Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
OABNAMEDIDA.COM.BR PROCESSO CIVIL APOSTILA INTEGRADA COM O APP! XXXIII EXAME INCLUI: • Quadros de ATENÇÃO • Tabelas Comparativas • Esquemas Didáticos • Referências a temas cobrados em provas anteriores ATUALIZADO COM: • Lei nº 13.994/2020 (conciliação não presencial nos Juizados Especiais) • Lei nº 13.894/2019 (competência, prioridade de tramitação e intervenção do MP nos processos com violência doméstica) OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L Alteração Legislativa Atenção Exemplo 2 SUMÁRIO 1. NORMAS FUNDAMENTAIS E A APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS 2. JURISDIÇÃO 3. COMPETÊNCIA 4. SUJEITOS DO PROCESSO 4.1. PARTES E PROCURADORES 4.2. LITISCONSÓRCIO 4.3. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 5. DESPESAS, HONORÁRIOS DE ADVOGADO E MULTA 6. JUSTIÇA GRATUITA 7. JUIZ E AUXILIARES DA JUSTIÇA 8. MINISTÉRIO PÚBLICO 9. DEFENSORIA PÚBLICA 10. ATOS PROCESSUAIS 10.1. FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS 10.2. COMUNICAÇÃO DOS ATOS 10.3. NULIDADES 11. TUTELA PROVISÓRIA 11.1. TUTELA DE URGÊNCIA 11.2. TUTELA DE EVIDÊNCIA 12. FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO 13. PROCEDIMENTO COMUM 13.1. PETIÇÃO INICIAL 13.2. IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO 13.3. AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO 13.4. CONTESTAÇÃO 13.5. RECONVENÇÃO 13.6. REVELIA 13.7. PROVIDÊNCIA PRELIMINARES 13.8. JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO 13.9. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO 13.10. PROVAS 14. SENTENÇA E COISA JULGADA 14.1. SENTENÇA 14.2. REMESSA NECESSÁRIA OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 3 14.3. COISA JULGADA 15. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA 16. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA 17. RECURSOS 17.1. PRINCÍPIOS MAIS IMPORTANTES 17.2. EFEITOS RECURSAIS 17.3. PRESSUPOSTOS RECURSAIS 17.4. RECURSOS EM ESPÉCIE 17.4.1 APELAÇÃO 17.4.2 AGRAVO DE INSTRUMENTO 17.4.3 AGRAVO INTERNO 17.4.4 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 17.4.5 RECURSO EXTRAORDINÁRIO E ESPECIAL 17.4.6 EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA 17.4.7 RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL 18. INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS 19. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS 20. PROCESSO DE EXECUÇÃO 20.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS 20.2. PENHORA 20.3. EMBARGOS À EXECUÇÃO 20.4. MEIOS DE EXPROPRIAÇÃO DOS BENS 21. AÇÃO RESCISÓRIA 22. LEGISLAÇÃO ESPECIAL 22.1. JUIZADOS ESPECIAIS 22.2. AÇÃO REVISIONAL DE ALUGUEL 22.3. ALIMENTOS GRAVÍDICOS 22.4. PROCESSO ELETRÔNICO 22.5. MANDADO DE SEGURANÇA 22.6. AÇÃO POPULAR 22.7. AÇÃO CIVIL PÚBLICA 1 OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 4 1. NORMAS FUNDAMENTAIS E APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS 1.1. NORMAS FUNDAMENTAIS O código de processo civil de 2015 criou uma categoria de normas fundamentais, dispostas nos artigos 1 ao 12, sendo que, entre as normas estabelecidas, destacamos aquelas que entendemos mais importantes para a prova da OAB/FGV: Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. § 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei. § 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. § 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. Estabeleceu-se, portanto, a necessidade de se estimular a autocomposição das partes, dever que incumbe não apenas ao Estado, mas a todos os participantes do processo, incluindo os magistrados e membros do ministério público. Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. Trata-se da consagração do princípio da primazia da decisão do mérito, isto é, deve-se priorizar as decisões que apreciam o mérito em detrimento daquelas que extinguem o processo sem resolução do mérito. Cita-se como exemplo de aplicação do princípio da primazia da decisão do mérito o disposto no art. 321 do CPC/2015, que dispõe que o juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. O artigo acima transcrito tem por objetivo transformar o processo em um ambiente cooperativo, assegurando lealdade e equilíbrio entre as partes e orientando o juiz a ter comportamento de esclarecimento e de auxílio, para evitar obstáculos processuais desnecessários. Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 5 A norma estabelece em sua primeira parte o princípio da igualdade processual, segundo o qual as partes devem ser tratadas de forma isonômica, levando-se em consideração a suas desigualdades. Nesse sentido, o art. 1.048 do CPC/2015 estabelece que terão prioridade de tramitação: I) os procedimentos judiciais regulados pelo ECA, II) os processos que figure como parte, ou interessado, pessoa com idade igual ou superior a 60 anos ou portadora de doença grave e III) os processos em que figure como parte a vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei Maria da Penha. A segunda parte do art. 7º, por sua vez, impõe ao juiz o dever de zelar pelo efetivo contraditório, sendo um exemplo de sua aplicação a possibilidade de o juiz dilatar o prazo para a contestação quando o autor juntar dezenas de documentos na inicial. Outro exemplo em que o juiz deve zelar pelo contraditório efetivo diz respeito ao contido no inciso VI do art. 139 do CPC/2015, in verbis: O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: (...) VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito; Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: I - à tutela provisória de urgência; II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III; III - à decisão prevista no art. 701. Não é possível, portanto, que uma decisão seja prejudicial à parte que não foi previamente ouvida. Em outras palavras, o juiz apenas poderá decidir de forma desfavorável a uma parte se lhe conceder a possibilidade de defesa. Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. Trata-se de artigo que concretiza o princípio do contraditório e consagra o dever de consulta do juiz, para se evitar decisões surpresas. Assim, as partes têm o direito de se manifestar sobre qualquer questão que seja relevante para o processo, ainda que a questão seja passível de conhecimento de ofício pelo juiz, como por exemplo nos casos que envolvam o pronunciamento de prescrição ou decadência. Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão. § 1º A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição para consulta pública em cartório e na rede mundial de computadores. § 2º Estão excluídos da regra do caput: I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 6 liminar do pedido; II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos; III- o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas repetitivas; IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 (extinção do processo sem resolução de mérito) e 932 (decisão do relator em grau de recurso); V - o julgamento de embargos de declaração; VI - o julgamento de agravo interno; VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça; VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal; IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão fundamentada. § 3º Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem cronológica das conclusões entre as preferências legais. § 4º Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1º, o requerimento formulado pela parte não altera a ordem cronológica para a decisão, exceto quando implicar a reabertura da instrução ou a conversão do julgamento em diligência. § 5º Decidido o requerimento previsto no § 4º, o processo retornará à mesma posição em que anteriormente se encontrava na lista. § 6º Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1º ou, conforme o caso, no § 3º, o processo que: I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver necessidade de realização de diligência ou de complementação da instrução; II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II. Desse modo, a partir do código de processo civil de 2015, o juiz tem o dever de observar a ordem cronológica de conclusão para proferir a decisão judicial, como forma de se prestigiar os princípios da igualdade e da duração razoável do processo. Essa regra, entretanto, se aplica apenas às decisões finais, ou seja, não vale para as decisões interlocutórias de forma geral. Importante ainda destacar que a lista de processos aptos a julgamento deve ser pública, ficando à disposição para consulta em cartório e na rede mundial de computadores. 1.2. APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS De acordo com o art. 14 do CPC/2015, a norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada. Em outras palavras, a lei processual nova não interfere nos atos processuais já finalizados nem nos direitos processuais adquiridos. Se a lei processual alterar, por exemplo, o prazo da apelação para 10 dias, a parte que já tiver sido intimada para interpor a apelação não será afetada pela diminuição do prazo determinado pela lei nova. OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 7 O art. 15 do CPC/2015, por sua vez, estabelece que na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições do código de processo civil lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente. OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 8 2 2. JURISDIÇÃO Entende-se por jurisdição a parcela do poder conferida aos órgãos do Poder Judiciário para dizer o direito, ou seja, julgar os conflitos trazidos pelas partes, com a possibilidade de imposição coercitiva para que haja o cumprimento das decisões proferidas (execução das decisões). A jurisdição, como regra geral, é contenciosa (solução de conflitos), mas pode ser também voluntária, quando houver a denominada administração pública de interesses particulares, ou seja, nos casos em que não há propriamente um conflito de interesses, como nas alienações judicias, testamentos, codicilos, etc. A jurisdição brasileira não é ilimitada. No aspecto internacional, a competência do Poder Judiciário brasileiro poderá ser exclusiva ou concorrente em relação à jurisdição de outro país. COMPETÊNCIA INTERNACIONAL CONCORRENTE COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DA AUTORIDADE BRASILEIRA As ações em que (art. 21 do CPC/2015): I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Ações de alimentos, quando (art. 22, I, do CPC/2015): a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; Ações decorrentes de relações de consumo (art. 22, II, do CPC/2015), quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; Ações em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional (art. 22, III, do CPC/2015). Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra (art. 23 do CPC/2015): I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. É importante salientar ainda que a jurisdição não se confunde com a arbitragem, uma vez que nesta a pessoa que irá decidir o litígio (árbitro) é escolhida pelas próprias partes (art. 13 da Lei n. 9.307/96). OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 9 3 3. COMPETÊNCIA Considera-se competência a “medida da jurisdição”, ou seja, representa a parcela do poder concedido a cada órgão do Poder Judiciário para o exercício da jurisdição. De acordo com o art. 43 do CPC/2015, determina-se a competência no momento do registro (apenas uma Vara) ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta. De acordo com o CPC /73, as regras sobre prevenção seriam diferentes caso os juízos fossem da mesma comarca/subseção judiciária ou comarcas/subseções diferentes. Na primeira hipótese, seria prevento o juiz que despachou em primeiro lugar (art. 106 do CPC/73), ao passo que, na segunda hipótese, a citação válida que tornava prevento o juízo (art. 219 do CPC/73). Com o novo CPC tudo mudou! Agora não há mais essa divisão entre juízos de comarcas diferentes ou iguais e o juízo prevento será aquele perante o qual se deu o registro ou a distribuição da petição inicial (art. 59 do NCPC). TEMA COBRADO NO XXVIII EXAME DA OAB/FGV Assim, a partir do registro ou distribuição ocorre a perpetuação da Jurisdição, de modo que a competência não poderá ser mais alterada, salvo no caso de supressão do órgão judiciário ou de alteração de sua competência absoluta. A competência é classificada em absoluta e relativa. Enquanto a primeira é fixada em razão do interesse público, não podendo ser alterada pela vontade das partes, sendo reconhecível de ofício pelo juiz a qualquer tempo, a segunda está relacionada a interesses privados e pode ser modificada pela vontade das partes. COMPETÊNCIA ABSOLUTA COMPETÊNCIA RELATIVA Fixada em razão da matéria, da pessoa ou da função Fixada com base no valor da causa e no território Interesse Público Interesse Privado Alegada como questão preliminar em contestação, ou em qualquer tempo e grau de jurisdição. Alegada como questão preliminar em contestação, sob pena de prorrogação da competência. Pode ser conhecida de ofício Não pode ser conhecida de ofício OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 10 A declaração da incompetência absoluta implica remessa do processo ao Juízo competente e poderá gerar a anulação dos atos decisórios. O reconhecimento da incompetência relativa não implica anulação dos atos decisórios Inderrogável por convenção das partes. Admite foro de eleição. OBS: Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz deofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão (art. 63 do CPC/2015). Alegada em preliminar de contestação ou por simples petição nos autos TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB. Se o réu não alegar a incompetência relativa, ocorrerá a prorrogação da competência, ou seja, o juízo até então relativamente incompetente passará a ser competente para julgar a lide De acordo com o CPC/2015, a declaração de incompetência absoluta não possui como efeito imediato a nulidade dos atos decisórios, já que dependerá de decisão expressa do juízo competente. Além disso, tanto a competência relativa quanto a absoluta devem ser alegadas em preliminar de contestação, ou seja, com o novo CPC não há mais a figura da exceção de incompetência. Permite-se ainda a classificação da competência em originária e derivava, sendo que a primeira está relacionada à competência para apreciação e julgamento da causa em primeira instância, geralmente atribuída aos juízes singulares, embora haja casos em que a competência originária é do Tribunal, como na hipótese de julgamento de ação rescisória. Já a competência derivada diz respeito à competência para julgamento de recursos, normalmente atribuída aos Tribunais. O código de processo civil estabelece alguns casos importantes de fixação de competência pelo critério territorial (em regra de competência relativa), ou seja, identifica o território onde a causa deverá ser julgada, conforme abaixo resumido: OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 11 ESPÉCIE DE AÇÃO COMPETÊNCIA OBSERVAÇÕES Ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis (art. 46 do CPC/2015) Competente, em regra, o foro de domicílio do réu Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles. Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor. Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de domicílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro. Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor. Execução fiscal (art. 46, § 5º, do CPC/2015) Competente o foro de domicílio do réu, o de sua residência ou o do lugar onde for encontrado. Ações fundadas em direito real sobre imóveis Competente o foro de situação da coisa. O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova. A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta. Inventário, partilha, arrecadação, cumprimento de disposições de última vontade, impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro (art. 48 do CPC/2015). Competente o foro de domicílio do autor da herança, no Brasil. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente: I - o foro de situação dos bens imóveis; II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes; III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio. OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 12 Ação em que o ausente for réu (art. 49 do CPC/2015) Foro do último domicílio do ausente, que também é competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias. Ação em que o incapaz for réu (art. 50 do CPC/2015) Foro de domicílio de seu representante ou assistente. Ação em que seja autora a União (art. 51 do CPC/2015) Foro de domicílio do réu Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal. Ação que seja autor Estado ou o Distrito Federal. Foro de domicílio do réu Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado. Ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável (art. 53, I, do CPC/2015) Foro de domicílio do guardião de filho incapaz; Foro do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz; Foro de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal; Foro do domicílio da vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei Maria da Penha. Ação em que se pedem alimentos (art. 53, II, do CPC/2015) Foro de domicílio ou residência do alimentando. Ação em que for ré pessoa jurídica (art. 53, III, do CPC/2015) Foro do local onde está sua sede Quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu, a ação pode ser proposta no foro onde se acha agência ou sucursal Ação em que for ré sociedade ou associação sem personalidade jurídica (art. 53, III, do CPC/2015) Foro do local onde exerce suas atividades Ação que verse sobre direito previsto no estatuto do idoso Foro de residência do idoso OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 13 Ação de reparação de dano ou em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios (art. 53, IV, do CPC/2015). Foro do lugar do ato ou fato Ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves (art. 53, V, do CPC/2015). Foro de domicílio do autor ou do local do fato As causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho, serão de competência da Justiça Federal (competência absoluta). Por esse motivo, o art. 45 do CPC/2015 dispõe que, tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo federal competente se nele intervier a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, ou conselho de fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro interveniente. Se o juiz, ao não admitir a cumulação de pedidos em razão da incompetência para apreciar qualquer deles, não examinará o mérito daquele em que exista interesse da União, de suas entidades autárquicas ou de suas empresas públicas. Além disso, o juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito se o ente federal cuja presença ensejou a remessa for excluído do processo. Conforme mencionado anteriormente, a perpetuação da jurisdição ocorre com o registro ou distribuição da petição inicial. Entretanto, há casos em que se permite a modificação da competência, como nas hipóteses de conexão e continência, que objetivam principalmente evitar decisões judiciais conflitantes. De acordo com o art. 55 do CPC/2015, reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir, incluindo à execução de título extrajudicial e a ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico e as execuções fundadas no mesmo título executivo. Os processos de ações conexas devem ser reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado. De acordo com o § 3º do art. 55 do CPC/2015, serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles. Por outro lado, a continência entre 2 (duas) ou mais ações ocorre quando houver identidade quanto às partes e à causade pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais. OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 14 4 4. SUJEITOS DO PROCESSO 4.1. PARTES E PROCURADORES Entende-se como parte do processo aquele que demanda em nome próprio a prestação jurisdicional do Estado e a pessoa em cujo nome é demandada. • CAPACIDADE DE SER PARTE Também denominada de capacidade de direito, diz respeito à possibilidade de a pessoa ocupar o polo passivo ou ativo do processo, ou seja, de ser autor ou réu. É reconhecida a todas as pessoas físicas desde o nascimento com vida, às pessoas jurídicas regularmente constituídas e a uma série de entes sem personalidade jurídica, como, por exemplo, o espólio, a massa falida e o condomínio. • CAPACIDADE PROCESSUAL (CAPACIDADE PARA ESTAR EM JUÍZO) Para ter capacidade processual é necessário ter capacidade de fato, ou capacidade de exercício, que se consubstancia na aptidão para a prática dos atos decorrentes da capacidade de direito, ou seja, é necessário ser absolutamente capaz (art. 70 do CPC/2015). Os absolutamente ou relativamente incapazes deverão ser, respectivamente, representados ou assistidos em juízo. Se o incapaz não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele, o juiz deverá nomear curador especial enquanto durar a incapacidade. O juiz nomeará ainda curador especial quando o réu preso for revel, ou quando o réu revel tiver sido citado por edital ou com hora certa, lembrando-se que o curador especial atua apenas enquanto não for constituído advogado particular TEMA COBRADO NO XI EXAME DA OAB/FGV. Sobre a legitimidade ativa do cônjuge em juízo, o art. 73 do CPC/2015 estabelece a necessidade de haver consentimento do outro cônjuge para propor ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens. O consentimento do cônjuge pode ser suprido judicialmente quando for negado sem justo motivo, ou quando lhe seja impossível concedê-lo. Além disso, a falta de consentimento, quando necessário e não suprido pelo juiz, invalida o processo. Além disso, em relação à legitimidade passiva, ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação: I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens; II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado por eles; III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família; OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 15 IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os cônjuges. As regras relacionadas aos cônjuges em relação à legitimidade ativa e passiva se aplicam também à união estável comprovada nos autos, conforme § 3º do art. 74 do CPC/2015. Importante salientar que, verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício. Se o vício não for sanado, a consequência processual varia se o processo está na instância originária ou em grau de recurso (art. 76, do CPC/2015). INSTÂNCIA ORIGINÁRIA GRAU DE RECURSO I - o processo será extinto, se a providência cabia ao autor; II - o réu será considerado revel, se a providência lhe cabia TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV. III - o terceiro será considerado revel ou excluído do processo, dependendo do polo em que se encontre. I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente; II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido. As partes devem ser representadas em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, sendo lícito à parte postular em causa própria quando tiver habilitação legal. Conforme previsto no art. 104 do CPC/2015, para postular em juízo, o advogado deve necessariamente apresentar procuração, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente, hipóteses em que, o advogado deverá, independentemente de caução, exibir a procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por despacho do juiz. O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo nome foi praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos. A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, exceto receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica, que devem constar de cláusula específica. Além disso, salvo disposição expressa em sentido contrário constante do próprio instrumento, a procuração outorgada na fase de conhecimento é eficaz para todas as fases do processo, inclusive para o cumprimento de sentença. OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 16 É importante frisar ainda que a parte poderá revogar o mandato outorgado ao seu advogado, hipótese em que, no mesmo ato, deverá constituir outro profissional que assuma o patrocínio da causa Entretanto, se o novo advogado não for constituído no prazo de 15 (quinze) dias, o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício (art. 111 c/c art. 76 do CPC/2015). Por outro lado, caso o advogado decida renunciar ao mandato, deverá comunicar a renúncia ao mandante, a fim de que este nomeie sucessor, salvo quando a procuração tiver sido outorgada a vários advogados e a parte continuar representada por outro, apesar da renúncia. Além disso, durante os 10 (dez) dias seguintes à renúncia, o advogado continuará a representar o mandante, desde que necessário para lhe evitar prejuízo (art. 112 do CPC/2015). A Lei nº 13.793/2019 alterou o EAOAB e o CPC/2015, garantindo também aos advogados o acesso e vista dos autos judiciais eletrônicos, mesmo sem procuração, salvo quando se tratar de processo sujeito a segredo de justiça, hipótese em que se exigirá procuração • DEVERES DOS SUJEITOS DO PROCESSO Conforme previsto no art. 77 do CPC/2015, são deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo: I - expor os fatos em juízo conforme a verdade; II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são destituídas de fundamento; III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou à defesa do direito; IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua efetivação; V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereço residencial ou profissional onde receberão intimações, atualizando essa informação sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou definitiva; VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso. A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatório à dignidade da justiça, devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa de até 20 % (vinte por cento) do valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta. Não sendo paga no prazo a ser fixado pelo juiz, a multa será inscrita como dívida ativa da União ou do Estado após o trânsito em julgado da decisão que a fixou, e sua execução observará o procedimento da execução fiscal. Registra-se ainda que não há incidência de multa por ato atentatório à dignidade da justiça para os advogados públicos ou privados, membros da Defensoria Pública e do Ministério Público, devendo eventual responsabilidade disciplinar ser apurada pelo respectivo órgão de classe ou corregedoria, ao qual o juiz oficiará. OA B N A M EDID A | P RO CE SS O CI VI L 17 A multa estabelecida por ato atentatório à dignidade da justiça poderá ser fixada independentemente da incidência das previstas nos arts. 523, § 1º (multa de 10% para pagamento de quantia certa fixada em título executivo judicial), e 536, § 1º (multa fixada para o cumprimento das obrigações de fazer e não fazer). O art. 80 do CPC/2015, por sua vez, estabelece as hipóteses que configuram litigância de má- fé, a saber: I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II - alterar a verdade dos fatos; III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; VI - provocar incidente manifestamente infundado; VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a 1% (um por cento) e inferior a 10% (dez por cento) do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou. Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção de seu respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária. Além disso, quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo. Em relação ao valor da indenização, este será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível mensurá-lo, será liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos. 4.2. LITISCONSÓRCIO Entende-se por litisconsórcio a cumulação subjetiva em um dos polos do processo quando ocorrer uma das hipóteses previstas no art. 113 do CPC/2015, a saber: I - houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito. O litisconsórcio poderá, portanto, ser ativo, quando houver mais de um autor, passivo, quando houver mais de um réu, ou ainda misto, quando houver nos dois polos do processo pluralidade de sujeitos. O litisconsórcio é classificado ainda em: • Facultativo: decorre unicamente da vontade das partes, OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 18 • Necessário: por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes (art. 114 do CPC/2015). TEMA COBRADO NO XXII EXAME DA OAB/ FGV • Unitário: quando a decisão deva ser necessariamente uniforme para todos os litisconsortes. • Simples: quando não houver necessidade de decisão uniforme para os litisconsortes. As classificações ora citadas podem ainda ser conjugadas, como abaixo exemplificado: • Litisconsórcio passivo necessário e unitário, como na ação rescisória proposta pelo Ministério Público em virtude de colusão das partes. Nesse caso, autor e réu do processo originário serão réus no processo rescisório, sendo que a sentença necessariamente será uniforme para os litisconsortes passivos TEMA COBRADO NO V EXAME DA OAB/FGV. • Litisconsórcio ativo facultativo e unitário, como no caso dos irmãos proprietários de um imóvel que ingressam com ação revisional de aluguel TEMA COBRADO NOS EXAMES XIV E XXVIII DA OAB/FGV. Conforme previsto no art. 117 do CPC/2015, os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as omissões de um não prejudicarão os outros, mas os poderão beneficiar. Assim, tratando-se de litisconsórcio passivo simples, se um réu for revel e o outro contestar a ação, o réu revel não se beneficiará da contestação feita pelo litisconsorte, permanecendo os efeitos da revelia. Por outro lado, tratando-se de hipótese de litisconsórcio unitário, os efeitos da revelia serão afastados se o litisconsorte apresentar contestação TEMA COBRADO NO IV EXAME DA OAB/ FGV. LITISCONSÓRCIO SIMPLES LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO A regra é a independência, ou seja, os atos de um litisconsorte não prejudicam nem beneficiam os demais. Os atos benéficos de um sempre aproveitam a todos, mas os atos prejudiciais não prejudicam nem quem os praticou, já que, para serem eficazes, tem que ser praticados por todos. Destaca-se ainda que os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. Essa regra, entretanto, OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 19 não se se aplica aos processos em autos eletrônicos, conforme § 2º do art. 229 do CPC/2015 TEMA COBRADO NOS EXAMES DA XI E XXVIII OAB/FGV. 4.3. INTERVENÇÃO DE TERCEIRO O código de processual civil de 2105 prevê as seguintes modalidades de intervenção de terceiro: a) assistência, b) denunciação da lide, c) chamamento ao processo, d) incidente de desconsideração da personalidade jurídica e f) amicus curiae. • A oposição, que era considerada modalidade de intervenção de terceiro no CPC/1973, passa a ser considerada no CPC/2015 uma ação de procedimento especial. • Não existe mais a previsão da nomeação à autoria no CPC/2015 como modalidade de intervenção de terceiro, tendo sido substituída pelo incidente previsto nos artigos 338 e 339. 4.3.1. ASSISTÊNCIA Considera-se assistência a intervenção de terceiro juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma das partes, sendo admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontra. É requisito essencial para a assistência que o assistente tenha interesse jurídico na causa. Conforme previsto no art. 120 do CPC/2015, não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido do assistente será deferido, salvo se for caso de rejeição liminar, ou seja, quando ficar caracterizado que o assistente não possui interesse jurídico na lide. Entretanto, se houver impugnação, isto é, se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse jurídico para intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo. A assistência poderá ser simples ou litisconsorcial: OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 20 ASSISTÊNCIA SIMPLES ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL Ocorre quando o assistente é um mero auxiliar da parte principal assistida. O interesse jurídico do assistente simples baseia-se numa relação jurídica mantida apenas com o assistido, que depende ou será atingida pela decisão judicial. O assistente simples exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido e, sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será considerado seu substituto processual (art. 122 do CPC/2015). A assistência simples não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos controvertidos. (Exemplo: se o assistido não recorre, o assistente pode recorrer, mas se o assistido renuncia ao recurso, o assistente não pode recorrer) Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que: I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença; II - desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu (art. 123 do CPC/2015). O assistente litisconsorcial é titular do direito discutido,por isso, é considerado litisconsorte do assistido. Assim, o interesse jurídico do assistente litisconsorcial nasce de uma relação jurídica que ele mantém com o adversário do assistido, que é exatamente a relação material discutida no processo. Exemplo: ação de investigação de paternidade movida pelo MP em face do suposto pai em que o Ministério Público recebe assistência litisconsorcial do suposto filho. 4.3.2. DENUNCIAÇÃO DA LIDE A denunciação da lide permite às partes trazerem ao processo o terceiro que em razão da lei ou do contrato é o brigado a indenizar os prejuízos da demanda. Conforme previsto no art. 125 do CPC/2015, é admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes: • Ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam (Exemplo: “A” compra um apartamento de “B” e “C” move ação em face de “A”, reivindicando o bem. Nessa hipótese, “A” pode denunciar a lide de ao “B”, para no mesmo processo exigir a indenização resultante da evicção.). • Àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo, como no caso da seguradora TEMA COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV. O novo código de processo civil promoveu profundas alterações no instituto da denunciação da lide. Vejamos as principais: OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 21 • Deixou claro que a denunciação da lide em nenhuma hipótese é obrigatória, de modo que aquele que denuncia da lide não pede o direito de regresso em ação autônoma. • Prevê expressamente no § 2º do art. 125 a possibilidade de haver uma única denunciação da lide sucessiva. • Esclarece que a denunciação da lide feita pelo Réu deve ser invocada em contestação e a feita pelo autor na inicial. • Deixa claro que, se o denunciado for revel, o denunciante, se quiser, poderá se concentrar apenas na denunciação da lide, ou seja, o denunciante pode deixar de prosseguir com a defesa eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva (art. 128,II, do CPC/2015). Por fim, conforme previsto no art. 129 do CPC/2015, se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao julgamento da denunciação da lide. Por outro lado, se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado. 4.3.3. CHAMAMENTO AO PROCESSO É a modalidade de intervenção de terceiro que permite ao réu trazer os demais coobrigados ao polo passivo do processo. De acordo com o art. 130 do CPC/2015, o chamamento ao processo á admissível nas seguintes hipóteses: I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu TEMA COBRADO NOS EXAMES XXVIII E XXX DA OAB/FGV; II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles; III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum. A citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será requerida pelo réu na contestação e deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de ficar sem efeito o chamamento. No entanto, se o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção judiciárias, ou em lugar incerto, o prazo será de 2 (dois) meses. Registra-se ainda que, de acordo com o art. 132 do CPC?2015, a sentença de procedência valerá como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos codevedores, a sua quota, na proporção que lhes tocar 4.3.4. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA No direito civil, para que haja a desconsideração da personalidade jurídica deve restar caracterizada a gestão fraudulenta, pelo desvio de finalidade ou confusão patrimonial (art. 50 do CC), enquanto que no direito do consumidor a desconsideração da personalidade jurídica é mais simples, podendo inclusive ocorrer quando a personalidade jurídica for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos aos consumidores (art. 28 do CDC). OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 22 O código de processo civil de 2015 disciplinou o procedimento a ser adotado no caso de desconsideração da personalidade jurídica, tratando-o como uma modalidade de intervenção de terceiro, já que, com a desconsideração, o sócio, que até então era considerado terceiro no processo, passará a integrar a lide. Conforme previsto no art. 133 do CPC/2015, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo, sendo, portanto, vedada a desconsideração ex officio. TEMA COBRADO NO XXVIII EXAME DA OAB/FGV. O incidente é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial. Entretanto, não haverá necessidade de instauração do incidente se a desconsideração for requerida na inicial, pois, neste caso, o processo já nasce contra as pessoas demandadas (art. 134 do CPC/2015). A instauração do incidente suspenderá o processo e o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão interlocutória (arts. 135 e 136 do CPC/2015). 4.3.5. AMICUS CURIAE De acordo com o art. 138 do CPC/2015, o juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação. A intervenção do amicus curiae não implica alteração de competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a possibilidade de se recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas. O amicus curiae, como regra geral, não pode recorrer, salvo para opor embargos de declaração e para interpor recurso de decisão de incidente de resolução de demandas repetitivas Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes do amicus curiae. OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 23 5 5. DESPESAS, HONORÁRIOS DE ADVOGADO E MULTA As despesas abrangem as custas dos atos do processo, a indenização de viagem, a remuneração do assistente técnico e a diária de testemunha. Incumbe ao autor adiantar as despesas relativas a ato cuja realização o juiz determinar de ofício ou a requerimento do Ministério Público quando sua intervenção ocorrer como fiscal da ordem jurídica. Entretanto, a sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou. Conforme art. 83 do CPC/2015, o autor, brasileiro ou estrangeiro, que residir fora do Brasil ou deixar de residir no país ao longo da tramitação do processo, prestará caução suficiente ao pagamento das custas e dos honorários de advogado da parte contrária nas ações que propuser, se não tiver no Brasil bens imóveis que lhes assegurem o pagamento TEMA COBRADO NO XX EXAME DA OAB. Não se exigirá a caução: I - quando houver dispensa prevista em acordo ou tratado internacional de que o Brasil faz parte; II - na execução fundada em título extrajudicial e no cumprimento de sentença; III - na reconvenção. Os honorários de advogado serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, observando-se como parâmetro:I - o grau de zelo do profissional; II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a importância da causa; IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de honorários incidirá sobre a soma das prestações vencidas acrescida de 12 (doze) prestações vincendas. Uma importante alteração trazida pelo novo código de processo civil diz respeito à obrigatoriedade de majoração dos honorários fixados na sentença quando houver interposição de recurso, devendo o Tribunal aumentar os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observado o limite máximo de 20% estabelecido no § 2º do art. 85 do CPC/2015. Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial (art. 85, §14, do NCPC). Desse modo, a Súmula n. 306 do STJ, que permite a compensação dos honorários advocatícios no caso de sucumbência recíproca deve ser cancelada. De acordo com o § 17 do art. 85 do CPC/2015, os honorários também são devidos quando o advogado atuar em causa própria. OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 24 Importante destacar ainda que, se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas processuais. Entretanto, se um litigante sucumbir em parte mínima do pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas despesas e pelos honorários de advogado. Além disso, concorrendo diversos autores ou diversos réus (litisconsórcio), os vencidos respondem proporcionalmente pelas despesas e pelos honorários. Nesse caso, a sentença deverá distribuir entre os litisconsortes, de forma expressa, a responsabilidade proporcional pelo pagamento das verbas. No entanto, caso a distribuição não seja feita, os vencidos responderão solidariamente pelas despesas e pelos honorários de advogado. Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto às despesas, estas serão divididas igualmente. O § 18 do art. 85 do CPC, por sua vez, dispõe que, se a decisão transitada em julgado for omissa quanto ao direito aos honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e cobrança TEMA COBRADO NOS EXAMES XX E XXV DA OAB/FGV. OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 25 6 6. JUSTIÇA GRATUITA De acordo com o § 2º do art. 98 do CPC/2015, a concessão de gratuidade da justiça, que pode ser concedida à pessoa física ou jurídica, não afasta a responsabilidade do beneficiário pelas despesas processuais e pelos honorários advocatícios decorrentes de sua sucumbência. Com efeito, vencido o beneficiário da justiça gratuita, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos 5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso. O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos. Deferido o pedido, a parte contrária poderá se insurgir contra a concessão da gratuidade na contestação, na réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado por terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos do próprio processo, sem suspensão de seu curso (art. 100 do CPC/2015). TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na sentença, contra a qual caberá apelação (art. 101 do CPC/2015). Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural. Para a pessoa jurídica, a alegação da insuficiência deve ser acompanhada de prova (art. 99, § 3º, do CPC/2015). Por fim, é importante registrar que gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou a todos os atos processuais, ou consistir na redução percentual de despesas processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento. OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 26 7 7. JUIZ E AUXILIARES DA JUSTIÇA Cabe ao juiz a direção do processo, sendo que o art. 139 do CPC/2015 lhe impõe alguns deveres, dos quais destacamos os mais importante para a prova da OAB/FGV: promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais (inciso V); dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando- os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito (inciso VI); quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados, para, se for o caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva (inciso X). O CPC/2015 deixou claro ainda a possibilidade de se responsabilizar o juiz civilmente e de forma regressiva, quando, no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude ou recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte (art. 143 do CPC/2015). Tratando-se de responsabilidade regressiva, a ação de indenização deve ser proposta inicialmente em face da União (juiz federal) ou do Estado (juiz estadual), permitindo-se, em caso de condenação, que o ente federativo ajuíze ação de regresso em face do magistrado. Outro tema importante para a prova da OAB/FGV diz respeito às causas de impedimento e suspeição do juiz previstas nos artigos 144 e 145 do CPC/2015: IMPEDIMENTOS Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha; II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão; III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; TEMA COBRADO NO XX EXAME DA OAB/FGV. V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo; VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes; VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços; OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 27 VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado. § 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verificaquando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz. § 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz. § 3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo. SUSPEIÇÃO Art. 145. Há suspeição do juiz: I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados; II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio; III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive; IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes. § 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões. § 2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando: I - houver sido provocada por quem a alega; II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido. De acordo com o art. 146 do CPC/2015, a parte deve alegar no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, o impedimento ou a suspeição em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas. TEMA COBRADO NO XX EXAME DA OAB/ FGV. Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa dos autos a seu substituto legal, caso contrário, determinará a autuação em apartado da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentará suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal. Distribuído no Tribunal, o relator deverá declarar os efeitos em que o incidente será recebido, sendo que, se for recebido sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr e, se for recebido com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até o julgamento do incidente. OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 28 Verificando que a alegação de impedimento ou de suspeição é improcedente, o tribunal rejeitá- la-á. Por outro lado, acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta suspeição, o tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu substituto legal, devendo o tribunal fixar o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado, decretando a nulidade dos atos praticados quando já presente o motivo de impedimento ou de suspeição. O art. 148 do CPC/2015 estabelece ainda que os motivos de impedimento e de suspeição se aplicam: I - ao membro do Ministério Público; II - aos auxiliares da justiça; III - aos demais sujeitos imparciais do processo. OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 29 8 8. MINISTÉRIO PÚBLICO O Ministério Público atuará na defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses e direitos sociais e individuais indisponíveis e será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam: I - interesse público ou social; II - interesse de incapaz; III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese de intervenção do Ministério Público, conforme previsto no parágrafo único do art. 178 do CPC/2015. O novo código de processo civil alterou substancialmente a antiga regra do art. 188 do CPC/73 (prazo em dobro para recorrer e em quadruplo para contestar), prevendo a que Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que terá início a partir de sua intimação pessoal, salvo quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio, conforme art. 188 do CPC/2015 TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV. Por fim, estabelece o art. 181 do CPC/2015 que o membro do Ministério Público será civil e regressivamente responsável quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções. OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 30 9 9. DEFENSORIA PÚBLICA O código de processo civil de 2015 trata da Defensoria Pública, como instituição auxililar da Justiça, nos seus artigos 185 ao 187, in verbis: Art. 185. A Defensoria Pública exercerá a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, em todos os graus, de forma integral e gratuita. Art. 186. A Defensoria Pública gozará de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais. § 1º O prazo tem início com a intimação pessoal do defensor público, nos termos do art. 183, § 1º . § 2º A requerimento da Defensoria Pública, o juiz determinará a intimação pessoal da parte patrocinada quando o ato processual depender de providência ou informação que somente por ela possa ser realizada ou prestada. § 3º O disposto no caput aplica-se aos escritórios de prática jurídica das faculdades de Direito reconhecidas na forma da lei e às entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de convênios firmados com a Defensoria Pública. § 4º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para a Defensoria Pública. Art. 187. O membro da Defensoria Pública será civil e regressivamente responsável quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções. Desse modo, assim como o Ministério Público, a Defensoria Pública goza de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, regra que se aplica também aos escritórios de prática jurídica das faculdades de Direito reconhecidas na forma da lei e às entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de convênios firmados com a Defensoria Pública. (art. 186). A Regra do prazo em dobro se aplica a defensoria pública, ao ministério público e aos advogados públicos. O art. 187 do CPC/2015, por sua vez, estabelece que o membro da Defensoria Pública será civil e regressivamente responsável quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções. A regra da responsabilidade civil regressiva se aplica aos juízes, membros do Ministério Público, defensores públicos e aos advogados públicos. 10 OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 31 10. ATOS PROCESSUAIS 10.1. FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS Dispõe o art. 188 do CPC/2015 que os atos e os termos processuais não dependem de forma determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial (princípio da instrumentalidade das formas). Além disso, como regra geral, os atos processuais são públicos. Entretanto, tramitam em segredo de justiça os processos: I - em que o exija o interesse público ou social; II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo (art. 189 do CPC). Importante inovação trazida pelo novo Código de Processo Civil vem estampada em seu art. 190, segundo o qual, versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes,faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo TEMA COBRADO NO XX EXAME DA OAB/FGV. O juiz, de ofício ou a requerimento, controlará a validade das convenções, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade. O art. 190 do CPC/2015 representa uma grande inovação do novo código, permitindo a realização dos denominados negócios jurídicos processuais, ou seja, permite que as partes estipulem, nas lides que envolvam direitos que admitam autocomposição, mudanças no procedimento, como, por exemplo, a alteração de prazos, da distribuição do ônus da prova, da realização ou não de audiência, etc. Os prazos processuais são contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia de vencimento (art. 224, caput, do CPC/2016), computando-se apenas os dias úteis (art. 219 do CPC/2015). A contagem dos prazos em dias úteis é uma das grandes novidades do CPC/2015 e um tema muito importante para a prova da OAB/FGV. Vejamos abaixo as principais regras sobre forma dos atos processuais para a prova da OAB/FGV: OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 32 • Os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. Independentemente de autorização judicial, as citações, intimações e penhoras poderão realizar-se no período de férias forenses, onde as houver, e nos feriados ou dias úteis fora do horário acima citado, observado a inviolabilidade do domicílio prevista no art. 5º, inciso XI, da Constituição Federal. (art. 212, caput, CPC/2015). • A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer em qualquer horário até as 24 (vinte e quatro) horas do último dia do prazo (art. 213 do CPC/2015), sendo que o horário vigente no juízo perante o qual o ato deve ser praticado será considerado para fins de atendimento do prazo. • Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por apenas um deles. Além disso, a regra de contagem em dobro não se aplica aos processos em autos eletrônicos (art. 229 do CPC/2015). A regra do prazo em dobro para litisconsortes com procuradores diferentes somente é aplicada e os advogados pertencerem a escritórios de advocacia distintos e se o processo não for eletrônico. • Os advogados públicos ou privados, o defensor público e o membro do Ministério Público devem restituir os autos no prazo do ato a ser praticado. É lícito a qualquer interessado exigir os autos do advogado que exceder prazo legal. Se, intimado, o advogado não devolver os autos no prazo de 3 (três) dias, perderá o direito à vista fora de cartório e incorrerá em multa correspondente à metade do salário-mínimo. Verificada a falta, o juiz comunicará o fato à seção local da Ordem dos Advogados do Brasil para procedimento disciplinar e imposição de multa. Se a situação envolver membro do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da Advocacia Pública, a multa, se for o caso, será aplicada ao agente público responsável pelo ato (art. 234 do CPC/2015). Outra regra de extrema importância pra a prova da OAB diz respeito ao início da contagem do prazo, prevista no art. 231 do CPC/2015, in verbis: Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo: I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a intimação for pelo correio; TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV. II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou a intimação for por oficial de justiça; III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por ato do escrivão ou do chefe de secretaria; IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a intimação for por edital; OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 33 V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término do prazo para que a consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica; VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo esse, a data de juntada da carta aos autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a intimação se realizar em cumprimento de carta; VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça impresso ou eletrônico; VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos autos, em carga, do cartório ou da secretaria. § 1º Quando houver mais de um réu, o dia do começo do prazo para contestar corresponderá à última das datas a que se referem os incisos I a VI do caput. § 2º Havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é contado individualmente. § 3º Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela parte ou por quem, de qualquer forma, participe do processo, sem a intermediação de representante judicial, o dia do começo do prazo para cumprimento da determinação judicial corresponderá à data em que se der a comunicação. § 4º Aplica-se o disposto no inciso II do caput à citação com hora certa. 10.2. COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS Os atos processuais são comunicados por ordem judicial, quando realizados dentro da área de atuação do juiz competente, ou por carta, quando realizados fora da sua área de atuação. Conforme previsto no art. 237 do CPC/2015, a carta poderá ser uma das seguintes espécies: • Carta de ordem: expedida pelo Tribunal para juízo a ele vinculado para realização de atos executivos ou materiais. • Carta rogatória: expedida para que órgão jurisdicional estrangeiro pratique ato de cooperação jurídica internacional, relativo a processo em curso perante órgão jurisdicional brasileiro; • Carta Precatória: expedida para que órgão jurisdicional brasileiro pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato relativo a pedido de cooperação judiciária formulado por órgão jurisdicional de competência territorial diversa; • Carta arbitral: expedida para que órgão do Poder Judiciário pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato objeto de pedido de cooperação judiciária formulado por juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação de tutela provisória TEMA COBRADO NO XXIII EXAME DA OAB/FGV. CITAÇÃO A citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 34 a relação processual, sendo indispensável para a validade do processo, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial (art. 330 do CPC/2015) ou de improcedência liminar do pedido (art. 332 do CPC/2015). De acordo com o art. 240 do CPC/2015, a citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, salvo os casos de inadimplemento de obrigação vinculada a termo e aquelas provenientes de ato ilícito, em que o devedor se constitui em mora com o advento do termo e com a prática do ato ilícito, respectivamente TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV. A citação poderá ser feita em qualquer lugar em que se encontre o réu, o executado ou o interessado. Entretanto, não se fará a citação, salvo para evitar o perecimento do direito, nos seguintes casos: I - de quem estiver participando de ato de culto religioso; II - de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes; III - de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casamento; IV - de doente, enquanto grave o seu estado. Além disso, quando o citando for mentalmente incapaz ou estiver impossibilitado de receber a citação,o oficial de justiça descreverá e certificará minuciosamente a ocorrência e o juiz nomeará médico para examinar o citando, que apresentará laudo no prazo de 5 (cinco) dias. Reconhecida a impossibilidade, o juiz nomeará curador ao citando, devendo a citação ser feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a defesa dos interesses do citando. Conforme previsto no art. 246 do CPC/2015, a citação será feita: I - pelo correio; II - por oficial de justiça; III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório; IV - por edital; V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei. MODALIDADE DE CITAÇÃO CARACTERÍSTICAS PELO CORREIO É a forma preferencial para que a citação seja realizada. Não poderá ser feita, entretanto, nas ações de estado, quando o citando for incapaz, quando o citando for pessoa de direito público, quando o citando residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência e quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma. Nessas hipóteses, a citação deve ser feita por oficial de justiça TEMA COBRADO NO VI EXAME DA OAB/FGV. PELO OFICIAL DE JUSTIÇA Ocorrerá nas hipóteses previstas no CPC ou em lei, ou quando frustrada a citação pelo correio. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, proceder à citação por hora certa. Nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas que se situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar, em qualquer delas, citações, intimações, notificações, penhoras e quaisquer outros atos executivos. OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 35 POR EDITAL Ocorrerá quando desconhecido ou incerto o citando, quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar o citando ou nos casos expressos em lei. Considera-se inacessível, para efeito de citação por edital, o país que recusar o cumprimento de carta rogatória. No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de sua citação será divulgada também pelo rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão. CITAÇÃO POR HORA CERTA. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar. Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a intimação ora tratada feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência. No dia e na hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a diligência. Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção ou subseção judiciárias. A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho que houver sido intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a receber o mandado. Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa da família ou vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome. O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que será nomeado curador especial se houver revelia. INTIMAÇÃO Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo. Importante inovação trazida pelo CPC de 2015 é a possibilidade dos advogados promoverem a intimação do advogado da outra parte por meio do correio, juntando aos autos, em seguida, cópia do ofício de intimação e do aviso de recebimento. O ofício de intimação deverá ser instruído com cópia do despacho, da decisão ou da sentença. Quando não realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas as intimações pela publicação dos atos no órgão oficial. Os advogados poderão requerer que, na intimação a eles dirigida, figure apenas o nome da sociedade a que pertençam, desde que devidamente registrada na Ordem dos Advogados do Brasil. OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 36 Sob pena de nulidade, é indispensável que da publicação constem os nomes das partes e de seus advogados, com o respectivo número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, ou, se assim requerido, da sociedade de advogados. NULIDADES Entende-se como nulidade a ausência de requisito essencial para a validade do ato. A nulidade poderá ser absoluta ou relativa. NULIDADE ABSOLUTA NULIDADE RELATIVA O ato viola norma de interesse público, podendo ser declarada de ofício pelo juiz. Não há necessidade de demonstração de prejuízo (Exemplo: incompetência Absoluta). Viola norma de interesse privado, devendo ser alegada pela parte. Vejamos abaixo os princípios sobre as nulidades tratados no CPC/2015: PRINCÍPIO DO INTERESSE OU BOA-FÉ: possui previsão no art. 276 do CPC/2015 e dispõe que a nulidade do ato processual não será pronunciada se arguida por quem lhe deu causa. Salienta-se que o princípio do interesse só alcança, evidentemente, as nulidades relativas, pois as nulidades absolutas constituem matéria de ordem pública. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS: também conhecido como princípio da finalidade, dispõe que, quando a lei prescrever que o ato deva ter determinada forma, o juiz considerará válido a ato se, realizado de outro modo, alcançar a sua finalidade (art. 277 do CPC/2015). PRINCÍPIO DA CONVALIDAÇÃO OU DA PRECLUSÃO OU DA OPORTUNIDADE: está consagrado no art. 278 do CPC/2015, segundo o qual “a nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão.” TEMA COBRADO NO VI EXAME DA OAB/FGV. Se a parte não suscitar a nulidade relativa na primeira oportunidade que tiver para falar em audiência ou nos autos, haverá a convalidação do ato, ou seja, o ato anteriormente nulo passa à condição de ato válido. Entretanto, não haverá preclusão em relação às nulidades que o juiz deva decretar de ofício, nem prevalece a preclusão provando a parte legítimo impedimento. PRINCÍPIO DO PREJUÍZO: também conhecido como princípio da transcendência, estabelece que não haverá nulidade sem prejuízo manifesto às partes interessadas (art. 282 do CPC/2015). É inspirado no sistema francês (pás de nullité sans grief). TEMA COBRADO NO XXXII EXAME DA OAB/FGV. PRINCÍPIO DA UTILIDADE: Deve-se aproveitar ao máximo os atos válidos que ocorreram posteriormente ao ato nulo. Ressalta-se ainda que os atos válidos anteriores à nulidade não serão por ela maculados, nem aqueles que dela sejam independentes (art. 281 do CPC/2015). PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL: possui respaldo no art. 282 do CPC/2015, segundo OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 37 o qual a nulidade não será pronunciada quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato. O ato, portanto, não será declarado nulo se puder ser reaproveitado. É importante destacar que o art. 279 do CPC/2015 estabelece que é nulo o processo quando o membro do Ministério Público não for intimado a acompanhar o feito em que deva intervir. Se o processo tiver tramitado sem conhecimento do membro do Ministério Público, o juiz invalidará os atos praticados a partir do momento em que ele deveria ter sido intimado. Entretanto, a nulidade só pode ser decretada após a intimação do Ministério Público, que se manifestará sobre a existência ou a inexistência de prejuízo. OA B N A M ED ID A | P RO CE SS O CI VI L 38 11 11. TUTELA PROVISÓRIA Para entender o que é tutela provisória é importante primeiramente entender o que é tutela definitiva. Entende-se por tutela definitiva qualquer tipo de tutela que se pretende alcançar
Compartilhar