental até os dias de hoje. Assim, Arruda e Piletti (1996, 
p. 56) acentuam que:
A contribuição dos gregos para a humanidade abrange todos os 
setores da vida humana. Eles fundaram a filosofia. As reflexões de 
Sócrates sobre a natureza e o homem e os sistemas criados por Platão 
e Aristóteles tornaram imortal o pensamento grego. Seu teatro chega 
até nós cheio de vida. Demóstenes, mestre da oratória. O esplendor 
da arte grega ainda pode ser admirado nas ruínas do Partenon e na 
Acrópole de Atenas. 
Podemos afirmar que a sociedade ocidental possui uma dívida cultural 
muito grande para com os gregos. No caso da filosofia, o valor que as obras gregas 
possuem para o mundo é incalculável, pois o pensamento filosófico clássico grego 
delineou a maneira de pensar do homem ocidental. 
Determinado subsídio histórico se faz necessário para compreendermos 
em que contexto político, econômico e cultural os primeiros pensadores 
desenvolveram suas ideias. Devemos lembrar que cada filósofo é fruto de seu 
tempo, pois sua filosofia é uma reflexão sobre as questões que dizem respeito à 
realidade, ao momento histórico e cultural em que eles viveram. 
TÓPICO 1 | A ORIGEM DA FILOSOFIA
15
A FILOSOFIA NO MUNDO
Mas como se põe o mundo em relação com a filosofia? Há cátedras de 
filosofia nas universidades. Atualmente, representam uma posição embaraçosa. 
Por força de tradição, a filosofia é polidamente respeitada, mas, no fundo, objeto 
de desprezo. A opinião corrente é a de que a filosofia nada tem a dizer e carece 
de qualquer utilidade prática. É nomeada em público, mas – existirá realmente? 
Sua existência se prova, quando menos, pelas medidas de defesa a que dá lugar.
A oposição se traduz em fórmulas como: a filosofia é demasiado 
complexa; não a compreendo; está além de meu alcance; não tenho vocação 
para ela; e, portanto, não me diz respeito. Ora, isso equivale a dizer: é inútil o 
interesse pelas questões fundamentais da vida; cabe abster-se de pensar no plano 
geral para mergulhar, através de trabalho consciencioso, num capítulo qualquer 
de atividade prática ou intelectual; quanto ao resto, bastará ter “opiniões” e 
contentar-se com elas. 
A polêmica torna-se encarniçada. Um instinto vital, ignorado de si mesmo, 
odeia a filosofia. Ela é perigosa. Se eu a compreendesse, teria de alterar minha 
vida. Adquiriria outro estado de espírito, veria as coisas a uma claridade insólita, 
teria de rever meus juízos. Melhor é não pensar filosoficamente. 
Surgem os detratores, que desejam substituir a obsoleta filosofia por algo 
de novo e totalmente diverso. Ela é desprezada como produto final e mendaz de 
uma teologia falida. A insensatez das proposições dos filósofos é ironizada e a 
filosofia vê-se denunciada como instrumento servil de poderes políticos e outros.
Muitos políticos veem facilitado seu nefasto trabalho pela ausência 
da filosofia. Massas e funcionários são mais fáceis de manipular quando não 
pensam, mas somente usam de uma inteligência de rebanho. É preciso impedir 
que os homens se tornem sensatos. Mais vale, portanto, que a filosofia seja vista 
como algo entediante. Oxalá desaparecessem as cátedras de filosofia. Quanto 
mais vaidades se ensinem, menos estarão os homens arriscados a se deixarem 
tocar pela luz da filosofia.
Assim, a filosofia se vê rodeada de inimigos, a maioria dos quais não têm 
consciência dessa condição. A autocomplacência burguesa, os convencionalismos, 
o hábito de considerar o bem-estar material como razão suficiente de vida, o hábito 
de só apreciar a ciência em função de sua utilidade técnica, o ilimitado desejo de 
poder, a bonomia dos políticos, o fanatismo das ideologias, a aspiração a um 
nome literário – tudo isso proclama a antifilosofia. E os homens não percebem 
porque não se dão conta do que estão fazendo. E permanecem inconscientes 
de que a antifilosofia é uma filosofia, embora pervertida que, se aprofundada, 
engendraria sua própria aniquilação. 
LEITURA COMPLEMENTAR
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
16
O problema crucial é o seguinte: a filosofia aspira à verdade total, que o 
mundo não o quer. A filosofia é, portanto, perturbadora da paz. 
E a verdade, o que será? A filosofia busca a verdade nas múltiplas 
significações do ser-verdadeiro segundo os modos do abrangente. Busca, mas 
não possui o significado e substância da verdade única. Para nós, a verdade não é 
estática e definitiva, mas movimento incessante, que penetra no infinito.
No mundo, a verdade está em conflito perpétuo. A filosofia leva o conflito 
ao extremo, porém, o despe de violência. Em suas relações com tudo quanto 
existe, o filósofo vê a verdade revelar-se a seus olhos, graças ao intercâmbio com 
outros pensadores e ao processo que o torna transparente a si mesmo.
Quem se dedica à filosofia põe-se à procura do homem, escuta o que ele 
diz, observa o que ele faz e se interessa por sua palavra e ação, desejo de partilhar, 
com seus concidadãos, do destino comum da humanidade.
Eis o porquê da filosofia não se transformar em credo. Está em contínua 
pugna consigo mesma.
FONTE: JASPERS, Karl. Introdução ao pensamento filosófico. São Paulo: Cultrix, 1971, p. 138.
17
Neste tópico, você aprendeu que:
• O mito foi a primeira forma que o ser humano encontrou para explicar a origem 
do universo e das demais coisas, sejam elas físicas ou não.
 
• O pensamento mítico consiste na maneira que o ser humano encontrou para 
explicar aspectos essenciais da sua realidade.
• O apego ao mito era uma maneira de explicar a realidade e trazer tranquilidade 
diante do desconhecido.
• O mito apela para o sobrenatural, ao mágico e sagrado para explicar a realidade. 
É uma narrativa que não está preocupada com a possibilidade de comprová-lo 
cientificamente ou empiricamente.
• As epopeias tentam mostrar que há uma relação entre os deuses e os homens.
• A Teogonia trata da progressão que o universo passou até chegar ao que 
conhecemos hoje.
• A filosofia é o instrumento racional que tem por finalidade despertar no ser 
humano o seu estado de comodismo, cumpre o papel de desvencilhar o ser 
humano das amarras ideológicas, libertá-lo das ilusões e manipulações que 
embotam a razão e escravizam a consciência humana.
• A filosofia é uma área que está em constante mudança, pois a reflexão filosófica 
não está em busca de respostas que sejam absolutas e dogmáticas, que não 
podem ser questionadas, pois ela não se apega às certezas das doutrinas, nem 
tão pouco à impossibilidade do conhecimento.
• O campo da filosofia é de certo modo indeterminado, pois é um campo muito 
vasto devido ao fato de que filosofia estuda os problemas fundamentais 
associados à existência, aos valores morais e estéticos, ao conhecimento, à 
mente, à verdade e à linguagem.
• A Grécia passa por quatro grandes períodos: Período Homérico;Período da 
Grécia Arcaica; Período Clássico e Período Helenístico.
RESUMO DO TÓPICO 1
18
1 O pensamento mítico, geralmente, é visto como aquilo que beira a 
irracionalidade, devido aos seus aspectos fantasiosos e imaginários. 
Entretanto, o mito teve um papel central para a vida das primeiras 
civilizações. Explique o que é e como surgiu o pensamento mítico.
2 “O que é filosofia?” É uma questão importante para compreendermos 
a sua relevância para o conhecimento científico e para a organização das 
sociedades. Apesar de ser uma questão que não oferece uma resposta 
tão simples, é possível compreender o que é filosofia a partir de algumas 
definições que nos foram dadas ao longo de sua história. Sobre o que é 
filosofia, assinale V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Filosofia é a área do conhecimento que oferece todos os tipos de respostas 
com precisão absoluta que podem ser aceitas universalmente.
( ) A filosofia é o instrumento racional cuja finalidade é despertar o ser 
humano de seu estado de comodismo.
( ) A filosofia possibilita que o ser humano busque sua realidade e construa 
sua própria história com autonomia e liberdade.
( ) A filosofia tem como objetivo formar, na mente do ser humano, certezas 
que jamais poderão ser questionadas. 
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – V – F – V.
b) ( ) F – V – V – F.
c) ( ) F – F – V – V.
d) ( ) V – V – V – F.
AUTOATIVIDADE
19
TÓPICO 2
OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: 
FILOSOFIA ANTIGA E CLÁSSICA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Conhecer a história da filosofia é fundamental para compreendermos sua 
importância em relação aos avanços científicos, culturais, políticos e sociais que 
ocorreram ao longo dos séculos. Claro que em apenas um tópico não será possível 
discorrer, nem que seja um pequeno fragmento de uma área do conhecimento 
humano que vem acumulando saberes ao longo de centenas de anos. Todavia, 
nossa proposta é discorrer sobre alguns aspectos que consideramos importantes 
em relação ao desenvolvimento do pensamento filosófico. 
Evidentemente que não é algo tão simples situarmos uma determinada 
corrente filosófica em um período histórico específico, pois a filosofia é dinâmica 
e as ideias, conceitos, métodos são constantemente revisados, questionados, 
atualizados, melhorados e pensados à luz do tempo histórico. 
Entretanto, determinadas correntes de pensamento ganham força ou são 
mais bem desenvolvidas em um tempo histórico específico, e assim situamos a 
corrente de pensamento junto com um determinado tempo e finalidade didática. 
Outros movimentos filosóficos surgem especificamente em um tempo 
histórico específico, mas geralmente consistem na evolução de um pensamento 
que possa ter iniciado em outro momento da história. O que queremos dizer 
que não devemos nos preocupar tanto com o período, mas com a corrente de 
pensamento em si. 
Neste tópico, iremos discorrer sobre as principais escolas filosóficas, os 
principais filósofos da filosofia clássica grega e da patrística. Em seguida, vamos 
abordar os rumos da filosofia moderna e por fim, uma breve análise sobre a 
filosofia contemporânea. 
Em um primeiro momento, vamos estudar sobre a filosofia antiga. Vamos 
discorrer sobre cada período que constitui o primeiro momento do pensamento 
filosófico. Você poderá observar, no decorrer do estudo, que cada período é 
marcado por um problema, do qual os pensadores se ocupam com o propósito de 
encontrar uma resposta para aquilo que consideram dilemas. 
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
20
2 A FILOSOFIA ANTIGA 
A Filosofia Antiga compreende o período que vai do surgimento da 
filosofia até a queda do Império Romano. Neste período, os pensadores gregos 
começaram a questionar acerca da racionalidade humana e iniciaram a busca por 
novas explicações para compreender a realidade. 
A filosofia deste período é caracterizada pela pretensão de abranger 
uma grande quantidade de ideias e campos, ainda que o principal objetivo dos 
pensadores tenha sido a busca pelo fundamento que se oculta por detrás de todas 
as coisas.
2.1 O PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICO OU COSMOLÓGICO
Os pré-socráticos são os pensadores da Grécia antiga que precederam 
Sócrates. Também são chamados de filósofos da natureza (physis) ou naturalistas, 
pois tinham como principal objetivo investigar o princípio das coisas. 
Antes de estudarmos as principais escolas de filosofia pré-socráticas e seus 
representantes mais expressivos, vamos apresentar uma síntese do período pré-
socrático, para que você já possa ter uma noção geral de que consiste o período. 
Podemos destacar dois grupos de filósofos: os primeiros são os chamados 
fisiólogos, pois ao apelar para um arché – um elemento básico de onde as coisas 
se originam e do qual o universo é constituído em sua totalidade – buscavam 
um princípio ordenador do universo, ou seja, estavam interessados em explicar 
a physis, a natureza material do universo. O outro grupo, os sofistas, tinha uma 
preocupação diferente, pois estavam interessados na vida dos homens e na 
maneira como poderiam participar da vida pública e se fazerem ouvido nos 
espaços de debates. 
Observe que são os principais problemas que irão ocupar a mente dos 
pensadores do período. Determinados problemas irão gerar inúmeros debates 
e as diferentes escolas da época irão assumir suas posições, construindo os 
argumentos que justifiquem seus posicionamentos em relação aos problemas 
propostos.
2.1.1 Escola jônica 
A cidade de Mileto era um centro comercial de grande importância. O fato 
de ser um centro de comércio demonstrava um trânsito de pessoas de diferentes 
partes do mundo, além das trocas comerciais e culturais. A escola jônica estava 
sediada na cidade de Mileto, nos séculos VI e V a.C. O principal filósofo da escola 
foi Tales de Mileto.
TÓPICO 2 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: FILOSOFIA ANTIGA E CLÁSSICA
21
Os jônios se estabeleceram na região da Ásia Menor e, diferentemente das 
poleis gregas continentais, que ainda estavam presas às características do 
Período Arcaico, produziram as primeiras explicações científicas e filosóficas 
e se transformaram em grandes centros econômicos e culturais, graças à 
localização geográfica privilegiada, sobretudo nas cidades de Mileto e Éfeso, 
o que facilitava a navegação, o comércio e o intercâmbio cultural com outros 
povos (SOUZA apud BRAGA JUNIOR; LOPES, 2015, p. 86).
Podemos afirmar que foi na Escola Jônica que ocorreram as primeiras 
tentativas racionais de responder às diversas questões sobre a natureza e a 
realidade. Os filósofos dessa escola estavam preocupados em encontrar uma 
substância primeira, causadora de tudo, pois eles romperam “com as explicações 
míticas ainda que muito próximos delas. Os filósofos do período apresentaram 
explicações do mundo a partir do mundo, e não mais a partir das divindades” 
(LUCKESI; PASSOS, 2000, p. 117). 
Os principais representantes dessa escola são os seguintes: Tales de Mileto, 
Anaximandro de Mileto, Anaxímenes de Mileto e Heráclito de Éfeso. A seguir, 
veremos brevemente a ideia principal de cada um desses pensadores pré-socráticos.
2.1.1.1 Tales de Mileto
Tales viveu entre 623-546 a.C. e é considerado o pai da filosofia e fundador 
da Escola de Mileto. Além de filósofo, Tales foi um importante matemático, 
cientista e político. Para o pensador, a água é princípio que origina todas as coisas. 
FIGURA 2 – TALES DE MILETO
FONTE: <http://voupassar.club/tales-de-mileto-biografia-e-filosofia/>.
Acesso em: 28 mar. 2018. 
De acordo com Souza (1996, p. 88): 
Para a história da filosofia, a importância de Tales advém sobretudo 
de ter afirmado que a água era a origem de todas as coisas. A água 
seria a PHYSIS que, no vocabulário da época, abrangia tanto a acepção 
de “fonte originária” quanto a de “processo de surgimento e de 
desenvolvimento”, correspondendo perfeitamente à “GÊNESE”.
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIADO PENSAMENTO FILOSÓFICO
22
Sua visão unitarista compreendia a ideia de que “a água unifica todas as 
coisas, desde que ela esteja na base de sua origem e de sua sobrevivência; ela está 
sob a terra e a sustenta” (LUCKESI; PASSOS, 2000, p. 117). 
Em relação à teoria desenvolvida por Tales, embora submetida a um teste 
mais rigoroso, podemos perceber suas falhas, entretanto faz sentido. A explicação 
que ele dá, para defender a tese de que a origem de todas as coisas estava no 
elemento água, fundamenta-se da seguinte maneira: quando densa, transformar-
se-ia em terra; ao ser aquecida, viraria vapor que, quando se resfriava, retornaria 
ao estado líquido, garantindo assim a continuidade do ciclo. É um ciclo sem fim 
que geraria novas formas de vida que, em um processo evolutivo, daria origem a 
todas as coisas existentes no universo.
2.1.1.2 Anaximandro de Mileto
De acordo com a tradição, Anaximandro (610-546 a.C.) foi discípulo e 
sucessor de Tales na escola Jônica. Assim como seu mestre, Anaximandro buscava 
por um princípio originador do cosmos – um arché. Todavia, Anaximandro se 
afastava do pensamento de Tales, pois entendia que “em meio a tantos elementos 
observáveis no mundo natural – a água, o fogo, o ar etc. –, ele acreditava não 
ser possível eleger uma única substância material como princípio primordial de 
todos os seres, a arché” (COTRIM, 2000, p. 79). 
Diante da impossibilidade de determinar um princípio originador do 
cosmos e diante de uma realidade indeterminada, ilimitada e invisível, o ápeiron 
se tornou o conceito chave da cosmologia desenvolvida por Anaximandro.
FIGURA 3 – ANAXIMANDRO DE MILETO
FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/4241828
58636078371/>. Acesso em: 28 mar. 2018. 
De acordo com Cotrim (2000), o princípio originador em Anaximandro 
é algo que transcende os limites do observável, ou seja, não se situa em uma 
realidade ao alcance dos sentidos. 
TÓPICO 2 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: FILOSOFIA ANTIGA E CLÁSSICA
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2.1.1.3 Anaxímenes de Mileto
Anaxímenes (588-524 a.C.), diferentemente de seus antecessores, Tales e 
Anaximandro, afirmava que o ar era a substância primária que deu origem a 
todas as demais coisas. Deve-se ao fato de que Anaxímenes não concordava com 
Anaximandro acerca do seu conceito de ápeiron.
FIGURA 4 – ANAXÍMENES DE MILETO
FONTE: <http://www.vanialima.blog.br/2014/01/anaximenes-de-mileto.html>.
Acesso em: 28 mar. 2018. 
Sobre a teoria de Anaxímenes, Luckesi e Passos (2000, p. 117) apontam que:
Para ele, o princípio de todas as coisas era o Ar, que gera, rege e 
governa todas as coisas, as que foram e as que serão (inclusive os 
deuses), por meio dos processos opostos de rarefação e condensação. 
Rarefazendo-se, o Ar torna-se fogo; condensando-se, torna-se vento; 
depois, nuvem, água, terra, pedra. Do mesmo processo promanam o 
frio, como condensação, e o calor, como rarefação. Assim, o Ar garante 
a força criadora e animadora do mundo. O movimento do mundo é 
Anaximandro chegou à conclusão após ter buscado nos mais diversos 
elementos observáveis, um elemento que fosse a causa, ou princípio originador 
de todas as coisas. Diante do fato de não ter encontrado um princípio que pudesse 
ser experimentado pelos sentidos, ele chegou à conclusão que o princípio é o 
Indeterminado (apeiron). 
“O indeterminado governa o universo pela lei permanente do devir, 
do nascer e do morrer dos mundos infinitos. Tudo tem origem nele e tudo nele 
se dissolve, mas ele permanece distinto de todas as coisas, como seu princípio 
imutável e eterno” (LUCKESI; PASSOS, 2000, p. 117). 
Para resumir a ideia de um princípio originário, Anaximandro entende 
que a substância causadora de tudo o que existe não está limitada à natureza, mas 
transcende a ela e aos nossos sentidos, fugindo do campo do observável. 
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
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cíclico, no sentido de que cada coisa, periodicamente, se dissolve no 
princípio originário, para, depois, regenerar-se.
A tese de Anaxímenes foi uma tentativa de sintetizar as ideias de seus 
antecessores em um único princípio. No caso da teoria de Tales de Mileto, em que 
a água sintetizava como regulador de todas as coisas do mundo, na verdade era 
o ar condensado. O fogo, por sua vez, era o ar rarefeito. 
Em relação à teoria de Anaximandro, de que o princípio originador 
é o Indeterminado, na verdade é o Ar, pois este é infinito, ilimitado e está em 
constante movimento.
2.1.1.4 Heráclito de Éfeso
É de Heráclito (535-475 a.C.) a famosa expressão “Nunca nos banhamos 
duas vezes no mesmo rio”. Determinada expressão sintetiza de maneira precisa 
o cerne do pensamento, pois para ele, as coisas estão em um constante devir, ou 
seja, as coisas mudam constantemente. Assim, sua filosofia é mobilista. Devido à 
posição, Heráclito é considerado pai da dialética. 
FIGURA 5 – HERÁCLITO DE ÉFESO
FONTE: <https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/heraclito.htm>. Acesso em: 28 mar. 2018. 
Diferentemente dos outros pensadores de sua escola, Heráclito “coloca a 
fonte de todas as coisas no fogo: o cosmo, que é o mesmo para todos, não foi feito 
nem por algum homem, nem por algum deus, pois ele foi e sempre será fogo” 
(LUCKESI; PASSOS, 2000, p. 119). 
É importante ressaltar que Heráclito estava mais preocupado em 
compreender o logos, ou seja, a razão universal que ordena todas as coisas que 
existem e as que virão a existir. Ao usar a figura do fogo, sua intenção é apontar 
para o fato de que:
TÓPICO 2 | OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA: FILOSOFIA ANTIGA E CLÁSSICA
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O universo é contínuo vir a ser, decorrente da luta dos opostos: frio/
quente; úmido/seco... A morte de um dos polos dos opostos é a vida 
do outro e vice-versa. A luta dos opostos é a lei do universo, mas eles 
se unificam no Fogo; a harmonia visível do mundo nada mais é do que 
o reflexo da harmonia do logos, princípio constitutivo da realidade 
universal. Como tudo provém do fogo, tudo a ele retorna. Assim, todas 
as coisas se regeneram eternamente (LUCKESI; PASSOS, 2000, p. 119).
Assim, o fogo é a natureza de todas as coisas que nos são conhecidas. O 
fogo representa o devir contínuo, pois o próprio fogo, por si, indica mudança em 
suas propriedades, visto que suas chamas se transformam em cinzas, fumaças e 
vapores. Heráclito é um mobilista, pois para ele o ser está em constante mudança.
O pensamento filosófico de Heráclito irá influenciar profundamente a filosofia 
posterior, pois para sua doutrina da unidade dos contrários, em que a mutabilidade é 
constitutiva da realidade, o ser humano passa a ser o centro da discussão. 
Sua filosofia penetra na intimidade do homem e na sua maneira de perceber 
o mundo, a existência e a vida. Seu pensamento inaugura uma nova maneira de 
perceber a realidade, visto que até então os pensadores entendiam a realidade como 
imutável. Vários séculos depois, o filósofo alemão Hegel constrói sua filosofia, que 
irá se basear em uma concepção dialética que muito deverá para Heráclito.
2.1.2 Escola pitagórica 
O nome da escola é em função de seu principal expoente ter sido Pitágoras, 
que viveu no século VI a.C. A escola pitagórica teve seu ponto de partida na cidade 
de Crotona e se difundiu por outras partes. Os pitagóricos foram fortemente 
influenciados exteriormente pelas religiões orientais. Assim, eles se aproximaram 
das filosofias dogmáticas regidas pela ideia de autoridade, pois a autoridade 
docente era profundamente rígida. 
FIGURA 6 – PITÁGORAS DE SAMOS
FONTE: <https://sites.google.com/site/filosofiapopular/filosofos/pitagoras-de-samos>.
Acesso em: 28 mar. 2018. 
UNIDADE 1 | FILOSOFIA: ORIGEM E TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
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Como os demais pensadores e escolas de filosofia do período, a escola 
estava em busca de um princípio originador de todas as coisas. Para os pitagóricos, 
“o número é o princípio de todas as coisas, não propriamente no sentido 
matemático (números que utilizamos para pensar e operar com as quantidades), 
mas especialmente

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